CORPOREIDADE: A LINGUAGEM QUE CONSTRÓI E PRODUZ CULTURA CORPORAL NA PROFISSIONALIZAÇÃO CONTINUADA DOS DOCENTES DA UNERJ Dilma Montagnoli (UNERJ)

Documentos relacionados
CONSTRIBUIÇÕES DO PIBID NA FORMAÇÃO DOCENTE

FUNDAMENTOS DA SUPERVISÃO ESCOLAR

INSTITUTO DE PESQUISA ENSINO E ESTUDOS DAS CULTURAS AMAZÔNICAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO ACRIANA EUCLIDES DA CUNHA

INTRODUÇÃO

Palavras-chave: Didática da Matemática. Teoria Antropológica do Didático. Formação Inicial de professores.

Refletir e orientar educadores sobre aspectos filosóficos na prática pedagógica na escola.

A DISCIPLINA DE DIDÁTICA NO CURSO DE PEDAGOGIA: SEU PAPEL NA FORMAÇÃO DOCENTE INICIAL

Plano de Ensino. Identificação. Câmpus de Bauru. Curso 2503L - Licenciatura em Artes Visuais. Ênfase. Disciplina A - Didática

PROJETO DE EXTENSÃO PROA E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Palavras-chave: Formação Continuada. Múltiplas Linguagens. Ensino Fundamental I.

FORMAÇÃO DIDÁTICO - PEDAGÓGICA DO DOCENTE DO ENSINO SUPERIOR

Universidade Paulista Educação Física. Corporeidade e Motricidade Humana. Prof. Dr. José Antonio S. Barbosa

PROGRAMA DE DISCIPLINA

A UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS TECNOLÓGICOS NO PROCESSO DE ENSINO DOS PROFESSORES DE TRÊS ESCOLAS MUNICIPAIS DE IMPERATRIZ-MA 1

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA PARFOR

CARGA HORÁRIA SEMANAL: 04 CRÉDITO: 04

FORMAÇÃO DE PROFESSOR: A CONSTRUÇÃO DO SABER DOCENTE¹

REFLEXIVIDADE E FORMAÇÃO DE PROFESSORES SOB A PERSPECTIVA DO DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DOCENTE: ENTRE SABERES E PRÁTICAS

EMENTA SEQUÊNCIA DIDÁTICA

PREPARAÇÃO DE PROJETOS, FORMAS DE REGISTRO E AVALIAÇÃO

UMA PROPOSTA DE FORMAÇÃO DOCENTE UTILIZANDO O

Multimeios Aplicados à Educação Aula 2

ALUNOS E ESTAGIÁRIOS: UMA RELAÇÃO DESAFIADORA DE APRENDIZAGEM

CONTRIBUIÇÕES DA PSICOMOTRICIDADE NA SUPERAÇÃO DE DIFICULDADES ESCOLARES REFERENTES A LEITURA E ESCRITA.

OFICINA: Aprendizagem no Ensino Superior. FORMADORAS: Profa. Blaise K. C. Duarte Profa. Lourdes Furlanetto Profa. Luciane Nesello

COMUNICAÇÕES ORAIS - AVALIAÇÃO A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA : CONCEPÇÕES DOCENTES NO ENSINO FUNDAMENTAL

ELABORAÇÃO E O CONTATO COM AS ATIVIDADES NO PIBID: UMA CONTRIBUIÇÃO RELEVANTE PARA O MEU PROCESSO DE FORMAÇÃO DOCENTE

Jacques Therrien, UFC/UECE

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Programa de Aperfeiçoamento de Ensino PAE. Diretrizes para as Disciplinas da Etapa de Preparação Pedagógica

A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO CONTINUADA PARA (OS) AS PROFESSORES (AS) DA EJA

AULA 04. Profº André Luis Torres SABERES E PRÁTICAS

Estágio I - Introdução

CURSOS / OFICINAS DE ENSINO 1º SEMESTRE 2017 (2016.2)

