GLICERINA BRUTA NA DIETA DE VACAS LACTANTES CONFINADAS

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Transcrição:

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DE BAHIA UESB PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA CAMPUS DE ITAPETINGA GLICERINA BRUTA NA DIETA DE VACAS LACTANTES CONFINADAS Lucas Teixeira Costa 2011

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA - UESB PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA Área de concentração: Produção de Ruminantes Lucas Teixeira Costa GLICERINA BRUTA NA DIETA DE VACAS LACTANTES CONFINADAS Tese apresentada à Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação de Doutorado em Zootecnia, Área de Concentração em Produção de Ruminantes, para obtenção do titulo de Doutor. Orientador: Prof. D.Sc. Fabiano Ferreira da Silva Co-Orientadores: Prof. D.Sc. Paulo Bonomo Prof. D.Sc. Aureliano José Vieira Pires ITAPETINGA BAHIA BRASIL 2011 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA UESB

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA Área de Concentração em Produção de Ruminantes Campus de Itapetinga-BA DECLARAÇÃO DE APROVAÇÃO Título: Níveis de glicerina bruta na dieta de vacas leiteiras alimentadas com cana-deaçúcar. Autor: Lucas Teixeira Costa Aprovada como parte das exigências para obtenção do Título de Doutor em Zootecnia, área de concentração em Produção de Ruminantes, pela Banca Examinadora: Prof. Fabiano Ferreira da Silva, D.S.c, UESB Presidente Profa. Soraia Vanessa Matarazzo, D.S.c, UESC Prof. Dr. Fabio Andrade Teixeira, D.S.c, UESB Prof. Dr. Robério Rodrigues Silva, D.S.c, UESB Prof. Dr. Mara Lúcia Albuquerque Pereira, D.S.c, UESB Data da defesa: 21/06/2011 UESB - Campus Juvino Oliveira, Praça Primavera n o 40 Telefone: (77) 3261-8628 - Fax: (77) 3261-8701 Itapetinga BA CEP: 45.700-000 E-mail: mestrado.zootecnia@uesb.br

BIOGRAFIA LUCAS TEIXEIRA COSTA, filho de Miguel Carlos Costa e Maria Margarida Teixeira Costa, nasceu em 16 de janeiro de 1980, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Em 1999, iniciou o curso de Agronomia na Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais, finalizando o mesmo em 2004. Em março de 2006, iniciou o curso de Pós-Graduação em Zootecnia Mestrado em Zootecnia, na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia UESB, Concentração em Produção de Ruminantes, finalizando em 11 de março de 2008. Em março de 2008, iniciou o curso de Pós-Graduação em Zootecnia Doutorado em Zootecnia na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia UESB, Concentração em Produção de Ruminantes, finalizando em 21 de junho de 2011.

Aos meus pais; À minha namorada; Aos meus irmãos; À minha família; Aos meus professores. DEDICO

Ao meu orientador Prof. Fabiano Ferreira da Silva, pelos preciosos ensinamentos e pela dedicação. OFEREÇO

AGRADECIMENTOS A Deus, pela força concedida. À minha mãe, pela dedicação e o companheirismo em todos os momentos da minha vida. Ao meu pai, pela amizade e os grandes ensinamentos de vida, neste ponto um grande orientador. Aos meus irmãos, Pedro e Juliana, pelo companheirismo e torcida para que eu chegue cada vez mais longe. À minha namorada Sarah, pelo carinho, dedicação, compreensão e, sem dúvida, pela imensa paciência. À Clarinha, que com sua chegada trouxe muita alegria. À minha avó Zila, pelo carinho e sua presença marcante. Ao meu orientador, professor Fabiano, pelos grandes ensinamentos e, acima de tudo, pela grande amizade. Aos meus co-orientadores, professores Aureliano e Bonomo, pela ajuda e dedicação a este trabalho. Aos meus colegas de doutorado, pela amizade e coleguismo. Aos estagiários do experimento, sem os quais nada disso teria acontecido. Aos funcionários da fazenda Paulistinha, pela dedicação ao experimento. À Bu, pelo apoio e dedicação. À minha tia Santinha (em memória), que onde quer que esteja, esteve comigo em toda essa caminhada. À Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e seus funcionários, pela estrutura oferecida.

RESUMO COSTA, Lucas Teixeira. Glicerina bruta na dieta de vacas lactantes confinadas. Itapetinga-BA: UESB, 2011. (Tese Doutorado em Zootecnia Produção de Ruminantes).* Foram estudados os efeitos da inclusão de glicerina bruta na dieta de vacas lactantes alimentadas com cana-de-açúcar, com o objetivo de avaliar o consumo, a digestibilidade, a produção e composição do leite, a viabilidade bioeconômica e o comportamento alimentar. O experimento foi conduzido na fazenda Paulistinha, na cidade de Macarani BA. Foram utilizados quatro quadrados latinos 4X4, sendo utilizadas para tal experimento 16 vacas mestiças Holandês x Zebu. Os tratamentos foram constituídos de quatro níveis de glicerina na dieta, 0, 4, 8 e 12 % da matéria seca, tendo como volumoso a cana-de-açúcar, tratada com 1% de uma mistura de ureia e sulfato de amônio (9:1 parte). As dietas foram balanceadas para conter nutrientes suficientes para mantença e produção de 15 kg de leite/dia, de acordo com o NRC (2001), com base nos dados da análise bromatológica da cana-de-açúcar, chegando-se a relação volumoso:concentrado igual a 80:20. Inicialmente, foram analisados o consumo e digestibilidade dos nutrientes, a produção e composição do leite. O acréscimo de glicerina provocou aumento linear (p < 0,05) no consumo de extrato etéreo, na produção de leite e na variação do peso corporal; decréscimo linear no consumo de carboidratos não fibrosos, na conversão alimentar e nas porcentagens de gordura e sólidos totais no leite, enquanto que a digestibilidade do extrato etéreo apresentou um comportamento quadrático(p<0,05) em função do nível de glicerina na dieta. Já o consumo e a digestibilidade dos demais nutrientes e os demais componentes químicos do leite não alteraram com os níveis de glicerina (p>0,05). Na sequência, foram estudados os parâmetros de comportamento alimentar. A adição de glicerina na dieta não afetou nenhum parâmetro do comportamento ingestivo em vacas lactantes alimentadas com cana-de-açúcar. Ao estudar a viabilidade bioeconômica dos níveis de glicerina na dieta, concluiu-se que a inclusão da glicerina é eficiente tanto na produtividade quanto na lucratividade, a sua utilização na dieta de vacas lactantes foi viável. Portanto, a dieta com o maior teor de inclusão, 12% na matéria seca, foi o mais indicado. Palavras-chave: leite, comportamento, co-produto, economia, nutrição, produção. *Orientador: Fabiano Ferreira da Silva, D.Sc., UESB e Co-orientadores: Paulo Bonomo D. Sc., UESB e Aureliano José Vieira Pires D. Sc., UESB.

