OPIOIDES - TOLERÂNCIA E DEPENDÊNCIA

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Transcrição:

OPIOIDES - TOLERÂNCIA E DEPENDÊNCIA Claudia Palmeira Doutora em Ciências pela FMUSP Equipe de Controle de Dor da Divisão de Anestesia do ICHC-FMUSP

Os opioides são reconhecidos analgésicos de escolha no tratamento de muitos casos de dores agudas e crônicas, porém, seu uso prolongado leva a alterações celulares importantes responsáveis pelo desenvolvimento de tolerância, dependência, e até do vício. Dickenson e Kieffer in: Wall PD, Melzack R. Textbook of pain 6 Th Edition. Edinburgh, Churchill Livingstone 2013, p. 413-28. Hunt e Urch, in: Wall PD, Melzack R. Textbook of pain 6 Th Edition. Edinburgh, Churchill Livingstone 2013, p. 351-61. American Academy of Pain Medicine, American Pain Society, & American Society of Addiction Medicine Committee on Pain and Addiction. (2001)

DEFINIÇÃO DE TERMOS Tolerância, dependência e vício não são sinônimos Tolerância Estado de adaptação à exposição contínua a determinado fármaco ou substância induz a diminuição de seu efeito, no caso do opioide ao efeito analgésico, sendo necessário um aumento da dose deste para se alcançar o efeito desejado. Dependência Estado de adaptação ao uso crônico de determinado fármaco ou substância, que se manifesta por um quadro de abstinência após a interrupção aguda, rápida redução da dose, diminuição dos níveis séricos sanguíneos ou administração de um antagonista desta substância.

Vício É uma doença neurobiológica crônica primária. Sofre influência considerável de fatores genéticos, psicossociais e ambientais. Caracteriza-se por comportamento: falta de controle sobre o uso de determinada substância (compulsão). uso contínuo da mesma apesar de prejuízos à saúde e à vida social, profissional e familiar. ânsia, craving (noia), pelo efeito desta substância. A tolerância e a dependência estão presentes no vício, e provavelmente contribuem para a sua manutenção e à falta de sucesso no tratamento.

PSEUDOVÍCIO alteração de comportamento relacionado à determinada substância ou fármaco, como opioides. faz lembrar o comportamento de pacientes com vício. conseqüente à tratamento inadequado da dor. Caracteriza-se por: queixa constante de dor- piora dos sintomas álgicos, busca pelo analgésico em consultórios da especialidade ou em unidades de emergência, solicitação freqüente do analgésico de resgate quando internado e, estado de hipervigilância quanto ao horário de prescrição deste analgésico. Na maioria das vezes vem com manifestações neurovegetativas. Volkow, McLellan. N Engl J Med 2016; 374:1253-63. Hunt e Urch, in: Wall PD, Melzack R. Textbook of pain 6 Th Edition. Edinburgh, Churchill Livingstone 2013, p. 351-61. Sehgal et al.pain Physician. 2012 Jul;15:ES67-92 Weissman, Haddox,.Pain 1989; 36:363 66.

FATORES DE RISCO PARA DEPENDÊNCIA Idade jovem Dor crônica pós-trauma Múltiplas regiões dolorosas Dose alta de opioide Antecedente de uso de substâncias ilícitas Depressão, ansiedade, ou doença psiquiátrica História de abuso sexual Uso de medicamento psicotrópico Dependência de tabaco História familiar de vício O diagnóstico preciso de dependência ao opioide não é fácil de ser estabelecido. Sehgal et al.pain Physician. 2012 Jul;15:ES67-92 Hunt e Urch, in: Wall PD, Melzack R. Textbook of pain 6 Th Edition. Edinburgh, Churchill Livingstone 2013, p. 351-61 Schäfer et al. Journal of Pain & Palliative Care Pharmacotherapy. 2015; Early Online:1 2

