O RESGATE DA PSICOMOTRICIDADE FUNCIONAL ATRAVÉS DE ATIVIDADES PARA A INTELIGÊNCIA CINESTÉSICO-CORPORAL COM CRIANÇAS DE 8 A 10 ANOS Renata F. P. T. Medeiros (Docente do Unisalesiano Lins SP remedto@msn.com); Letícia Gomes da Silva (Discente do Unisalesiano Lins SP llelepaty@hotmail.com); Fabiana Boyanoski Mura (Discente do Unisalesiano Lins SP boyanoski@yahoo.com.br); RESUMO A pesquisa refere-se a um trabalho de conclusão de curso que visa a atuação de Terapia Ocupacional com 8 crianças na faixa etária de 8 a 10 anos, de ambos os sexos com déficits psicomotores caracterizados por dificuldades na coordenação motora fina e óculo-manual, coordenação motora global, lateralidade, orientação temporal e espacial, equilíbrio estático e dinâmico, esquema corporal e percepções, comprovados através da avaliação da Adaptação do Exame Motor de G. B. Soubiran. A intervenção baseou-se nas atividades referentes a Inteligência Cinestésico-Corporal descrita por Gardner como a inteligência dos atletas, sendo a habilidade de solucionar problemas ou de elaborar produtos utilizando o corpo inteiro, ou parte dele. Após avaliação e intervenção, realizou-se as reavaliações onde constatou-se significante melhora em 6 casos, onde 2 foram excluídos conforme proposta de pesquisa. Palavras-chave: Psicomotricidade; Inteligências Cinestésico-Corporal; Terapia Ocupacional. INTRODUÇÃO A Terapia Ocupacional trabalha com crianças que apresentam déficits psicomotores. A intervenção se faz necessária e essencial para auxiliar o processo de aprendizagem. Esta pesquisa vem mostrar o resultado da intervenção em crianças com déficits psicomotores, utilizando de atividades para desenvolver a Inteligência Cinestésico-Corporal. DESENVOLVIMENTO: José; Coelho (1997, p.108) define psicomotricidade como a educação do movimento com atuação sobre o intelecto, numa relação entre pensamento e ação, englobando funções neurofisiológicas e psíquicas. Psicomotricidade é uma ciência que tem por objetivo o estudo da relação entre o pensamento e a ação, envolvendo a emoção, atende a todas as áreas que trabalham com o corpo e com a mente do ser humano, assim como a psicologia (ALVES, 2004, p.52). Barreto (2000) acredita que um desenvolvimento psicomotor adequado favorece e é favorecido pelos seguintes itens: tônus, percepção, postura, expressividade, dominância lateral, orientação espaço-temporal, bom ritmo, boa tonicidade, boa coordenação geral, boa coordenação fina e refinada, boa estruturação do esquema corporal e da imagem corporal. Para Bueno (1998) a coordenação motora global apresenta-se sob dois aspectos: coordenação estática que acontece em repouso e é resultado do equilíbrio dos grupos musculares antagonistas e a coordenação dinâmica que é a ação simultânea de diferentes grupos musculares. Oliveira (1997) define a coordenação
motora fina como a habilidade e destreza manual e constitui um aspecto particular da coordenação global. É através da preensão que a criança vai descobrindo, pouco a pouco, os objetos de seu meio ambiente. Nicola (2004) define postura como a posição do corpo, sua atitude e seu aspecto físico e este deverá ser observado em todos os momentos. Costallat (apud BUENO, 1998) divide o tônus em muscular, afetivo e mental. O muscular refere-se ao movimento executado, o afetivo diz respeito ao estado de espírito e o mental à capacidade de atenção naquele determinado momento. A ação motora é constantemente influenciada pelo comportamento humano, sendo variável para cada indivíduo conforme as estimulações e limitações do meio. Para Rosa Neto (2002) o equilíbrio é essencial a toda ação diferenciada das partes do corpo humano. Durante o movimento o tônus postural ajusta-se para compensar o deslocamento do peso do corpo de uma perna a outra e para assegurar o equilíbrio de todo o corpo. Para Nicola (2004) o equilíbrio dinâmico é relativo ao movimento, estando relacionado ao equilíbrio das forças ou organismos