O PAPEL DO JUIZ CRIMINAL NA FUNÇÃO ACUSATÓRIA RESUMO

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Transcrição:

O PAPEL DO JUIZ CRIMINAL NA FUNÇÃO ACUSATÓRIA RESUMO Maxiandro de Almeida Martins 1 Cleber Freitas do Prado 2 Este trabalho de monografia tem por objetivo analisar a divergência doutrinaria em torno da iniciativa do juiz na busca pelas provas durante o processo. Primeiramente, objetiva-se esclarecer os sistemas acusatório, inquisitório e misto, para que seja possível diferenciar um do outro. A segunda parte do trabalho tem como objetivo explicar os princípios relacionados ao ônus probatório. Em razão a terceira parte do trabalho, será objeto de análise o artigo 156 do Código de Processo Penal. ABSTRACT This thesis work aims to examine the doctrinal divergence around the initiative of the judge seek evidence during the procedure. First, it seeks to clarify the accusatory systems, inquisitorial and mixed, to be able to differentiate from one another. The second part of the paper aims to explain the principles related to the evidential burden. In the third part of the work will be examined Article 156 of the Criminal Procedure Code. SUMÁRIO Introdução; 1- Sistema Processual Penal; 1.1- Sistema Processual Inquisitivo; 1.2- Sistema Processual Acusatório; 1.3- Sistema Processual Misto; 2- Princípios relacionados ao Ônus Probatório; 2.1- Principio do Promotor Natural; 2.2- Principio do Juiz Natural; 2.3- Principio de Presunção de Inocência; 2.4- Princípio do Devido Processo Legal; 3- Análise do artigo 156 do Código de Processo Penal; 4- Considerações finais; 5- Referências. INTRODUÇÃO O presente trabalho tem como objeto de estudo o sistema penal misto que vige atualmente no Brasil. Sendo também analisados os princípios relacionados ao ônus probatório e uma breve análise do artigo 156 do Código de Processo Penal. Tendo em vista que o sistema penal inquisitório tem razoável participação no sistema acusatório, torna-se pertinente promover um estudo verificador dos dispositivos legais na lei Processual Penal que permitem ao Juiz a busca, de ofício, das provas do fato processual, quando se deparar em dúvida sobre determinado ponto relevante. Desse modo o presente estudo está estruturado a buscar possíveis soluções ao seguinte problema: A possibilidade de o juiz criminal em buscar provas quando em dúvida processual viola a Constituição Federal? 1. SISTEMA PROCESSUAL PENAL Três são os sistemas processuais surgidos no decorrer da evolução do processo penal, sendo eles o inquisitivo, o acusatório e o misto e no decorrer da pesquisa será analisado cada um em seu subtítulo. 1.1. Sistema Processual Inquisitivo

O sistema inquisitivo (final do séc. XII até o final do séc. XVIII) ficou conhecido como Idade das Trevas, o poder do rei era ilimitado e não existia preocupação com o cidadão como sujeito de direitos (SOUZA NETO, 2003, p. 23/24). O referido sistema tem raízes na velha Roma. Nasceu, no seio da Igreja Católica. (SOUZA NETO, 2003, p. 21). Este sistema processual penal muda de forma radical frente ao sistema acusatório. No sistema inquisitivo a disputa se da entre a acusação e acusado, um processo igualitário, com inércia do julgador, e neste processo se verifica a deslealdade, onde impera a batalha entre o juiz inquisidor e o acusado. (LOPES JR, 2008, p. 61). O sistema inquisitivo, para Nucci está caracterizado pela concentração do poder na mão do julgador, além de ter o poder em sua mão exerce a função de acusador; para ele a confissão do réu é considerada a rainha das provas; não há debates orais, assim tendo o procedimento exclusivamente escrito, os julgadores não estão sujeito à recusa, havendo a ausência de contraditório sendo a defesa meramente decorativa (NUCCI, 2008, p. 116). Como se pode identificar o sistema inquisitivo ele é prejudicial ao réu porque o magistrado exerce duas funções, acusador e julgador, sendo assim ele deixa de ser imparcial, porque ele vai atrás de provas para acusar o réu. Pode se notar que o sistema inquisitivo é o mais prejudicial ao réu, em um Estado