Conteúdos e Didática de História

PLANO DE ENSINO DIA DA SEMANA PERÍODO CRÉDITOS. Segunda-Feira Vespertino 03

CONCEPÇÕES DE FORMAÇÃO CONTINUADA ENTRE DOCENTES DE ENSINO SUPERIOR: A EDUCAÇÃO FÍSICA EM QUESTÃO

PROJETO DE EXTENSÃO: FORMAÇÃO CONTINUADA PARA PROFESSORES DE ESTUDANTES SURDOS

Planejando uma aula didaticamente

O PLANEJAMENTO DA PRÁTICA DOCENTE: PLANO DE ENSINO E ORGANIZAÇÃO DA AULA

A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA E O BOM ENSINO DE HISTÓRIA: POSSIBILIDADE DE AUTONOMIA DOS DOCENTES E DISCENTES

Formação inicial de professores de ciências e de biologia: contribuições do uso de textos de divulgação científica

CURSO DE DANÇA MANUAL DO CANDIDATO

A FORMAÇÃO DO EDUCADOR DE JOVENS E ADULTOS E OS DESAFIOS NA CONSTRUÇÃO DE SUA IDENTIDADE DOCENTE

PLANO DE DISCIPLINA DADOS DO COMPONENTE CURRICULAR

DIDÁTICA DA FÍSICA NO ENSINO SUPERIOR: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE CIÊNCIAS SÓCIO-ECONÔMICAS E HUMANAS DE ANÁPOLIS

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Licenciatura em Educação Física no ano de

FORMAÇÃO CONTINUADA EM SERVIÇO: ressignificar a pesquisa na escola numa abordagem da relação de saberes LUCIANA VIEIRA DEMERY

O SABER PEDAGÓGICO E A INTERDISCIPLINARIDADE COMO PRÁTICA DE ENSINO APRENDIZAGEM 1

PLANO DE APRENDIZAGEM. CH Teórica: 60h CH Prática: 00h CH Total: 60h Créditos: 03 Pré-requisito(s): ---- Período: I Ano:

A QUALIDADE DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL E AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE FORMAÇÃO DOCENTE

CURSO DE DANÇA MANUAL DO CANDIDATO

RELAÇÃO TEORIA E PRÁTICA: Docência e Prática pedagógica

FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES NO ENSINO SUPERIOR: DESAFIOS E PERSPECTIVAS

FORMAÇÃO INICIAL E CONTÍNUA NA DOCÊNCIA: UMA ANÁLISE A PARTIR DO PIBID/GEOGRAFIA/UEPB NA E.E.E.F.M. SÃO SEBASTIÃO, CAMPINA GRANDE/PB.

Ensino Técnico Integrado ao Médio

SABERES E COMPETÊNCIAS NECESSÁRIOS À DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR

SISTEMATIZAÇÃO COLETIVA DO CONHECIMENTO COMO ALTERNATIVA METODOLÓGICA PARA O ENSINO DE FÍSICA DO ENSINO MÉDIO

FACULDADE SETE DE SETEMBRO FASETE

PÓS-GRADUAÇÃO VERBO EDUCACIONAL

DIDÁTICA MULTICULTURAL SABERES CONSTRUÍDOS NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM RESUMO

PRÁTICA DE ENSINO E O ESTÁGIO SUPERVISIONADO: DESENVOLVIMENTO DE ATITUDES INVESTIGATIVAS PARA A DOCÊNCIA

PORTFÓLIO - DO CONCEITO À PRÁTICA UNIVERSITÁRIA: UMA VIVÊNCIA CONSTRUTIVA

1 o Semestre. PEDAGOGIA Descrições das disciplinas. Práticas Educacionais na 1ª Infância com crianças de 0 a 3 anos. Oficina de Artes Visuais

4 Ano Curso Bacharelado e Licenciatura em Enfermagem

APRENDER E ENSINAR: O ESTÁGIO DE DOCÊNCIA NA GRADUAÇÃO Leise Cristina Bianchini Claudiane Aparecida Erram Elaine Vieira Pinheiro

PLANO DE ENSINO - 2º SEMESTRE/2012

PENSAMENTOS DE PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS SOBRE SABERES DOCENTES: DEFINIÇÕES, COMPREENSÕES E PRODUÇÕES.

