MASCANDO TREVOS NO JARDIM. "QUEM DISSE QUE EU ME MUDEI? Não importa que a tenham demolido: A gente continua morando na velha casa em que nasceu.

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Transcrição:

"QUEM DISSE QUE EU ME MUDEI? Não importa que a tenham demolido: A gente continua morando na velha casa em que nasceu." Mário Quintana Cara Professora, Caro Professor, MASCANDO TREVOS NO JARDIM Estamos oferecendo a você e a seus alunos um belo livro de narrativa Mascando trevos no jardim, do autor mineiro Ferruccio Verdolin Filho. Junto com a obra, estamos também oferecendo lhe sugestões de atividades para tornar a leitura de seu aluno mais significativa. Sempre preferimos criar sugestões para você, Professora, Professor, em vez de elaborar uma ficha para o aluno preencher: achamos que um dos aspectos importantes da leitura sobretudo a literária é o compartilhar significados e emoções o que será conseguido, em sua classe, não só no diálogo entre os alunos, mas também com você, o grande e sempre mediador da leitura. Apresentamos a seguir uma série de considerações e propostas de trabalho. Você, que conhece bem sua turma, poderá aproveitálas ou imaginar outras, a partir do que propusemos. Apesar de haver a possibilidade de muitos casos especiais e exceções, imaginamos que crianças entre 9 e 12 anos serão os leitores privilegiados desta narrativa, e as atividades estão pensadas muito em função dessa faixa e dos conhecimentos possivelmente já acumulados em torno da leitura. Tenha, no entanto, todo cuidado, para que, em nenhum momento, o prazer de ler esteja ameaçado. Nenhuma atividade vale a pena, se retira da leitura o prazer de descobrir, de encontrar novas formas de ver o mundo, de se divertir. Ilustrações: Humberto Guimarães

I- Criando a curiosidade em torno do livro A título de motivação Este momento ocorre quase sempre em sala. Você deve ter o livro em mãos, mas os alunos não precisam tê-lo, neste momento. É óbvio que você já terá lido a obra, para poder, de repente, aproveitar algum dado da história, a partir da fala de alguma criança. 1- A capa Agora, discuta com eles os elementos da capa. A) O título Faça perguntas que ajudem a criar interesse pela história. a) Quem será que mastiga trevos no jardim? (A ilustração da capa apresenta um belo jardim, mas sem pessoas.) b) Alguém da turma já mascou um trevo? Que gosto terá? Será uma experiência boa ou ruim? (Veja que o gerúndio "mascando" dá a impressão de que é uma experiência repetida ou prolongada.) B) Os nomes Além do nome da editora, há os nomes do autor e do ilustrador. (Mostre o retrato dos dois e leia alguma coisa da biografia deles, nas últimas páginas do livro. Sobre a editora, informe pelo menos sua sede: Belo Horizonte.) C) As imagens Proponha a observação do desenho da 1 a capa: o que aparece nele? (Plantas, animais domésticos, tronco, ninhos predomínio de elementos da natureza.) Na quarta capa, há também uma imagem: tem relação com a imagem da frente ou com o título? (Continua a presença da natureza, e parece um buraco, que, por enquanto, não conseguimos explicar. De propósito, nada está completamente explicitado na capa, para criar a curiosidade do leitor.) A cor azul, tendendo para o claro, é dominante na capa (1ª e 4ª). A partir dessa cor, esperamos uma história de tristezas, cheia de agressividade, ou o contrário? (A cor azul não sugere situações agressivas, nem muito tristes. Traduz, sobretudo, calma.) 2- Folheando o livro Proponha que os alunos folheiem o livro, sem a preocupação de ler qualquer coisa, para criar uma primeira impressão sobre a obra.

