Mestrando em Educação CE/PPGE/UFSM 2. Doutor em Educação e em Ciência do Movimento Humano CE/PPEG/UFSM

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Transcrição:

O ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO E A FORMAÇÃO INICIAL DO LICENCIANDO EM EDUCAÇÃO FÍSICA: A COMPREENSÃO DA AÇÃO PEDAGÓGICA EM EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR Marcio Salles da Silva 1 Hugo Norberto Krug 2 Resumo: Objetivamos objetivou analisar a compreensão, dos acadêmicos de Educação Física da UFSM matriculados na disciplina de Prática de Ensino (MEN 433), em relação à educação, aos conhecimentos da Educação Física nas escolas, ao processo de ensino-aprendizagem, à relação professor-aluno, aos procedimentos metodológicos e à avaliação das aulas durante o estágio. A metodologia caracterizou-se por ser uma pesquisa do tipo descritiva e estudo de caso com abordagem qualitativa. Os participantes deste estudo foram seis acadêmicos matriculados na disciplina de MEN 433 (Prática de Ensino) no curso de licenciatura em Educação Física da UFSM. Os instrumentos utilizados para a coleta de informações foram a bibliografia existente e um questionário contendo questões abertas. Para as interpretações das informações foi utilizada a análise de conteúdo. A partir dos achados da investigação, podemos notar que houve entrosamento nas falas dos entrevistados, que conseguiram realizar os seguintes apontamentos: a educação contribui com novos conhecimentos, desperta um olhar mais crítico, possibilitando autonomia e compreensão de mundo; os conhecimentos, de Educação Física, citados foram o movimento humano, recreação, práticas esportivas, educação motora, cultura corporal, conhecimento corporal, jogos brincadeiras, socialização, cidadania, cooperação, integração e desenvolver todos os aspectos (social, afetivo, cognitivo,...); entendem que o processo ensino-aprendizagem é facilitar a transmissão do conhecimento pelo professor como mediador do ensino e, troca entre professor-aluno e alunoprofessor proporcionando conhecimento e desenvolvimento dos alunos; a relação professoraluno deve ocorrer na cumplicidade, o professor respeitando o tempo de aprendizagem do aluno, partindo de experiências do mundo vivido do educando e ampliar os conhecimentos; os procedimentos metodológicos são estratégias utilizadas para transmitir o conhecimento/aprendizado que o professor planeja para as aulas, formas diversas para que ocorra o ensino-aprendizagem; e, a avaliação das aulas depende dos objetivos que o professor possui, tais como a evolução dos movimentos, comportamento, respeito, participação, a reflexão do professor e alunos na auto-avaliação no final de cada aula. Concluímos que, a 1 Mestrando em Educação CE/PPGE/UFSM 2 Doutor em Educação e em Ciência do Movimento Humano CE/PPEG/UFSM

