RECUPERAÇÃO DE ATIVOS E COOPERAÇÃO INTERNACIONAL: Realidades e perspectivas do processo penal brasileiro CÂMARA DOS DEPUTADOS Brasília/DF, 22. MAIO. 2014 Vladimir Aras Procurador Regional da República, Secretário de Cooperação Jurídica Internacional da PGR, Mestre em Direito Público (UFPE) e Professor Assistente de Processo Penal (UFBA)
CINCO ROTAS DA CJI 1. INFORMAL (ATIVA E PASSIVA) DPF MPF 2. FORMAL (PASSIVA) AUTORIDADE CENTRAL MPF OU DPF (AUXÍLIO DIRETO) AUTORIDADE CENTRAL SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA JUIZ FEDERAL (CARTA ROGATÓRIA) 3. CANAL POLICIAL (INTERPOL)
Ministério da Justiça Procurador-Geral da República INTERPOL REDES DRCI SCI Relações Internacionais Cooperação Internacional em Matéria Penal Ativa Passiva Cooperação Internacional Em Matéria Cível Alimentos Rogatórias
O JUDICIÁRIO NA CJI Extradição Passiva Rogatórias passivas CNJ CNJ
O MINISTÉRIO PÚBLICO NA CJI Pedidos de extradição, rogatórias passivas, MLA ativa, coordenação do MPF e autoridade central Pedidos de MLA passivos e ativos, rogatórias passivas, e extradição ativa 1.200 procuradores Pedidos de MLA ativos e pedidos de extradição ativos 15.000 promotores
MJ (DRCI e DEEST) AUTORIDADES CENTRAIS BRASILEIRAS PGR/SCI SEDH/PR
BRASIL: atos normativos sobre CJI Constituição (1988): extradição e cartas rogatórias CPP (1941): cartas rogatórias Estatuto do Estrangeiro (1980): extradição Tratados: MLA, extradição, transferência de condenados Atos infralegais: Resolução n. 9/2005, do STJ, sobre rogatórias e MLA Portaria Conjunta n. 501/2012 do MJ e do MRE, sobre rogatórias e MLA Portaria Conjunta n. 1/2005, do PGR, AGU e MJ, sobre MLA
Tratados Relevantes UNTOC (PALERMO) E SEUS 3 PROTOCOLOS UNCAC (MÉRIDA) CONVENÇÃO DE VIENA (DROGAS) (1988) CRIMINALIZAÇÃO DE CERTAS CONDUTAS CONVENÇÃO ANTICORRUPÇÃO DA OCDE (PARIS) CONVENÇÃO ANTICORRUPÇÃO OEA (CARACAS) MEDIDAS PREVENTIVAS TÉCNICAS ESPECIAIS DE INVESTIGAÇÃO CONVENÇÃO DA OEA SOBRE MLA (MANAGUA) CONGELAMENTO E CONFISCO DE ATIVOS CONVENÇÃO SOBRE MLA DA CPLP (PRAIA) PROTOCOLO MERCOSUL SOBRE MLA (SAN LUIS) 30 TRATADOS DE EXTRADIÇÃO 19 MLATs 11 TRATADOS DE TRANSFERÊNCIA DE PRESOS VÁRIOS TRATADOS ANTITERRORISMO COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
FLUXO DOS CASOS DE MLA PEDIDOS PASSIVOS (ENTRADA) EXECUÇÃO PELO: MPF DPF PEDIDOS ATIVOS (SAÍDA) A autoridade requerente pode ser: FEDERAL: MPF DPF JF ESTADUAL: MP DPC JD
FLUXO DOS PEDIDOS DE MLA (SAÍDA) Autoridade requerente DRCI ou PGR Chancelarias [ }
FLUXO DE PEDIDOS DE MLA (ENTRADA) Via chancelarias ou autoridades centrais Via chancelarias ou autoridades centrais DRCI ou PGR [ }
Despesas do MPF para tradução de pedidos de MLA ANO 2010 2011 2012 VALOR (US$) 144.97,00 213.530,00 233.784,00
Pedidos de MLA do MPF 370 pedidos enviados em 2013 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0
CONVENÇÃO DE MÉRIDA: adequação da legislação brasileira (1 de 2) (1) É base supletiva na cooperação internacional penal (2) Responsabilização penal de pessoas jurídicas (art. 26) (3) Regras prescrionais mais severas (art. 29) (4) Sanções penais dissuasivas (art. 30) (5) Afastamento cautelar de funcionários públicos (art. 30) (6) Sanção de inabilitação para a função pública (art. 30) (7) Arresto, sequestro e confisco (art. 7º, 'd', e art. 31) (8) Inversão do ônus da prova (art. 31) (9) Proteção a vítimas, testemunhas e peritos (art. 32)
CONVENÇÃO DE MÉRIDA: adequação da legislação brasileira (2 de 2) 10. Proteção a informantes ou whistleblowers (art. 33) 11. Órgãos ou agências especializadas anticorrupção (art. 36) 12. Flexibilização do sigilo bancário (art. 40) 13. Técnicas especiais de investigação (art. 50) 14. Investigações conjuntas (art. 49) 15. Cooperação especial ou informação espontânea (art. 56) 16. Recuperação de ativos (art. 51) 17. Conviction-based confiscation e non-conviction-based confiscation 18. Processo civil para confisco e recuperação (art. 53) 19. Repatriação integral de ativos (art. 57)