em atividade. O equilíbrio estático é descrito por Filho (apud SAVOLDI, 2005), como sendo pelo equilíbrio do organismo humano, na posição parada, em uma situação que não cause dano às estruturas anatômicas responsáveis por tal posição. Segundo Oliveira (1997) o corpo é uma forma de expressão da individualidade. É através dele que se estabelece contato com as entidades do mundo, que compreendem os outros. O corpo deve ser entendido não somente como algo biológico e orgânico que possibilita a visão, a audição, o movimento, mas Segundo Drouet (1997) lateralidade é definida como a capacidade de integrar a relação sensório-motora com o ambiente. O conhecimento da lateralidade na orientação do corpo facilita a integração sensório-motora e auxilia a aprendizagem. Também um lugar que permite expressar emoções e estados interiores. A dominância lateral se desenvolve na criança, segundo De Meur; Staes (1984), naturalmente, onde será mais forte e ágil do lado direito ou do lado esquerdo. Segundo Mattos; Neira (2003) o relaxamento é a habilidade que o músculo possui de se contrair voluntariamente, ou seja, quando a criança contrai os músculos de que realmente precisa na realização de determinado movimento, ou descontrai quando não os necessita, significa que possui uma absoluta consciência do que é relaxamento. Para Oliveira (1997) é através do espaço e das relações espaciais que o indivíduo se situa na sociedade, relaciona as coisas, observa, compara e combina os objetos/imagens, vendo semelhanças e diferenças. Drouet (1997) define organização temporal como a habilidade de reconhecer intervalos de tempo e de dominar os conceitos de tempo. A criança deverá explorar as relações de tempo, para então desenvolver a combinação dos movimentos. Para Drouet (1997) ritmo refere-se à habilidade de manutenção do equilíbrio e de movimentar-se com ritmo, coordenando movimentos amplos e finos. Estas atividades são fundamentais para agilidade dos movimentos. Barbanti (1994) define percepção como o processo pelo qual o indivíduo se torna consciente dos objetos e suas relações no mundo circundante e, essa consciência depende dos processos sensoriais. Segundo Barreto (2000) a percepção é o processo que dá sentido às sensações comparandoas, associando-as, distinguindo-as, precisando-as e interpretando-as. Nunca se recebe as sensações separadas entre si, e sim uma complexa combinação entre todas as sensações como olfativa, visuais e outras. A Teoria das Inteligências Múltiplas foi desenvolvida em 1985 pelo psicólogo Howard Gardner como forma de substituir a idéia de QI e da visão unitária de inteligência. Gardner (1995, p.14) define a inteligência como a capacidade de resolver problemas ou de elaborar produtos que sejam valorizados em um ou mais ambientes culturais ou 2
3 comunitários, enfatizando desta forma, a capacidade de resolver problemas e de elaborar produtos. Gardner (apud ANTUNES, 2005) acredita que existem oito áreas presentes no ser humano, que revelam a presença de oito pontos diferentes no seu cérebro onde se abrigam as diferentes inteligências. Essas oito áreas representam as inteligências denominadas por ele de inteligências múltiplas. Elas são classificadas como inteligência lingüística ou verbal, lógico-matemática, espacial, musical, cinestésico-corporal, naturalista e a pessoal que são a intrapessoal e a interpessoal. Para Gama (1993) a Inteligência Cinestésico-Corporal refere-se à capacidade de solucionar problemas ou criar produtos através da utilização de parte ou de todo o corpo. É considerada a habilidade de usar a coordenação grossa e/ou fina nos esportes, artes cênicas ou plásticas no controle dos movimentos do corpo e na manipulação de objetos com destreza. A Inteligência Cinestésico-Corporal revelase através da habilidade de resolver problemas ou elaborar produtos, utilizando o corpo e seus movimentos, de forma diferente e hábil para propósitos expressivos. De acordo