HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO

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Transcrição:

HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO 1. LEGISLAÇÃO SOBRE HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO Para sabermos como é organizada a legislação sobre higiene e segurança do trabalho, é necessário que se entenda a forma como se organizam as leis no País. 1.1 A CONSTITUIÇÃO A Constituição é a legislação que estabelece as linhas gerais da organização do Brasil a nível político, jurídico e de suas instituições, e ainda os direitos individuais e sociais dos cidadãos. Esta legislação constitucional pode ter aplicação imediata ou necessitar de leis chamadas ordinárias que especificam e detalham os direitos assegurados pela Constituição. As leis ordinárias, por sua vez, devem ter a sua aplicação definida atravésde decretos, regulamentos ou portarias estabelecidas pelos poderes responsáveis. A Constituição brasileira, que entrou em vigor em 5 de outubro de 1988, estabelece em seu artigo 7º direitos para os trabalhadores urbanos e rurais quanto a redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança, assegurando ainda, dentre outros, o direito ao adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas e a proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre aos menores de 18 (dezoito) anos e de qualquer trabalho a menores de 14 (quatorze) anos, exceto na condição de aprendiz. 1.2 A C.L.T. (CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO) A legislação ordinária sobre a proteção dos trabalhadores diante dos riscos no trabalho faz parte da legislação trabalhista e está contida na C.L.T. que abrange todos os empregados em empresas privadas. A redação atual do capítulo da CLT que abrange a parte de segurança e medicina do trabalho foi estabelecida pela Lei 6514 de 22/12/1977 e se estende do artigo 154 ao artigo 201 da CLT. O detalhamento e a aplicação desta lei estão contidos em 28 Normas Regulamentadoras (NRs) estabelecidas por portarias do Ministério do Trabalho, conforme anexo número 1. 1.3 OUTRAS LEGISLAÇÕES Além dos itens acima referidos, existem muitas outras normas legais que dizem respeito à questão da saúde do trabalhador e sua relação com os riscos nos ambientes de trabalho.

Existem em Estados e Municípios códigos de obras e/ou códigos que estabelecem normas relativas aos ambientes de trabalho e que devem ser cumpridas pelas empresas. Na legislação previdenciária, estão incluídos os temas relativos à indenizações aos trabalhadores atingidos por acidentes do trabalho e doenças profissionais. O estabelecimento de normas relativas à saúde e segurança do trabalhador tem ganho espaços crescentes nas negociações entre trabalhadores e empresários de várias categorias profissionais e constam dos acordos ou contratos coletivos de trabalho daí resultantes. 2. A FORMAÇÃO DO S.E.S.M.T (SERVIÇO ESPECIALIZADO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO. No seu primeiro item, a NR 4 estabelece que as empresas privadas e públicas, os órgãos públicos da administração direta ou indireta e dos poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados regidos pela CLT Consolidação das Leis do Trabalho, manterão obrigatoriamente, Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho, com a finalidade de promover a saúde e proteger a integridade física do trabalhador no local de trabalho. Os técnicos que formam o SESMT são os seguintes: a) Técnico em segurança do trabalho (trata-se do antigo supervisor de segurança do trabalho); b) Engenheiro de segurança do trabalho; c) Auxiliar de enfermagem do trabalho; d) Enfermeiro do trabalho e e) Médico do trabalho. Todos eles são obrigados a ter uma formação especializada voltada para a proteção à saúde e segurança dos trabalhadores frente aos riscos ocupacionais. A legislação estabelece que a existência e o tamanho do SESMT dependem do número de empregados e do grau de risco da atividade desenvolvida pela empresa. O quadro II, extraído da NR 4, mostra o dimensionamento do SESMT, isto é, o número e a qualificação dos técnicos que devem compô-lo. (anexo 1 desta apostila)

