ESTILOS DE APRENDIZAGEM DE ALUNOS SURDOS: UMA ANÁLISE COGNITIVA

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Transcrição:

ESTILOS DE APRENDIZAGEM DE ALUNOS SURDOS: UMA ANÁLISE COGNITIVA Ayane Nazarela Santos de Almeida i Edisley Vitorassi Machado ii René Alain Santana de Almeida iii EIXO TEMÁTICO: Psicologia, Aprendizagem e Educação: aspectos psicopedagógicos e psicossociais. Resumo O objetivo deste artigo é identificar o estilo de aprendizagem predominante em estudantes surdos do ensino fundamental, em uma escola estadual localizada no município de Aracaju, a fim de proporcionar ao professor instrumentos melhor adaptados às necessidades específicas de aprendizagem e assimilação de conhecimentos do estudante. Para tanto, aplicou-se um questionário, contendo o Inventário de Estilos de Aprendizagem de Kolb, com 25 estudantes do turno matutino, no ano de 2011. O critério de amostragem utilizado foi a nãoprobabilística, intencional e por acessibilidade. Verificou-se a predominância do estilo de aprendizagem Assimilador em 60% dos estudantes em análise, seguido pelos estilos Divergente com 24% e o Acomodador com 12%. Constatou-se ainda que apenas 4% da amostra analisada apresentaram como estilo de aprendizagem predominante o Convergente. Palavras-chave: Estilos de aprendizagem. Inventário de Kolb. Surdos. Abstract The aim of this article is to identify the predominant learning style in deaf students of basic education, in a located state school in the city of Aracaju, in order to offer to the teacher instruments better adapted to the specific necessities of learning and assimilation of knowledge of the student. For in such a way, a questionnaire was applied, containing the Kolb s Learning Style Inventory, with 25 students of the morning turn, in the year of 2011. The criterion of sampling was not-probabilist, intentional and for accessibility. It was verified that the Assimilator learning style predominated in 60% of the students analyzed, that is, they

prefer to learn for the reflective observation and abstract conceptualization; followed for the Diverger learning style with 24% and the Accommodator with 12%. A bigger lack of the Converger learning style was evidenced, with 4%. Key words: Learning Styles. Kolb s Inventory. Deaf.

2 1 Introdução Os estudos sobre estilos de aprendizagem e estilos cognitivos foram desenvolvidos a partir de interesses nas diferenças individuais e derivam de diversos referenciais teóricos, provenientes das escolas cognitiva, psicanalítica e comportamental, gerando dificuldades de definição e operacionalização dos conceitos, fazendo com que esse campo seja atravessado por diversas experiências, concepções e conclusões. No entanto, o estudo e a análise dos estilos de aprendizagem e estilos cognitivos oferecem aos indivíduos indicadores que os ajudam a guiar suas interações com as realidades existenciais vivenciadas, facilitando um caminho, por certo limitado, de auto e heteroconhecimento. Os Estilos de Aprendizagem relacionam-se à maneira pela qual as pessoas integram com as condições de aprendizagem, abrangendo aspectos cognitivos, afetivos, físicos e ambientais que podem favorecer o processamento de informações, tanto na busca de alternativas facilitadoras para desencadear o próprio processo de aprendizagem, quanto para desvendar os mecanismos das práticas educativas. Este estudo é direcionado à aplicação de um questionário contendo o Inventário de Estilos de Aprendizagem de Kolb. Apresenta como corpus 25 estudantes surdos do ensino fundamental, em uma escola estadual localizada no município de Aracaju, no ano de 2011. O seu objetivo é identificar o estilo de aprendizagem predominante nesses estudantes. Justifica-se o tema escolhido ao considerar-se a sua contribuição na identificação dos diferentes estilos de aprendizagem a fim de proporcionar informações acerca do estudante surdo, no sentido de conhecer como o mesmo aprende, proporcionar-lhe uma maior satisfação, autonomia e aproveitamento em seus estudos, o que deveria ser a preocupação dos programas e métodos de avaliação de aprendizagem, bem como, das políticas de inclusão. Além disso, é importante reconhecer as características peculiares de seu estilo de aprendizagem para conseguir propor novas metodologias de ensino, aprendizagem e avaliação, apropriadas às especificidades apresentadas. 2 Cognição e surdez Profissionais de áreas diversificadas do conhecimento têm dedicado interesse em estudar a cognição humana. O estudo das diversas habilidades associado aos poderes mentais e à aprendizagem. Diante disso, a identificação dos estilos de aprendizagem em estudantes surdos caracteriza-se como uma relevante discussão, uma vez que contribui para a

