UMA VELHA QUESTÃO: O CRESCIMENTO DAS CIDADES DESTROI AS RELAÇÕES HUMANAS E TORNA A VIDA NA CIDADE MAIS SOLITÁRIA? (Do cities growth kill urban live?) DAS METRÓPOLES ÀS MEGAPOLIS: AS CIDADES NÃO CESSAM DE CRESCER E TRANSFORMAM-SE EM GRANDES MEGAPOLIS, O QUE TEM CONSEQUENCIAS SOBRE OS MODOS DE VIDA Mais de metade da População mundial é urbana e 3 mil milhões de pessoas vivem em cidades (1 em cada 3) 10 cidades têm mais de 10 milhões de habitantes; 22 entre 5 e 10 milhões; 370 entre 1 e 5 milhões A maioria das grandes cidades situa-se no mundo em desenvolvimento O crescimento da taxa de urbanização mundial é de 0,8%, variando entre 1,6 em Africa e 0,3 nos pais industrializados Em Portugal, a região de Lisboa e Porto detêm mais de 40% da população do país 1
ESSA MEGAPOLIZAÇÃO ARRASTA CONSIGO GRANDES TRANSFORMAÇÕES NA ESTRUTURA SOCIO-URBANISTICA AO NÍVEL URBANO Alargamento no espaço, ocupação de periferias e menor densificação Descontinuidades na ocupação dos espaços Organização em rede de cidades e incorporação das antigas cidades Deterioração e envelhecimento dos centros históricos AO NIVEL ECONOMICO Concentração de uma parte significativa da riqueza nacional, do comércio e do poder político As cidades tornam-se o centro da inovação e dos negocios AO NIVEL SOCIAL Aumento das mobilidades e complexa organização das redes de transporte Diluição das sociabilidades e aumento da insegurança urbana Aumento de fenómenos de desigualdade socio-urbanistica AO NÍVEL POLÍTICO Dificuldadesde governodevidoà complexidadecrescente dos problemas, diversificação dos interesses, descoincidenciasentre oslimitesadministrativose territoriais, etc Alteração das formas de gestão A CONCENTRAÇÃO URBANA, NAS GRANDES MEGAPOLIS, É UM FENÓMENO DE TODOS OS CONTINENTES Busan: Coreia do Sul Mit-Egipto http://www.yannarthusbertrand.com/fr/index.htm Belém 2
AS FORMAS CONSTRUTIVAS, A DENSIDADE E A QUALIDADE DE VIDA É NO ENTANTO MUITO DIVERSIFICADA Pecha Kucha Ciência NAS Viva VÁRIAS 23 de Setembro REGIÕES E PAISES S. PAULO, BRASIL Carlos Leite, 2006, Conference Key-Speech, Brisbane, Australia 10/2006] Rio de Janeiro, BRASIL AS FORMAS CONSTRUTIVAS, A DENSIDADE E A QUALIDADE DE VIDA É NO ENTANTO MUITO DIVERSIFICADA Pecha Kucha Ciência NAS Viva VÁRIAS 23 de Setembro REGIÕES E PAISES Gyaqui-Equador Jodhpur-Inida Port-au-Prince-Haiti Rheris:Marrocos 3
26-09-2011 O URBANISMO DE FRACA DENSIDADE TORNOU-SE MAIORITÁRIO NA EUROPA MAS NÃO NOS PAÍSES DO SUL Pecha Kucha Ciência Viva 23 de Setembro Paris: França Pequim Santorini: Grécia Copenhaga: Dinamarca 4
Sistema urbano, acessibilidades e povoamento Fonte: SIG PNPOT, 2006 PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO PROGRAMA DE ACÇÃO Fevereiro 2006 A CIDADE É UMA REDE COMPLEXA DE INTERACÇÕES, REPETITIVAS E CRIATIVAS, CONFLITUAIS E COOPERATIVAS QUE CONTRIBUEM PARA A QUALIDADE DE VIDA E BEM-ESTAR DOS CIDADAÕS A CIDADE NÃO PODE SER PENSADA APENAS A PARTIR DOS FLUXOS DE PESSOAS E MERCADORIAS E DAS GRANDES FUNÇÕES URBANAS A CIDADE É PALCO DA VIDA QUOTIDIANA PARA QUEM LÁ VIVE, É LUGAR DE MILHÕES DE INTERACÇÕES QUOTIDIANAS A CIDADE : CASA E BAIRRO, CONTRIBUI DE FORMA DECISIVA PARA A QUALIDADE DE VIDA E FELICIDADE DAS PESSOAS O que mais contribui para a minha felicidade.. Vida familiar 7.72 Relações de amizade 7.49 Área de residência 7.11 Estado de saúde 7.00 Casa 6.96 Educação/formação 6.60 Trabalho 6.56 Tempo livre 6.03 Nível de vida 5.95 Vida espiritual 5.90 Participação cívica 5.11 * Eurofound (2009) II EQLS ** Escala de 1 a 10 (= máxima satisfação) 5
A SOCOLOGIA URBANA INTERROGA A CIDADE COMO ESPAÇO DE SOCIABILIDADES E AFECTOS Qual a importância do urbanismo e das politicas públicas na estruturação de um espaço amigável? Quais os ingredientesque fomentam a qualidade de vida nas cidades? Qual a importância do bairro e do espaço público para a qualidade de vida, satisfação residencial e sociabilidades urbanas? Qual a importância das redes de relações nas escolhas residenciais? OS AUTORES SOCIOLOGICOS TÊM ANALISADO ESSA QUESTÃO DE FORMA MUITO DIFERENTE E CONTRADITÓRIA Simmel (1858-1918) : o cosmopolitismo é um estado de espirito e há um estilo próprio ao individuo urbano (Metrópole e Vida Mental) Wirth (1897-1956): as 3 qualidades da cidade : dimension, densidade, heterogeneidade produz um modo de vida urbano, ie, um conjunto de formas de fazer e de relações sociais tipicas mas que correm o risco de desintegração (On cities and Social Life) Park (1864-1920) : Um olhar historico sobre a cidade (economica, politica, militar e social) ; diferenças nas cidades ocidentais e orientais, a cidade ocidental e a racionalização deve ser objecto de estudo (The City) Gans: 1962, É possivel manter o campo na cidade é um problema de urbanismo (Urban Villagers) Jacobs (1916-2006) : A cidade é uma contradição mas deve conciliar o rural e o urbano (The Death and Life of great american cities) Ascher, (1946-2009) A cidade à la carte,( La république contre la ville) Choay, 2006, O fim da cidade e a emergência do urbano, dispersão espacial das interacções sociais, anónimo, mutante, (Pour une anthropologie de l espace) Putnan: 1995, nas cidades está-se cada vez mais isolado e perdem as instancias de socialização (Bowling Alone: The Collapse and Revival of American Community ) 6