2.1 AS ATRIBUIÇÕES DO SESMT Competem ao SESMT as seguintes artribuições: a) Aplicar os conhecimentos de Engenharia de Segurança e de Medicina do Trabalho ao ambiente de trabalho e a todos os seus componentes, inclusive máquinas e equipamentos, de modo a reduzir até eliminar os riscos ali existentes à saúde do trabalhador. b) Determinar, quando esgotados todos os meios conhecidos para a eliminação do risco e este persistir, mesmo reduzido, a utilização pelo trabalhador de EPI Equipamento de Proteção Individual, de acordo com o que determinar a NR-6, desde que a concentração, a intensidade ou a característica assim o exija. c) Colaborar, quando solicitado, nos projetos e na implantação de novas instalações físicas e tecnológicas da empresa, exercendo a competência dispostas na alínea a acima. d) Responsabilizar-se, tecnicamente, pela orientação quanto ao cumprimento do disposto nas NRs aplicáveis às atividades executadas pela empresa e/ou seus estabelecimentos. e) Manter permanente relacionamento com a CIPA, valendo-se ao máximo de suas observações, além de apoiá-la e atendê-la conforme dispõe a NR-5. f) Promover a realização de atividades de conscientização, educação e orientação dos trabalhadores para a prevenção de acidentes do trabalho e doenças ocupacionais, tanto através de campanhas quanto de programas de duração permanente. g) Esclarecer e conscientizar os empregadores sobre acidentes do trabalho e doenças ocupacionais, estimulando-os em favor da prevenção. h) Obrigatoriedade do SESMT fazer o registro e as estatísticas referentes a acidentes do trabalho e doenças profissionais. i) Realizar um levantamento detalhado dos agentes insalubres existentes na empresa. OBS: As atividades dos profissionais integrantes dos SESMT são essencialmente prevencionistas, embora não seja vedado o atendimento de emergência, quando se tornar necessário. 3. HIGIENE DO TRABALHO

Segundo CHIAVENATO (2008), a Higiene do Trabalho está relacionada com as condições ambientais de trabalho que assegurem a saúde física e mental e com as condições de saúde e bem-estar das pessoas. Assim, um ambiente saudável de trabalho deve envolver condições ambientais físicas que atuem positivamente sobre todos os órgãos dos sentidos humanos como: visão, audição, tato, olfato e paladar. Do ponto de vista de saúde mental, o ambiente de trabalho deve envolver condições psicológicas e sociológicas saudáveis e que atuem positivamente sobre o comportamento das pessoas evitando impactos emocionais, como o estresse. 3.1 CONCEITOS DE HIGIENE DO TRABALHO A Higiene do Trabalho pretende garantir um ambiente de trabalho saudável e seguro. a) Higiene do Trabalho refere-se a um conjunto de normas e procedimentos que visa à proteção da integridade física e mental do trabalhador, preservando-o dos riscos de saúde inerentes às tarefas do cargo e ao ambiente físico onde são executadas. Relaciona-se com o diagnóstico e prevenção das doenças ocupacionais a partir do estudo e controle de duas variáveis: o homem e seu ambiente de trabalho; b) Higiene do Trabalho está relacionada com a busca de condições de trabalho saudáveis e higiênicas. 3.2 PROGRAMA DE HIGIENE DO TRABALHO Os principais itens do Programa de Higiene do Trabalho estão relacionados com: 3.2.1 Ambiente físico de trabalho: envolvendo: a) Iluminação: luminosidade adequada a cada tipo de atividade. b) Ventilação: remoção de gases, fumaça e odores desagradáveis, bem como afastamento de possíveis fumantes ou utilização de máscaras. c) Temperatura: manutenção de níveis adequados de temperatura. d) Ruídos: remoção de ruídos ou utilização de protetores auriculares. e) Conforto: ambiente agradável, repousante e aconchegante. 3.2.2 Ambiente psicológico de trabalho: envolvendo: a) Relacionamentos humanos agradáveis. b) Tipo de atividade agradável e motivadora. c) Estilo de gerência democrática e participativo. d) Eliminação de possíveis fontes de estresse. e) Envolvimento pessoal e emocional. 3.2.3 Aplicação de princípios de ergonomia: envolvendo: a) Máquinas e equipamentos adequados às características humanas. b) Mesas e instalações ajustadas ao tamanho das pessoas.