ABSTRACT COSTA, Lucas Teixeira. Crude glycerin in the diet of dairy cows confined. Itapetinga-BA: UESB, 2011. (Thesis - Doctor's degree in animal science - Production of Ruminant). The effects of the inclusion of crude glycerin in the diet of dairy cows fed sugarcane were studied, with the objetive to evaluate the intake, digestibility, milk production and composition, intake behavior and bioeconomic viability.the experiment was driven in the Paulistinha farm, in the city of Macarani - BA. For analysis were used four Latin Squares 4X4, being used 16 cows crossbred Holstein x Zebu. The treatments consisted of four different levels of glycerin in the diet, 0, 4, 8 and 12% of dry matter,,had as forage the sugar-cane, treated with 1% of a urea mixture and sulfate of ammonio (9:1 part). The diets were balanced to contain nutritious for sustain and production of 15 kg milk/day, in agreement with NRC (2001), with base in the data of the quimical analysis of the sugar-cane, being arrived the relationship forage: concentrate same to 80:20. Initially the intake, the milk production and composition were analyzed. The addition of glycerin resulted in linear increase (P<0,05) in the intake of ether extract, milk production and body weight variation, decreased the intake of non-fibrous carbohydrates, feed conversion and percentages of fat and total solids in milk while the digestibility ether extract had a quadratic response (P<0,05) to the increased level of glycerin in the diet. The intake and digestibility of other nutrients and other components of milk composition did not differ with levels glycerin. In the sequence they were studied the parameters of intake behavior. The inclusion of glycerin in the diet did not affect any parameters of intake behavior of dairy cows fed with cane sugar. When studying the bioeconomic viability glycerin levels in the diet it was concluded that the inclusion of glycerin is effective in the productivity and profitability, its use in the diet of milk cows is viable. So the treatment with the higher rate of inclusion, 12% of dry matter, is the most indicated. Key-Words: milk,behavior, co-product, nutrition, economy, production *Adviser: Fabiano Ferreira da Silva, D.Sc., UESB e Co-advises: Paulo Bonomo D. Sc., UESB e Aureliano José Vieira Pires D. Sc., UESB.

LISTA DE TABELAS CAPITULO 1 Tabela 1 - Proporção dos ingredientes nos concentrados, na base da matéria natural... 18 Tabela 2 - Composição química da cana-de-açúcar e dos concentrados e seus respectivos desvios-padrão... 19 Tabela 3 - Composição química das dietas... 20 Tabela 4 - Efeito dos níveis de glicerina no consumo de matéria seca (CMS), proteína bruta (CPB), fibra em detergente neutro (CFDN), carboidratos não fibrosos (CCNF) e nutrientes digestíveis totais (CNDT), equações de regressão, coeficientes de determinação (R 2 ) e variação (CV)... 21 Tabela 5 - Tabela 6 - Tabela 7 - Coeficientes de digestibilidade de matéria seca (DMS), proteína bruta (DPB), extrato etéreo (DEE), fibra em detergente neutro (DFDN), Carboidrato não fibroso (DCNF) e nutrientes digestíveis totais (NDT), seus respectivos coeficientes de determinação (R 2 ), coeficientes de variação (CV) e equações de regressão... 23 Efeito dos níveis de glicerina na produção de leite (kg/dia), produção de leite corrigida a 3,5% de gordura (kg/dia 3,5% G), eficiência alimentar (kg de MS/kg de leite), variação de peso corporal ( PC) e variação diária do peso corporal ( PC/dia)... 24 Efeito dos níveis de glicerina na composição do leite: porcentagens de proteína (P%), gordura (G%), lactose (L%), sólidos totais (ST%) e extrato seco desengordurado (ESD%)... 25 CAPITULO 2 Tabela 1 - Proporção dos ingredientes nos concentrados, na base da matéria natural... 35 Tabela 2 - Composição química das dietas... 36 Tabela 3 - Médias e equações de regressão dos tempos despendidos em alimentação, ruminação e ócio, em função do nível de glicerina da dieta, e seus respectivos coeficientes de determinação (R 2 ) e variação (CV)... 39 Tabela 4 - Valores médios e equações de regressão de consumo de MS (CMS), consumo de FDN (CFDN), eficiência de alimentação de MS (EAL) e de FDN (EAL FDN ), eficiência de ruminação de MS (ERU) e de FDN (ERU FDN ), tempo de mastigação total (TMT), número de bolos ruminais (NBR), número de mastigações merícicas por dia (NMM d ) e por bolo (NMM b ), e tempo de ruminação por bolo (TRB), em função dos níveis de glicerina na dieta, e seus respectivos coeficientes determinação (R 2 ) e variação (CV)... 40 CAPITULO 3 Tabela 1 - Proporção dos ingredientes nos concentrados, na base da matéria natural... 50 Tabela 2 - Composição química das dietas... 51 Tabela 3 - Preço médio de venda dos produtos no período experimental... 52 Tabela 4 - Preços de insumos e serviços utilizados no experimento... 53 Tabela 5 Tabela 6 - Preços dos ingredientes (R$) por kg de MS dos concentrados utilizados no experimento... Vida útil e valor de benfeitorias, máquinas, equipamentos, animais e terra, quantidades utilizadas no experimento e o seu valor total... 53 53

Tabela 7 - Tabela 8 - Tabela 9 - Consumo de matéria seca (CMS), consumo de concentrado (Cconc), consumo de cana (Ccana), produção de leite, produção de leite corrigido a 3,5% de gordura, conversão alimentar (kg de MS/Kg de leite), variação do peso corporal ( PC), variação diária do peso corporal ( PC/dia)... 55 Renda bruta, custo operacional efetivo, custo operacional total, custo total, lucro por vaca por dia... 59 Taxa interna de retorno (TIR) mensal e valor presente líquido (VPL) para taxas de retorno de 6, 10 e 12%, respectivamente, para um ano... 61

SUMÁRIO CAPITULO 1 Glicerina bruta em dietas a base de cana-de-açúcar para vacas lactantes mestiças 13 RESUMO... 13 ABSTRACT... 14 1 INTRODUÇÃO... 15 2 MATERIAL E MÉTODOS... 17 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO... 21 4 CONCLUSÃO... 27 5 REFERÊNCIAS... 28 CAPITULO 2 Comportamento ingestivo de vacas em lactação alimentadas com cana-de-açúcar e diferentes níveis de glicerina bruta na dieta 30 RESUMO... 30 ABSTRACT... 31 1 INTRODUÇÃO... 32 2 MATERIAL E MÉTODOS... 34 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO... 38 4 CONCLUSÃO... 42 5 REFERÊNCIAS... 43 CAPITULO 3 Viabilidade econômica de diferentes níveis de glicerina na dieta de vacas lactantes alimentadas com cana-de-açúcar RESUMO... 45 ABSTRACT 46 1 INTRODUÇÃO... 47 2 MATERIAL E MÉTODOS... 49 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO... 55 4 CONCLUSÃO... 62 5 REFERÊNCIAS... 63 45