A) Pergunte o que chamou a atenção de cada um. (Possivelmente, vão falar sobre os desenhos e sobre a divisão em capítulos. Isso será um bom gancho para a proposta de uma conversa sobre o gênero literário da narrativa que eles vão ler: a novela.) B) Talvez uma "lição de casa" O ideal é que essas atividades tenham ocorrido no final da aula, e que eles levem para casa algumas questões a resolver: Esta narrativa é chamada "novela". Procure ver diferenças e semelhanças entre ela e a novela de televisão. Já ouviram a expressão: "A compra do presente virou uma novela"? Que relação tem a expressão com o gênero (na tv e no livro)? Para sua orientação: a narrativa literária chamada novela é menor que o romance e maior que o conto. Assim, com relação ao romance, ela tem menos personagens, menos núcleos de ação, e é menos densa, não costuma ir fundo nas questões, sobretudo quando é criada para adolescentes. Com relação ao conto, ela tem mais personagens e mais situações, que se desenrolam como de um "novelo", enquanto o conto tem, em geral, um único fio de interesse, com poucas personagens numa história muito condensada. Muitos romances clássicos costumam ser reduzidos, adaptados para o leitor jovem, em forma de novela. Além disso, há hoje muitas novelas escritas especialmente para crianças e adolescentes, como é o caso da nossa obra. II- Lendo o livro Se a motivação para a leitura do livro ocorre fundamentalmente em sala de aula, a leitura da obra pode dar-se fora da sala. Enquanto estão lendo o livro fora da classe, você pode, a cada começo de aula, conversar rapidamente sobre a narrativa: em que ponto estão? Que cena acharam mais interessante? Eles podem ir lendo a narrativa com uma pergunta a responder, dentre as atividades propostas mais adiante. Depois de lida a obra, formam-se grupos para discutir as respostas e observações feitas durante a leitura. Em seguida, ou no dia seguinte, cada grupo apresenta suas posições e "descobertas" para a turma toda.

1- A narrativa episódica Tanto o romance como a novela podem ser "episódicos", especialmente quando se trata de narrativa baseada na memória. Isso quer dizer que não temos os fatos numa seqüência temporal, mas episódios aparentemente soltos, que são pinçados da memória e poderiam estar em outro ponto da narrativa. Na narrativa episódica, apenas o princípio e o fim têm lugar determinado. Conforme o interesse da turma, instigue seus alunos a indicarem que capítulos não poderiam deslocar-se e quais proporiam estar em outro lugar da narrativa. 2- Os elementos da novela Como toda narrativa, esta nossa novela apresenta personagens com as quais acontecem fatos, num tempo e num espaço. E tem alguém que conta a história, um narrador figura essencial em qualquer narrativa. Sem precisar enfatizar nomes técnicos, você pode falar com seus alunos sobre esses pontos de maneira agradável. Pense que tais elementos é que criam uma história, contada de certo modo. Vamos, então, sugerir algumas questões que podem ajudar seus alunos a entrar mais na história, com entusiasmo. Que tal cada grupo da turma trabalhar com um destes pontos? A) O narrador a) Quem conta a história? Ele é o autor? Procure alguma "prova" do que vocês pensam. (Sabemos que o narrador é, em geral, uma personagem tão inventada quanto as outras. Mas, no caso de uma narrativa claramente baseada na lembrança, é difícil distinguir narrador e autor. Veja que, ao falar sobre o livro, à página 61, o autor assume que está falando de experiências de sua infância. Por isso, sua narração é em primeira pessoa: o "eu" aparece o tempo todo, ainda que a história não seja só ou sobretudo sobre ele.) B) Personagens a) Quais são as personagens principais da história? Dentre as principais, você acha alguma mais importante? (Todos, com certeza, dirão que os principais são Julim e o narrador. Alguns podem achar que o narrador é o mais importante, porque todos os acontecimentos passam pela interpretação dele, e ele está presente em quase todos. Outros podem achar que o mais importante é o Julim, porque todos os acontecimentos têm a ver com sua família, sua casa. Ele é apresentado pelo autor como mais esperto, mais interessante do que ele próprio. Os dois grupos têm razão. O importante é que os alunos possam defender seus pontos de vista e tenham argumentos da história para isso.) b) Nas brincadeiras, Julim parece mais esperto e mais "sábio" do que o narrador. Quais são essas passagens? O narrador parece enciumado com o amigo?