c) Ferramentas que reduzam a necessidade de esforço físico humano. 3.2.4 Saúde Ocupacional: envolvendo aspectos que veremos a seguir: Um ambiente de trabalho agradável facilita o relacionamento interpessoal e melhora a produtividade, bem como reduz acidentes, doenças, absenteísmo e rotatividade de pessoal. Fazer do ambiente um local agradável para se trabalhar tornou-se uma verdadeira obsessão para as empresas bem-sucedidas. 3.3 SAÚDE OCUPACIONAL Uma maneira de definir saúde é a ausência de doenças. Contudo, os riscos de saúde como riscos físicos e biológicos, tóxicos e químicos, bem como condições estressantes de trabalho podem provocar riscos no trabalho. O ambiente de trabalho em si também pode provocar doenças. Os gerentes devem assumir também a responsabilidade de cuidar do estado geral de saúde dos colaboradores, incluindo seu bem-estar psicológico. Um colaborador excelente e competente, mas deprimido e com baixa auto-estima, pode ser tão improdutivo quanto um colaborador doente e hospitalizado. A saúde ocupacional está relacionada com a assistência médica preventiva. A Lei 24/94 instituiu o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional, que exige exame médico pré-admissional, exame médico periódico, exame de retorno ao trabalho (no caso de afastamento superior a 30 dias), exame de mudança de função, antes da transferência e o exame médico demissional nos 15 dias que antecedem o desligamento definitivo do empregado. O programa de medicina ocupacional envolve os exames médicos exigidos legalmente além de executar programa de proteção da saúde dos empregados, palestras de medicina preventiva, elaboração do mapa de riscos ambientais, relatório anual e arquivos de exames médicos com avaliação clínica e exames complementares, visando à qualidade de vida dos colaboradores e maior produtividade da organização. (CHIAVENATO, 2008) Um programa de saúde ocupacional requer as seguintes etapas: a) Estabelecimento de um sistema de indicadores, abrangendo estatísticas de afastamentos e acompanhamento de doenças. b) Desenvolvimento de sistemas de relatórios médicos. c) Desenvolvimento de regras e procedimentos para prevenção médica. d) Recompensas aos gerentes e supervisores pela administração eficaz da função de saúde ocupacional. 3.4 PROBLEMAS DE SAÚDE NAS ORGANIZAÇÕES

Os principais problemas de saúde nas organizações estão relacionados com: a) Alcoolismo e dependência química de drogas, medicamentos, fumo etc. b) AIDS: é a síndrome de deficiência imunológica adquirida que ataca o sistema que protege o organismo de doenças. c) Estresse no trabalho, ansiedade, aflição e angústia. d) Exposição a produtos químicos perigosos, como ácidos, asbestos etc, e) Exposição a condições ambientais frias, quentes, contaminadas, secas, úmidas, barulhentas, pouco iluminadas etc. f) Hábitos alimentares inadequados: provocando obesidade ou perda de peso. g) Vida sedentária, sem contatos sociais e sem exercícios físicos. h) Automedicação e ausência de cuidados médicos adequados. 4. SEGURANÇA NO TRABALHO A Segurança do Trabalho está relacionada com a prevenção de acidentes e com a administração de riscos ocupacionais. 4.1 CONCEITOS DE SEGURANÇA DO TRABALHO a) Segurança do Trabalho é o conjunto de medidas de ordem técnica, educacional, médica e psicológica utilizadas para prevenir acidentes, quer eliminando as condições inseguras do ambiente, quer instruindo ou convencendo as pessoas da implantação de práticas preventivas. b) Segurança do Trabalho está relacionada com condições de trabalho seguras e saudáveis para as pessoas. 4.2 PROGRAMA DE SEGURANÇA NO TRABALHO A finalidade da Segurança no Trabalho é profilática no sentido de antecipar-se para que os riscos de acidentes sejam minimizados. Um programa de segurança no trabalho requer as seguintes etapas: a) Estabelecimento de um sistema de indicadores e estatísticas de acidentes. b) Desenvolvimento de sistemas de relatórios de providências. c) Desenvolvimento de regras e procedimentos de segurança. d) Recompensas aos gerentes e supervisores pela administração eficaz da função de segurança 5. ACIDENTE DO TRABALHO 5.1 CONCEITO

