INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM NO ACOLHIMENTO AOS FAMILIARES DE PACIENTES INTERNADOS NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

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Tipo de Apresentação: Pôster

Transcrição:

INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM NO ACOLHIMENTO AOS FAMILIARES DE PACIENTES INTERNADOS NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA LEÃO-CORDEIRO, Jacqueline Andréia Bernardes Leão 1 ; GUALBERTO, Sacha Martins 2 ; BRASIL, Virginia Visconde 3 ; SANTOS, Leidiene Ferreira 4 ; MONTEFUSCO, Selma Rodrigues Alves 5 ; MORAES, Katarinne Lima 6 ; SILVA, Antonio Márcio Teodoro Cordeiro 7. Palavras-chave: Unidade de Terapia Intensiva, Acolhimento, Família, Enfermagem. Introdução A unidade de terapia intensiva (UTI) é uma área que atende pacientes graves na qual a tecnologia e a cientificidade são características marcantes em seu contexto, tornando prioritários os procedimentos técnicos de alta complexidade pelos profissionais envolvidos neste ambiente. Apesar de fundamental para o restabelecimento de muitas vidas, este tecnicismo vivenciado diariamente na UTI, torna secundários aspectos relevantes e primordiais no cuidado, como a assistência às famílias (ALMEIDA, et al., 2009; OLIVEIRA, 2005). Famílias são constituídas por indivíduos que convivem em um determinado espaço e tempo. Normalmente possuem sua organização específica, estabelecem objetivos comuns e criam laços afetivos fortes entre si (BETTINELLI, ROSA e ERDMANN, 2007). Quando um membro da família é internado na unidade de cuidados críticos, toda a dinâmica e o equilíbrio familiar ficam comprometidos, pois essa experiência provoca mudanças e inversão de papéis, necessitando de estratégias de Resumo revisado pelo Coordenador da Ação de Extensão Acolhimento dos familiares de pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva, código 143. Nome do coordenador: Jacqueline Andréia Bernardes Leão Cordeiro. 1 Universidade Federal de Goiás - e-mail: jackbl@uol.com.br 2 Universidade Federal de Goiás - e-mail: sacha_martins@hotmail.com 3 Universidade Federal de Goiás - e-mail: virginia@fen.ufg.br 4 Universidade Federal de Goiás - e-mail: leidienesantos@yahoo.com.br 5 Universidade Federal de Goiás - e-mail: sramontefusco@hotmail.com 6 Universidade Federal de Goiás - e-mail: kateenf@gmail.com 7 Pontifícia Universidade Católica de Goiás - e-mail: marcio@pucgoias.edu.br

enfrentamento para a nova situação do processo de adoecimento (GOMES et al., 2009). Assim, a família pode ser considerada uma extensão do paciente. Ela faz parte do processo de internação, necessitando de acolhimento, apoio, atenção e respeito da equipe de saúde. Nesse cenário, pesquisas têm destacado a importância de incluir essa clientela no plano assistencial dos profissionais de saúde, visando favorecer a recuperação do paciente e, também, minimizar o processo de sofrimento a que à família está sujeita frente a situação, comumente crítica, de seu ente querido (OLIVEIRA et al., 2010). Nessa perspectiva de assistência à saúde destacamos o cuidado centrado no paciente e sua família. Esse termo tem sido usado desde a década de 90 e se refere ao reconhecimento de que essas pessoas devem ser consideradas e valorizadas pela equipe de saúde nos processos decisórios de cuidados (SANTOS et al., 2012). Atualmente, movimentos por mudanças, na maneira de perceber e lidar com essa clientela, tem contribuído para implementar novas políticas de saúde, visando à participação da família, no cuidado ao cliente e sua inserção no processo assistencial dos profissionais de saúde (BRASIL, 2004). Contudo a enfermagem ainda tem como foco de atenção somente o paciente, deixando a família às margens dos acontecimentos (BETTINELLI, ROSA e ERDMANN, 2007; MARTINS et al., 2008; OLIVEIRA et al., 2010), ou seja, ignorando-a em suas demandas biopsicossociais. Vale destacar que quando a equipe acolhe o familiar, ela contribui significativamente para seu conforto e equilíbrio emocional. Uma família estável, mesmo em situações conflitantes, se torna capaz de atuar na recuperação e promoção da segurança de seu ente. Quando o grau de estresse do familiar é alto, ele se torna incapaz de oferecer suporte emocional e, consequentemente, minimiza os benefícios que poderia proporcionar ao processo de recuperação do paciente (COMASSETTO e ENDERS, 2009). É importante destacar que para trabalhar com famílias é preciso adotar, ressignificar e/ou construir um conceito que seja operativo, aborde as características das famílias estudadas e seja adequado ao referencial teórico da pesquisa (SILVA, PORTO e FIGUEIREDO, 2008). Logo, para esse estudo, consideramos como família quem seus membros dizem que são (MONTEFUSCO, BACHION e NAKATANI, 2008), pois nosso objetivo

