Conferência Dia Nacional do Mutualismo
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- Paulo Carmona Vilarinho
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1 Associação Portuguesa de Mutualidades Conferência Dia Nacional do Mutualismo Qual o papel do sistema complementar no futuro da segurança social em Portugal? Lisboa, 25 Outubro 2017 Maria Margarida Corrêa de Aguiar margaridacorreadeaguiar@gmail.com
2 Os TRÊS PILARES do Sistema de Segurança Social em Portugal 1º Sistema de Protecção Social de Cidadania abrange todos os cidadãos, garante direitos básicos em situação de falta ou insuficiência de recursos económicos Ex. RSI, CSI, acção social, abono de família. Financiamento através dos impostos 2º Sistema Previdencial abrange os trabalhadores por conta de outrem e trabalhadores independentes, garante a substituição do rendimento do trabalho perante situações de perda deste rendimento Ex. pensões de reforma, invalidez e sobrevivência, subsídio de desemprego, subsídio de doença. Financiamento em regime de repartição, TSU sobre a massa salarial 3º Sistema Complementar função complementar de protecção e de solidariedade social. Compreende um regime público de capitalização e regimes complementares de iniciativa colectiva [2º Pilar] e individual [3º Pilar] Ex. planos de poupança reforma, seguros de vida, seguros de capitalização e modalidades mutualistas. Administração por entidades públicas, cooperativas ou privadas, nomeadamente de natureza mutualista. Financiamento através de poupança 2
3 O contexto do actual do sistema público de pensões em Portugal Condições demográficas muito adversas: fortíssimo envelhecimento da população, decréscimo acentuado da população, menos natalidade, menos população activa, mais pensionistas, mais longevidade, deterioração do rácio nº contribuintes/nº pensionistas Movimentos migratórios desfavoráveis: emigração elevada, imigração baixa Constrangimentos estruturais da economia Degradação dos níveis de autofinanciamento, recurso crescente aos impostos Existência de dívida implícita do sistema público de pensões Elevados índices de pobreza Insuficiente canalização de poupança privada/complementar para a reforma Inexistência de cultura de partilha de riscos e responsabilidades Estado, empresas e cidadãos - totalidade da pensão confiada ao Estado Falta de transparência e escrutínio público 3
4 O contexto do actual sistema de pensões público em Portugal Impacto das medidas políticas tomadas: Redução da despesa pública com pensões Acentuada redução das taxas de substituição do rendimento na reforma Menor adequação do rendimento na reforma Agravamento de iniquidades entre gerações/repartição desigual dos custos e benefícios Insuficiência de incentivos à contributividade e à poupança Será o actual sistema público de pensões capaz de compensar as quedas acentuadas do valor das pensões? Há ou não necessidade de gerar mais rendimento e/ou acumular mais poupança durante a vida activa para fazer face ao aumento do consumo que decorre da maior longevidade? É ou não a poupança de longo prazo benéfica para a economia: investimento, emprego, etc.? 4
5 O estado da arte do sistema complementar (no contexto UE e OCDE) Sistema atrofiado Sistema em regressão (colectivização de fundos de pensões) Reduzida expressão da poupança de base individual e profissional Baixa taxa de cobertura da população activa Baixa taxa de cobertura do universo empresarial Peso reduzido no total da pensão de reforma Peso reduzido no PIB e no total da despesa pública com pensões Concentração num número de fundos de pensões fechados de grandes empresas Redução dos incentivos fiscais à poupança para a reforma 5
6 O estado da arte do sistema complementar (no contexto UE e OCDE) Baixa taxa de cobertura da população activa Número de Participantes Tipo de Instrumentos Fundos Fechados Fundos Abertos Adesão colectiva (2º Pilar) Adesão individual (3º Pilar) PPR PPA TOTAL % da População Activa Total 5,4% 5,5% 5,9% 6,1% Fundos Fechados e Fundos Abertos Adesão Colectiva 3,1% 3,1% 3,2% 3,2% (milhares ) Pensões pagas Número de Beneficiários Fontes: ASF, cálculos da autora Participavam num qualquer fundo de pensões 318 mil trabalhadores, 6,1% da população activa, dos quais metade estavam cobertos por fundos fechados ou fundos abertos de adesão colectiva. Este número poderá estar sobrevalorizado: um mesmo trabalhador pode estar coberto por um plano profissional e por um plano individual; o número de beneficiários é 1/3 do número de participantes 6
