CONSUMO DE PRODUTOS LÁCTEOS E RENDA FAMILIAR DE GESTANTES E NUTRIZES DE FORTALEZA Maria do Socorro Gomes de Oliveira Nadia Tavares Soares Emanuel Diego dos Santos Penha Marcelo Gurgel Carlos da Silva Universidade Estadual do Ceará - UECE
INTRODUÇÃO A década de 1990 marca processo de mudanças na economia brasileira. A desigualdade social diminuiu, aumentando a renda e o poder de compra da população, afetando potencialmente o consumo de alimentos, incluindo os produtos lácteos, principalmente nas classes de mais baixa de renda. Para a nutrição humana, o leite e seus derivados recebem destaque devido ao seu alto teor de cálcio biodisponível, níveis consideráveis de outros nutrientes essenciais e por ser um alimento de custo relativamente baixo. A ingestão de leite na gravidez está associada com maior peso por idade gestacional e menor risco para bebê pequeno ou grande por idade gestacional.
OBJETIVO Analisar a relação entre renda e o consumo de alimentos lácteos entre gestantes e nutrizes assistidas por um serviço público de saúde de Fortaleza.
METODOLOGIA Delineamento: transversal Local: Hospital Distrital Gonzaga Mota/Fortaleza/CE Amostra: 400 gestantes e nutrizes, incluídas por livre consentimento durante a busca por assistência no ambulatório de obstetrícia Período: novembro de 2009 a janeiro de 2010
METODOLOGIA Método: - inquérito sócio-econômico questionário elaborado - inquérito alimentar QFA adaptado de Henriques (2001) Variáveis analisadas: renda familiar, gastos com alimentação, inserção social produtiva e alimentação láctea Critério de análise do consumo de lácteos : Guia Alimentar para a População Brasileira (BRASIL, 2006), que define três porções para atender as necessidades de cálcio de um adulto saudável, que é de 1.000 mg.
METODOLOGIA Cálculo da porção consumida por dia: 1º Transformação da medida caseira relatada em gramas e ml pela Tabela de Pinheiro et al ( 2002) 2º Divisão pela freqüência do período de consumo relatada (ano = 365 dias; mês = 30 dias; semana = 7 dias; dia = 1 dia) 3º Multiplicação o pelo número de vezes que eram consumidos, para obter quantidade diária de consumo de cada alimento. Cálculo de equivalência com Guia Alimentar: -Divisão do consumo em kcal dos alimentos lácteos por 125 kcal, que corresponde à média da porção de leite e derivados no Guia. Análise estatística: Os dados foram analisados por estatística descritiva e testadas associações (qui-quadrado, ANOVA, seguida do teste de Tukey).
RESULTADOS Tabela 1 Distribuição das gestantes e nutrizes, segundo faixa etária. Fortaleza-CE, 2010. No % Faixa etária < 19 anos 76 19,0 > 19 anos 324 81,0 Total 400 100,0
RESULTADOS Tabela 2 Distribuição das gestantes e nutrizes ocupadas, segundo setor ou tipo de atividade no mercado de trabalho. Fortaleza-CE,2010 Setor/tipo de atividade Nº % Setor privado Setor público Serviço doméstico Serviço temporário Empregador Autônomo Aprendiz ou estagiário Não remunerado Serviço de subsistência 187 19 1 32 2 74 1 56 1 46,8 4,8 0,3 8,0 0,5 18,5 0,3 14,0 0,3 Total 373 93,3
RESULTADOS Tabela 2 Distribuição das gestantes e nutrizes, segundo renda familiar. Fortaleza-CE,2010. Renda Total Nº % <=1 >1 e <=2 >2 e <=3 >3 55 136 126 83 13,8 34,0 31,4 20,8 Total 400 100,0
RESULTADOS Gráfico 1 Frequencia de consumo de produtos lácteos e renda das gestantes e nutrizes, segundo renda familiar. Fortaleza-CE,2010.
RESULTADOS Tabela 2 Distribuição das gestantes e nutrizes, segundo adequação de consumo de porções de produtos lácteos, de acordo com o Guia Alimentar para a População Brasileira. Fortaleza-CE, 2010. Consumo por Dia Nº % Abaixo do recomendado (< 3 porções/dia) Dentro do recomendado (> 3 porções/dia) 395 8 98,0 2,0 Total 400 100,0
RESULTADOS Alimentos lácteos consumidos Média Faixa de renda em salário mínimo <=1 >1 e <=2 >2 e <=3 >3 Desvio Padrão Média Desvio Padrão Média Desvio Padrão Média Desvio Padrão coalhada 6,67 23,75 25,81 18,95 22,29 11,93 14,73 leite pó integral 12,24 8,21 15,20 8,81 15,53 8,68 15,81 8,91 leite desn/semid 82,25 81,82 82,26 89,14 8,86 5,23 leite fluído integral 244,12 157,93 235,43 147,17 227,93 138,60 295,51 177,00 requeijão,70 2,00 23,00 26,87 queijo coalho 7,21 11,09 2,41 2,13 5,13 5,63 5,31 5,95 queijo prato 2,14 queijo mussarela 2,79 2,01 4,95 5,55 6,91 5,67 11,86 12,78 bebida láctea 41,10 31,09 55,95 51,91 57,03 83,88 82,47 83,88 Iogurte 16,00 9,48 27,25 21,93 35,62 56,83 24,69 15,36 Desn/semidat = desnatado ou semidesnatado
CONCLUSÃO A renda certamente influencia positivamente o consumo de laticínios, mas não a ponto de este alcançar as metas oficiais estabelecidas para promoção da saúde e prevenção de doenças. Esta proposição não constitui característica única da amostra estudada, está de acordo com outras realidades nacionais e internacionais, em diferentes estágios da vida e situação econômica. O desenvolvimento de estudos críticos sobre as recomendações nutricionais e fatores determinantes do consumo alimentar merece ser aprofundado para melhor compreensão do aparente descompasso entre o que se espera e o que se pratica sobre o consumo de produtos lácteos