Democrático de Direito, não pode continuar porque nele não existem regras de igualdade e liberdade processuais (MIRABETE, 2005, p. 43). Este tipo de sistema foi-se formando aos poucos como forma de corretivo para os defeitos do acusatório. Ele não surgiu por impulsão, não foi uma criação da tirania, em nenhum momento visou à opressão nem humilhação. Ao contrario, foi pensado pela adequação do bem comum (TORNAGHI, 1988, p. 15). No sistema inquisitivo os juízes eram sempre permanentes e irrecusáveis. E era admitida a apelação contra a sentença, o procedimento era de maneira escrita e formal, o juiz podia apenas se basear no que constava nos autos, porque o que não estava nos autos não estava no mundo. O procedimento era sempre de forma sigiloso, para o público e o réu. O sigilo era justificado para proteger os pobres contra as pessoas que buscavam mais poder (TOURINHO FILHO, 2003, p. 91). O juiz sempre buscava as provas, ele tinha liberdade para isso para saber exatamente o que aconteceu, a tortura era usada para obter a confissão. A prisão preventiva do acusado ocorria na maioria das vezes, se presumia a culpa do réu. Quando ocorria raramente a liberdade provisória era mediante caução juratória ou fiança penal (DEMERCIAN; MALULY, 2001, p. 48). Existiam cinco tipos de tortura, mas o suspeito tinha o direito que fosse praticado somente uma tortura por dia. Após 15 dias de tortura e se o acusado não confessasse, ele era libertado. Sem embargo, mas raramente um acusado resistia a 15 dias de tortura, em alguns momentos a pena era de menor gravidade que a tortura que ele sofria ( LOPES JR, 2006, p. 172). Nesse sentido, Jacinto Nelson de Miranda Coutinho, refere que: A característica fundamental do sistema inquisitório, em verdade, está na gestão da prova, confiada essencialmente ao magistrado que, em geral, no modelo em análise, recolhe-a secretamente, sendo que a vantagem (aparente) de uma tal estrutura residiria em que o juiz poderia mais fácil e amplamente informar-se sobre a verdade dos fatos[...] (COUTINHO, 2001, p. 37). Diante disso, é possível analisar que a atribuição aos juízes de produzir prova de oficio está ligada ao sistema inquisitório, e necessário analisar que quando o juiz pratica tal prerrogativa, o juiz está deixando de ser imparcial, e assim, assumindo a

função de acusador. Deste modo, quem acaba se prejudicando é o réu apesar de que haja uma divisão nas funções de julgar e acusar, o magistrado acaba exercendo a função complementarmente a função que cabe ao órgão acusador. 1.2. Sistema Processual Acusatório O sistema acusatório surgiu a partir do final do século XVIII, ele começou a se alargar no iluminismo, ele iniciou após o vigoroso movimento europeu da reforma penal aonde busca estabelecer as bases fundacionais do moderno Direito Penal e Processual Penal. Tentando estabelecer, assim, as liberdades individuais e também a segurança jurídica que foi suprimida pelo Antigo Regime (ANDRADE, 1997, p.49). Para Aury Lopes Junior, as características do sistema acusatório consistem nas seguintes formas: a) funções de acusar e julgar são distintas; b) iniciativa probatória atribuída às partes; c) juiz como terceiro imparcial; d) tratamento igualitário das partes ; e) procedimento regra oral ; f) publicidade; g) contraditório e ampla defesa; h)ausência de tarifa probatória; i) livre convencimento motivado; j) coisa julgada; l) duplo grau de jurisdição (LOPES JR., 2005, p.154). Sendo assim, o sistema acusatório foi criado a partir do momento em que foram separadas as atividades de julgar e acusar. Mas se analisar se nota que não foi separado ao total, o Ministério Público formulando a acusação, mas ao longo do processo o juiz achando, permite-se a este assumir um papel ativo na busca de prova, ou mesmo na prática de atos tipicamente da parte acusadora. Nota-se que é insuficiente esta separação inicial de atividades, se, após, o juiz assume o papel inquisitorial. O juiz durante o processo deve assegurar a sua imparcialidade (NUCCI, 2006, p. 77). Segundo Aury Lopes Jr, na atualidade