II Simpósio Brasileiro de Saúde e Ambiente Desenvolvimento, conflito territoriais e saúde: ciência e movimentos sociais para justiça ambiental nas políticas públicas Minascentro Belo Horizonte, 19 22 de outubro de 2014. Eixo norteador 3 Relato de Experiência: Direitos, justiça ambiental e políticas públicas EDUCAÇÃO (POPULAR) EM SAÚDE NO CONTEXTO DAS PRÁTICAS DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA: BREVES REFLEXÕES COSTA, Gilney 1 AMARAL, Ricardo Moreira do 2 WERNECK, Albertina Antunes 3 OLIVEIRA, Flavia Mello de 4. Rio de Janeiro 2014 1 Bacharel em psicologia, especialista em saúde pública e mestrando em saúde pública pela Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca/Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/FIOCRUZ). Atualmente, técnico de educação (popular) em saúde da Coordenação de Educação, Comunicação e Inovação em Saúde/Subsecretaria de Vigilância, Fiscalização Sanitária e Controle de Zoonoses (CEVISA/SUBVISA). E-mail: gilney.costa@yahoo.com.br. 2 Médico Veterinário. Técnico de educação (popular) em saúde da Coordenação de Educação, Comunicação e Inovação em Saúde/Subsecretaria de Vigilância, Fiscalização Sanitária e Controle de Zoonoses (CEVISA/SUBVISA). 3 Médica Veterinária. 4
Esse texto constitui uma análise preliminar das práticas de educação (popular) em saúde no campo da Vigilância Sanitária do Município do Rio de Janeiro. Trata-se de um ensaio empírico que emerge da reflexão crítica de seus autores, sobre o papel, os desafios e as perspectivas das práticas de educação no processo de reorientação das ações de vigilância e fiscalização no âmbito da Vigilância Sanitária Municipal. Do ponto de vista teórico, partimos do pressuposto de que a prática educativa crítica, implica o o movimento dinâmico dialético, entre o fazer e o pensar sobre o fazer (FREIRE, 1996, p. 43). Dito de outro modo, a construção desse texto é transversalizada pela concepção de que o mundo do trabalho é um lócus privilegiado de aprendizagem, portanto, um espaço pedagógico no qual ações e ideologias se tensionam (re)produzindo discursos e práticas, nas palavras de Merhy olhar para o dia a dia, no mundo do trabalho, e poder ver os modos como se engravidam as palavras com os atos produtivos, tornando esse processo objeto da nossa própria curiosidade, vendo-nos como seus fabricantes e podendo dialogar no próprio espaço do trabalho, com todos os outros que ali estão não é só um desafio, mas uma necessidade para tornar o espaço da gestão do trabalho, do sentido do seu fazer um ato coletivo e implicado. Buscando organizar sentidos para esse fazer cotidiano em ato coletivo - nas práticas de educação (popular) em vigilância sanitária, tomamos como pano de fundo desse ensaio as experiências com as ações do projeto Vigilância na Rua, iniciadas no primeiro semestre de 2014, em territórios com intenso fluxos de pessoas, como o centro da cidade do Rio de Janeiro, e em áreas de favelas, além das experiências com as oficinas de educação permanente com os profissionais da Vigilância Sanitária Municipal. Essas duas vertentes de ações no campo da Vigilância Sanitária Municipal, possuem como interface, o desenvolvimento do conceito de promoção sanitária, que busca superar a tradição histórica de olhar somente a cadeia produtiva. Desse modo, no campo metodológico, privilegiamos metodologias ativas, que tem como norte a idéia de que a construção do conhecimento se dar na relação, no caso, das ações do Vigilância na Rua, essa relação é estabelecida entre o profissional de saúde e o usuário, e no caso das oficinas a organização do conhecimento parte da socializalização das experiências e dos conhecimentos produzidos nas relações entre servidores e Instituição, lançando mão de questões provocativas que tinham como pano de fundo as experiências pessoais em relação à profissão, seguida das experiências ligadas à Instituição. Todo o material produzido através da troca de e-mails, registros de falas, fotografias foram registrados em forma de diário de campo. A análise desse material, indica que no caso das ações de Vigilância na Rua, ao levar serviços da Vigilância Sanitária Municipal, para os territórios de favela, ou seja, para o cotidiano das pessoas no qual a vida se realiza, há um 2
forte fator de garantias de direitos sanitários e de justiça social, crucial para a gestão e diminuição dos riscos, e no caso das oficinas com profissionais, a análise dos discursos apontam que a Educação em saúde se fez presente tanto para fundamentar argumentos contra reorientação das práticas nesse setor, como para justificar, posicionamentos favoráveis. Por fim, considera-se necessário problematizar os desafios do desenvolvimento das práticas pedagógicas nesse campo e as possibilidades de intervenção no ciclo das determinações sociais a partir do paradigma da intersetorialidade, haja vista, que o setor da Vigilância Sanitária Municipal, sozinha não conseguirá dar conta da gestão dos riscos em territórios de favelas, como temos nos deparado no caso das ações do Vigilância na Rua, assim, como a abordagem, através de questionamentos que tocam na ferida, através das oficinas, embora dolorida promove a sensibilização e a busca pelo melhor cuidado através de práticas mais articuladas nos níveis primários, secundários e terciários. PALAVRAS-CHAVE: Educação Sanitária; Vigilância Sanitária; Intersetorialidade; Promoção da Saúde. REFERÊNCIA FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. MERHY, Emerso Elias. Engravidado palavras: o caso da integralidade. 3
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