3 compreensão dos aspectos cognitivos desses indivíduos, favorecendo seu processo educativo que tem um histórico de tristeza, silêncio e sofrimento. Conforme Felipe (1996), até o fim do século XV, os surdos eram considerados primitivos, incapacitados, inválidos, não possuíam nenhum tipo de reconhecimento humano, civil ou social. Eram excluídos, muitos foram sacrificados por serem considerados seres castigados por Deuses, amaldiçoados. A religião, portanto, detentora de força cultural, caracterizava o homem como sendo a imagem e semelhança de Deus e através da idéia deste ser perfeito, marginalizava aqueles que fossem deficientes, sinônimo de incapacidade e imperfeição. Teorias defendiam que só através da fala seria possível alguém obter instrução, desenvolver o raciocínio e ser salvo. Desse modo, por não falar, o surdo era posto à margem da condição humana. Até o fim do século XV, portanto, não havia escolas especializadas para surdos na Europa já que eram considerados incapazes de serem ensinados. E infelizmente ainda hoje, muitos ouvintes confundem: a habilidade de falar com voz, com a inteligência. Apesar do preconceito generalizado houve pessoas que se dedicaram ao desenvolvimento de métodos para ensinar ao surdo. Algumas acreditaram que a primeira etapa da educação deles deveria ser o ensino da língua falada, adotando então o oralismo como o método mais adequado. Então, mais uma vez os surdos sofreram bruscamente, afinal, o cerne dessa metodologia era a aprendizagem da fala. Conforme Skliar (1999), a educação dos surdos foi prejudicada porque durante muito tempo desconsiderou a relevância da língua de sinais que por ser julgada limitada não era utilizada livremente, fato que provocou estagnações cognitivas nos surdos. Só após décadas de um trabalho educacional com pouca aprendizagem pelos surdos, juntamente com a divulgação de estudos sobre a língua de sinais (LS), houve mudança no enfoque educacional. Então, considerando vários estudos e particularmente o de Stokoe (1960), atribuindo estatuto de língua à LS, houve a introdução dos sinais no ensino de surdos, sob a perspectiva da Comunicação Total. Apesar de ter sido uma proposta mais flexível usando de meios de comunicação oral e gestual a intenção de reconhecimento da LS foi neutralizada por artificializar a comunicação. Isso, porque a língua de sinais era reduzida ao papel de apoio à fala, um recurso de ensino que apoiava a fala. Assim, a prática da CT e de seus procedimentos comunicativos acabaram sendo mais úteis aos pais e professores ouvintes do que aos alunos surdos. Ultimamente, vem sendo adotado o bilinguismo como uma proposta de educação que integra o indivíduo ao meio sócio-cultural a que ele naturalmente pertence: comunidades de

4 surdos e de ouvintes, através da aquisição o mais cedo possível de um sistema lingüístico. Considera a LS como primeira língua e a LP como L2, mantendo ambas, suas características próprias, tornando o indivíduo usuário de duas línguas. Reconhecer a condição bilíngue do surdo é, portanto, apenas o começo de uma longa e intrigante travessia de descobertas e desafios. O acolhimento necessário e imprescindível da língua de sinais, como primeira língua do surdo e língua escolar, devolve ao surdo a esperança, ao mesmo tempo em que nos convoca a pensar sobre os processos e práticas construídos agora à luz dessa nova condição. (PEIXOTO, 2006, p. 3) É uma via de mão dupla onde o surdo esteja bem integrado em sua própria comunidade e na comunidade ouvinte e estarmos todos nós, que convivemos integrados com eles, da mesma forma, nas duas comunidades. O compromisso, portanto, deve ser de surdos e ouvintes na concretização de tal proposta. A partir desse breve panorama é possível perceber que foi percorrido um longo trajeto até a LS adquirir status de língua e ser reconhecida como tal. Então, sendo a língua um conjunto de signos linguísticos que constituem uma comunidade, no Brasil a LIBRAS foi oficialmente reconhecida em 24 de abril de 2002 através da Lei n o 10.436 regulamentada pelo decreto n o 5.626 que a reconhece como meio legal de comunicação e expressão de comunidades surdas. Portanto, ao contrário do que muitas pessoas pensam, os deficientes auditivos possuem capacidade cognitiva equivalente aos ouvintes, podendo ser fluentes ao expressarem seus sentimentos e emoções mais profundos na sua língua natural. Neste sentido, conforme destacado por Brito (1993), este é um dos pontos cruciais e frequentemente ignorado pela maioria dos envolvidos no processo educacional dos surdos, ou seja, as línguas naturais funcionam como base do pensamento, permitindo não apenas a comunicação, mas contribuindo decisivamente para o seu desenvolvimento. 3 Estilos de aprendizagem Apesar da variedade de modelos, os conceitos de estilos de aprendizado vêm ganhando crescente atenção dos educadores. Estes fornecem uma caracterização suficientemente estável para planejar estratégias pedagógicas mais responsáveis em relação às necessidades dos estudantes, e parecem fornecer oportunidades melhores de aprendizado, dando assim, um novo sentido ao ensino alternativo. Pereira (2005, p. 52), faz algumas recomendações gerais aos professores no sentido de aplicarem os estilos de aprendizagem em suas salas de aula:

5 Cada pessoa é única, pode aprender, e tem um estilo de aprendizagem individual; Os estilos de aprendizado devem ser conhecidos e respeitados, são uma função da hereditariedade e experiência, impõem barreiras e limitações; Os estudantes absorvem conhecimentos de seus próprios estilos e dos outros; Os estudantes aprenderão melhor quando forem trabalhadas as preferências em que eles são bem sucedidos; Os estudantes serão mais completos e, portanto, melhores quando puderem expandir suas preferências; Quando o ensino acomodar várias preferências, mais alunos serão bem sucedidos. Quando o discente apresenta características como a realização individual de atividades ao invés de realizá-la em equipe, ou o término de um trabalho para só então começar outro, não são apenas curiosidades, são informações valiosas, indicadoras do estilo cognitivo do mesmo, e que o professor pode usar estas informações no aprimoramento da eficácia de seu ensino. Pereira (2005, p. 21) ratifica que ao professor adquirir a consciência de que cada acadêmico tem seu próprio estilo de aprendizagem torna-se capaz de promover um ensino lastreado nesses parâmetros utilizando de estratégias que promovam um aprendizado mais eficaz. Neste sentido, Cerqueira (2000, p. 37) também afirma que: Quando os professores conhecem e respeitam os estilos de aprendizagem peculiares de seus alunos, proporcionando instrução em consonância com os mesmos, verifica-se um aumento de aproveitamento acadêmico e um decréscimo de problemas de ordem disciplinar, bem como melhores atitudes em relação à escola. Assim, quando o estilo de ensino é diferente do estilo de aprendizagem do estudante, este se torna desinteressado, desatento ou desagregador em classe. Além disso, apresenta baixo desempenho em seu processo de avaliação desmotivando-se com a disciplina, com o curso e a si mesmo. Daí a importância dos modelos de estilos de aprendizagem durante o planejamento de um curso. Os estilos de aprendizagem podem mudar ao longo do tempo, em função da maturidade do indivíduo. É a intensidade de como cada pessoa aprende de forma diferente das outras que faz com que determinados métodos sejam efetivos para um dado público, enquanto não o é para outro. E quanto mais forte for determinada preferência, mais importante será atendê-la, para obterse maior eficácia no processo de ensino e aprendizagem. (JACOBSOHN, 2003, p. 32)