CAPÍTULO 1 Glicerina bruta em dietas a base de cana-de-açúcar para vacas lactantes mestiças: Digestibilidade e desempenho animal Resumo: Foram utilizadas 16 vacas mestiças Holandês x Zebu (grau de sangue variando de ½ a ¾ de sangue holandês), de terceira e quarta lactação, com produção anterior entre 3000 e 4000 kg, ajustada para 300 dias, e com 80 a 120 dias de lactação no início do período experimental. Esses animais foram distribuídos em quatro Quadrados Latinos 4x4, com o objetivo de estudar os efeitos do aumento do nível de glicerina bruta, 0, 4, 8 e 12 % da matéria seca, nas dietas de vacas leiteiras alimentadas com cana-de-açúcar, balanceadas, para se obter a taxa de mantença mais a produção de 15 kg de leite/dia, no consumo e digestibilidade dos nutrientes, desempenho e composição do leite. O acréscimo de glicerina provocou aumento linear no consumo de extrato etéreo (P<0,05), na produção de leite e na variação do peso corporal, além de decréscimo linear no consumo de carboidratos não fibrosos, na conversão alimentar e nas porcentagens de gordura e sólidos totais no leite. A digestibilidade do extrato etéreo teve um comportamento quadrático ao aumento no nível de glicerina na dieta. Já o consumo e a digestibilidade dos demais nutrientes e os demais componentes da composição do leite não diferiram com os tratamentos (P>0,05). Conclui-se que, apesar do aumento do nível de glicerina na dieta diminuir a porcentagem de gordura e sólidos totais no leite, este aumento não influenciou o consumo, a digestibilidade da maioria dos componentes, e melhorou o desempenho dos animais em produção, conversão alimentar e ganho de peso, podendo ser recomendado o uso de glicerina na dieta de até 12%. Palavras-chave: consumo, eficiência alimentar, glicerol, peso corporal, produção de leite.

CAPTER 1 Crude glycerin in diets based on sugarcane to crossbred milk cows: Digestibility and animal performance Abstract: It were used 16 crossbred Holstein x Zebu (amount of blood varying ½ to ¾ Holstein blood), at third and fourth lactation with previous production between 3000 and 4000 kg, adjusted to 300 days, with 80 to 120 days of lactation at the beginning of the experiment. These animals were divided into four 4 x 4 Latin Squares, in order to study the effects of increased levels of crude glycerin, 0, 4, 8 e 12 % of dry mater, in diets of dairy cows fed with sugarcane, balanced to obtain the rate of sustain and production 15kg of milk. The addition of glycerin resulted in linear increase in the intake of ether extract (P<0,05), milk production and body weight variation, decreased the intake of non-fibrous carbohydrates, feed conversion and percentages of fat and total solids in milk while the digestibility ether extract had a quadratic response to the increased level of glycerin in the diet. The intake and digestibility of other nutrients and other components of milk composition did not differ with treatments (P>0,05). It was concluded that, although the increased level of glycerin in the diet decrease the percentage of fat and total solids in milk, this increase does not influence on intake and digestibility of most components and improves the performance of production animals, feed conversion and gain weight, can be recommended the use of glycerin in the diet of 12%. Keywords: Intake, fed efficiency, glycerol, body weight, milk production.

1 Introdução: Uma das maiores e frequentes preocupações humanas na atualidade é a poluição ambiental, sendo um dos vilões, a queima de combustíveis fósseis. A busca de combustíveis renováveis tem ganhado grande atenção dos pesquisadores e o biodiesel está sendo digno de inúmeros estudos. O uso do biodiesel na sua forma pura diminui a emissão de dióxido de carbono em 46% e de fumaça preta em 68%. Se for usada a mistura de 5% no diesel, a redução de fumaça preta chega a 13%. É livre de enxofre e aromáticos, além disto, é constituído de carbono neutro, ou seja, as plantas capturam todo o CO 2 emitido pela queima do biodiesel, neutralizando suas emissões. O biodiesel é produzido a partir de óleos, por um processo de transesterificação, que pode ocorrer por via enzimática ou alcalina (THOMPSON e HE, 2006). Um dos principais problemas para sua utilização em larga escala é o elevado custo de produção, decorrente das etapas de separação dos produtos finais e da dificuldade em reaproveitar o catalisador (THOMPSON e HE, 2006). Desde 1º de janeiro de 2010, o óleo diesel comercializado em todo o Brasil contém 5% de biodiesel. O Brasil está entre os maiores produtores e consumidores de biodiesel do mundo, com uma produção anual, em 2009, de 1,6 bilhões de litros e uma capacidade instalada, em janeiro de 2010, para cerca de 4,7 bilhões de litros (ANP, 2011). Em função do recente desenvolvimento da tecnologia para produção do biodiesel, grande quantidade de glicerina tem sido gerada, já que, para cada 100 litros de biodiesel, são produzidos, aproximadamente, 7,9 litros de glicerina bruta como subproduto do processo de transesterificação. Com uma conta rápida, podemos chegar a uma produção de cerca de 3,7 milhões de litros de glicerina bruta contendo quantidades variáveis de glicerol, catalizador, sabões, água e álcool, normalmente metanol, sendo este um líquido viscoso (THOMPSON e HE, 2006). Este novo patamar de produção de glicerina é bastante superior à quantidade empregada atualmente nas principais aplicações comerciais, sendo estas em cosméticos, alimentação e conservantes, demandando a criação de novas aplicações para este produto, além de ser economicamente inviável a purificação do glicerol bruto. Sem isso, 15

o excesso de glicerina poderá se tornar um problema, principalmente, no que se refere ao ambiente, já que o programa para produção de biodiesel não define de forma clara e segura o destino que deve ser dado aos subprodutos. Neste sentido, seu uso como ingrediente na dieta de ruminantes desponta como importante alternativa. Dentro do rúmen, o glicerol pode seguir duas rotas metabólicas: absorção direta pelo epitélio da parede ruminal (RÉMOND et al., 1993) ou transformação em ácidos graxos voláteis (AGV) pelas bactérias ruminais (CZERKAWSKI e BRECKENRIDGE, 1972), principalmente, o ácido propiônico. Após chegar ao fígado, através da corrente sanguínea, tanto o glicerol como o propionato são transformados em glicose por gliconeogênese. Schröeder e Südekum (1999) determinaram a energia líquida para lactação (ELL) do glicerol e chegaram aos valores de 9,7 MJ/kg, quando oferecido em dietas pobres em amido, e entre 8,0 e 8,5 MJ/kg, quando incorporado às dietas ricas em amido. Para comparação, a ELL do milho quebrado, moído e floculado é, segundo o NRC (2001), 8,0, 8,4 e 8,7 MJ/kg, respectivamente. Objetivou-se com este trabalho avaliar o efeito do aumento de glicerina bruta em dietas para vacas lactantes, sobre o consumo e a digestibilidade aparentes dos nutrientes, a produção e composição do leite e a variação do peso corporal. 16