(Julim ensina o narrador a fazer brinquedos e comanda várias das brincadeiras. O narrador parece ter prazer em falar na "superioridade" do amigo. Se tivesse ciúmes, nem tocaria nesse assunto.) c) Que outras personagens aparecem? Estão mais ligadas ao narrador ou ao Julim? Por que isso acontece? Que fazem de interessante? (As personagens secundárias são o pai, a mãe e a tia de Julim, a mãe e uma tia distante do narrador. As figuras da casa de Julim são mais descritas do que as da casa do narrador. Parece que a casa de Julim é mais animada e tem mais gente.) d) A família do narrador tinha características bem diferentes da de Julim. Que diferenças são essas? Essas diferenças criavam dificuldades para a amizade dos dois? Elas eram importantes para o narrador? Elas foram superadas, ao longo da história? (A família de Julim era diferente da do narrador. Primeiro: eles são negros, ou mulatos. São pobres: a mãe é lavadeira, a casa é bem mais simples. Parece que não tem muitos estudos, tendo crenças consideradas absurdas. A família do narrador é da cor branca, e parece ter mais posses. Por isso, o narrador não podia brincar com o vizinho. Ele teve de "furar o muro", burlar a vigilância da mãe, para brincar com Julim, porque as crianças tendem a não dar importância a essas diferenças. Aos poucos, os preconceitos dos adultos vão diminuindo, e as famílias acabam meio amigas.) C) Onde se passa a história a) As duas personagens principais vivem suas aventuras basicamente num mesmo lugar. Qual é? Como é descrito pelo narrador? (O quintal da casa do narrador não tem interesse algum. Podemos dizer que os episódios se passam quase sempre no quintal da casa de Julim. O local era uma fonte extraordinária de divertimentos, de estripulias e de conhecimentos: o varal, os bichos, as plantas, até o chuveiro, tudo criava episódios interessantes para a vida dos meninos. Ele era rico para a imaginação das crianças. A casa de Julim também é importante, mesmo porque ela é o motivo da separação dos dois amigos. De novo, vemos que a casa do narrador não é centro de interesse.) b) Podemos, ainda, dizer que o cenário é o de uma cidade pequena?

(As brincadeiras, o tipo de casa, as festas, tudo dá a impressão de uma cidadezinha do interior.) D) O tempo da história Qual é a época em que acontecem os episódios narrados? Essa época é apresentada como agradável ou desagradável? Nos dias de hoje, essas brincadeiras ainda acontecem, ou isso só acontecia antigamente? (Os episódios são do tempo da infância do narrador época apresentada como muito feliz, sobretudo pela amizade entre as duas crianças.) E) Os episódios a) Os episódios mostram as crianças como crianças mesmo: brincam, fazem coisas erradas, um tenta vencer o outro em muitos momentos. Identifique essas brincadeiras. São parecidas com as de hoje? Quais são "de mau gosto"? Quais vocês acharam mais interessantes? (Muitos capítulos trazem brincadeiras das crianças: A sentinela cochila, Os dois porquinhos, Brincando com a mãe natureza, Galo de briga, Túnel entre alvos lençóis.) b) No último capítulo, o narrador continua criança? Que sentimentos o dominam? (O narrador já é adulto, e volta ao lugar onde passou a infância, procurando identificar o lugar de sua casa, o da casa de Julim. Ele está visivelmente emocionado, com saudades da infância, e parece ter esperança de, um dia, encontrar a felicidade, simbolizada no trevo de quatro folhas.) III- As imagens do livro As ilustrações do livro são de Humberto Guimarães, um dos maiores artistas plásticos na criação de ambientes delicados e cheios de minúcias. Procure chamar a atenção dos alunos para essas imagens: as cores predominantes, a angulação (a cena é apresentada de cima para baixo e de baixo para cima), os animais e outros elementos característicos do quintal de Julim. IV- Uma novela que dá muito o que pensar Muitas passagens da novela trazem uma boa oportunidade para enriquecer os significados do livro. Em torno delas, propomos algumas atividades, que promoverão o prolongamento da história na vida dos leitores e que possibilitarão, ainda, a criação e a expressão de seus alunos. Defina com os alunos a atividade que eles querem fazer.