6 Assim, dentre as diversas teorias de aprendizagem, existem divergências e ao mesmo tempo pontos em comum. Nessa perspectiva, nenhuma delas responde plenamente as questões colocadas a respeito dos estilos de aprendizagem devido à vasta diversidade de tipos e resultados de aprendizagem nos variados contextos. Quando se trabalha com o conceito de estilo de aprendizagem, não se opera uma delimitação de um conjunto de habilidades em si, e sim tenta-se delimitar o modo preferencial de alguém usar habilidades práticas, não havendo estilos bons ou maus, mas apenas diferentes estilos de aprendizagem. (BRAGA; FRANCO, 2004, p. 36) Dentre os diversos estilos de aprendizagem existentes, será enfocado o Inventário de Estilo de Aprendizagem de Kolb, pois segundo Sobral (2005, p. 6), existem diversos instrumentos que visam à identificação do estilo de aprendizagem, entre os quais o Inventário de Estilo de Aprendizagem de Kolb tem maior aplicação e divulgação. Esse instrumento se baseia no modelo teórico da aprendizagem vivencial desenvolvido pelo próprio Kolb. 3.1 Estilos de aprendizagem de Kolb A teoria da aprendizagem Experiencial de Kolb descreve quatro dimensões de desenvolvimento: estrutura afetiva; estrutura perceptual; estrutura simbólica e estrutura comportamental. Essas estruturas estão inter-relacionadas no processo adaptativo holístico do aprendizado. O modo como é modelado o curso do desenvolvimento pode ser descrito pelo nível de estrutura integrativa nos quatro modos de aprendizagem: A estrutura afetiva na experiência concreta resulta em vivência de sentimentos mais importantes; A estrutura perceptual na observação reflexiva resulta em observações mais aguçadas; A estrutura simbólica na conceituação abstrata resulta na criação de conceitos mais apurados; A estrutura comportamental na experimentação ativa resulta em atos maiores e mais complexos. (CERQUEIRA, 2000, p. 55) Nos estágios iniciais do desenvolvimento humano, a progressão ao longo de uma dessas dimensões pode ocorrer com relativa independência das outras. No entanto, nos estágios mais elevados de desenvolvimento, o comprometimento adaptativo para o aprendizado e para a criatividade produz uma forte necessidade de integração desses quatro modos adaptativos.

7 Segundo Kolb (1993) as quatro dimensões de aprendizagem são representadas como um cone, cuja base representa os estágios mais baixos de desenvolvimento, e o ápice o pico desse desenvolvimento representando o fato de que essas dimensões integram-se ao máximo. Esse processo é marcado pelo aumento da estrutura e do relativismo em lidar com o mundo e a experiência do indivíduo. Cerqueira (2000, p. 53) descreve os estilos de aprendizagem, sobre o enfoque da teoria da aprendizagem experiencial de Kolb, como sendo um estado duradouro e estável que deriva de configurações consistentes das transações entre o indivíduo e o seu meio ambiente. Kolb começou seus estudos sobre estilos de aprendizagem em 1971 e desenvolveu uma linha de investigação que percebe sua população-alvo, estudantes universitários, como dependente do êxito permanente num mundo em constantes mudanças, em que são exigidas capacidades para examinar novas oportunidades e aprender com os êxitos e fracassos. Porém, essas idéias, consideradas tão importantes como são as capacidades de aprender, parecem limitadas ou sujeitas a máximas como: colocar maior empenho ou esforço por parte do estudante. Conforme Bordenave e Pereira (2001, p. 61) Kolb questionou o conhecimento na perspectiva de como se apreende e como se assimila a informação, de como se solucionam problemas e se tomam decisões. Esses questionamentos levaram-no a elaborar um modelo que denominou experiencial, com o qual busca conhecer o processo da aprendizagem baseada na própria experiência. O Modelo de Kolb trabalha como um inventário de estilos de aprendizagem para fazer a identificação dos estilos de aprendizagem. Este inventário é composto de algumas sentenças com as quais estão associadas a opções (A, B, C, D), conforme Figura 1. Cada opção recebe um peso de acordo com o que o estudante acredita que melhor descreve suas atitudes e sentimentos no momento em que ele está aprendendo. O peso atribuído pelo estudante varia de 1, como o estudante aprende menos, a 4, como o estudante aprende melhor. A partir dos pesos que o estudante atribui para as opções são calculados quatro índices: experiência concreta (sentir), conceituação abstrata (pensar), observação reflexiva (observar) e experimentação ativa (fazer).

