TANATOLOGIA: como a Enfermagem lida com a Morte e o Morrer Dois amantes felizes não têm fim e nem morte, nascem e morrem tanta vez enquanto vivem, são eternos como é a natureza. Pablo Neruda MARIA DA CONCEIÇÃO MUNIZ RIBEIRO MESTRE EM ENFERMAGEM (UERJ)
O que é a Morte e o Morrer A morte é inevitável, cabe ao homem preparar-se para enfrentar sua inexorável realidade, pois todos irão passar por ela, e para isso basta estar vivo. A morte é o final da vida material, tal como nós conhecemos.
Quem pode saber se viver não é o mesmo que morrer e morrer o mesmo que viver? O homem sabe que a morte é inevitável, por isso ele deve desenvolver todos os seus projetos, viver cada momento como se fosse o último, vivendo e não apenas passando pelo vida.
Os Profissionais de Enfermagem Estão Preparados para Lidar com a Morte? A dimensão fragmentada e tecnicista, impressa pelo modelo biomédico, para o cuidar e o curar do doente é a mesma que permeia o universo acadêmico onde ainda predominam modelos de ensino tradicionais, fundamentados na lógica cartesiana, distante do pensar, do sentir e do agir. Esses modelos não formam profissionais para cuidarem de pessoas e sim de doenças.
A medicina oferece as seguintes definições de morte:cessação completa e definitiva da vida, seguida da desorganização das estruturas orgânicas e celulares, com extinção das funções neuropsíquicas; é estado irreversível caracterizado pela abolição da consciência,completo relaxamento muscular, ausência de movimentos respiratórios e de batimentos cardíacos.
De acordo com SUSAKI (2006), os profissionais de saúde acabam criando mecanismos de defesa que os auxiliam no enfrentamento da morte e do processo de morrer. Por serem preparados para manutenção da vida, a morte e o morrer em seu cotidiano, suscitam sentimentos de frustração, tristeza, perda, impotência, estresse e culpa. Em geral, o despreparo leva o profissional a afastar-se da situação.
. MOREIRA, (2006) diz que os profissionais de enfermagem evidenciam a Morte como um mecanismo de defesa e proteção contra o sofrimento, o processo de morrer e morte passa a ser visto como banal, sendo o distanciamento e endurecimento das relações frente à morte e ao paciente terminal algo que se tornado natural, considerado comum e rotineiro.
Os profissionais relatam muito sofrimento, dor física, dor da alma, sofrimento decorrente da impossibilidade de ter respostas claras para a morte e de culpa pelo fato de não poder curar, devolver a vida. Os profissionais acreditam que se formaram para serem eficientes, capazes de executar as técnicas com destreza e rapidez e não para lidar com a morte.
Os profissionais de saúde sentem-se responsáveis pela manutenção da vida de seus pacientes, e acabam por encarar a morte como resultado acidental diante do objetivo da profissão, sendo esta considerada como insucesso de tratamentos, fracasso da equipe, causando angústia àqueles que a presenciam. A sensação de fracasso diante da morte não é atribuída apenas ao insucesso dos cuidados empreendidos, mas a uma derrota diante da morte e da missão implícita das profissões de saúde: salvar o individuo, diminuir sua dor e sofrimento, manter-lhe a vida.
A Academia prepara o graduando para lidar com a Morte? Na faculdade a gente comenta raramente sobre como você pode abordar a família na hora que o paciente morre.... A gente aprende a preparar o corpo na universidade, mas não tem uma abordagem sobre a morte, como é lidar com isso. A gente não sai preparado, apesar de saber que vai lidar com estas situações, que faz parte da nossa vivência. (SILVA)
O homem tem direito à sua morte como tem direito à sua vida. Morrer é um processo humanamente tão importante quanto nascer e viver. J. Moltmann