UMA REFLEXÃO SOBRE AS CONCEPÇÕES DE ESTÁGIO CURRICULAR E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA O FUTURO LICENCIADO EM CIÊNCIAS AGRÍCOLAS.

PLANO DE ENSINO. Disciplina: Fundamentos e Metodologia na Educação de Jovens e Adultos II

FORMAÇÃO DE EDUCADORES A PARTIR DA METODOLOGIA DA INVESTIGAÇÃO TEMÁTICA FREIREANA: UMA PESQUISA-AÇÃO JUNTO

A CONCEPÇÃO DO BOM PROFESSOR PARA OS BOLSISTAS DO PIBID SUBPROJETO EDUCAÇÃO FÍSICA

PEDAGOCIA UNIVERSITÁRIA desafios e possibilidades ao trabalho docente

1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:

ESTÁGIO DOCENTE: UMA ATIVIDADE DE FORMAÇÃO CONTINUADA E DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA

PLANO DE APRENDIZAGEM. CH Teórica: 60h CH Prática: 00h CH Total: 60h Créditos: 03 Pré-requisito(s): Período: I Ano:

VISÃO DO PIBID SOB O OLHAR DO SUPERVISOR SUBPROJETO EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

PROCESSO SELETIVO Metodologia da Educação Física Escolar Campus Juiz de Fora

A DOCUMENTAÇÃO PEDAGÓGICA COMO INSTRUMENTO PARA REFLEXÃO DA PRÁTICA DOCENTE NA EDUCAÇÃO INFANTIL¹

DOCENCIA E TECNOLOGIA: FORMAÇÃO EM SERVIÇO DE PROFESSORES E TRAJETÓRIAS CONVERGENTES

O PAPEL DAS INTERAÇÕES PROFESSOR-ALUNO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA

Palavras-chave: História, conhecimento, aprendizagem significativa.

A avaliação no ensino religioso escolar: perspectiva processual

Concepções de ensino-aprendizagem de docentes de Física Quântica do ensino superior

TEORIA DA COMPLEXIDADE E APRENDIZAGENS: ALGUMAS CONCEPÇÕES DE MORIN E ASSMANN SOBRE SOCIEDADE E EDUCAÇÃO

Mestrado em Educação Revista Profissão Docente. UNIUBE Universidade de Uberaba ISSN:

Professor ou Professor Pesquisador

MEC-UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO DECANATO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE DISCIPLINA

PLANO DE ENSINO 2017

PLANO DE ENSINO. Curso: Pedagogia. Disciplina: Estrutura e Funcionamento da Educação Básica I. Carga Horária Semestral: 40 Semestre do Curso: 3º

CURSO ANO LETIVO PERIODO/ANO Licenciatura em Matemática º Ano CÓDIGO DISCIPLINA CARGA HORÁRIA Estágio Curricular Supervisionado II EMENTA

PLANO DE ENSINO PROJETO PEDAGÓCIO: 2010

FORMAÇÃO E A IDENTIDADE DOCENTE: PERSPECTIVAS PARA UMA PRÁXIS REFLEXIVA 1

ESTÁGIO E FORMAÇÃO DOCENTE: REFLEXÕES SOBRE A FORMAÇÃO DO FUTURO PROFESSOR

O ESTÁGIO SUPERVISIONADO - UM MOMENTO DE FUNDAMENTAL IMPORTÂNCIA NO PROCESSO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL

FORMAÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO: REFLEXÃO DA PRÁTICA SOB A ABORDAGEM TRANSDISCIPLINAR NO PENSAMENTO COMPLEXO 1.

