ACÓRDÃO Registro: 2015.0000777614 Vistos, relatados e discutidos estes autos de Habeas Corpus nº 2149077-30.2015.8.26.0000, da Comarca de São Paulo, em que é paciente LUCAS APARECIDO VIEIRA CAVALLARI e Impetrante DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO, é impetrado MM. JUIZ DE DIREITO DO DIPO 4.2.1. ACORDAM, em 16ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Denegaram a ordem. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores GUILHERME DE SOUZA NUCCI (Presidente), LEME GARCIA E BORGES PEREIRA. São Paulo, 20 de outubro de 2015. Guilherme de Souza Nucci RELATOR Assinatura Eletrônica
Habeas Corpus nº 2149077-30.2015.8.26.0000 Comarca: São Paulo Impetrantes: URBANO FINGER NETO Paciente: Lucas Aparecido Vieira Cavallari VOTO Nº 11.617 Habeas Corpus. Furto. Pleito objetivando a liberdade provisória e a expedição de alvará de soltura. Alegada ausência das circunstâncias previstas no art. 312, do CPP. Impossibilidade. Efetiva presença dos requisitos da custódia cautelar. Reiteração delitiva. Maus antecedentes. Necessidade de manutenção da prisão preventiva. Ordem denegada. Trata-se de Habeas Corpus, com pedido liminar, impetrado em favor de LUCAS APARECIDO VIEIRA CAVALLARI, contra ato do MM. Juíz de Direito, Dr. Cláudio Juliano Filho, do Foro Central Criminal da Barra Funda, Comarca de São Paulo, sob a alegação de o paciente sofrer constrangimento ilegal, consistente na manutenção da prisão cautelar. Sustenta o impetrante, em síntese, a ilegalidade da decisão coatora, que manteve a prisão cautelar do paciente, entendendo ausentes os requisitos autorizadores da prisão preventiva, nos termos do artigo 312 do Código de Processo Penal. Postula, destarte, a concessão da liminar, com a imediata expedição de alvará de soltura em favor do ora paciente. A liminar foi indeferida (fls. 50/52). Habeas Corpus nº 2149077-30.2015.8.26.0000 2
Por meio de ofício datado de 28 de agosto de 2015, a autoridade impetrada prestou as informações de estilo (fls. 55/56). Em seu parecer, a Procuradoria Geral de Justiça opinou pela denegação da ordem (fls. 58/63). É o relatório. Processado o presente writ, a ordem deve ser denegada. Conforme peças carreadas aos autos (fls. 34/38), possível depreender que o paciente foi preso no dia 30 de junho p.p. pela suposta prática do crime de furto qualificado, por incurso no artigo 155, 4º, inciso III, do Código Penal, acusado de ter subtraído, da empresa Transportes Baby Mudanças Ltda ME, o caminhão marca/modelo VW/13.180, placa NSG 2056, cor branca, com emprego de chave falsa. Ao analisar o caso, o magistrado a quo decretou a prisão cautelar do paciente (fls. 21/22), acertadamente, pela garantia da ordem pública, para garantir a instrução processual, para aplicação da lei penal, bem como pelo fato de o paciente possuir maus antecedentes criminais. Nesse diapasão, no caso em tela, apurou-se, após consulta ao sistema informatizado deste E. Tribunal, a presença de anotação, na folha de antecedentes do paciente, pelo crime de tentativa de furto qualificado e furto qualificado, acentuando, em princípio, salutar a manutenção de sua custódia cautelar. Nem se olvide que a reiteração na prática criminosa é motivo suficiente para constituir gravame à ordem pública, Habeas Corpus nº 2149077-30.2015.8.26.0000 3
ustificador da decretação da prisão preventiva 1. Com efeito, a reiteração delitiva sinaliza à presença de periculosidade pelo paciente, em princípio, adversário ao convívio social e, por conseguinte, temerária à garantia da ordem pública. Assim vimos defendemos: Outro fato responsável pela repercussão social que a prática de um crime adquire é a periculosidade (probabilidade de tornar a cometer delitos) demonstrada pelo réu e apurada pela análise de seus antecedentes e pela maneira de execução do crime. Assim, é indiscutível que pode ser decretada a prisão preventiva daquele que ostenta, por exemplo, péssimos antecedentes, associando a isso a crueldade particular com que executou o crime 2 Ademais, vale ressaltar, tenho sustentado, para fins processuais penais, possível o reconhecimento de maus antecedentes mesmo sem que haja o trânsito em julgado de sentença condenatória. Afinal, para decretar uma medida cautelar, como a prisão preventiva que não é antecipação de pena, é curial analisar se o réu o perigoso à sociedade, de modo a permanecer detido durante o processo. Uma pessoa acusada de roubo, que tenha outros processos em andamento pelo mesmo fato, não deve ficar em liberdade, colocando ainda mais em risco a ordem 1 NUCCI, Guilherme de Souza, Código de Processo Penal Comentado, Forense, 13ª Ed, nota 16 art. 312. 2 NUCCI, Guilherme de Souza, Código de Processo Penal Comentado, Forense, 13ª Ed, nota 11 art. 312. Habeas Corpus nº 2149077-30.2015.8.26.0000 4
ública 3. Nessa esteira segue o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, in verbis: RECURSO ORDINÁRIO DE HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA. VEDAÇÃO DO DIREITO DE RECORRER EM LIBERDADE. FIXAÇÃO DO REGIME INICIAL SEMIABERTO. COMPATIBILIDADE. PRECEDENTES DO STJ. RÉU QUE OSTENTA OUTRAS CONDENAÇÕES POR CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO. FUNDAMENTO IDÔNEO. ADAPTAÇÃO DA CUSTÓDIA CAUTELAR AO REGIME MENOS GRAVOSO. AUSÊNCIA DE PEDIDO DE EXECUÇÃO PROVISÓRIA. INEXISTÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. RECURSO NÃO PROVIDO. Na espécie, na folha de antecedentes do recorrente constam três condenações não definitivas por outros crimes contra o patrimônio, além de outras duas ações penais em andamento por delitos da mesma natureza, circunstância suficiente para vedar o direito de o réu recorrer em liberdade, consoante os termos da sentença condenatória. (RHC 46.604/MG, 6ª Turma, rel. Rogerio Schietti Cruz, 05/06/2014 grifo nosso) 3 NUCCI, Guilherme de Souza, Código Penal Comentado, 11ª Ed., RT, p. 426 Habeas Corpus nº 2149077-30.2015.8.26.0000 5
De tal sorte, in casu, considerando as condições pessoais do paciente, cuja folha de antecedentes registra a presença de outros feitos criminais, não enseja dúvida quanto à presença dos requisitos autorizadores da manutenção de sua prisão cautelar, restando escorreita a decisão a quo. Ante o exposto, pelo meu voto, denego a ordem impetrada mantendo a prisão cautelar do paciente LUCAS APARECIDO VIEIRA CAVALLARI, consoante decidiu o magistrado a quo. GUILHERME DE SOUZA NUCCI Relator Habeas Corpus nº 2149077-30.2015.8.26.0000 6