Acidente do trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da Empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, ou perda, ou redução permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. A doença profissional se equipara e o acidente de trajeto é considerado acidente do trabalho. 5.2 A I D S A Lei 7670 de 08/09/1988, considerou a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA/AIDS) equiparada ao acidente do trabalho. 5.3 OUTROS CASOS DE ACIDENTE DO TRABALHO a) Doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício de trabalho peculiar a determinada atividade e constante da relação de que trata o Anexo II do decreto 611/92; b) Doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relaciona diretamente, desde que constante da relação mencionada no inciso I do decreto 611/92. Em caso excepcional, constatando-se que a doença, não incluída na relação acima citada, resultou de condições especiais em que o trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente, a Previdência Social deve considerá-la acidente do trabalho; c) O acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para a perda ou redução de sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação; d) O acidente sofrido pelo segurado no local e no horário de trabalho, em conseqüência de: - Ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiros ou companheiro de trabalho; - Ofensa física intencional, inclusive de terceiros, por motivo de disputa relacionada com o trabalho; - Ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiros, ou de companheiro de trabalho - Ato de pessoa privada do uso da razão; - Desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos decorrentes de força maior;

d) A doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade; e) O acidente sofrido, ainda que fora do local e do horário de trabalho: - Na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da Empresa; - Na prestação espontânea de qualquer serviço à Empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; - Em viagem a serviço da Empresa, inclusive para estudo, quando financiada por esta, dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive, veículo de propriedade do segurado; - No percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. f) Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado é considerado no exercício do trabalho. g) Não é considerada agravação ou complicação de acidente do trabalho a lesão que, resultante de acidente de outra origem, se associe ou superponha às conseqüências do anterior. h) Será considerado agravamento de acidente do trabalho aquele sofrido pelo acidentado quando estiver sob a responsabilidade da Reabilitação Profissional do INSS. i) Considerar-se-á como dia do acidente, no caso de doença profissional ou do trabalho, a data do início da incapacidade laborativa para o exercício da atividade habitual, ou o dia da segregação compulsória, ou o dia em que for realizado o diagnóstico, valendo para esse efeito o que ocorrer primeiro. 5.4 PREVENÇÃO DE ACIDENTES As diversas definições dos estudiosos sobre Prevenção de Acidentes, consideram o acidente como um fato súbito, inesperado, imprevisto ( embora algumas vezes previsível) e não premeditado ou desejado; e, ainda como causador de dano considerável, embora não especifiquem se se trata de dado econômico (prejuízo material) ou de dano físico às pessoas (dor, sofrimento, invalidez ou morte). 5.4.1 Classificação dos Acidentes no Trabalho Os acidentes no trabalho são classificados em:

a) Acidentes sem afastamento. Após o acidente, a pessoa continua trabalhando e sem qualquer seqüela ou prejuízo considerável. Este tipo de acidente não provoca o afastamento do trabalho e nem é considerado nos cálculos dos coeficientes de freqüência (CF) e de gravidade (CG), embora deva ser investigado e anotado em relatórios, além de exposto nas estatísticas mensais. b) Acidentes com afastamento. É o acidente que provoca o afastamento da pessoa do trabalho. Pode ser classificado em: - Incapacidade temporária: Provoca a perda temporária da capacidade para o trabalho e cujas seqüelas se prolongam por um período menor do que um ano. No retorno ao trabalho, a pessoa assume sua função sem qualquer redução da sua capacidade de trabalho. - Incapacidade parcial permanente: Provoca a redução parcial e permanente para o trabalho e cujas seqüelas se prolongam por período maior do que um ano. É geralmente motivada por: * Perda de qualquer membro ou pare do mesmo; * Redução da função de qualquer membro ou parte do mesmo; * Perda da visão ou redução funcional de um olho; * Perda da audição ou redução funcional de um ouvido; * Quaisquer outras lesões orgânicas, perturbações funcionais ou psíquicas que resultem, no parecer do médico, em redução de menos de três quartos da capacidade de trabalho. 5.5 PRAZO E RESPONSABILIDADE DA COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE 1) A Empresa deverá comunicar o acidente do trabalho à Previdência Social até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato à autoridade competente, através do formulário apropriado que é a C A T (Comunicação de Acidente do Trabalho), sob pena de multa. Se não for feita a comunicação, o acidentado corre o risco de perder os benefícios que lhe cabem, quando de um acidente do trabalho, além de acarretar multa à empresa.