8 Teste A B C D 1. Enquanto Gosto de lidar com Gosto de pensar Gosto de estar Gosto de observar aprendo: meus sentimentos sobre idéias fazendo coisas 2. Aprendo Me apóio em Confio em meus Trabalho com Observo com melhor pensamento palpites e afinco para atenção quando: lógico impressões executar a tarefa 3. Quando estou aprendendo: Tendo a buscar as explicações para as coisas Sou responsável acerca das coisas Fico quieto e concentrado Tenho sentimentos e reações fortes 4. Aprendo: Sentindo Fazendo Observando Pensando 5. Enquanto aprendo: 6. Enquanto estou aprendendo: 7. Aprendo melhor através de: 8. Enquanto aprendo: 9. Aprendo melhor quando: 10. Quando estou aprendendo: 11. Enquanto aprendo: 12. Aprendo melhor quando: Me abro a novas experiências observadora Observação Gosto de ver os resultados de meu trabalho Me apóio em minhas observações compenetrada Me envolvo todo Analiso as idéias Examino todos os ângulos da questão ativa Interações pessoais Gosto de idéias e teorias Me apóio em minhas impressões flexível Gosto de observar Sou receptivo e de mente aberta Gosto de analisar as coisas, desdobrá-las em suas partes intuitiva Teorias racionais Penso antes de agir Posso experimentar coisas por mim mesmo responsável Avalio as coisas Sou cuidadoso Figura 1 Inventário de Estilo de Aprendizagem (Fonte: Baseado em KOLB, 1993) Gosto de testar as coisas lógica Oportunidades para experimentar e praticar Sinto-me pessoalmente envolvido no assunto Me apóio em minhas idéias racional Gosto de estar ativo Sou prático A Experiência Concreta (EC) representa uma receptividade a abordagem baseada em experiências, de modo que o aprendizado se baseia em ponderações baseadas em sentimentos. Os indivíduos deste estilo tendem a ser empáticos. Eles geralmente acham abordagens teóricas inúteis e preferem tratar cada situação como um caso único. Aprendem melhor por meio de exemplos específicos nos quais se sintam envolvidos. Estes estudantes tendem a se relacionar melhor com outros estudantes, do que com uma autoridade como o professor. Para calcular a experiência concreta utiliza-se a seguinte expressão:

9 EC = 1A + 2C + 3D + 4A + 5A + 6C + 7B + 8D + 9B + 10B + 11A + 12B. A Conceituação Abstrata (CA) indica um modo de aprendizado analítico e conceitual, que se baseia pesadamente em raciocínio lógico. Estes indivíduos tendem a ser mais orientados a coisas e símbolos, do que a outras pessoas. Aprendem melhor quando orientados por uma autoridade de modo impessoal, com ênfase teórica e análise sistemática. Eles se sentem frustrados e aprendem pouco pelo aprendizado através de descobertas de modo desestruturado, como em exercícios e simulações. Para calcular a conceituação abstrata utiliza-se a seguinte expressão: CA = 1B + 2B + 3A + 4D + 5C + 6D + 7C + 8B + 9D + 10D + 11C + 12A A Observação Reflexiva (OR) indica uma abordagem por tentativas, imparcial e reflexiva. Estes indivíduos aprendem baseando-se fortemente em cuidadosas observações e fazendo julgamentos das mesmas. Eles preferem aprender assistindo aulas, o que lhes dá a possibilidade de exercer o seu papel de observador e juiz imparcial; tendem a ser introvertidos. Para calcular a observação reflexiva utiliza-se a seguinte expressão: OR = 1D + 2A + 3C + 4C + 5B + 6A + 7A + 8C + 9A + 10A + 11B + 12C A Experimentação Ativa (EA) indica uma disposição forte em realizar atividades práticas. Estes indivíduos aprendem mais facilmente quando participam de projetos práticos, discussões em grupo e fazendo tarefas em casa. Eles não gostam de situações de aprendizado passivo como assistir a aulas, e tendem a ser extrovertidos. Para calcular a experimentação ativa utiliza-se a seguinte expressão: EA = 1C + 2D + 3B + 4B + 5D + 6B + 7D + 8A + 9C + 10C + 11D + 12D Das descrições anteriores sobre os índices, que representam modos de aprendizagem, pode-se chegar à conclusão de que nenhum modo descreve completamente o estilo de aprendizagem específico de um estudante, uma vez que o estilo de aprendizagem de cada pessoa é uma combinação dos quatro modos básicos de aprendizagem. Em função dos valores atribuídos são obtidas quatro pontuações que definem o nível de desenvolvimento alcançado pelo sujeito, em cada um dos quatro modos de aprendizagem. Após a obtenção dessas pontuações, subtraem-se os resultados encontrados dois a dois (CA EC) e (EA OR) e então marcar seus pontos em eixos graduados. Assim, como uma função de duas variáveis, o estudante pode colocar estes valores num gráfico (Figura 2) e então identificar o seu estilo de aprendizagem predominante através do quadrante no qual a interseção das retas, que passam pelos pontos marcados nos eixos, estiver.