é atender as pessoas que enfrentam a difícil situação de conviver com um membro da família em situação crítica de saúde, independente de laços sanguíneos ou grau de parentesco. Metodologia O estudo foi realizado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital de Doenças Tropicais da cidade de Goiânia-GO de maio a dezembro de 2011. Os dados foram obtidos por meio de observações durante as reuniões semanais com os familiares dos pacientes internados na UTI e a equipe multidisciplinar. As reuniões eram realizadas em uma sala específica da UTI e cada família recebia atendimento individualizado. Esse local foi escolhido porque nele são realizadas reuniões semanais, em que os profissionais da referida unidade acolhem os familiares dos pacientes hospitalizados. Foi definido um dia da semana (quinta-feira) no período vespertino para o atendimento de todos os familiares de pacientes internados na terapia intensiva. É sempre informado aos familiares com antecedência da reunião e todos aqueles que se dispuserem e tiverem interesse em participar do acolhimento é recebido pela equipe que compõe essa estratégia de cuidado. Pelo fato de ser uma unidade com rotatividade significativa de pacientes, sempre estão presentes novas famílias que precisam ser acolhidas para orientações referentes às dúvidas e incertezas surgidas no decorrer da internação, bem como, o estado clínico do paciente. As reuniões ocorreram semanalmente, respeitando o horário de chegada de cada família. Em cada reunião, a quantidade de membros da família de cada paciente era variável. Mas, normalmente, eram entre três a seis membros. Cada família era recebida em uma sala reservada e ficavam aproximadamente 30 minutos. Nesse momento, era dada a oportunidade à família de questionar qualquer situação pertinente à clínica do paciente, como diagnóstico, tratamento e prognóstico, como também, esclarecer dúvidas referentes à psicologia, assistência social, cuidados de enfermagem e fisioterapia. Resultados e Discussão Observou-se que a maioria dos familiares considera a UTI um local de finitude. Para minimizar as dúvidas e desmistificar as características que as famílias

normalmente atribuem a UTI, foi construído um painel de orientações com fotos e explicações objetivas sobre situações e equipamentos utilizados na prática da UTI. O painel foi afixado no mural localizado na sala de reuniões onde ocorre o acolhimento das famílias. Adicionalmente, um álbum seriado foi confeccionado com o intuito de ilustrar as condutas adequadas a serem adotadas pelos familiares durante a visita. Finalmente, foram elaborados folders com explicações pertinentes às patologias mais frequentes na referida unidade. Estes folders são utilizados com a finalidade de esclarecer às famílias sobre a doença, os sinais e sintomas, o tratamento e as precauções relacionados a realidade de cada paciente. Os familiares demonstraram um sentimento permanente de gratidão pelo apoio recebido por meio das reuniões, relatando diminuição do sofrimento gerado pelo falta de conhecimento. Finalmente, veem na reunião um momento acolhedor de resolução de dúvidas, com consequente redução da ansiedade e do estresse de se ter um ente querido internado na UTI. Conclusões As estratégias de acolhimento adotadas tem sido satisfatórias e devem ser estendidas a outras áreas hospitalares, como também, em outras unidades de terapia intensiva que não utilizam esse método de cuidar. Esse tipo de estratégia, além de minimizar o sofrimento dos familiares causado pela internação em uma unidade crítica, reforça a importância de inserir a família nos cuidados de toda equipe multiprofissional e reconhecê-la como parte do cuidado integral ao paciente. Pois, apenas os familiares que vivenciam o processo de internação e que necessitam constantemente de informações mais completas e relevantes, são capazes de avaliar a importância das estratégias utilizadas no acolhimento em UTI. Referências Bibliográficas ALMEIDA, A. S.; ARAGÃO, N. R. O.; MOURA, E.; LIMA, G. C.; HORA, E. C.; SILVA, L. A. S. M. Sentimentos dos familiares em relação ao paciente internado na unidade de terapia intensiva. Rev Bras Enferm; vol. 62 n.6 pág. 844-9. 2009. BETTINELLI, L. A.; ROSA, J.; ERDMANN, A. L. Internação em Unidade de Terapia Intensiva: experiência de familiares. Rev Gaúcha Enferm.; vol. 28 n.3 pág. 377-84. 2007.