2) A responsabilidade da comunicação é da Chefia imediata e caso ela se omita, será responsabilizada. 3) Da comunicação a que se refere o item 1, receberão cópia fiel o acidentado ou seus dependentes, bem como o Sindicato a que corresponda a sua categoria profissional. 4) Na falta de comunicação por parte da Empresa, podem formalizá-la o próprio acidentado, seus dependentes, a entidade sindical competente, o médico que assistiu ou qualquer autoridade pública, não prevalecendo nestes casos o prazo previsto no item 1. 5) A comunicação a que se refere o item 4 não exime da Empresa da responsabilidade pela falta do cumprimento do disposto no item 1. 5.5 RESPONSABILIDADES DAS CHEFIAS 1) Prevenir atos inseguros no desempenho do trabalho; 2) Divulgar as obrigações e proibições que os empregados devem conhecer e cumprir, contidas nas normas de segurança do trabalho; 3) Dar conhecimento aos empregados das sanções legais que lhe poderão ser aplicadas pelo descumprimento das Normas Regulamentadoras; 4) Eliminar ou neutralizar as condições inseguras de trabalho; 5) Responsabilidade civil (obrigação de reparar o dano causado a outrem, mediante indenização pecuniária; 6) Responsabilidade criminal. 5.6 CONSIDERAÇÕES GERAIS 1) o dia do acidente e os 15 primeiros dias de afastamento, consecutivos ou não, devem ser pagos pela Empresa; 2) Qualquer que seja a gravidade do acidente, ainda que muito leve, a Chefia imediata é responsável pelo encaminhamento do acidentado para receber atendimento médico; 3) O empregado que sofrer acidente do trabalho tem garantia, pelo prazo mínimo de 12 (doze) meses, à manutenção do seu contrato de trabalho na Empresa, após a cessação do Auxílio Doença Acidentário, independentemente da percepção de Auxílio-Acidente. Essa estabilidade, portanto, só existe quando o afastamento for por período superior a 15 dias. 4) A Empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, E P I (Equipamento de Proteção Individual) adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos empregados.

6. L E R - LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS 6.1 O QUE É LER? É uma terminologia voltada para um conjunto de doenças que atingem principalmente os membros superiores que podem acometer tendões, músculos, nervos e ligamentos isolada ou associadamente, provocando irritações e inflamações dos mesmos. A LER é geralmente causada por movimentos repetitivos e contínuos com conseqüente sobrecarga do sistema músculo-esquelético. O esforço excessivo, má postura, stress e más condições de trabalho também contribuem para o surgimento da LER. Em casos extremos pode causar sérios danos aos tendões, dor e perda de movimentos. A LER inclui várias doenças entre as quais, tenossinovite, tendinite, epicondilite, bursite e síndrome cervicobraquial. Alguns especialistas e entidades preferem denominar as LER por DORT (Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho) ou LER/DORT. A diferença entre LER e DORT é que a primeira é a designação de qualquer doença causada por esforço repetitivo enquanto DORT é a denominação dada as doenças causadas pelo trabalho. 6.2 FATORES DE RISCO Para identificar e abordar as causas das LER é necessário considerar vários aspectos do ambiente de trabalho. Um ambiente seguro e saudável é responsabilidade do empregador e deve contar com a colaboração dos empregados. Dentre os fatores de risco estão: a) Fatores ligados à organização do trabalho Concentração de trabalhos repetitivos e monótonos, obrigatoriedade de manter rítmo acelerado de trabalho para garantir a produtividade e a ausência de pausas, onde cabíveis, durante a jornada de trabalho. b) Fatores ligados ao ambiente de trabalho Mobiliário e equipamentos inadequados (terminais, teclados, máquinas, mesas, cadeiras etc), que obrigam a adoção de posturas incorretas do corpo durante a jornada de trabalho. Também as condições ambientais impróprias como iluminação, temperatura, ruído e vibrações, entre outras.