TOLERÂNCIA, DEPENDÊNCIA E VÍCIO EM PACIENTES COM DOR CRÔNICA NÃO-ONCOLÓGICA EM USO DE OPIOIDES Uso crônico de Opioides: Alterações da função neuronal: Adaptações, modulações dependentes de atividade e plasticidade sináptica sistema de recompensa Matriz interconectada de estruturas neurais que modulam estados motivacionais e afetivos. A ação analgésica dos opioides nos centros corticais, e em especial sua ação na área motivacional e de recompensa, se sobrepõe à ação espinhal. Sehgal et al.pain Physician. 2012 Jul;15:ES67-92 Hunt e Urch, in: Wall PD, Melzack R. Textbook of pain 6 Th Edition. Edinburgh, Churchill Livingstone 2013, p. 351-61 Schäfer et al. Journal of Pain & Palliative Care Pharmacotherapy. 2015; Early Online:1 2 Sehgal et al. Pain Physician. 2012 Jul;15:ES67-92

SISTEMA MESOLÍMBICO DOPAMINÉRGICO E DE RECOMPENSA Koob,Volkow. Neuropsychopharmacol 2010; 35: 217 38

Volkow, McLellan. N Engl J Med 2016; 374:1253-63.

OS OPIOIDES, COMO TODA SUBSTÂNCIA QUE PROVOQUE TOLERÂNCIA, DEPENDÊNCIA E VÍCIO: Agem nos centros de recompensaaumento da liberação de DA pela ATV para o NAc Sensação de bem estar, que associada à ação analgésica pode levar a um reforço positivo associado ao uso do opioide. Uso crônico influencia profundamente a plasticidade sináptica que consolida o aprendizado e a memória em sistemas neurais importantes para o desenvolvimento da dependência. Hutchinson et al. Pharmacol Rev. 2011; 63:772 810 Koob,Volkow. Neuropsychopharmacol 2010; 35: 217 38

OPIOIDES E O DESENVOLVIMENTO DE TOLERÂNCIA A tolerâcia e a dependência são respostas adaptativas do SNC ao uso crônico de opioides. Tolerância inata determinada geneticamente: com o uso de opioide em curtos períodos. Tolerância adquirida- resultado do uso prolongado, é mais comum. Menor eficácia, analgésica e ansiolítica no curso de semanas a meses o aumento da dose na tentativa de se alcançar os efeitos desejados. o sofre influência de estados emocionais do paciente- tolerância desenvolvida em situações de estresse ou com a piora de quadros depressivos. Ballantyne et al. Arch Intern Med 2012; 172:11342-3 Ballantyne, LaForge SL. Pain 2007; 129:235-55

TOLERÂNCIA- ALTERAÇÕES ADAPTATIVAS DOS RECEPTORES MOR (µ) Exposição crônica ao opioide: diminuição da expressão do receptor, dowregulation. perda na ação efetora do receptor µ. perda da ativação da proteína-g. aumento na expressão da adenosina monofosfato cíclico (AMPc)- maior ação excitatória. ativação de proteínas cinases e células da glia - estado e excitabilidade neuronal disfuncional e persistente. O mesmo ocorre nos estados de abstinência.

Dessensibilização e internalização do Receptor Opioide: maior inserção de receptores Glutamatérgicos: AMPA e NMDA na superfície das células- Manutenção da excitabilidade neuronal Ativação de astrócitos e micróglias- alteração na plasticidade sináptica. Mudanças significativas na atividade neuronal em determinadas regiões corticais: Neurônios noradrenérgicos do lócus coeruleus, NAc, ATV e substância cinzenta periaquedutal Resposta autonômica, somática e afetiva que caracteriza o estado de abstinência, e a compulsão pelo opioide. Dacher,Nugent.Neuropharmacol 2011; 61: 1088-96 Hutchinson et al. Pharmacol Rev. 2011; 63:772 810 Christie. Br J Pharmacol. 2008; 154; 384 96.

. Nestler Landsman. Nature. 2001; 409:834-35.

. Nestler Landsman. Nature. 2001; 409:834-35.