Educação Física em escolas está permanentemente tencionada com a Cultura de Movimento, para que possamos compreender seus conhecimentos em um sentido mais amplo, com as significações que a comunidade escolar vivencia nas mais diversas relações cotidianas do convívio sócio-político-cultural-econômico. Palavras-chave: Formação de Professores. Educação Física Escolar. Prática de Ensino. O ponto de partida da investigação O curso de Licenciatura em Educação Física tem como um dos seus objetivos a habilitação para a docência do ensino fundamental e médio, quando a necessidade de uma relação professor-aluno satisfatória requer, por parte do futuro professor um conhecimento multidisciplinar estendendo-se desde a caracterização das fases de crescimento e desenvolvimento do aluno até os procedimentos a serem adotados nas aulas. Dentre as disciplinas que constam do currículo de Licenciatura em Educação Física destaca-se, pela sua relevância. o Estágio Curricular Supervisionado, que tem por atribuições precípuas colocar o futuro profissional em contato com a realidade educacional, desenvolvendo-se estilos de ensino, possibilitando adequadas seleções de objetivos, conteúdos, estratégias e avaliações, entre outras finalidades. Para tanto, o estágio Curricular supervisionado deve fornecer subsídios para a formação do futuro professor, tanto no aspecto teórico quanto prático, a fim de que possa desenvolver um trabalho docente competente (Ferreira; Krug, 2001). Segundo pesquisa realizada com alunos em situação de Estágio Curricular Supervisionado efetuada por Neuenfeldt (1998) as experiências pelas quais os acadêmicos de Educação Física passam nesta disciplina, nas suas atuações como professores na escola, são fundamentais para que abracem ou não este campo de trabalho. Portanto, estudar o que acontece durante esta disciplina, é tarefa primeira daqueles que se encontram envolvidos e comprometidos com uma formação de qualidade. Neste sentido, é importante estudar as facilidades e as dificuldades de desenvolvimento do Estágio Curricular Supervisionado, pois segundo Xavier e Santos (1998) as idéias de melhora, de qualidade educativa, de aperfeiçoamento, surge, na maioria das vezes da confrontação entre a realidade que temos e a que queremos, ou ainda frente à situações problemáticas e à necessidade de resolvê-las. Baseando-se nestas premissas surgiu o problema que estimulou esta pesquisa: Qual é o entendimento dos acadêmicos de Educação Física da Universidade Federal de Santa Maria

(UFSM) em situação de Estágio Curricular Supervisionado (ECS) em relação a diversos aspectos do desenvolvimento desta disciplina? Assim, este estudo objetivou analisar a compreensão, dos acadêmicos de Educação Física da UFSM matriculados na disciplina de Prática de Ensino (MEN 433), em relação a educação, aos conhecimentos da Educação Física nas escolas, ao processo de ensinoaprendizagem, à relação professor-aluno, aos procedimentos metodológicos e à avaliação das aulas durante o estágio. A argumentação sobre a importância da realização deste estudo vir a acontecer justificou-se pela tentativa de despertar as instituições responsáveis pela formação inicial de professores de Educação Física para a necessidade de permanente avaliação e reformulação de seus currículos. A metodologia da investigação Este estudo qualitativo caracterizou-se por ser uma pesquisa do tipo descritiva e análise de conteúdo. A população constituiu-se por seis acadêmicos matriculados na disciplina de MEN 433 (Prática de Ensino) no curso de licenciatura em Educação Física da UFSM. A escolha dos participantes se deu de forma espontânea onde a disponibilidade dos acadêmicos foi o fator determinante. Para preservar as identidades dos acadêmicos, estes receberam nomes fictícios (Acadêmico A, Acadêmico B, Acadêmico C, Acadêmico D, Acadêmico E e Acadêmico F). Para a coleta de informações foi um questionário contendo questões abertas e a análise das respostas foi realizada através da análise de conteúdo. Os achados da investigação - a compreensão de educação Em relação a compreensão de educação, os acadêmicos disseram que: O ato de ensinar aquilo que é considerado o correto e significante perante a sociedade em que vivemos (Acadêmico A); É o ato de contribuir de alguma maneira, no conhecimento do indivíduo, além de este indivíduo também contribuir para consigo (Acadêmico B); É uma forma de despertar no aluno um olhar mais crítico sobre o mundo que o cerca, fazendo com que o mesmo saiba seus direitos e deveres como cidadão (Acadêmico C); Educar é ensinar, educação não é só ensinada na escola a educação tem de se ter e promover em todas esferas da sociedade (Acadêmico D);