7 O estado da arte do sistema complementar (no contexto UE e OCDE) Baixa taxa de cobertura do universo empresarial Concentração num número de fundos de pensões fechados de grandes empresas Em 2015 menos de empresas tinham planos de pensões financiadas por fundos de pensões, o que representa 2,3% do conjunto das empresas com mais de 10 trabalhadores O sector bancário concentrava 76,6% dos activos 7
8 O estado da arte do sistema complementar (no contexto UE e OCDE) Peso reduzido no PIB e no total da despesa pública com pensões Evolução da poupança privada com pensões (individual e colectiva) - Ageing Group, EU, 2015 Despesa com Pensões 2015 (milhões ) Em % do PIB Em % total despesa pensões Sistema Complementar 792 3,0% Dinamarca 4,6% 5,8% 30,8% 44,7% Holanda 5,2% 6,5% 43,2% 45,4% Sistema Previdencial CGA Outros Total Fontes: ASF, Segurança Social, CGA, cálculos da autora Espanha 0,7% 0,8% 5,3% 6,9% Portugal 0,3% 0,2% 2,0% 1,5% Suécia 2,5% 3,9% 21,7% 34,2% 8
9 Regime Público de Capitalização Fundo de Certificados de Reforma Criado no âmbito da reforma de 2007 Gestão pública (Instituto de Gestão de Fundos, I.P.) Regime de adesão individual e voluntária Veículo de poupança individual para a reforma em regime de capitalização pura Atribuição de prestações complementares à pensão pública Fraca adesão: aderentes (2015) Factores explicativos: fraca cultura de poupança para a reforma, desconfiança no Estado, concorrência dos PPR, falta de informação e divulgação do produto 9
10 O que pode explicar este estado da arte? Menor generosidade dos incentivos fiscais à adesão de planos de base individual Queda acentuada da taxa de poupança das famílias e das empresas Desigual repartição do rendimento Baixo grau de literacia financeira Baixo grau de conhecimento sobre o sistema de pensões: o que é, como funciona, evolução e riscos Percepção de desconfiança em relação ao sector financeiro Ideia de que o sistema público de pensões poderá continuar a assegurar no futuro o essencial da substituição dos rendimentos após a reforma 10
11 Porque devemos reavaliar o rumo seguido em Portugal? Portugal afastou-se do rumo da quase totalidade dos países da UE e OCDE 1. A baixa participação da poupança complementar na pensão retira à maioria dos futuros pensionistas a possibilidade de compensarem com rendimentos suplementares as quedas projectadas do valor relativo da pensão pública 2. A atrofia do sistema complementar prejudica a captação da poupança interna necessária ao reforço da capacidade de financiamento da economia 3. A concentração num único modelo de financiamento repartição e numa única base de incidência massa salarial expõe excessivamente o sistema de pensões ao envelhecimento demográfico e à produtividade 4. O sistema complementar não está dependente de contingências orçamentais e de instrumentalização política 5. O sistema complementar contribui para uma cultura de responsabilização individual 11
12 Como promover um sistema alargado de pensões complementares? Escolha política inequívoca de apoio ao desenvolvimento de um sistema complementar com uma cobertura mais ampla da população Reavaliação dos incentivos fiscais com vista a promover a poupança para a reforma de base profissional e individual Envolvimento da Concertação Social na dinamização da poupança complementar (compromisso assumido em 2007 em Acordo de Concertação Social até hoje por concretizar) Comunicação de qualidade e acessível à população em geral acerca da evolução futura da pensão pública Investimento em literacia financeira Adopção de medidas prudenciais, de supervisão e de transparência que melhorem as garantias de segurança dos aforradores/beneficiários 12
13 ADN do mutualismo Alavanca da cultura de cidadania e do seu exercício responsável e solidário Proximidade às pessoas e o conhecimento das suas realidades económicas e sociais Partilha livre de interesses comuns em base solidária Capacidade para assumir responsabilidades e partilhar riscos na saúde e segurança social Mutualização de riscos em benefício de todos Transformação dos excedentes gerados em reservas em benefício dos seus membros 13
14 O papel das mutualidades na construção do sistema complementar Reforçar e adequar os níveis de protecção social às necessidades efectivas dos cidadãos Desenvolver uma oferta solidária atractiva e responsável Disponibilizar soluções de cobertura adaptadas ao perfil de risco dos seus públicos-alvo Estimular a poupança para a reforma Difundir os benefícios da poupança complementar para a reforma Apoiar a literacia financeira Difundir informação de qualidade e acessível acerca da evolução futura do sistema de pensões público Apoiar escolhas responsáveis 14
15 OBRIGADA! 15
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