Transcrição:

1 CORPOREIDADE: A LINGUAGEM QUE CONSTRÓI E PRODUZ CULTURA CORPORAL NA PROFISSIONALIZAÇÃO CONTINUADA DOS DOCENTES DA UNERJ Dilma Montagnoli (UNERJ) Esta pesquisa teve o intuito de transgredir a prática pedagógica tradicional e foi integrada ao Projeto de Profissionalização Continuada dos Docentes da UNERJ, onde todos os professores envolvidos no processo tinham o compromisso de analisar, vivenciar e rever sua prática pedagógica em sala de aula. Na qualidade de mentora do Projeto de Profissionalização Continuada, minha ação pedagógica foi mostrar como a Corporeidade, que é uma linguagem que constrói e produz cultura corporal pode contribuir na profissionalização continuada dos docentes, possibilitando uma vivência de dinâmicas corporais que possam contribuir na qualidade da prática pedagógica em sala de aula. Estiveram envolvidos neste processo corporal 146 professores da Universidade Regional de Jaraguá do Sul, Santa Catarina (UNERJ), divididos em 3 Grupos de Trabalhos (GT1, GT2 e GT3). O projeto corporal foi desenvolvido num período de 1 ano e distribuído em 9 encontros. A metodologia utilizada nesta pesquisa fundamentou-se na dialética, que segundo GAMBOA, apud FAZENDA (1994, p. 98): As pesquisas dialéticas se fundamentam na lógica interna do processo e nos métodos que explicitam a dinâmica e as contradições internas dos fenômenos e explicam as relações entre homem-natureza, entre reflexão-ação e entre teoria e prática (razão transformadora). De posse dos resultados do diagnóstico corporal, foi elaborado um projeto que possibilitasse aos docentes da UNERJ: uma maior integração entre seus pares, que as atividades corporais tivessem cunho lúdico e que as mesmas proporcionassem descontração. Outra vertente importante na escolha das dinâmicas corporais foi a relação que a mesma deveria ter quanto ao assunto abordado no dia da profissionalização. Após o desenvolvimento das atividades corporais, foram solicitados aos professores avaliações orais das dinâmicas e no final de cada encontro uma avaliação por escrito. Todo este processo foi registrado através de filmagem, como também foi distribuído no último encontro, para alguns professores um questionário para a avaliar o significado do programa corporal na formação continuada dos professores.

2 Os resultados obtidos nortearão os professores que atuam na Profissionalização Continuada da UNERJ, quando serão realizadas as Oficinas Pedagógicas no decorrer de 2001. ASSMANN (1995, p. 75), assim reforça, esta importância da Corporeidade na ação pedagógica: O assunto Corporeidade é tão agudamente relevante para a Educação em geral, para a vida humana e para um futuro humano neste planeta ameaçado, que urge alargar nossa visão para incluir necessidades ainda não suficientemente despertadas, mas que seguramente se manifestarão mais e mais ao ritmo da deterioração da Qualidade de Vida. Porque Qualidade de vida, mesmo no seu sentido mais espiritual, sempre significa Qualidade da Corporeidade vivenciada. A linguagem do corpo, ou melhor, a Corporeidade, neste projeto de profissionalização continuada teve por entendimento o corpo que habita o espaço e a habilidade essencial de autofazer-se, do auto-organizar-se humano na sua complexidade (ASSMANN, 1995). A linguagem corporal quando vivenciada na educação, pode abrir perspectivas de construção e produção de equilíbrio nos processos de aprendizagem, nos quais a discussão sobre o conhecimento abarca hoje todos os processos naturais e sociais onde se geram, e a partir daí são levadas em conta, formas de aprendizagem. Tudo aquilo que vive cumpre processos cognitivos (ASSMANN 1996, p. 26-27). Este trabalho teve a intenção de contribuir de forma reflexiva e prática na Profissionalização Continuada dos Docentes da UNERJ, com o intuito de possibilitar um avanço do conhecimento quanto à conscientização do corpo e conseqüentemente uma identidade corporal na forma de sentir, pensar, agir e reagir, possibilitando perspectivas paradigmáticas de ação corporal na educação. PIMENTA (1999, p. 18) argumenta quanto à construção da identidade: Uma identidade profissional se constrói, pois, a partir da significação social da profissão; da revisão constante dos significados sociais da profissão; revisão das tradições. Mas também da reafirmação de práticas consagradas culturamente e que permanecem significativas. Práticas que resistem a inovações porque prenhes de saberes válidos às necessidades da realidade. Do confronto entre as teorias e as práticas, da análise sistemática das práticas à luz das teorias existentes, da construção de novas teorias. Constrói-se, também, pelo significado que cada professor, enquanto ator e autor, conferem à atividade docente no seu cotidiano a partir de seus valores, de seu modo de situar-se no mundo, de sua história de vida, de suas representações, de seus saberes, de suas angústias e anseios, do sentido que tem em sua vida o ser professor. Assim, como a partir de sua rede de relações com outros professores, nas escolas, nos sindicatos e em outros agrupamentos.