CORRUPÇÃO E COOPERAÇÃO INTERNACIONAL a) Mutual Legal Assistance (MLA) via autoridades centrais ou órgãos supranacionais b) Cooperação não judicial (INTERPOL, JIT, FIU-FIU, redes judiciárias) c) Localização de ativos usando convênios (MOUs) e redes de informação d) Extradição (especialmente a ativa) e regra aut dedere aut iudicare e) Transferência de processos (especialmente a ativa) f) Informação espontânea (especialmente a passiva) g) Formação de JIT ou forças-tarefas bi ou multinacionais
CORRUPÇÃO NÃO DÁ CADEIA 515 mil presos 632 corruptos presos Segundo o INFOPEN (2012): Somente 632 pessoas condenadas por corrupção ativa ou passiva estavam presas em 2012 575 condenados por corrupção ativa 57 condenados por corrupção passiva
Bom Ruim
DIFICULDADES NA PERSECUÇÃO INTERNACIONAL DA CORRUPÇÃO PROBLEMAS DA UNCAC Falta de leis Tradução sofrível do tratado PROBLEMAS NA COOPERAÇÃO ATIVA E PASSIVA Insuficiência documental Rastreamento de ativos Prescrição Atipicidade. Ex: corrupção privada Limitação à homologação e execução de sentença estrangeira Demora para o trânsito em julgado Risco de liberação de dezenas de milhões de dólares bloqueados.
PROCESSO PENAL BRASILEIRO?
Morosidade = IMPUNIDADE
Direito à prescrição ou Direito fundamental à impunidade? (art. 5º, LXXIX, CF) O grande problema é que há 37 portas na legislação que permitem a chegada de um processo ao STF. Não se vê isso em lugar nenhum do mundo. Também há recursos postergatórios que podem ser apresentados até depois que o Supremo toma uma decisão. Isso adia o cumprimento das decisões judiciais e desenha esse quadro de impunidade que estamos vivenciando (Joaquim Falcão, professor de Direito Constitucional da FGV).
PEC DOS RECURSOS (PEC 15/2011) PROPOSTAS INICIAIS (Sen. Ricardo Ferraço): - transformação do RE e RESP em rescisórias - interposição deles não obsta o trânsito TEXTO ATUAL: Art. 1º. O art. 96 da Constituição Federal passa a vigorar acrescido do seguinte parágrafo: Art. 96.... Parágrafo único. Os órgãos colegiados e tribunais do júri poderão, ao proferirem decisão penal condenatória, expedir o correspondente mandado de prisão, independentemente do cabimento dos eventuais recursos. PERGUNTAS SOBRE O SUBSTITUTIVO (Sen. Aloysio Nunes): - não podem hoje? - eventuais recursos é igual a todos os recursos de hoje? - só para prisão? E a questão dos valores?
CONCEITO DE SENTENÇA DEFINITIVA NO DIREITO INTERNACIONAL CONVENÇÃO DE MANÁGUA DE 1993 Art. 1º, 3 da Convenção Interamericana sobre o Cumprimento de Sentenças Penais no Exterior (Decreto 5.919/2006): Entende-se que uma sentença é definitiva se não estiver pendente apelação ordinária contra a condenação ou sentença no Estado Sentenciador, e se o prazo previsto para a apelação estiver expirado.
DOIS É BOM, TRÊS É DEMAIS Ministra Ellen Gracie: em nenhum país do mundo, depois de observado o duplo grau de jurisdição, a execução de uma condenação fica suspensa, aguardando referendo da Corte Suprema (HC 85886, 2005) Min. Luís Roberto Barroso: Os princípios constitucionais do acesso à Justiça e do devido processo legal se realizam nas instâncias ordinárias, em dois graus de jurisdição. Em nenhum sistema jurídico, o acesso à Suprema Corte constitui direito subjetivo da parte (Consultor Jurídico, 2011).
PACTA SUNT SERVANDA
SUGESTÕES AO CONGRESSO LEI BRASILEIRA DE COOPERAÇÃO NOVA LEI EXTRADICIONAL ACP DE EXTINÇÃO DE DOMÍNIO APERFEIÇOAMENTO DA PEC PELUSO INTEGRAÇÃO DE NOVOS TRATADOS IMPLEMENTAÇÃO DOS TRATADOS EXISTENTES
PGR/SCI: www.sci.pgr.mpf.mp.br Vladimir Aras, M. Sc. Procurador Regional da República Secretário de Cooperação Internacional (SCI/PGR) Email: vladimiraras@mpf.mp.br Twitter: @VladimirAras Fone: +55 61 3105-5820