Christie. Br J Pharmacol. 2008; 154; 384 96

USO CRÔNICO DE OPIOIDES Adaptação neuronal à descarga contínua de DA: diminuição da produção desta em neurônios póssinápticos. diminuição dos efeitos dopaminérgicos - ação ansiolítica e sensação de bem estar se tornam menos freqüentes com o tempo. O uso crônico de morfina induz a alterações na plasticidade sináptica na AVT chegando a reduzir o número de neurônios dopaminérgicos em até 25%. Klotz et al. Treatment Improvement Protocol (TIP) Series 54. HHS Publication No. (SMA) 12 4671. Rockville, MD, Substance Abuse and Mental Health Services Administration, 2011. Available at: http://store.samhsa.gov/shin/content/sma12-4671/tip54.pdf Dacher,Nugent.Neuropharmacol 2011; 61: 1088-96

DOR CRÔNICA, OPIOIDES E VÍCIO A dor crônica e o vício envolvem um processamento neuronal disfuncional em vários níveis do SNC e periférico, porém no vício a ênfase é no SNC. compartilham padrões neurofisiológicos semelhantes com mudanças permanentes no SNC. sofrem influências de fatores genéticos e ambientais. apresentam alterações de comportamento e prejuízo à atividade funcional. necessitam de tratamento multidisciplinar e contínuo. podem ter sérias conseqüências quando não tratados de forma adequada. ocorrem com uma freqüência considerável. Sehgal et al. Pain Physician. 2012 Jul;15:ES67-92 Klotz et al. Treatment Improvement Protocol (TIP) Series 54. HHS Publication No. (SMA) 12 4671. Rockville, MD, Substance Abuse and Mental Health Services Administration, 2011. Available at: http://store.samhsa.gov/shin/content/sma12-4671/tip54.pdf

Entre 2 a 6% de pacientes em uso crônico de opioide desenvolvem vício. Estudos epidemiológicos indicam que o fator genético de risco para o vício é de 40 a 60% para o álcool, à cocaína ou os opioides, porém, ainda não foram identificados genes específicos para o vício. A dor interfere com o comportamento, dor não tratada ou tratada de forma inadequada em pacientes com histórico de abuso de substâncias irá reforçar o quadro de vício. Klotz et al. Treatment Improvement Protocol (TIP) Series 54. HHS Publication No. (SMA) 12 4671. Rockville, MD, Substance Abuse and Mental Health Services Administration, 2011. Available at: http://store.samhsa.gov/shin/content/sma12-4671/tip54.pdf

CONSIDERAÇÕES FINAIS O opioide só deve ser prescrito em pacientes com fatores de risco em situação excepcional. A avaliação deve ser extremamente rígida em pacientes com histórico de vício, e nos que são dependentes químicos em abstenção ou não. Nos dependentes químicos o tratamento da dor com opioide deve ser criteriosamente avaliado, e se possível outras opções devem ser escolhidas como os bloqueios regionais. É mandatório equipe multidisciplinar integrada.

É imperativo orientar aos pacientes em uso crônico quanto à possibilidade de controle inadequado do quadro álgico pelo desenvolvimento de tolerância, e o risco de abstinência caso haja uma suspensão abrupta do opioide. É fundamental uma avaliação contínua do quadro álgico e dos efeitos relacionados ao uso do opioide. A interrupção do uso do opioide deve ser a meta, sempre aos poucos e atento às complicações possíveis.

Tolerância e abstinência não são critérios absolutos de vício. Quando os opioides forem opção mandatória em pacientes com histórico de vício ou dependentes químicos : Devem ser prescritos por especialistas em dor e com acompanhamento de um psiquiatra. a melhor opção são os opioides de ação prolongada. devem-se evitar os efeitos agradáveis, mais rápidos, dos fármacos de liberação imediata. Klotz et al. Treatment Improvement Protocol (TIP) Series 54. HHS Publication No. (SMA) 12 4671. Rockville, MD, Substance Abuse and Mental Health Services Administration, 2011. Available at: http://store.samhsa.gov/shin/content/sma12-4671/tip54.pdf Sehgal et al. Pain Physician. 2012 Jul;15:ES67-92 Dacher,Nugent.Neuropharmacol 2011; 61: 1088-96

Obrigada! claudia.palmeira@hc.fm.usp.br