c) Fatores psicossociais O stress de uma forma geral, inclusive na situação de trabalho, e conflitos no relacionamento profissional. d) Fatores diversos Devido à diversidade de fatores que causam as LER, uma estratégia de prevenção eficiente deve conter também, além da análise e melhoria das condições de trabalho, recomendações sobre atividades externas que exijam movimentos repetitivos. 6.3 MEDIDAS PREVENTIVAS Para prevenir é preciso conhecer. Prevenção significa abordar as causas das LER na sua fonte: analisar o ambiente e a organização do trabalho e adotar medidas que possam eliminar ou reduzir a influência desses fatores sobre a saúde. Os locais de trabalho devem ser planejados de forma a assegurar aos empregados condições adequadas de conforto e segurança. Aspectos relacionados à umidade, calor, ventilação, ruído e iluminação devem obedecer aos padrões legais. O mobiliário e os equipamentos devem proporcionar ao empregado condições de boa postura, visualização e operação, atendendo os seguintes requisitos: a) Cadeiras e assentos A altura dos assentos é determinada pelas características físicas dos usuários e da superfície de trabalho (mesas ou bancadas). Sempre que a superfície de trabalho for fixa, os assentos deverão ter mecanismos para ajuste de altura. Todos deverão ter encostos para a proteção da região lombar. b) Mesas ou bancadas Sua altura dependerá da espessura do tampo, da tarefa a ser realizada e do equipamento utilizado. Devem permitir postura confortável aos membros superiores, sem interferir no espaço necessário à acomodação das pernas. c) Superfície de trabalho Deverá ser ampla o bastante para conter os equipamentos de modo a garantir a realização de tarefas e permitir o apoio de mãos e braços. d) Computadores Na seleção de novos equipamentos e de novas tecnologias, deve-se observar as normas de saúde e segurança, avaliando sempre os impactos sobre a saúde do empregado. Os programas de computador devem ser desenhados para diminuir o trabalho repetitivo e minimizar as tensões. Estas condições devem ser seriamente observadas quando os programas forem adquiridos de terceiros.

6.4 RECOMENDAÇÕES ÀS CHEFIAS Um sistema de trabalho efetivo deve ter como objetivo satisfazer os requisitos técnicos, organizacionais e empresariais, bem como as necessidades sociais e pessoais dos indivíduos que trabalham nesse sistema. Dentre as principais recomendações às Chefias estão: a) Instituir pausas durante a jornada, onde cabíveis, para repouso e relaxamento muscular, sem que haja aumento do ritmo de trabalho no reinício da atividade; b) Evitar prolongamento da jornada de trabalho nas tarefas que exijam esforços repetitivos de forma continuada; c) Procurar não incorporar uma variedade de tarefas na mesma função: quando possível, deve-se mesclar tarefas repetitivas com carga estática a outras não repetitivas, para redução da fadiga muscular; d) O retorno às atividades que demandem esforços repetitivos deverá ser gradual depois de férias, ausências prolongadas e nas fases de readaptação. e) Estabelecer um ambiente de trabalho agradável, evitando-se pressão por produção para reduzir os fatores de stress nas situações de trabalho. 6.5 P O S T U R A S Uma postura correta aumenta a eficiência e reduz os riscos de acidentes. A postura correta não significa uma única posição rígida: ela compreende o posicionamento relaxado e natural do corpo, permitindo liberdade e variação de movimentos. A realização de exercícios de alongamento e relaxamento contribuem para evitar e reduzir a tensão e a fadiga muscular, aumentam a flexibilidade e melhoram a circulação sanguínea. FONTES CONSULTADAS: CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações - 3ª Ed. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. LEI n. 8213, de 24/07/1991, com redação dada pela Lei 9032/95

Ministério da Previdência Social Organização da Seguridade Social. OBS: Circulação interna - Para fins de estudo