tem-se a seguinte característica no acusatório: a) clara distinção entre as atividades de acusar e julgar; b) a iniciativa probatória deve ser das partes; c) mantém-se o juiz como um terceiro imparcial, alheio a labor de investigação e passivo no que se refere à coleta da prova, tanto de imputação como de descargo; d) tratamento igualitário das partes (igualdade de oportunidades no processo); e) procedimento é em regra oral (ou predominantemente); f) plena publicidade de todo o procedimento (ou de sua maior parte); g) contraditório e possibilidade de resistência (defesa); h) ausência de uma tarifa probatória, sustentando-se a sentença pelo livre convencimento motivado do órgão jurisdicional; i) instituição, atendendo a critérios de segurança jurídica (e social) da coisa julgada; j) possibilidade de impugnar as decisões e o duplo grau de jurisdição. (LOPES JR, 2008, p. 57, 58). O juiz deve conformar-se sempre com sua inércia, mesmo havendo uma instrução incompleta e defeituosa produzida pelas partes. Frente à necessária inércia do julgador, podemos notar que a responsabilidade das partes aumenta, elas possuem o dever de investigar e de produzir as provas necessárias para a comprovação dos fatos. Ao Estado cabe a responsabilidade de disponibilizar uma defesa eficaz e equilibrada para as pessoas que não possuem condições, para obter a eficácia esperada (LOPES JR, 2008, p. 59). Pode se averiguar que no sistema acusatório o juiz deve ser imparcial, frente às alegações da acusação e defesa (PRADO, 2006, p. 108).

No sistema acusatório se encontra o princípio do juiz natural, na qual garante a imparcialidade, não afastando apenas o órgão julgador do exercício da ação penal, sendo necessário que o mesmo não esteja cativado com uma das versões, para que, com isso, ele possa ser imparcial escolhendo assim uma das alternativas apresentadas pela defesa e pela acusação (PRADO, 2005, p. 109). Como pode se notar no sistema acusatório predomina o contraditório, a publicidade e a oralidade. Por sua vez Geraldo Prado, esclarece sobre a oralidade, que não se resume na predominância da palavra falada, e sim devendo assegurar a comunicação direta do juiz com as provas, facilitando também a verificação dos papéis exercidos pelos sujeitos processuais (PRADO, 2005, p. 154). Como é notável entre todos os elementos constitutivos do espelho teórico acusatório, o que demonstra mais importante, por ser fundamental e logicamente à dedução de todos os outros, e o afastamento entre juiz e acusação (FERRAJOLI, 2002, p.454). Tal distribuição de funções supõem a figura do processo como uma relação triangular entre três sujeitos, dois deles partes em causa e o terceiro super partes, a quem se conserva como espectador indiferente e desinteressado em virtude da proibição ne precedant iudex ex officio (FERRAJOLI, 2002, pp. 455 e 465). No sistema acusatório o réu é considerado sujeito de direitos. Fazendo direito à possibilidade de resistir á acusação, quando ele resiste à acusação ele faz uso do princípio do contraditório, o qual atende a estrutura dialética do processo penal acusatório e decorre da elaboração liberal que as partes são sujeitos da relação processual, sendo estes titulares de direitos, deveres, poderes, sujeições e ônus (JARDIM, 2003, p. 40). 1.3. Sistema Processual Misto O Sistema Processual Penal Misto foi consagrado com o Code d Instruction Criminalle de 1808 o Código de Instrução Criminal Francês de 1808 (MIRABETE, 2005, p. 44). O Sistema Misto surgiu após a Revolução Francesa, nele estava unido às os dois anteriores (inquisitório e acusatório), sendo caracterizado pela divisão do processo em instrução preliminar, com elementos do sistema inquisitivo, e a fase de julgamento, com preponderância do sistema acusatório (NUCCI, 2008, pp. 109 e 110). No primeiro momento, há procedimento secreto, escrito e sem contraditório, à medida que no segundo, consta a oralidade, a publicidade, o contraditório, a concentração dos atos processuais. (NUCCI, 2008, p. 110). Muitos doutrinadores se referem a esse sistema como (misto), afirmando de que os sistemas puros (acusatório e inquisitório), isso se trata de modelos históricos não sendo referido desta maneira. Um critério para definir de um sistema o outro seria a separação do julgador e acusador, o que apresentado no sistema acusatório. Por estas definições se tornam insuficientes, uma vez que, a separação das atividades de julgar e acusar não são núcleo fundante dos sistemas (LOPES JR, 2008, p. 67). Não basta apenas haver uma separação, se no decorrer do procedimento, não houver a inércia efetiva do Juiz. Mesmo havendo todos os sistemas mistos, nele não se encontra um princípio fundante do sistema misto, então entendendo que o misto mesmo mesclado não é misto e sim acusatório e inquisitório. Apesar de o sistema ser conhecido como misto ele ainda continua sendo acusatório ou inquisitório, obtendo essa adjetivação conforme características secundárias que de um sistema são emprestados ao outro. (LOPES JR, 2008, p. 70). Para Fernando da Costa Tourinho Filho, o sistema processual misto não teve apenas duas etapas, para ele o sistema misto teve três etapas à investigação preliminar, instrução preparatória e julgamento, nas duas primeiras etapas elas são secretas, sem o contraditório, e, na última etapa, o processo é oral, público e

contraditório (TOURINHO FILHO, 2000, pp. 93 e 94). O sistema misto foi um grande avanço perto do seu sistema antecessor (sistema inquisitivo). Mas apesar de um grande avanço perto do sistema inquisitivo ele tem sido alvo de inúmeras críticas doutrinárias, uma das principais críticas por parte dos doutrinadores é a impossibilidade de classificação de tal estrutura como um verdadeiro sistema, se pode notar que atualmente não existem mais sistemas acusatórios ou inquisitórios puros. Conforme refere Badaró, Ora o processo é prevalentemente acusatório, ora apresenta características inquisitórias (BADARÓ, 2003, p. 103). Como se pode notar apenas afirmar que o sistema é misto, isso é insuficiente porque com o decorrer do estudo e conforme Aury Lopes Jr. não existe mais sistemas puros (LOPES JR., 2005, p. 151). Então se conclui que não há existência de um sistema puro na atualidade, bem como a inviabilidade de configuração de um princípio misto, o núcleo fundante do sistema misto, é o acusatório e inquisitório, o que é de suma relevância para a análise da atuação instrutória do juiz no processo penal (LOPES JR., 2005, pp. 163 e 164). 2. PRINCIPIOS RELACIONADOS AO ÔNUS PROBATÓRIO Será elaborada uma breve explanação dos Princípios relacionados ao ônus probatório sendo eles aprofundados nos seus próprios subtítulos. 2.1. Princípio do Promotor Natural Neste princípio consta que ninguém deve ser processado se não pelo órgão de atuação do Ministério Público. Este órgão é dotado de garantias pessoais, sendo elas de absoluta independência e liberdade de convicção (CAPEZ, 2010, p. 72). Segundo Fernando Capez, refere que: Este princípio também deflui da regra constante do art. 5º, LIII, da Constituição, e significa que ninguém será processado senão pelo órgão do Ministério Público, dotado de amplas garantias pessoais e institucionais, de absoluta independência e liberdade de convicção e com atribuições previamente fixadas e conhecidas. O Plenário do STF, por maioria de votos, vedou a designação casuística de promotor, pela Chefia da Instituição, para promover a acusação em caso específico, uma vez que tal procedimento chancelaria a figura do chamado promotor de exceção (HC 67.759/RJ, rel. Min. Celso de Mello, RTJ, 150/123). Fica, portanto, afastada a possibilidade de nomeação de um promotor para exercer as funções de outro, já regularmente investido no respectivo cargo (nesse sentido: STF, Pleno, HC 69.599, rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJU, 27 ago. 1997, p. 17020). Observe-se que, quando ainda não tiver sido criado por lei o cargo, evidentemente não se poderá cogitar de promotor natural para o mesmo, podendo o Procurador-Geral designar qualquer órgão para o exercício daquela função (CAPEZ, 2008, p. 27). Pode-se notar que no princípio do Promotor Natural existe independência funcional tanto para o direito do membro do Ministério Público e tanto de um direito da sociedade, trata-se de uma garantia social e individual. 2.2. Princípio do Juiz Natural Primeiramente precisa-se entender que há três regras de proteção deste