2 Material e Métodos O experimento foi conduzido na fazenda Paulistinha, município de Macarani, BA. Foram utilizadas 16 vacas mestiças Holandês x Zebu (grau de sangue variando de ½ a ¾ de sangue Holandês), de terceira ou quarta lactação, com produção anterior entre 3000 e 4000 kg, ajustado para 300 dias, e com 80 a 120 dias de lactação no início do período experimental, sendo quatro dessas com fístula ruminal. As 16 vacas lactantes foram distribuídas em quatro Quadrados Latinos 4 x 4. Os quatro tratamentos foram constituídos de níveis de glicerina bruta na dieta total, tendo como volumoso a cana-de-açúcar (Saccharum officinarum), variedade RB 72454, tratada com 1% de uma mistura de ureia e sulfato de amônio (9:1 parte), na fase experimental, após um período de adaptação de todos os animais com cana e 0,5% desta mistura. O nível da suplementação concentrada foi definido pelo balanceamento das dietas para conter nutrientes suficientes para mantença e produção de 15 kg de leite/dia, de acordo com o NRC (2001), com base nos dados da análise bromatológica da canade-açúcar, previamente feita no início do período de adaptação. O teor de nutrientes digestíveis totais (NDT) da cana foi estimado a partir da equação de regressão NDT = 74,49 0,5635*FDA (r 2 = 0,84), descrita por Cappelle et al. (2001), para volumosos. Todas as dietas foram calculadas para serem isonitrogenadas e isoenergéticas. As dietas testadas foram: Controle (sem adição de glicerina); 4% de glicerina na matéria seca da dieta total; 8% de glicerina na matéria seca da dieta total e 12% de glicerina na matéria seca da dieta total. As proporções dos ingredientes nos concentrados estão apresentadas na Tabela 1, na base da matéria natural. Utilizou-se uma relação volumoso:concentrado de 80:20, na base da MS. 17

Tabela 1 - Proporção dos ingredientes nos concentrados, na base da matéria natural Nível de glicerina na dieta (%) Ingrediente 0 4 8 12 Calcário calcítico (%) 1,01 0,93 0,85 0,77 Farelo de soja (%) 39,98 43,49 47,10 50,80 Fosfato bicálcico (%) 3,13 3,31 3,49 3,68 Fubá de milho (%) 52,83 36,66 20,06 3,02 Glicerina bruta (%) 0,00 12,52 25,37 38,56 Sal mineral 1 (%) 3,05 3,09 3,13 3,17 1 Composição: Cálcio, 18,5%; Fósforo, 9%; Magnésio, 0,4%; Enxofre, 1%; Sódio, 11,7%; Selênio, 30 ppm; Cobre, 1500 ppm; Zinco, 4000 ppm; Manganês, 1200 ppm; Iodo, 150 ppm; Cobalto, 150 ppm. O experimento foi constituído de quatro períodos experimentais, com duração de 15 dias cada, sendo os primeiros 10 dias considerados de adaptação, conforme recomendado por Oliveira (2001). Os animais foram alojados em baias individuais, providas de cocho e bebedouro de manilha, abastecidos automaticamente. O alimento foi oferecido na forma de mistura completa, duas vezes ao dia, às 06h00min e 15h00min, à vontade, de modo a permitir 5% de sobras. A produção de leite foi avaliada do 10 o ao 15 o dia de cada período experimental. Amostras de leite da 1 a e 2 a ordenhas do 12 o dia foram coletadas e compostas por animal para determinação de proteína, conforme descrito por Silva e Queiroz (2002), de gordura, lactose, extrato seco desengordurado e sólidos totais (PREGNOLATO e PREGNOLATO, 1985). A produção de leite corrigida (PLC) para 3,5% de gordura foi estimada segundo Sklan et al. (1992) pela seguinte equação: PLC = (0,432 + 0,1625 x % gordura do leite) x produção de leite em kg/dia. Do 10 o ao 15 o dia de cada período experimental, o alimento oferecido e as sobras foram amostrados. As amostras das sobras e do alimento oferecido, cana-de-açúcar e concentrado, foram pré-secas e compostas por animal na base do peso seco. Ao final do período experimental, as amostras foram moídas em moinho com peneira de 1 mm, acondicionadas em vidro com tampa e armazenadas para posteriores análises. 18

Do 10 o ao 15 o dia de cada período experimental, o alimento oferecido e as sobras foram pesados para estimativa de consumo. Os animais foram pesados no início do experimento e ao final de cada período para verificação da variação do peso corporal para cada dieta. As fezes foram coletadas diretamente da ampola retal duas vezes, às 08h00min do 12 o dia e às 15h00min do 14 o dia de cada período (VAGNONI et al., 1997). As fezes foram acondicionadas em sacos plásticos e armazenadas a -20 o C. Ao término do período de coletas, as amostras de fezes foram descongeladas, secas em estufa de ventilação forçada a 65 o C, durante 72 a 96 h e, posteriormente, moídas em moinho com peneira dotada de crivos de 1 mm e armazenadas para posteriores análises. Para determinação dos coeficientes de digestibilidade aparente total, foi utilizada a fibra em detergente neutro (FDNi), obtida após a incubação por 240 h das amostras dos alimentos, sobras e fezes, como indicador interno (CASALI et al., 2008) para a estimativa da produção fecal. Os teores de NDT foram obtidos conforme recomendações de Sniffen et al. (1992). As análises de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN), carboidratos não fibrosos (CNF) proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN), lignina (Lig) e matéria mineral (MM) das dietas foram realizadas conforme Silva e Queiroz (2002). Na Tabela 2 estão apresentadas as composições do volumoso e dos concentrados e seus respectivos desvios-padrão (s). Tabela 2 - Composição química da cana-de-açúcar e dos concentrados e seus respectivos desvios padrão Nível de glicerina (%) Nutriente Volumoso σ 4 0 σ 4 4 σ 4 8 σ 4 12 σ 4 Brix 1 18 -- -- -- -- -- -- -- -- -- MS (%) 25,5 1,1 87,5 1,4 85,0 0,6 83,3 0,7 81,0 0,9 MO 2 95,8 0,3 89,4 0,3 88,4 1,7 86,9 1,5 87,5 0,5 PB 2 10,2 0,4 24,7 0,8 25,5 0,9 26,2 1,2 28,3 0,8 EE 2 1,2 0,2 3,4 0,7 9,0 0,4 13,7 1,7 17,1 0,7 FDN 2 59,5 1,8 28,5 1,6 29,2 1,7 35,0 2,9 32,8 3,4 CNF 2 26,6 1,3 34,0 1,0 25,4 3,0 11,9 1,1 12,5 0,4 PIDN 3 4,0 0,2 2,1 0,2 7,2 0,2 25,1 0,5 18,2 0,7 19

