GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA NA MATERNIDADE NOSSA SENHORA DE LOURDES: CARACTERÍSTICAS DAS PARTURIENTES E DOS RECÉM-NASCIDOS EM 2005

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Transcrição:

GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA NA MATERNIDADE NOSSA SENHORA DE LOURDES: CARACTERÍSTICAS DAS PARTURIENTES E DOS RECÉM-NASCIDOS EM 2005 GRAZIELA OLÍVIA DA SILVA FERNANDES, MARIA RAQUEL RAMOS LEÃO, ALMERITA RIZÉRIO BORGES, JOAQUIM DAVID CARNEIRO NETO Resumo: este artigo teve como objetivo descrever, retrospectivamente, a prevalência de gestação na adolescência nas pacientes atendidas na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes no ano 2005, assim como, caracterizar o perfil das parturientes adolescentes e dos seus recém-nascidos. Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo do tipo transversal, sendo os dados retirados do livro de registro do berçário daquela maternidade. Conclui-se que a prevalência de gravidez na adolescência na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes foi elevada. A maioria das parturientes adolescentes foram primíparas, a maioria dos recém-nascidos nasceram a termo, com peso adequado. Palavras-chave: gestação, adolescência, Maternidade Nossa Senhora de Lourdes Aadolescência é um período caracterizado por um complexo processo de desenvolvimento biológico, psicológico e social (GAMA; SZWARCWALD; LEAL, 2002). Nesta etapa da vida, representada pela transição da infância para idade adulta, ocorre uma perda da identidade infantil e uma busca da identidade adulta (GOLDENBERG; FIGUEIREDO, SOUZA E SILVA, 2005). 967

968 Sabe-se que essa transição é um processo lento. Entretanto, se uma adolescente engravida, esta fase é transposta aos saltos, quando ela ainda está se adaptando as transformações que estão ocorrendo em seu corpo (SOUZA et al., 2001). No Brasil, as taxas de fecundidade neste grupo etário vêm crescendo nos últimos anos, especialmente nas camadas mais pobres da população (GAMA; SZWARCWALD; LEAL, 2002). Segundo dado do Ministério da Saúde, estima-se que dois terços das mulheres que dão à luz no Brasil tenham idade entre 10 e 19 anos (AQUINO et al., 2003). A maternidade precoce representa riscos tanto para a adolescente gestante como para o concepto. Todos os anos, no mundo, pelo menos 60 mil adolescentes morrem em decorrência de complicações na gravidez e no parto. Além disso, recém-nascidos de mães jovens são mais propensos a apresentarem baixo peso ao nascer e prematuridade (AQUINO-CUNHA et al., 2002; YAZLLE et al., 2002). O baixo peso ao nascer é o mais importante fator associado à maturidade e à morbidade perinatais, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) quando se avalia o desfecho de uma gravidez (GOLDENBERG; FIGUEIREDO; SOUZA E SIL- VA, 2005). Segue em importância a prematuridade, na medida em que pode predispor os problemas imediatos ao nascimento ou tardios, tais como hipóxia, síndrome da membrana hialina, toco traumatismos, hemorragias intracranianas, infecções, hipoglicemia e atraso do desenvolvimento neuropsicomotor futuro (GOLDENBERG; FIGUEIREDO, SOUZA E SILVA, 2005 ). O Apgar no quinto minuto, referindo o estado de oxigenação do recém-nascido no período ante e intra-parto, é considerado um grande preditor da avaliação do bem-estar e do prognóstico inicial do recém-nascido, sinalizando para um bom estado dele a partir de valores acima de 7 (GOLDENBERG; FIGUEIREDO; SOUZA E SILVA, 2005). Além disso, entre os inúmeros danos relacionados à gestação, é apontada também a maior exposição ao abortamento entre grávidas adolescentes (MAIA et al., 2004). Enfim, a gestação na adolescência representa um desafio para os profissionais de saúde, educadores, governo e sociedade em