É aprender novos conhecimentos que possibilitem uma maior autonomia e compreensão de mundo para que se viva em sociedade (Acadêmico E); e, Tem vários significados. É aprender a respeitar os outros, viver em sociedade. É adquirir novos conhecimentos. Educar o teu corpo para novas experiências corporais, entre outros (Acadêmico F). Conforme Freire (1996, p. 110) outro saber de que não posso duvidar um momento sequer na minha prática educativo-crítica é o de que, como experiência especificamente humana, a educação é uma forma de intervenção no mundo. Para Brodtmann e Outros (apud KUNZ, 2001a, p. 136) a educação é vista como uma interação com todos os aspectos consciente e socialmente regulamentados, na qual o jovem no percurso de seu desenvolvimento deverá ser qualificado, tanto para assimilar, como para dar continuidade ao desenvolvimento da Produção Cultural de uma Sociedade e neste processo de qualificação, ainda, se tornar uma pessoa independente e responsável. O(s) conhecimento(s) de Educação Física nas escolas Sobre o(s) conhecimento(s) da Educação Física nas escolas, os acadêmicos revelaram que: Movimento humano, recreação, socialização, respeito (Acadêmico A); Conhecimentos relativos as práticas esportivas, a educação motora, e prática de socialização. Visto que esta disciplina visa também a preparação do homem para interagir na sociedade (Acadêmico B); Conhecimentos das áreas das ciências exatas e humanas, das exatas, pois a educação física pode e deve trabalhar muito com cálculos e fórmulas desenvolvendo o lado cognitivo e das humanas por trabalhar com o movimento e com a relação entre pessoas (Acadêmico C); Conhecimentos da cultura corporal, conhecimentos dos jogos, brincadeiras, cidadania, cooperação, todos conhecimentos que formaram um aluno que terá prazer pela atividade física, sem esquecer que este aluno é um ser que vive em sociedade (Acadêmico D); Conhecimentos que envolvem o aluno não apenas nas questões físicas e motoras, mas que o desenvolva em todos os aspectos (social, afetivo, cognitivo,...) (Acadêmico E); e, Principalmente conhecimento corporal, além de ensinar a respeitar as diferenças, ter integração, cidadania (Acadêmico F).

Segundo Bracht (apud Fensterseifer, 2001, p.278) a Educação Física, agiria: no sentido de instrumentalizar o indivíduo para ocupar de forma autônoma seu tempo livre também com atividades corporais de movimento (com as conseqüências orgânicas, motoras, psíquicas e de qualidade de vida postuladas para as atividades corporais de movimento), de instrumentalizar o indivíduo para entender e se posicionar criticamente frente à nossa cultura corporal/movimento, e educaria no sentido de desenvolver uma sociabilidade composta de valores que permitam um enfrentamento crítico com os valores dominantes. Segundo Bracht (1997) são três as expressões-chaves para entender o saber próprio da Educação Física: a) atividade física, em alguns casos atividades físicoesportivas e recreativas; b) movimento humano ou movimento corporal humano, motricidade humana ou, ainda, movimento humano consciente; e, c) cultura corporal de movimento. O processo ensino-aprendizagem Ao serem perguntados sobre o entendimento do processo ensino-aprendizagem, os acadêmicos falaram que: É facilitar a transmissão do conhecimento, sendo o professor mediador deste, em relação aos alunos, utilizando diferentes métodos e formas de ensino (Acadêmico A); Ensino-aprendizagem é uma prática, onde o educando aprende, interage com o educador e vice-versa (Acadêmico B); Entendo que seja a maneira como alguma coisa é ensinada e a resposta, como isso é assimilado (Acadêmico C); Não tenho um entendimento formado por este processo, mas acredito que é aquele em que o professor expõe tudo que o aluno precisa saber e o aluno só irá reproduzir esses conhecimentos (Acadêmico D); É um processo de troca entre professor-aluno, aluno-professor, afim de proporcionar conhecimento e desenvolvimento aos alunos (Acadêmico E); e, É aquele negócio de ensinar e aprender ao mesmo tempo (Acadêmico F). Segundo Zorzan et al (2001) atualmente diversos são os métodos de ensinoaprendizagem utilizados por professores para desenvolver os conteúdos da Educação Física. Já de acordo com Oliveira (1998) são quatro os métodos de ensino mais utilizados na Educação Física na escola: 1) método da demonstração, 2) método de resolução de problemas, 3) método global e método parcial.