Lig 2 8,6 0,5 4,5 2,6 2,0 0,3 2,8 1,9 5,0 3,4 MM 2 4,1 0,3 10,6 2,1 11,6 1,8 13,1 1,5 12,5 0,6 MS- matéria seca, MO- matéria orgânica, PB- proteína bruta, EE- extrato etéreo, MM- matéria mineral, FDN- fibra em detergente neutro, CNF carboidrato não fibrosos, PIDN- proteína insolúvel em detergente neutro, LIG- Lignina, MM- matéria mineral. 1-Concentração de açucares solúveis na cana-de-açucar; 2-Porcentagem da matéria seca; 3-Porcentagem da proteína total; 4- Desvio padrão. A composição química das dietas está apresentada na tabela 3. Tabela 3- Composição química das dietas. Nível de Glicerina (%) 0 4 8 12 MS (%) 39,3 38,8 38,4 37,9 MO 1 94,4 94,2 93,9 94,0 PB 1 13,5 13,7 13,8 14,2 EE 1 1,7 3,0 4,0 4,8 FDN 1 52,6 52,8 54,1 53,6 CNF 1 28,3 26,4 23,4 23,5 PIDN 2 3,7 4,9 8,8 7,3 Lig 1 7,7 7,2 7,3 7,9 MM 1 5,6 5,8 6,7 6,0 MS- matéria seca, MO- matéria orgânica, PB- proteína bruta, EE- extrato etéreo, MM- matéria mineral, FDNfibra em detergente neutro, CNF carboidrato não fibrosos, PIDN- proteína insolúvel em detergente neutro, Lignina, MM- matéria mineral. 1-Porcentagem da matéria seca; 2-Porcentagem da proteína total. Os dados de desempenho (consumo, conversão alimentar, variação do peso corporal, produção e composição do leite) e digestibilidade foram avaliados por meio de análises de variância e de regressão, utilizando-se o Programa SAEG (2007). Os modelos estatísticos foram escolhidos de acordo com a significância dos coeficientes de regressão, utilizando-se o teste T em nível de 5%, e de determinação (R 2 ). 20

3 Resultados e discussão Não houve efeito dos níveis de glicerina (P>0,05) sobre o consumo de matéria seca, 16,23 kg/dia (Tabela 4), demonstrando que, apesar do acréscimo da glicerina na dieta e seu consequente aumento linear de consumo, não houve decréscimo causado pela rejeição à glicerina bruta, como constatado por Lage et al. (2010), trabalhando com cordeiros em terminação com níveis de 0, 3, 6, 9 e 12% de glicerina bruta na dieta. Tabela 4- Efeito dos níveis de glicerina no consumo de matéria seca (CMS), consumo de matéria orgânica (MO), proteína bruta (CPB), fibra em detergente neutro (CFDN), extrato etéreo (CEE), glicerina (CGLIC), carboidratos não fibrosos (CCNF) e nutrientes digestíveis totais (CNDT), equações de regressão, coeficientes de determinação (R 2 ) e variação (CV). Nível de glicerina 0 4 8 12 Equação R 2 CV % CMS (kg/dia) 16,14 16,69 16,19 15,91 Ϋ= 16,23-12,09 CMS (% PC) 3,14 3,30 3,23 3,16 Ϋ= 3,20-11,76 CMO (kg/dia) 15,24 15,76 15,28 15,01 Ϋ= 15,32-12,10 CPB (kg/dia) 2,19 2,35 2,31 2,36 Ϋ= 2,30-13,17 CFDN (kg/dia) 8,48 8,72 8,69 8,45 Ϋ= 8,54-12,11 CFDN (% PC) 1,65 1,74 1,74 1,68 Ϋ= 1,70-11,90 CEE (kg/dia) 0,29 0,52 0,69 0,82 Ϋ=0,3169 + 0,044x 0,98 16,03 CGLIC (kg/dia) 0 0,52 1,00 1,47 Ϋ=0,0122 + 0,1227x 0,99 23,48 CCNF (kg/dia) 4,72 4,44 3,80 3,76 Ϋ=4,7058-0,0876x 0,91 11,30 CNDT (kg/dia) 9,92 10,30 9,91 9,83 Ϋ= 9,99-12,22 Schröder e Südekum (1999) utilizaram dietas contendo 10% de glicerol e não verificaram diferença no consumo de MS para vacas leiteiras. Donkin et al. (2009), trabalhando com vacas leiteiras e diferentes níveis de glicerina com alto grau de pureza (99,5% de glicerol), 0, 5, 10 e 15% da dieta, também não encontraram diferença no consumo de MS. Por consequência da não diferenciação do consumo de MS e pouca discrepância dos nutrientes entre as dietas, os consumos de matéria orgânica (MO), proteína bruta 21

(PB), fibra em detergente neutro (FDN), carboidratos não fibrosos (CNF) e nutrientes digestíveis totais (NDT) também não apresentaram efeito da adição de glicerina (P>0,05). Geralmente, o consumo aumenta de acordo com a elevação do peso corporal (PC), portanto, é mais conveniente expressar o consumo em relação ao PC do animal. Neste trabalho, não houve efeito de níveis de glicerina (P>0,05) no consumo de MS em relação ao PC que foi de 3,20% para os níveis de 0, 4, 8 e 12% de glicerina na dieta, sendo explicado pela não diferenciação do consumo de MS e a similaridade dos pesos dos animais selecionados para o experimento. Entretanto, segundo Mertens (1994), a base para expressar o consumo em relação ao peso metabólico ou em porcentagem do peso corporal depende da limitação da ingestão, se foi decorrente de fator energético ou de enchimento, respectivamente. Segundo Mertens (1985), o consumo de MS de ruminantes é ótimo, quando o consumo de FDN alcança 1,2 ± 0,1% do PC de vacas leiteiras. Os resultados encontrados neste trabalho, quanto ao consumo de FDN em função do PC, foi 1,70 para 0, 4, 8 e 12% de glicerina, não sendo constatada diferença entre os tratamentos (P>0,05) e não estão de acordo com esta proposta. Porém, vários outros autores brasileiros encontraram valores semelhantes, entre eles, Souza et al. (2008) e Silva et al. (2010), os quais colocaram a premissa de que animais com grau de sangue zebuíno tem a capacidade de maior consumo de FDN por peso corporal. Houve efeito linear dos tratamentos (P<0,05) sobre o consumo de extrato etéreo, com um acréscimo de 0,044 kg para cada unidade de glicerina inserida na dieta, tendo como causa o aumento do teor com o acréscimo de glicerina na dieta. Em contrapartida, houve um decréscimo linear no consumo de carboidratos não fibrosos, este igual a 0,0876 kg para cada unidade de glicerina inclusa. Os consumos de proteína bruta (PB) e nutrientes digestíveis totais (NDT) 2,30 e 9,99 para os níveis 0, 4, 8 e 12% de glicerina, respectivamente, foram acima do recomendado pelo NRC (2001), 1,74 e 8,11 para PB e NDT, para vacas com produção, 15 kg de leite com 3,5% de gordura. Isso demonstrou que o NRC (2001) subestimou o consumo de MS e não foi interessante como base de decisão para formulação da dieta desses animais nessas condições. Não foram encontrados efeitos dos níveis de glicerina (P>0,05) sobre os coeficientes de digestibilidade de MS, PB e FDN (Tabela 5), o que pode ter ocorrido 22