principio: a) só podem exercer jurisdição os órgãos instituídos pela Constituição Federal; b) ninguém pode ser julgado por órgão instituído após o fato; c) entre os juízes pré-constituídos vigora uma ordem taxativa de competências que exclui qualquer alternativa deferida á discricionariedade de quem quer que seja (LOPES JR, 2009, p. 108). Diante desta situação se pode verificar que o Principio do Juiz Natural, trata de uma garantia do acusado, demonstrando qual órgão julgador será competente para julgar seu fato ilícito cometido (LOPES JR, 2009, p. 110). Como se pode notar, onde se trata de imparcialidade, e segurança jurídica contra as possíveis arbitrariedades do Estado, o princípio do juiz natural que se encontra no artigo 5º, incisos XXXVII e LIII, da Constituição Federal, ele trata de um judiciário mais justo e seguro para os jurisdicionados. Consta na Constituição Federal Brasileira, em seu artigo 5º, incisos XXXVII e LIII: Art. 5.º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XXXVII não haverá juízo ou tribunal de exceção; LIII ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente; (BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil). Com isso nota-se que o juiz natural é aquele previamente constituído, como competente para julgar determinada causa abstratamente prevista. 2.3. Princípio de Presunção de Inocência O in dubio pro reo surge no direito romano, já o princípio de presunção de inocência sua origem histórica encontra-se na reforma do sistema repressivo que inicia na revolução liberal do século XVIII (GOMES FILHO, 1991, p. 09). Nesse sentido Antonio Magalhães Gomes Filho, refere que: O apelo à presunção de inocência assumia, assim, importante valor emblemático no quadro de uma reforma penal e processual-penal que postulava a escrita legalidade das punições e a substituição do procedimento inquisitório e secreto, característico do ancien rígime por um processo acusatório, público, oral e estruturado para assegurar a igualdade entre a acusação e a defesa (GOMES FILHO, 1991, p. 11). Verifica-se que quando a presunção de inocência surgiu ela foi muito importante no quadro da reforma penal e processual porque ela assegura a igualdade entre a acusação e a defesa. Este sistema traz consigo a liberdade, igualdade e a dignidade da pessoa humana, sendo estes os valores centrais do sistema (GOMES FILHO, 1991, p. 01). O modelo de processo penal brasileiro atual equilibra entre condições normativas, garantistas e práticas autoritárias (PRADO, 2005, p. 03). Este princípio pode ser conhecido como favor rei, princípio do favor inocential, favor libertatis ou in dubio pro reo, sendo a expressão máxima dentro de um Estado Constitucionalmente Democrático, no caso de um operador do Direito se deparando com normas que tragam interpretações antagônicas, ela deve sempre optar pela que atenda o jus libertatis do acusado (RANGEL, 2010, p. 36). Neste princípio do Processo Penal recomenda ao Juiz, em caso de incerteza

quanto à materialidade e a autoria da infração, nestes casos tem a presunção de inocência sendo assim, absolve-se o réu (RANGEL, 2010, p. 36). Quem deve apresentar a prova da culpa e assim demonstrando a culpabilidade do cidadão e o órgão que acusa. A acusação não conseguindo apresentar provas na qual demonstre a responsabilidade do acusado, sendo assim impõe uma decisão favorável ao acusado (RANGEL, 2010, p. 36). 2.4. Principio do Devido Processo Legal O Princípio do Devido Processo Legal, só foi surgir expressamente no Brasil, na Constituição Federal de 1988, apesar de estar implícito nas Constituições anteriores. Ele está assim disposto no art. 5º, inciso LIV da nossa Carta Magna: Art.5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes : LIV. ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal. (BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil). No Princípio do devido processo legal se garante a eficácia dos direitos garantidos ao cidadão pela nossa Constituição Federal, pois seriam insuficientes as demais garantias sem o direito a um processo regular, com regras para a prática dos atos processuais e administrativos. Segundo Paulo Rangel, refere que: O principio significa dizer que se devem respeitar todas as formalidades prevista em lei para que haja cerceamento da liberdade (seja ela quem for) ou para que alguém seja privado de seus bens. Assim, para que Tício, por exemplo, perca sua liberdade de locomoção, mister se faz o respeito regra do art. 302 do CPP ou à ordem Judicial (cf. art. 5º, LXI, da CRFB) (RANGEL, 2010, p. 4). Assim significa dizer que todos tem que ser tratados igualmente, devendo respeitar as formalidades previstas em lei. Não importa a pessoa que seja ela quem for deve ser respeitado o devido processo legal. Ninguém poderá ser privado de sua liberdade ou do seus bens, sem que seja respeitado o devido processo legal (art. 5.º, LIV) da Constituição Federal. Sendo assim garante àquele que foi apontado como o suposto autor da infração penal sua defesa em juízo, na forma da lei (PRADO, 2009, p 26). Desse modo, Fernando Capez ministra que: No âmbito processual garante ao acusado a plenitude de defesa, compreendendo o direito de ser ouvido, de ser informado pessoalmente de todos os atos processuais, de ter acesso à defesa técnica, de ter a oportunidade de se manifestar sempre depois da acusação e em todas as oportunidades, à publicidade e motivação das decisões, ressalvadas as exceções legais, de ser julgado perante o juízo competente, ao duplo grau de jurisdição, à revisão criminal e à imunidade das decisões favoráveis transitadas em julgado (CAPEZ, 2008, p. 33). O principio do devido processo legal deve ser obedecido não apenas no processo civil

e criminal, mas também em procedimentos administrativos, inclusive militar sendo este principio estabelecido na Constituição federal (CAPEZ, 2008, p. 33). Sem o devido processo legal, não pode haver contraditório não sendo admissível coletar provas por meio ilícitos é uma garantia fundamental do processo que está entendido no devido processo legal (RANGEL, 2010, p. 5). Sendo que o devido processo legal é o principio administrador de toda a estrutura jurídica processual, sendo que todos os outros princípios derivam dele. Então podemos entender que o Estado sendo ele o titular do ius puniendi, tendo por realidade, o dever de punir, mas sempre deve preservar a liberdade do individuo do instrumento de tutela sendo o interesse do processo penal segundo o principio do devido processo legal (RANGEL, 2010, p. 6). 3. ANÁLISE DO ART. 156 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. O art. 156 do Código de Processo penal foi alterado pela lei nº 11.690, de 11.08.2008, lei esta que inseriu o inciso I ao presente artigo. Art. 156 do Código de processo Penal estabelece que: ART. 156 A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém,facultado ao juiz de ofício: I - ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida; II - determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. (BRASIL, Decreto-Lei n.º 11.690, de 09-06-2008). Como se nota neste dispositivo legal do código de Processo Penal, o magistrado deixa de ser imparcial, no momento em que passa a buscar provas. Entende-se no Processo Penal que o ônus da prova é sempre da acusação em razão do princípio da presunção da inocência. Por isso o ônus da prova cabe a quem alega, havendo duvida sob ponto relevante, isto será suficiente para absolver, cumprindo o principio do in dubio pro reo. Porem a dúvida autoriza a absolvição. Para que possa pedir a produção de provas deve ser demonstrado o motivo e urgência o ônus de requerer deve ser da acusação e não do juiz (LOPES JÚNIOR, 2010, p. 521). O Juiz não deve ser investigador ou instrutor, mas deve ser controlador da legalidade e garantidor do respeito aos direitos fundamentais