1- Nosso muro de Berlim O narrador lembra o muro de Berlim, capital da Alemanha, o qual teve uma função histórica importante para todo o mundo. (Utilize um atlas, ou um globo, para situar a Alemanha e Berlim.) Incentive seus alunos a pesquisar sobre o assunto. Podem trazer fotos, livros, jornais, revistas, vídeos que tratem do assunto. 2- Vivíamos assim A narrativa acontece aproximadamente no meio do século passado. Convide pais e avós para falarem da vida nesta época, sobretudo nas cidades pequenas. Eles podem trazer chuchus para fazer animais, arapucas. 3- Eu vivo esperando e procurando um trevo no meu jardim... (Trecho de uma música norte-americana.) E conhecemos o trevo? Um grupo pode fazer uma busca para trazer trevos para a turma (Cuidado! eles têm de ser reconhecidos por quem entende e devem estar lavados), para que experimentem o gosto do caule. O grupo pode pesquisar, também, o que significa achar um trevo de quatro folhas (na realidade, quatro pétalas). Vejam se alguém na família conhece e pode cantar a composição norte-americana, que fez muito sucesso também no Brasil. Vejam, ainda, quais os símbolos da sorte que as pessoas costumam procurar ou guardar. (Em todas as épocas e lugares, o ser humano está sempre procurando alguma coisa que lhe traga felicidade.) 4- Querido amigo Imagine que você é Julim ou o narrador e que, depois de tanto tempo, descobriu o endereço do amigo. Escrevalhe uma carta, contando como correu a vida depois que se separaram: o que fez, onde mora, como está a família, etc. 5- Todos os muros do mundo caíram? Vocês acreditam que, ainda hoje, haja os preconceitos apresentados na narrativa? A cor da pele, a riqueza ou a pobreza e as ocupações dos familiares podem criar discriminações? Discutam sobre essa questão, em sala de aula, mas procurem argumentos trazidos da família. 6- "Amigo é coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito..." (Versos de Fernando Brant, para uma música de Milton Nascimento.) A amizade é o grande sentimento que alimenta a história, e cria uma onda de simpatia e emoção em torno da narrativa. Faça um texto em que descreva o que é um amigo para você. 7- Os espaços de brinquedos e jogos, hoje Você pode incentivar seus alunos a pesquisarem lugares e tempos das brincadeiras e jogos das crianças de hoje. O

que ocorre nas cidades grandes? Se moram em apartamentos, quais são os espaços do lazer: em casa, no prédio, na rua, em praças, parques, clubes? Em que dias e horários brincam? Sobra tempo, entre aulas e obrigações? Que lugares são proibidos para brincadeiras pela família? Por quê? Relacionando a vida dos dois protagonistas com a dos meninos de hoje, podem dizer que imaginam uma melhor do que a outra? 8- Era uma casa muito engraçada... Neste narrativa, casa de Julim foi demolida, por não apresentar segurança. Mas, numa cidade, as construções têm e contam histórias importante, não só das pessoas, mas do mundo. Na sua cidade, há construções importantes, pela sua arquitetura, ou pelas coisas que abrigam (bibliotecas, museus, etc) Tudo isso constitui parte importância do que chamam patrimônio. Escolham uma dessas construções para conhecer melhor. Visitemna, procurem informações sobre ela, para contar aos colegas. Quem sabe a turma fica motivada para uma excursão? editora está tão preocupado com as ilustrações, com a capa, com isso e aquilo, e já conhece tanto o texto, que não "vê" uma vírgula a mais, uma letra a menos. Quando isso acontece, toda a editora fica triste e quer dar um jeito de o leitor não ficar prejudicado, e ler errado. Cria, então, uma errata. Isso acontece em todas as editoras do mundo numas, mais do que em outras. Em muitos casos, tais erros nem são notados, e muitas editoras preferem nem tocar no assunto. E aconteceu no nesta novela. Vocês notaram? Se não notaram, vamos fazer um jogo. Vamos ver quem encontra dois pequenos erros que aparecem na nossa narrativa? A) O primeiro é no princípio de um dos capítulos: aparece um "de" no lugar de um "onde". B) O segundo é numa das páginas finais do livro: a palavra "criança" vem escrita "cirança". Acharam? Então, corrijam com cuidado as duas palavras, para que outro leitor do seu livro já encontre as palavras corretas. Apresentem as correções para os colegas. V- Desculpem a nossa falha. Vocês sabem o que é uma errata? Errata é uma relação de erros gráficos que, eventualmente, um livro apresenta. É isso mesmo: apesar de todo cuidado, das revisões, às vezes, o pessoal da