pela pequena diferença entre as dietas nestes teores. A digestibilidade da MS e FDN são consideradas baixas, 39,5%, podendo ser explicada pela baixa qualidade da fibra da cana. Resultados semelhantes foram encontrados por Costa et al. (2009), trabalhando com níveis de concentrado na dieta de vacas lactantes alimentadas com cana-de-açúcar e por Mendonça et al. (2004), trabalhando com diferentes porcentagens de cana na dieta de vacas leiteiras. Não houve efeito (P>0,05) dos teores de glicerina das dietas sobre os coeficientes de digestibilidade dos CNF, provavelmente, em virtude da elevada quantidade de carboidratos solúveis da cana-de-açúcar. O coeficiente de digestibilidade do extrato etéreo apresentou efeito quadrático (P< 0,05) com o acréscimo de glicerina na dieta, com o ponto de máximo atingido, quando o teor de glicerina na dieta foi igual a 9,3%, sendo igual a 82,1%, podendo ser explicado pelo aumento da participação deste componente na dieta e sua depressão acarretada por um possível aumento da taxa de passagem pela excessiva quantidade consumida. Em decorrência das dietas não terem influenciado a digestibilidade da MS e da maioria dos nutrientes, os valores de NDT não variaram entre os tratamentos (P>0,05). Tabela 5 - Coeficientes de digestibilidade de matéria seca (DMS), proteína bruta (DPB), extrato etéreo (DEE), fibra em detergente neutro (DFDN), Carboidrato não fibroso (DCNF) e nutrientes digestíveis totais (NDT) calculados, seus respectivos coeficientes de determinação (R 2 ), coeficientes de variação (CV) e equações de regressão Nível de glicerina 0 4 8 12 Equação R 2 CV % DMS % 57,7 57,0 57,0 55,9 Ϋ=56,9-5,7 DPB % 69,6 71,6 70,6 68,9 Ϋ= 69,9-8,9 DEE % 66,1 81,4 77,7 82,3 Ϋ=67,491 + 3,1221X - 0,1666 X 2 0,77 9,4 DFDN % 40,0 39,4 40,2 38,1 Ϋ= 39,5-11,2 DCNF % 91,0 95,4 94,7 93,5 Ϋ= 93,6-4,7 NDT % 61,6 62,2 61,4 62,2 Ϋ= 61,4-5,4 A produção de leite e leite corrigido para 3,5% de gordura apresentaram efeito linear (P<0,05) com elevação da glicerina na dieta com aumentos de 0,1838 e 0,1489 kg 23

para cada unidade incrementada na dieta, respectivamente (Tabela 6). Estes aumentos estão de acordo com os citados por Chung et al. (2007) e Bodarski et al. (2005) com a inclusão de glicerina na dieta para vacas em lactação, podendo ter como principal explicação a melhoria do status energético, demonstrado pelo aumento de glicose plasmática no sangue, diminuição de betahidroxibutirato e concentração de corpos cetônicos na urina relatados por Chung et al. (2007). Uma das rotas metabólicas do glicerol é a sua fermentação e formação de ácido propriônico, precursor da gliconeogênese, além do maior consumo de extrato etéreo, com isso maior consumo de energia. Tabela 6- Efeito dos níveis de glicerina na produção de leite (kg/dia), produção de lei corrigido a 3,5% de gordura (kg/dia G), conversão alimentar ( MS /kg variação de peso corporal ( PC) e variação diária do peso corporal PC/dia) Nível de glicerina 0 4 8 12 Equação R 2 CV % Leite kg/dia 12,27 13,10 14,13 15,30 Ϋ= 12,365 + 0,1838x 0,95 10,5 Leite kg/dia G 13,44 14,51 14,87 15,30 Ϋ= 13,635 + 0,1489x 0,93 11,8 MS/ Leite 1,45 1,41 1,29 1,23 Ϋ= 1,4604-0,0196x 0,96 8,9 PC kg/período -2,78 1,33 3,75 9,07 Ϋ= 2,4471 + 0,9106x 0,97 - PC kg/dia -0,19 0,09 0,25 0,60 Ϋ= 0,1631 + 0,0607x 0,97 - Outros autores, trabalhando com o acréscimo de glicerol na dieta para vacas em lactação, não encontraram diferença no desempenho entre eles. DeFrain et al. (2004), Donkin et al. (2009) e Zacaroni et al. (2010), trabalhando com substituição do milho por glicerina, chegando a 12,3% de glicerina na dieta, relataram diminuição na produtividade, justificada pela falta de amido na dieta. Todos os artigos citados acima tiveram como base volumosos de melhor qualidade, quando comparado com a cana-deaçúcar, o que pode ter minimizado a melhoria proporcionada pelo acréscimo de glicerina na dieta, já que a interação da glicerina com o volumoso utilizado pode explicar a diferença de resposta (SHIN et al., 2009). A conversão alimentar apresentou efeito linear decrescente (P<0,05) com um decréscimo de 0,0196 kg de MS por kg de leite produzido para cada unidade de glicerina inclusa na dieta, ocorrido pela maior produtividade e igualdade no consumo de 24

MS. Zacaroni et al. (2010) encontraram acréscimo na conversão linear, evidenciando pior desempenho da dieta contendo glicerina. O ganho de peso, tanto mensurado por período quanto diário, apresentou comportamento linear (P<0,05) com um acréscimo de 0,9106 e 0,0607 kg para cada unidade de glicerina, respectivamente, o que corrobora com o melhor balanço de energia. Donkin (2009) encontrou resultados semelhantes e citou a capacidade de superhidratar animais com o consumo de glicerina, podendo ser mais uma justificativa do aumento de ganho de peso dos animais alimentados com glicerina, porém, medidas de hidratação dos animais não foram feitas neste experimento. As porcentagens de proteína, lactose e extrato seco desengordurado não foram afetadas pelo aumento do nível de glicerina na dieta (P>0,05), devido a pouca influência da dieta nestes parâmetros (Tabela 7). Tabela 7- Efeito dos níveis de glicerina na composição do leite: porcentagens de proteína (%) gordura (%), lactose (%), sólidos totais (ST%) e extrato seco desengordurado (ESD%). Nível de glicerina (%) 0 4 8 12 Equação R 2 CV % Proteína (%) 3,08 3,09 3,10 3,04 Ϋ= 3,08-2,20 Gordura (%) 4,19 4,20 3,91 3,91 Ϋ= 4,2253-0,0284x 0,78 10,41 Lactose (%) 4,39 4,41 4,41 4,34 Ϋ= 4,39-2,16 ST (%) 12,64 12,68 12,38 12,24 Ϋ= 12,709-0,0375x 0,84 3,37 ESD (%) 8,45 8,48 8,47 8,33 Ϋ= 8,43-2,06 O teor de gordura e sólidos totais apresentaram comportamento linear decrescente com o aumento do nível de glicerina na dieta com as variações iguais a 0,0284 e 0,0375 para cada nível de glicerina, respectivamente. Isso pode ser explicado pela presença de gordura insaturada, normalmente encontrado na glicerina bruta, na dieta (NRC 2001). Em situação anormal de fermentação, em decorrência de excesso de ácidos poliinsaturados na dieta, há um acúmulo do ácido graxo trans-10-c18:1 nas rotas metabólicas, no rúmen e sua absorção em nível intestinal diminui certas atividades enzimáticas no úbere, com prejuízo na síntese de ácidos graxos com menos de 16 25

carbonos, tendo o ácido acético como principal precursor, e, em consequência, cai o teor de gordura do leite (NRC 2001). O teor de sólidos totais também depreciou como consequência do decréscimo no teor de gordura. 26