do sujeito passivo. Segundo Aury Lopes, o juiz, no processo penal brasileiro, deve - se manter afastado da investigação preliminar, mantendo papel de garantidor, e com o controle formal do processo. Este episódio garante o cumprimento do princípio da imparcialidade (LOPES JÚNIOR, 2010, p. 262). A possibilidade de o juiz colher prova de ofício, isto pode ferir os princípios fundamentais, sendo eles o contraditório, o devido processo legal e a imparcialidade do julgador (LOPES JÚNIOR, 2010, p. 190). Com a reforma trazida pela Lei 11.690/2008 que atribui ao juiz de oficio: ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida. (LOPES JÚNIOR, 2010, p. 262). Para Aury Lopes, não haveria nenhum problema desde que o juiz não atue como julgador e mediante prévia e fundamentada invocação do Ministério Público, e não como simples juiz inquisidor produzindo sua própria prova (LOPES JÚNIOR, 2010, p. 262). Um dos grandes problemas do juiz com poderes é a situação de imparcialidade

do julgador sendo tratados no art. 156 do Código de Processo Penal, assim gerando uma imparcialidade pera os comprometidos com o processo. Este artigo pode encontrar o sistema inquisitório, nele pode se encontrar desigualdade (LOPES JÚNIOR, 2010, p. 133). 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS No decorrer do trabalho foi analisada 6 (seis) Jurisprudências, na qual apenas uma delas foi desprovida, sendo está que se trata do artigo 156 do Código de Processo Penal, a defesa buscava a reforma da sentença porque o juiz buscou provas por iniciativa própria, assim agindo de cunho probatório, por tratar-se de fato diverso e violar o princípio constitucional da imparcialidade do juiz. E assim requerendo a absolvição do réu com base no princípio do in dubio pro reo. O magistrado deixa de dar-lhe provimento por entender que tinha prova suficiente para condenar o réu e com relação à juntada de cópias do processo de tentativa de homicídio, determinada pelo magistrado, não se verifica qualquer irregularidade, haja vista o permissivo legal estampado no art. 156 do Código de Processo Penal, assim o magistrado entende que, somente devem ser desentranhadas dos autos as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais na qual não acontecendo. Sendo que as outras 5 (cinco) jurisprudências restantes que tratam do Principio do Promotor Natural, Principio do Juiz Natural, Principio de Presunção de Inocência, Principio da Verdade Real e Principio do Devido Processo legal foram todas providas por se entender que a sentença estava de afronta aos princípios Constitucionais. Como podemos concluir, o nosso sistema processual penal regrediu historicamente quando deu liberdade ao juiz para buscar provas no artigo 156 do Código de Processo Penal, regredindo parcialmente para o sistema inquisitório que serve apenas para países autoritários que não se importam com as garantias individuas de cada cidadão. Por esta razão, é de suma importância que os princípios que norteiam a Constituição prevaleçam. Para que o poder não fique nas mãos de apenas uma pessoa, sendo assim as provas devem ser mantidas nas mãos das partes. O juiz deve ser o máximo possível imparcial, o que não acontece quando o juiz tem a função de acusar e julgar. Sendo assim, é notável que o processo penal necessite do principio acusatório. REFERÊNCIAS ANDRADE, Vera Regina Pereira de. A ilusão de segurança jurídica: do controle da violência a violência do controle penal. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1997. BADARÓ, Gustavo Henrique Righi Ivahy. Ônus da prova no processo penal. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2003. CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 17. Ed. São Paulo: Saraiva, 2010. COUTINHO, Jacinto Nelson de Miranda. O papel do novo juiz no processo penal. In: COUTINHO, Jacinto Nelson de Miranda (org.). Crítica à teoria geral do direito processual penal. Rio de Janeiro: Renovar, 2001. DEMERCIAN, Pedro Henrique; MALULY, Jorge Assaf. Curso de Processo Penal.

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