3 Questionou-se o problema da pesquisa durante o processo: de que forma a Corporeidade como linguagem que constrói e produz cultura corporal pode contribuir na Profissionalização Continuada dos Docentes da UNERJ? Detectou-se, portanto que, a maioria dos educadores que vivenciaram o projeto corporal não possuíam conscientização corporal, surgindo assim algumas dificuldades na integração, no trabalho em grupo, na relação com o outro. Se o professor não tiver consciência de sua presença corporal, os alunos de hoje logo lhe farão sentir que não estão lá a fim de aprender o que ele lhes conta, mas para apanhar o que ele amadureceu, os frutos de sua experiência (BERTHERAT, 1977, p. 190). O vivenciar dos corpos é uma luta constante na busca do equilíbrio nas relações, e é através da interação, da integração que o sujeito vai se transformando historicamente numa determinada cultura. Esta interação e integração quando vivenciada de forma lúdica, recreativa oferece aos sujeitos envolventes no processo de profissionalização uma melhor descontração corporal para efetuar suas atividades, o que pode garantir uma flexibilidade nas ações pedagógicas. A corporeidade é, existe, e através da cultura ela possui significado. Daí a constatação de que a relação corpo-educação, por meio da aprendizagem, significa aprendizagem da cultura - dando ênfase aos sentidos dos acontecimentos -, e aprendizagem da história - enfatizando aqui a relevância das ações humanas. Corpo que se educa é corpo humano que aprende a fazer história fazendo cultura (MOREIRA, 1995, p. 30). O objetivo geral do projeto corporal na Profissionalização Continuada foi refletir e vivenciar a importância do trabalho da Corporeidade na Profissionalização Continuada dos Docentes da UNERJ. Assim sendo, este objetivo transgrediu a formação tradicional do professor. Para esta superação foi preciso, que o professor percebesse e se conscientizasse que o seu corpo deveria estar presente no processo educacional, porque além de ter um corpo, ele é o seu corpo e precisa ser aceito pelos seus pares e pelo aluno. Precisamos de linguagens pedagógicas que explicitem a inscrição corporal dos processos cognitivos. E parece-me que o ponto de partida fundante de toda uma nova visão do conhecimento consiste em entender a profunda identidade entre processos vitais e processos de conhecimento (ASSMANN, 1996, p. 188).

4 Os objetivos específicos para uma possível legitimação do trabalho da Corporeidade na Profissionalização Continuada dos Docentes da UNERJ foram: Verificar a importância que tem para os professores o desenvolvimento da Corporeidade no exercício profissional; Analisar as mudanças ocorridas nos professores após a vivência e a reflexão corporal no projeto sobre a Corporeidade; Recolher informações relevantes para acrescer ao programa de Corporeidade propondo alternativas diversas para seu desenvolvimento futuro. Pautada nestas considerações, projeta-se a Corporeidade como uma linguagem possível que constrói e produz cultura corporal e que é determinante no processo ensino-aprendizagem. A Corporeidade, na formação do professor e do indivíduo, pode funcionar como uma espiral, à medida que o docente constrói consciência e através dela busca refletir seu potencial pedagógico, seu processo de produção, incorporação e dela se apropriar, instrumentalizar e resignificar a própria vida. ASSMANN (1996, p. 47) afirma: vejo a ponte fundamental entre motricidade e educação no papel fundamental da participação corporal nos processos de aprendizagem. Todo conhecimento se instaura como um aprender mediado por movimentos internos e externos da corporeidade viva. Toda aprendizagem tem uma inscrição corporal. Não existe mentalização sem corporalização. Por isso, o corpo aprendente é a referência fundante de toda aprendizagem. A morfogênese do conhecimento acontece no interior da motricidade corporal do ser humano. E a unidade dos processos cognitivos com os processos vitais obedece normalmente a uma dinâmica de prazerosidade. Este processo corporal pode operar no professor mutações profundas, buscas constantes de mediação com outros e com o próprio contexto. O desejo e a necessidade desta inserção no processo de profissionalização continuada através da Corporeidade é um continuum da metaformose vital, educacional e cultural. Porque no momento em que começo a tomar contato com o meu corpo abro possibilidades de usá-lo (IWANOWICZ, In: BRUHNS, 1994, p.81). Projetar a Corporeidade na profissionalização continuada não pretende demarcar limites, mas abrir novas possibilidades de reencantar a formação do educador como foco principal do Novo que se anuncia para a transformação emergente da