BRASIL. Ministério da Saúde. HumanizaSUS: Política Nacional de Humanização: a humanização como eixo norteador das práticas de atenção e gestão em todas as instâncias do SUS / Ministério da Saúde, Secretaria-Executiva, Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. 20 p. COMASSETTO, I.; ENDERS, B. C. Fenômeno vivido por familiares de pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva. Rev Gaúcha Enferm.; vol. 30 n.1 pág. 46-53. 2009. GOMES, G. U.; ALENCAR, A. M. P. G.; DAMASCENO, M. M. C.; FREITAS, R. W. J. F. Percepção do cuidador familiar acerca da unidade de terapia intensiva. Revista Baiana de Enfermagem; vol. 22 n.1,2,3 pág. 135-144. 2009. MARTINS, J. J.; NASCIMENTO, E. R. P.; GEREMIAS, C. K.; SCHNEIDER, D. G.; SCHWEITZER, G.; MATTIOLI NETO, H. O acolhimento à família na Unidade de Terapia Intensiva: conhecimento de uma equipe multiprofissional. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2008; v.10, n.4, p.1091-101. Available from: http://www.fen.ufg.br/revista/v10/n4/v10n4a22.htm. MONTEFUSCO, S. R. A.; BACHION, M. M.; NAKATANI, A. Y. K. Avaliação de famílias no contexto hospitalar: uma aproximação entre o modelo Calgary e a taxonomia da NANDA. Texto Contexto Enferm; vol.17 n.1 pág. 72-80. 2008. OLIVEIRA, L. M. A. C.; MUNARI, D. B.; MEDEIROS, M.; BRASIL, V. V. Análise da produção científica brasileira sobre intervenções de enfermagem com a família de pacientes. Acta Scientiarum. Health Science, Maringá; vol.27, n.2, p.93-102, 2005. OLIVEIRA, L. M. A. C.; MEDEIROS, M.; BARBOSA, M. A.; SIQUEIRA, K. M.; OLIVEIRA, P. M. C.; MUNARI, D. B. Grupo de suporte como estratégia para acolhimento de familiares de pacientes em Unidade de Terapia Intensiva. Rev Esc Enferm USP; vol.44, n.2, p. 429-36, 2010. SANTOS L. F.; OLIVEIRA L. M. A. C.; MUNARI D. B.; PEIXOTO, M. K. A. V.; SILVA C.C.; FERREIRA A. C. M.; NOGUEIRA, A. L. G. Grupo de suporte como estratégia para assistência de enfermagem à família de recém-nascidos hospitalizados. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2012; vol.14, n.1, p. 42-9. Available from: http://www.fen.ufg.br/revista/v14/n1/v14n1a05.htm. SILVA, R. C. L.; PORTO, I. S. FIGUEIREDO N. M. A. Reflexões acerca da assistência de enfermagem e o discurso de humanização em terapia intensiva. Esc Anna Nery Rev Enferm; vol.12, n.1, p. 156-9, 2008. Fonte financiadora: Este projeto de extensão conta com uma bolsa financiada pela PROEC, Universidade Federal de Goiás.