Krug (2001, p.104) acrescenta que é indiscutível que apenas o professor que explicar e justificar a sua prática, pode assumir com autonomia sua docência. A relação professor-aluno Ao serem questionados sobre como deve ocorrer a relação professor-aluno, os acadêmicos responderam: Da forma mais direta possível, não havendo diferença que torne o professor inacessível ao aluno (Acadêmico A); De forma que ocorra uma interação entre ambos, porém primando pelo respeito mútuo (Acadêmico B); Deve ser uma relação de cumplicidade isso a longo prazo, pois no começo o professor deve ser tradicional e autoritário para poder ter controle da turma (Acadêmico C); Como toda a relação deve se ter respeito, o professor tem que respeitar o tempo de aprendizagem do aluno e o aluno tem que respeitar o professor (Acadêmico D); Assim como o aluno aprende com o professor, o professor também aprende com o aluno partindo de conhecimentos e experiências do mundo vivido do educando, ampliando conhecimentos (Acadêmico E); e, Com respeito mútuo (Acadêmico F). Freire (apud Kunz, 2001a): Afirma que no processo de ensino dialógico o professor deveria procurar ser 50% professor e 50% aluno, de maneira que num processo comum de ensino o professor tem que aprender a morrer como exclusivamente professor, e renascer como professor-aluno, ao mesmo tempo em que o aluno, também, precisa aprender a morrer como exclusivamente aluno, e renascer como aluno-professor (p. 148). Educador-educando e Educando-educador estão ambos colocados, na prática da formação libertadora, como Sujeitos do Conhecimento frente ao Objeto a ser apreendido. (...) E, o critério para avaliar um professor é a sua prática não a sua fala (p. 150). Assim, o ensino deve fomentar, para tanto, a capacitação dos alunos para uma agir solidário, nos princípios da codeterminação e autodeterminação. Essas interações de alunosalunos, alunos-professor e professor-alunos não podem acontecer sem a participação da linguagem (KUNZ, 2001b, p.37).

Os procedimentos metodológicos Em relação ao entendimento sobre o os procedimentos metodológicos, os acadêmicos disseram que: É a maneira utilizada para transmitir o conhecimento. As estratégias utilizadas para transmití-lo e como o professor vai planejar a aula (Acadêmico A); São maneiras, formas diversas, para que se dê o ensino-aprendizagem (Acadêmico B); São as maneiras, as formas como um trabalho vai ser desenvolvido (Acadêmico C); São os métodos que você for aplicar nas suas aulas (Acadêmico D); São formas que o professor utiliza a fim de proporcionar conhecimento e aprendizado aos alunos (Acadêmico E); e, São procedimentos utilizados para dar uma aula (Acadêmico F). Conforme Negrelli (2005, p. 275) na concepção da teoria pedagógica, o método de ensino refere-se aos procedimentos para atingir um objetivo na ação pedagógica. Segundo Kunz (2001b, p. 127) as situações e condições do se-movimentar do aluno e do contexto escolar devem ser considerados. O aluno enquanto sujeito dos movimentos intencionados na aprendizagem e não a modalidade esportiva devem estar no centro de ações do ensino. A avaliação das aulas Sobre como deve ocorrer a avaliação das aulas, os acadêmicos revelaram que: Através da evolução de movimentos do aluno, comportamento nas aulas, respeito com professor e colegas e participação nas atividades (Acadêmico A); Através de uma reflexão não só do professor, mas também dos alunos em relação as aulas. Porém, não se pode esquecer que a avaliação dependerá dos objetivos que o professor possui com suas aulas, ou seja, da didática empregada por este (Acadêmico B); No começo a avaliação deve ser em grupo, devido a adaptação com o ambiente e com os alunos. Em seguida deve ser individual, pois o professor já conhece os alunos e possui o domínio da turma (Acadêmico C); Tem que se dar ao final de cada aula (Acadêmico D);