4 Conclusão: Sendo a inclusão da glicerina eficiente tanto na produtividade quanto na lucratividade, a sua utilização na dieta de vacas lactantes é viável. Portanto, o tratamento com o maior índice de inclusão, 12% na matéria seca, é o mais indicado. 27

5 REFERÊNCIAS BODARSKI, R.; WERTELECKI, T.; BOMMER, F. et al. The changes of metabolic status and lactation performance in dairy cows under feeding TMR with glycerin (glycerol) supplement at periparturient period. Electronic Journal of Polish Agricultural Universities Animal Husbandry, v.8, n.4, p.1-9, 2005. CAPPELLE, E.R.; VALADARES FILHO, S.C.; SILVA, J.F.C. et al. Estimativas do valor energético a partir de características químicas e bromatológicas dos alimentos. Revista Brasileira de Zootecnia, v.30, n.6, p.1837-1856, 2001. CEPEA-Esalq/USP, Receita compensa gasto extra com dieta para rebanhos mais produtivos. Boletim Técnico www.cepea.esalq.usp.br/leite/boletim/162. CHUNG, Y.H.; RICO, D.E.; MARTINEZ, C.M.; CASSIDY, T. W. et al. Effects of feeding dry glycerin to early postpartum holstein dairy cows on lactational performance and metabolic profiles. Journal of Animal Science, Champaign, v.90, n.8, p.5682-5691, 2007. CONTADOR, C.R. Indicadores para seleção de projetos. In: CONTADOR, C. (Ed.) Avaliação social de projetos. 2.ed. São Paulo: Atlas, 1988. p.41-58. COSTA, L.T.; SILVA, F. F.; VELOSO, C. M. et al.. Análise econômica da adição de níveis crescentes de concentrado em dietas para vacas leiteiras mestiças alimentadas com cana-de-açúcar. Revista Brasileira Zootecnia, v.40, n.5, p.1155-1162, 2011 DEFRAIN, J.M.; HIPPEN, A.R.; KALSCHEUR, K.F. et al. Feeding glycerol to transition dairy cows: effects on blood metabolites and lactation performance. Journal of Dairy Science, v.87, n.12, p.4195-4206, 2004. DONKIN, S.S.; KOSER, S.L.; WHITE, H.M. et al. Feeding value of glycerol as a replacement for corn grain in rations fed to lactating dairy cow. Journal of Dairy Science, v.92, n.10, p.5111-5119, 2009. GOMES, S.T. Economia da ração na produção de leite. Jornal da Produção de Leite, Viçosa-MG, v. 12-132, p. 1-1, 01 fev. 2000. LAGE, J.F.; PAULINO, P.V.R.; PEREIRA, L.G.R. et al. Glicerina bruta na dieta de cordeiros terminados em confinamento. Pesquisa Agropecuária Brasileira., v.45, n.9, p.1012-1020. 2010. MATSUNAGA, M.; BEMELMANS, P.F.; TOLEDO, P.E.N. et al. Metodologia de custo de produção utilizado pelo IEA. Agricultura em São Paulo, v.23, n.1, p.123-39, 1976. 28

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CAPÍTULO 2 Comportamento ingestivo de vacas em lactação alimentadas com cana-de-açúcar e níveis de glicerina bruta na dieta Resumo: Foram estudados os efeitos de diferentes níveis de glicerina bruta na dieta de vacas lactantes alimentadas com cana-de-açúcar sobre o comportamento ingestivo. Os níveis de glicerina foram 0, 4, 8 e 12% da matéria seca, a dieta foi balanceada para conter nutrientes suficientes para mantença e produção de 15 kg.dia -1 de leite. Foram utilizadas 16 vacas mestiças Holandês x Zebu, distribuídas em quatro Quadrados Latinos 4 X 4. Os animais foram submetidos a períodos de observação visual para avaliar o comportamento ingestivo durante 24 horas. A adição de glicerina na dieta não afetou nenhum parâmetro do comportamento ingestivo em vacas lactantes alimentadas com cana-de-açúcar, podendo ser fornecido o nível de 12% da materia seca da dieta. Palavras-chave: alimentação, ruminação, ócio, tempo. 30

CAPTER 2 Intake behavior of dairy cows fed with cane sugar and different levels of crude glycerin in diets Abstract: The effects of crude glycerin different levels in the diet of dairy cows fed with sugarcane on the intake behavior were studied. The levels of glycerin were 0, 4, 8 and 12% of dry matter, the diet was formulated to contain sufficient nutrients for sustain and production of a 15kg.day -1 milk. 16 crossbred Holstein-Zebu used distributed into four 4 X 4 Latin Squares. The animals were subjected to periods of visual observation to assess the intake behavior for 24 hours. The inclusion of glycerin in the diet did not affect any parameters of intake behavior of dairy cows fed with cane sugar can be given to the level of 12% of dry matter diet. Keywords: feeding, rumination, resting, time. 31

1 Introdução O estudo do comportamento ingestivo é uma ferramenta de grande importância na avaliação das dietas, possibilitando ajustar o manejo alimentar dos animais para obtenção de melhor desempenho produtivo. Segundo Dado e Allen (1995), o comportamento ingestivo do animal pode ser avaliado pelos tempos de alimentação, ruminação, ócio, eficiência de alimentação e ruminação. O desempenho animal é determinado pelo consumo de nutrientes, sua digestibilidade e metabolismo. O consumo de alimentos, por sua vez, pode ser influenciado por fatores ligados aos alimentos, como palatabilidade, textura, aparência visual e fatores ligados aos animais, como estado emocional, interações sociais e aprendizado (MERTENS, 1994). O controle do consumo de alimentos está diretamente relacionado ao comportamento ingestivo (CHASE et al., 1976). O consumo diário de alimentos compreende o número de refeições diárias, a sua duração e a taxa de ingestão. A vaca pode regular seu consumo diário de matéria seca (DADO e ALLEN, 1995; GRANT e ALBRIGHT, 1995) por meio do ajuste do número diário de refeições e do seu tamanho (duração x taxa de ingestão). Os ruminantes, como outras espécies, procuram ajustar o consumo alimentar às suas necessidades nutricionais, especialmente de energia (ARNOLD, 1985). Animais estabulados gastam em torno de uma hora consumindo alimentos ricos em energia, ou até mais de seis horas, para fontes com baixo teor de energia. Da mesma forma, o tempo despendido em ruminação é influenciado pela natureza da dieta e, provavelmente, é proporcional ao teor de parede celular dos volumosos. Assim, quanto maior a participação de alimentos volumosos na dieta, maior será o tempo despendido com ruminação (VAN SOEST, 1994). Alimentos concentrados e fenos finamente triturados ou peletizados reduzem o tempo de ruminação, enquanto volumosos com alto teor de parede celular tendem a aumentar o tempo de ruminação. O aumento do consumo tende a reduzir o tempo de ruminação por grama de alimento, fator provavelmente responsável pelo aumento de tamanho das partículas fecais, quando os consumos são elevados. 32