10 CA EC ACOMODADOR DIVERGENTE EA OR CONVERGENTE ASSIMILADOR Figura 2 Plano Cartesiano de Kolb (Fonte: Baseado em SOBRAL, 2005) Kolb denomina os estilos de aprendizagem, como: Acomodador (Accommodator), Divergente (Diverger), Assimilador (Assimilator) e Convergente (Converger). Situado no quadrante superior esquerdo do Plano Cartesiano de Kolb, os indivíduos do estilo Acomodador têm suas preferências de aprendizagem baseadas na experimentação ativa e na experiência concreta. Adaptam-se bem às circunstâncias imediatas; aprendem, sobretudo, fazendo coisas, aceitando desafios, tendendo a atuar mais pelo que sentem do que por uma análise do tipo lógica. Conforme Cerqueira (2000, p. 63) os que têm um excessivo componente acomodador podem usar sua energia em melhorias triviais em seu trabalho, que podem resultar em um grande fracasso ou algo equivocado. Intuitivos, resolvem os problemas por ensaio e erro. Situado no quadrante superior direito do Plano Cartesiano de Kolb, os indivíduos do estilo Divergente se destacam por suas habilidades para contemplar as situações de diversos pontos de vista e organizar muitas relações em um todo significativo. Preferem aprender pela experiência concreta e observação reflexiva. Por uma excessiva polarização as múltiplas alternativas podem impedir a tomada de decisões nos indivíduos que adotam o estilo Divergente de aprendizagem; parecem mais aptos para as organizações de serviços e para as artes. Os carentes desse estilo encontram dificuldades para gerar idéias, reconhecer os problemas e as oportunidades. (PEREIRA, 2005, p. 23)

11 Situado no quadrante inferior direito do Plano Cartesiano de Kolb, os portadores do estilo Assimilador aprendem basicamente por observação reflexiva e conceituação abstrata. Destacam-se por seu raciocínio indutivo e por uma habilidade para criar modelos abstratos e teóricos. Interessam-se mais pela ressonância lógica de uma idéia do que pelo seu valor prático. Se o componente assimilador é excessivo podem tender a construir castelos no ar e serem incapazes de aplicar seus conhecimentos em situações práticas. Por outro lado, os que carecem do estilo de aprendizagem de Assimilação são incapazes de aprender com seus erros e não enfocam os problemas de maneira sistemática. (CERQUEIRA, 2000, p. 64) Situado no quadrante inferior esquerdo do Plano Cartesiano de Kolb, os indivíduos convergentes aprendem basicamente por conceituação abstrata e experimentação ativa. Destacam-se pela aplicação prática das idéias e pelo raciocínio hipotético dedutivo. Lopes (2002, p. 33) alerta para a tomada de decisões equivocadas devido a excessiva rapidez com que os demasiadamente polarizados em convergência resolvem problemas. No entanto, os que carecem de convergência podem se mostrar dispersos sem conseguir comprovar suficientemente suas idéias. 4 Estudo de Caso Este estudo é direcionado à aplicação de um questionário contendo o Inventário de Estilos de Aprendizagem de Kolb. Apresenta como corpus 25 estudantes surdos do ensino fundamental, em uma escola estadual localizada no município de Aracaju, no ano de 2011. Ressalta-se que a amostragem foi a não-probabilística, intencional e por acessibilidade porque este foi o número de estudantes encontrados em sala de aula no momento de coleta dos dados. Para investigar o estilo de aprendizagem foi utilizado o questionário com o inventário do Estilo de Aprendizagem de Kolb. Julgou-se não necessário fazer o pré-teste do mesmo, pois já havia sido aplicado e validado por Cerqueira (2000), em uma pesquisa em estudantes universitários. O questionário foi composto por doze perguntas onde foram atribuídos pesos pelos respondentes, agrupados e combinados dois a dois e lançados em um plano cartesiano encontrando-se os Estilos de Aprendizagem. A pesquisa teve o auxílio de um intérprete da própria escola que adequou as opções propostas no questionário, auxiliando na compreensão dos estudantes surdos.