5 educação e do educador. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSMANN, Hugo. Paradigmas educacionais e corporeidade. 3. ed. Piracicaba : UNIMEP, 1995.. Metáforas novas para reencantar a educação : epistemologia e didática. Piracicaba : Unimep, 1996. BERTHERAT, Thérèse. O corpo tem suas razões : antiginástica e consciência de si. 6. ed. São Paulo : Martins Fontes, 1977. GAMBOA, Silvio. Metodologia da pesquisa educacional. In: FAZENDA, Ivani (Org.). A dialética na pesquisa em educação: elementos de contexto. São Paulo: Cortez, 1994. IWANOWICZ, Barbara. A imagem e a consciência do corpo. In: BRUHNS, Heloisa T. (Org.) Conversando sobre o corpo. 5. ed. Campinas, SP : Papirus, 1994. MOREIRA, Wagner W. (Org.). Corpo pressente. Campinas, SP : Papirus, 1995. PIMENTA, Selma Garrido (Org.) Saberes pedagógicos e atividade docente. São Paulo : Cortez, 1999.

CORPOREIDADE: A LINGUAGEM QUE CONSTRÓI E PRODUZ CULTURA CORPORAL NA PROFISSIONALIZAÇÃO CONTINUADA DOS DOCENTES DA UNERJ 6 Corporeidade, neste projeto de profissionalização continuada teve por entendimento o corpo que habita o espaço e a habilidade essencial de autofazerse, do auto-organizar-se humano na sua complexidade (ASSMANN, 1995). Problema: de que forma a Corporeidade como linguagem que constrói e produz cultura corporal pode contribuir na Profissionalização Continuada dos Docentes da UNERJ? Objetivos especificos Verificar a importância que tem para os professores o desenvolvimento da Corporeidade no exercício profissional; Analisar as mudanças ocorridas nos professores após a vivência e a reflexão corporal no projeto sobre a Corporeidade; Recolher informações relevantes para acrescer ao programa de Corporeidade propondo alternativas diversas para seu desenvolvimento futuro. O objetivo geral do projeto corporal na Profissionalização Continuada foi refletir e vivenciar a importância do trabalho da Corporeidade na Profissionalização Continuada dos Docentes da UNERJ. Eixos teóricos: Corporeidade: uma linguagem possivel. A identidade corporal na formação do professor. A metodologia utilizada nesta pesquisa fundamentou-se na dialética, segundo GAMBOA, apud FAZENDA (1994). Dinâmicas corporais: Diagnostico: A família Silva. 1 - Dinâmicas dos Balões. 2 - Dinâmica: Bola Imaginário. 3 - Dinâmica: Espiral. 4 - Dinâmica: Novelo. 5 - Dinâmica: Andar. 6 - Dinâmica: Espaços. 7 - Dinâmica: O quê. 8 - Dinâmica: 11/23 9 - Dinâmica: Manequim. Considera-se que a Corporeidade como uma linguagem possível que constrói e produz cultura corporal é determinante no processo ensino-aprendizagem. Projetar a Corporeidade na profissionalização continuada não pretendeu demarcar limites, mas abrir novas possibilidades de reencantar a formação do educador como foco principal do Novo que se anuncia para a transformação emergente do educador e da educação.