O presente trabalho foi conduzido com o objetivo de avaliar parâmetros do comportamento ingestivo de vacas em lactação alimentadas, com dietas à base de cana-de-açúcar, com diferentes níveis de glicerina bruta. 33

2 Material e Métodos O experimento foi conduzido na fazenda Paulistinha, Macarani, BA. Foram utilizadas 16 vacas mestiças Holandês x Zebu (grau de sangue variando de ½ a ¾ de sangue Holandês), de terceira ou quarta lactação, com produção anterior entre 3000 e 4000 kg ajustado para 300 dias e com 80 a 120 dias de lactação no início do período experimental, sendo quatro dessas com fistula ruminal. As 16 vacas lactantes foram distribuídas em quatro quadrados latinos 4 x 4. Os quatro tratamentos foram constituídos de diferentes níveis de glicerina bruta na dieta total, tendo como volumoso a cana-de-açúcar (Saccharum officinarum), variedade RB 72454, tratada com 1% de uma mistura de ureia e sulfato de amônio (9:1 parte), na fase experimental, após um período de adaptação de todos os animais com cana e 0,5% desta mistura. O nível da suplementação concentrada foi definido pelo balanceamento das dietas para conter nutrientes suficientes para mantença, ganho de peso vivo de 0,15 kg/dia e produção de 15 kg de leite/dia, de acordo com o NRC (2001), com base nos dados da análise bromatológica da cana-de-açúcar, previamente feita no início do período de adaptação. O teor de nutrientes digestíveis totais (NDT) da cana foi estimado a partir da equação de regressão NDT = 74,49 0,5635*FDA (r2 = 0,84), descrita por CAPPELLE et al. (2001), para volumosos. Todas as dietas foram calculadas na tentativa de serem isonitrogenadas e isoenergéticas. As dietas testadas foram: controle (sem adição de glicerina); 4% de glicerina na matéria seca da dieta total; 8% de glicerina na matéria seca da dieta total e 12% de glicerina na matéria seca da dieta total. As proporções dos ingredientes nos concentrados são apresentadas na Tabela 1, na base da matéria natural. Encontrou-se uma relação volumoso:concentrado de 80:20, na base MS, para dietas com produção estimada de 15 kg de leite.dia -1. 34

Tabela 1 - Proporção dos ingredientes nos concentrados, na base da matéria natural Nível de glicerina (%) Ingrediente (%) 0 4 8 12 Calcário calcítico 1,01 0,93 0,85 0,77 Farelo de soja 39,98 43,49 47,10 50,80 Fosfato bicálcico 3,13 3,31 3,49 3,68 Fubá de milho 52,83 36,66 20,06 3,02 Glicerina bruta 0 12,52 25,37 38,56 Sal mineral 1 3,05 3,09 3,13 3,17 1 Composição: Cálcio, 18,5%; Fósforo, 9%; Magnésio, 0,4%; Enxofre, 1%; Sódio, 11,7%; Selênio, 30 ppm; Cobre, 1500 ppm; Zinco, 4000 ppm; Manganês, 1200 ppm; Iodo, 150 ppm; Cobalto, 150 ppm. O experimento foi constituído de quatro períodos experimentais, com duração de 15 dias cada, sendo os primeiros 10 dias considerados de adaptação, conforme recomendado por Oliveira (2001). Os animais foram alojados em baias individuais, providas de cocho e bebedouro de manilha, abastecidos automaticamente. O alimento foi oferecido na forma de mistura completa, duas vezes ao dia, à vontade, de modo a permitir 5% de sobras. Do 10 o ao 15 o dia de cada período experimental, o alimento oferecido e as sobras foram amostrados. As amostras das sobras e do alimento oferecido, cana-de-açúcar e concentrado, foram pré-secas e compostas por animal na base do peso seco. Ao final do período experimental, as amostras foram moídas em moinho com peneira de 1 mm, acondicionadas em vidro com tampa e armazenadas para posteriores análises. Do 10 o ao 15 o dia de cada período experimental, o alimento oferecido e as sobras foram pesados para estimativa de consumo. As composições químicas das dietas estão apresentadas na tabela 2. 35

Tabela 2- Composição química das dietas. Nível de Glicerina (%) 0 4 8 12 MS (%) 39,3 38,8 38,4 37,9 MO 1 94,4 94,2 93,9 94,0 PB 1 13,5 13,7 13,8 14,2 EE 1 1,7 3,0 4,0 4,8 FDN 1 52,6 52,8 54,1 53,6 CNF 1 28,3 26,4 23,4 23,5 PIDN 2 3,7 4,9 8,8 7,3 Lig 1 7,7 7,2 7,3 7,9 MM 1 5,6 5,8 6,7 6,0 MS- matéria seca, MO- matéria orgânica, PB- proteína bruta, EE- extrato etéreo, MM- matéria mineral, FDN- fibra em detergente neutro, CNF carboidrato não fibrosos, PIDN- proteína insolúvel em detergente neutro, Lignina, MM- matéria mineral. 1-Porcentagem da matéria seca; 2-Porcentagem da proteína total. As análises de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN), carboidratos não fibrosos (CNF) proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN), lignina (Lig) e matéria mineral (MM) das dietas foram realizadas conforme Silva e Queiroz (2002). Todos os animais foram submetidos a períodos de observação visual para avaliar o comportamento ingestivo durante 24 horas. A coleta de dados para saber o tempo gasto nas atividades de alimentação, ruminação e ócio foi feita no 15 o dia de cada período com o uso de cronômetros digitais, manuseados por quatro observadores, durante o período. As observações das atividades foram registradas a cada cinco minutos de intervalo, conforme recomendado por Gary et al. (1970). No dia seguinte, foi realizada a determinação do número de mastigações merícicas e do tempo despendido na ruminação de cada bolo ruminal com a utilização de cronômetro digital. Para essa avaliação, foram feitas observações em todos os animais do experimento de três bolos ruminais, em três períodos diferentes do dia (10-12; 14-16 e 19-21 horas). Durante a observação noturna dos animais, o ambiente foi mantido com iluminação artificial. 36