com Antunes (2003, p.25) é a inteligência do movimento, e está ligada a capacidade de controlar os movimentos do corpo e manipular os objetos com destreza. O estímulo a essa inteligência pode privilegiar dois campos que se complementam: a sensibilidade ampla, ligada à força, equilíbrio, destreza e outras manifestações do corpo todo, ou a sensibilidade fina, ligada a tato, paladar, olfato, visão, atenção e outros componentes. Seu estímulo ensina a pessoa a ver e não apenas a olhar. De acordo com Antunes (2006, p. 21) a Inteligência Cinestésico- Corporal é a única cujo aprimoramento implica em qualidade de vida. OBJETIVO: verificar possíveis melhora em crianças com déficits psicomotores, através da aplicabilidade da Inteligência Cinestésico-Corporal, evidenciados após a avaliação especifica, onde foram selecionadas 8 crianças de ambos os sexos, na faixa etária de 8 a 10 anos, cursando o ensino fundamental da escola EE.Prof Décia Lourdes Machado do Santos da Rede Pública. MATERIAL: foi utilizado como instrumento a Adaptação do Exame Motor de G. B. Soubiran, através do qual evidenciou-se os déficits psicomotores e foram selecionadas atividades direcionadas através da Inteligência Cinestésico-Corporal como meio de intervenção. Os atendimentos foram realizados de forma grupal, 2 vezes por semana de aproximadamente 50 minutos, entre março/2007 a setembro/2007. RESULTADOS: após 7 meses de intervenção a reavaliação apontou melhora significante dos casos enfocados onde 2 foram excluídos da amostra, um por ter apresentado melhora acima da média e um por ter apresentado melhora inferior a média. Caso 1 57,58%, caso 2 50%, caso 3 73,68%, caso 4 23,66%, caso 5 42,11%, caso 6 42,11%, caso 7 36,80%, caso 8 47,37%, onde os casos 3 e 4 foram descartados. CONCLUSÃO: assim acredita-se que o método de Soubiran e a técnica da Inteligência Cinestésico- Corporal utilizada nesta pesquisa, foram adequadas para o processo de crianças que apresentar déficits psicomotor significantes, mediante os satisfatórios resultados obtidos dos casos. REFERÊNCIAS: ANTUNES, C. Sala de aula de geografia e de história: inteligências múltiplas significados no dia a dia. Campinas: Papirus, 2003. ANTUNES, C. Inteligências múltiplas e seus jogos: inteligência cinestésicocorporal. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2006.
4 ALVES, F. Como aplicar a psicomotricidade: uma atividade multidisciplinar com amor e união. Rio de Janeiro: Wak, 2004. BARBANTI, V. J. Dicionário de educação física e do esporte. São Paulo: Manole, 1994. BARRETO, S. J. Psicomotricidade: educação e reeducação. 2. ed. Blumenau: Acadêmica, 2000. BUENO, J. M. Psicomotricidade teoria e prática: estimulação, educação e reeducação psicomotora com atividades aquáticas. São Paulo: Lovise, 1998. DE MEUR, A.; STAES, L. Psicomotricidade: educação e reeducação. São Paulo: Manole, 1984. DROUET, R. C. R. Distúrbios da aprendizagem. 3. ed. São Paulo: Àtica, 1997. GAMA, M. C. S. Temas sobre desenvolvimento. A teoria das inteligências múltiplas e suas implicações para educação.são Paulo, v. 3, n.14, set/out 1993. GARDNER, H. Inteligências Múltiplas. Porto Alegre: Artes Médicas. 1995. JOSÉ, E. A.; COELHO, M. T. Problemas de aprendizagem. São Paulo: Àtica, 1997. MATTOS, M. G.; NEIRA, M. G. Educação física infantil: construindo o movimento na escola. 4. ed. Guarulhos: Pharte, 2003. NICOLA, M. Psicomotricidade: manual básico. Rio de Janeiro: Revinter, 2004. OLIVEIRA, G. C. Psicomotricidade: educação e reeducação num enfoque psicopedagógico. Petrópolis: Vozes, 1997. ROSA NETO, F. Manual de avaliação motora. Porto Alegre: Artmed, 2002. SAVOLDI, A. M. Avaliação da propriocepção no equilíbrio de indivíduos submetidos à reconstrução de ligamento cruzado anterior através do método de posturografica dinâmica. 2005. Monografia (Graduação em fisioterapia) Universidade do Oeste Paulista, Presidente Prudente.
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