IMPACTOS POSITIVOS DA CIDADE GERALMENTE APONTADOS o MULTICULTURALIDADE, diversidade e aumento da possibilidade de afirmação da diferença e recusa do controle social do meio rural, o AUMENTO DE OPORTUNIDADES de mobilidade social pela presença de um meio social mais rico e diversificado que magnifica a capacidade de escolha, o CONCENTRAÇÃO DE EQUIPAMENTOS de lazer, cultura etc, o MERGÊNCIA DE NOVAS IDENTIDADES urbanas e de espaços de exercício da cidadania, novos movimentos sociais e de formas de vida colectiva, IMPACTOS CONSIDERADOS NEGATIVOS DISTÂNCIA: Alargamento das periferias e distancias crescente face ao trabalho, estudo, equipamentos, relações de família e amigos (tempo e custo das distancias) DILUIÇÃO SOCIABILIDADES: Aumento de pessoas vivendo sós, transformação das sociabilidades, solidão e fechamento INSEGURANÇA: Aumento do stress urbano, do sentimento de insegurança, frequentemente ligado aos jovens incilizados TODOS IGUAIS TODOS DIFERENTES: Imigração, multiculturalidade e heterogeneidade dos modos de vida, todos iguais e todos diferentes mas também fonte de incompreensão e de conflito 7
RESULTADOS DOS ESTUDOS SOBRE AS SOCIABILIDADES NA CIDADE: (1) Individualização, urbanização e laços sociais : aumento do processo de individualização mas também a pertença múltipla, A alteração das formas de sociabilidade permitida pela a mobilidade, Complexidade e multiculturalismo na diversidade de estilos de vida e de interesses, As relações fazem mais em função de interesses, culturas e modos de vida do que por proximidade geográfica daí a frieza de algumas relações de proximidade, RESULTADOS DOS ESTUDOS SOBRE AS SOCIABILIDADES NA CIDADE: (2) A estrutura do espaço local/bairro influencia fortemente as redes de relações locais e é possivelconstruir bairros mais amigáveis, Há um fechamento em casa e aumento da importância da casa, O sentimento de Solidão e Insegurança aumenta com a dimensão da cidade mas também com a classe social, idade, género, zona de residência, etc, A emergência de novas identidades urbanas e espaços de exercício e reivindicação da cidadania mas há também maiores dificuldade de associativismo e participação, 8
A FORÇA DOS LAÇOS FRACOS As transformações nas interacções sociais na cidade não significam uma dessocialização, mas uma socialização mais complexa e, no limite, talvez até menos frágil pois baseada em laços talvez mais ténues mas mais numerosos (François Asher) O QUE FAZER? O mais importante desafios da proximidade é o de romper com o anonimatos, tornar a cidade (e a sociedade) numa rede de relações de inter-trocas (mercantis ou não) mas personalizadas. E isso, levado a sério é uma profunda inversão das actuais formas de pensar e fazer a CIDADE e de vivermos juntos 9
PLANEAR A CIDADE PARA A VIDA COLECTIVA Cozer a cidade através de espaços de encontro multireferenciais, Produzir espaço público apropriável, ie, seguro, confortável, esteticamente cuidado, com capacidade de apropriação alargada (e multiclassista), Preparar a acidade para os ritmos de vida para: activos e não activos, as várias temporalidades(percebendo que à noite há outra cidade), Agir ao nível dos equipamentos nos bairros e, sobretudo, face à população juvenil: escolas, equipamentos desportivos, culturais, etc, Alterar os espaços segregados integrando-os na cidade, nomeadamente, os espaços degradados e de realojamento, Fazer uma gestão de proximidade e reforço da participação dos cidadãos sobre a sua vida quotidiana A CIDADE SOLIDÁRIA SÓ PODE SER UMA CIDADE MODERNAPARA ISSO É PRECISO ACCIONAR POLÍTICAS QUE: Tenham uma ideia de cidade como de palco da vida colectiva Consigam mobilizar, de forma activa, a sociedade local Não contenham contradições entre as práticas e os discursos Tenham uma gestão descentralizada, moderna, funcional, inovadora, em rede e transparente Tenham capacidade de adaptação e de inovação face à eterna falta de recursos Demonstrem a legitimidade que lhe advém de objectivos e projectos de forte enraizamento local e de forte componente de equidade Tenham por base uma dimensão prospectiva e o desenvolvimento sustentado 10