Acredito que elas devem em conjunto com os alunos, para que eles tornem-se conscientes e críticos frente as aulas e seu aprendizado (Acadêmico E); e, Deve haver uma avaliação com os alunos e uma auto-avaliação do professor, a cada aula (Acadêmico F). Segundo Haydt (1994) a avaliação é um processo contínuo e sistemático, devendo assim ser constante e planejada, ocorrendo normalmente ao longo de todo o processo ensinoaprendizagem, para reorientá-lo e aperfeiçoá-lo. Segundo Libâneo (1994) é importante a realização da avaliação para verificar o progresso alcançado pelos alunos, que reflete a eficácia do ensino. A avaliação é guardiã dos objetivos. Os objetivos em parte estão diluídos, ocultos, mas a avaliação é sistemática (mesmo quando informal) e age em estreita relação com eles. No cotidiano da escola os objetivos estão expressos nas práticas de avaliação (Freitas 1995, p. 59). Segundo Rombaldi (1996), no caso específico da Educação Física, a observação é a técnica mais utilizada para realizar a avaliação e que através da técnica da observação é possível coletar dados em todos os aspectos, mas especialmente no afetivo e psicomotor. O ponto de chegada da investigação Até o ECS, os acadêmicos de Educação Física vivenciaram teoricamente os diversos conhecimentos pedagógicos e, somente próximo ao final do curso realizam a prática de ensino em escolas. Ou seja, num primeiro momento ocorre a preparação teórica e, posteriormente utiliza-se da teoria acumulada na prática pedagógica. Entendemos que a teoria não está desvinculada da prática e, a busca de outras possibilidades de conhecimentos deve ser constantemente renovada. Logo, percebemos uma distância entre a teoria, vista nas múltiplas significações teóricas que um curso de graduação em Educação Física pode proporcionar para seus licenciandos, da prática que pode ser entendida, nessa situação, como o único refúgio para o licenciando colocar em ação toda a sua bagagem teórica. A educação deve proporcionar a autonomia para os educandos, pois com liberdade de escolha e livres de coerções poderão participar da construção do conhecimento, logo, as situações de ensino promovidas pelo professor durante a ação pedagógica, tais como os objetivos, por estarem vinculados à avaliação do ensino e, os encaminhamentos

metodológicos, devem buscar no processo de ação-reflexão-ação a interpretação para a intervenção no mundo. A Educação Física em escolas está permanentemente tencionada com a Cultura de Movimento, para que possamos compreender seus conhecimentos em um sentido mais amplo, com as significações que a comunidade escolar vivencia nas mais diversas relações cotidianas do convívio sócio-político-cultural-econômico. Os professores ao engajarem-se na transformação didático-pedagógico do ensino da Educação Física deverão partir do mundo vivido do educando, que participa do processo de construção do conhecimento, agindo solidariamente na interação com os sujeitos do contexto educacional. A auto-avaliação tanto pelo professor quanto pelo aluno, surge como ferramenta educacional proposta pelo professor, para que ambos possam refletir sobre o vivido e (re)construir outras possibilidades no ensino. Referências bibliográficas BRACHT, V. Educação física: conhecimento e especificidade. In: SOUZA, E. S. de; VAGO, T. M. (Orgs.). Trilhas e partilhas: educação física na cultura escolar e nas práticas sociais. Belo Horizonte: UFMG, 1997. FERREIRA, F. F.; KRUG, H. N. A reflexão na Prática de Ensino em Educação Física. In: KRUG, H. N. Formação de professores reflexivos; ensaios e experiências. Santa Maria: O Autor, 2001. FENSTERSEIFER, P. E. A Educação Física na crise da modernidade. Ijuí: Unijuí, 2001. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. FREITAS, L. C. de. Crítica da organização do trabalho pedagógico e da didática. Campinas: Papirus, 1995. HAYDT, R. C. C. Curso de Didática geral. São Paulo: Ática, 1994. KUNZ, E. Educação Física: ensino e mudanças. 2 ed. Ijuí: Unijuí, 2001a. KUNZ, E. Transformação didático-pedagógica do esporte. 4 ed. Ijuí: Unijuí, 2001b. LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994. NEGRELLI, J. M. Método de Ensino. In: GONZÁLEZ, F. J.; FENSTERSEIFER, P. E. Dicionário crítico de Educação Física. Ijuí: Unijuí, 2005. OLIVEIRA, 1998 com Hugo.

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