12 Conforme os dados analisados, a investigação do estilo de aprendizagem de 25 estudantes surdos de uma escola localizada em Aracaju, no ano de 2011, revelou que, o estilo predominante foi o Assimilador com 60% seguido pelo Divergente com 24% o Acomodador com 12% e por último o Convergente com 4%, conforme apresentado na Tabela 1. Tabela 1 Distribuição dos estilos de aprendizagem predominantes identificados Estilo de aprendizagem Número de Estudantes Distribuição Assimilador 15 60% Acomodador 3 12% Convergente 1 4% Divergente 6 24% Fonte: dados da pesquisa A maioria dos estudantes surdos em análise destaca-se por seu raciocínio indutivo e por uma habilidade para criar modelos abstratos e teóricos, ou seja, interessa-se mais pela ressonância lógica de uma idéia do que pelo seu valor prático. 5 Conclusão Conclui-se que o estilo de aprendizagem predominante entre os estudantes surdos pesquisados foi o Assimilador com 60% seguido pelo Divergente com 24% o Acomodador com 12% e por último o Convergente com 4%. É possível perceber que dois problemas essenciais na educação dos surdos explicam as deficiências e/ou atrasos na sua cognição. Um deles refere-se à dificuldade de se comunicar, tendo sempre que dividir sua atenção. Outro problema é o impacto da surdez na comunicação de ouvintes que desempenham função relevante no desenvolvimento cognitivo do surdo. Dessa forma, vale ressaltar que não basta apenas fazer testes com os estudantes surdos a fim de identificar como a surdez pode afetar a sua aprendizagem e cognição, mas também analisar como os ouvintes tentam ensinar aos surdos, examinando inclusive a qualidade da comunicação utilizada. É necessário conhecer quais efeitos a surdez provoca nos responsáveis pela educação dos surdos para entender a sua vida cognitiva e o papel do ouvinte nesta formação. A capacidade de aprender é uma das habilidades mais importantes que se pode adquirir e desenvolver, e, frequentemente, o estudante defronta-se com novas experiências ou situações de aprendizagem na vida, na carreira, no estudo ou no trabalho. Portanto, para um estudante ser mais eficaz, ele deve mudar sua atitude conforme a necessidade; estar envolvido

13 (Experiência Concreta), observar (Observação Reflexiva), criar idéias (Conceituação Abstrata) e tomar decisões (Experimentação Ativa). Referências BORDENAVE, Juan Diaz; PEREIRA, Adair Martins. Estratégias de ensino-aprendizagem. 22. ed. Petrópolis: Vozes, 2001. BRAGA, D. B.; FRANCO, L. R. H. R. Revolucionando as técnicas de aprendizagem da engenharia com o EAD. In: World Congress on Engineering and Technology Education. São Paulo, 2004. BRITO, L. F. Integração Social e Educação dos Surdos. Rio de Janeiro: Babel, 1993. CERQUEIRA, Teresa Cristina Siqueira. Estilos de aprendizagem em universitários. Tese de Doutorado em Educação apresentada à Faculdade de Educação/UNICAMP. Campinas, 2000. JACOBSOHN, Liliana Vasconcellos. O potencial de utilização do e-learning no desenvolvimento de competências do administrador: considerando o estilo de aprendizagem do aluno de graduação. Tese de Doutorado em Administração apresentada à FEA/USP. São Paulo, 2003. KOLB, D. A. Self-Scoring Inventory and Interpretation Booklet. Boston: Hay McBer, 1993. LOPES, Wilma Maria Guimarães. Ils Inventário de Estilos de Aprendizagem de Felder- Saloman: investigação de sua validade em estudantes universitários de Belo Horizonte. Dissertação de Mestrado apresentada à UFSC. Florianópolis, 2002. PEIXOTO, C. R. Algumas considerações sobre a interface entre a língua brasileira de sinais (LIBRAS) e a língua portuguesa na construção inicial da escrita pela criança surda. Cadernos Cedes, 2006. PEREIRA, Márcia de Andrade. Ensino-Aprendizagem em um contexto dinâmico: o caso de planejamento de transportes. São Carlos: UFSC, 2005. SKLIAR, C. Educação e exclusão: abordagens sócio-antropológicas em educação especial. Porto Alegre: Mediação, 1997. SOBRAL, Dejano T. Inventário de Estilo de Aprendizagem de Kolb: características e relação com resultados de avaliação no ensino pré-clínico. Psicologia: teoria e pesquisa, 8(3):293-303, 1992. i Mestranda em Letras na Universidade Federal de Sergipe. ayanesantos@hotmail.com. ii Aluna especial do Mestrado em Letras na Universidade Federal de Sergipe. lelevitorassi@hotmail.com. iii Mestre em Contabilidade. Professor do curso de Ciências Contábeis da Universidade Federal de Sergipe. reneufse@gmail.com.