geral, podendo levar a importantes conseqüências sociais, emocionais e físicas, que se entrelaçam num todo indissociável (GO- MES; FONSECA; VEIGA, 2002). OBJETIVOS Este artigo teve como objetivo descrever, retrospectivamente, a prevalência de gestação na adolescência nas pacientes atendidas na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, de janeiro a dezembro de 2005, assim como caracterizar o perfil das parturientes adolescentes, segundo a faixa etária, o percentual de primigestas e o número de abortamentos prévios. Descrevem-se ainda as condições dos nascidos vivos, relativas ao sexo, idade gestacional, peso ao nascer, Apgar no quinto minuto, estatura, perímetro cefálico e torácico, a via de parto e a presença ou não de líquido meconial. METODOLOGIA Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo do tipo transversal, que foi realizado na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (MNSL), uma instituição pública que serve de campo de estágio para diversos cursos de nível superior e médio e possui um banco de leite humano, sendo considerada pelo Unicef um Hospital Amigo da Criança, e localizada na cidade de Goiânia, estado de Goiás, relativo ao período de 1º de janeiro de 2005 a 31 dezembro de 2005. O presente levantamento envolveu o dimensionamento do número de nascidos vivos, sendo os dados retirados do livro de registro do berçário, preenchido por estudantes de Medicina devidamente treinados e qualificados. Obedecendo aos critérios estabelecidos pela OMS, foram consideradas adolescentes as mães com idade entre 10 e 19 anos. Serão analisadas as variáveis disponíveis relacionadas à parturiente: faixa etária, percentual de primigestas e de abortamento. Referentes às condições dos nascidos vivos, foram avaliados sexo, idade gestacional, peso ao nascer, Apgar no 5º minuto, estatura, perímetro cefálico e torácico. Já em relação à via de parto, foram observados tipo de parto e presença de mecônio. 969

970 Em relação à variável idade gestacional, ela foi determinada pelo exame físico do recém-nascido (RN) através do método de Capurro somático. Os dados serão agrupados em RN prematuro (aquele com idade gestacional abaixo de 37 semanas), e não-prematuro (o que nascer a termo maior que 37 semanas). O peso ao nascer será classificado como sendo de baixo peso para os nascidos abaixo de 2.500g. No tocante ao Apgar no quinto minuto, foram consideradas as categorias: abaixo de 7 e igual ou superior a 7. Os tipos de parto foram classificados como cesárea e não-cesárea. Foram revisados artigos, revistas e periódicos médicos relacionados ao assunto. Os resultados obtidos no trabalho foram confrontados com a literatura, ressaltando os pontos em comum e divergentes. Do ponto de vista estatístico, utilizou-se o Epi-info, versão 6.0. Para as referências, foram adotadas as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas de agosto de 2002. RESULTADOS No ano de 2005, ocorreram 1.724 partos na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes. Destes, 20,06% (346) foram de adolescentes. A média de idade das partiturientes foi 17,52 ± 1,45 anos. Dentre as parturientes, 92,4% nunca sofreram abortamento, e 7% e 0,6% já sofreram um e dois abortamentos, respectivamente. A primiparidade foi encontrada em 73,3% das parturientes. A maioria dos recém-nascidos (99,1%) obteve Apgar acima ou igual a 7. Dentre os recém-nascidos, 29,4% nasceram pré-termos, 69,7% nasceram a termo e 0,9% nasceu pós-termo. Quanto ao sexo, 54% dos recém-nascidos foram do sexo feminino e 46%, masculino. Em relação ao peso, 10,3% foram recém-nascidos de baixo peso e 89,7% de peso normal. A média do peso dos recém-nascidos foi 3,178 ±1,61kg. Quanto à estatura, a média foi de 48,24 ± 2,31cm, sendo a mediana 48cm. Em relação ao perímetro cefálico e torácico, as médias foram, respectivamente, 33,76 ± 1,78cm e 32,51 ± 2,15cm.

Quando analisamos a via de parto, encontramos que 39% foram cesáreas e 61% parto não-cesárea. Dentre os partos, 17,6% apresentavam líquido amniótico meconial. DISCUSSÃO A gravidez na adolescência é um crescente problema de saúde pública em nosso meio. Segundo dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc), a prevalência de gravidez na adolescência, em Goiânia, no ano de 2005, foi de 17% (SMS-GO, 2005). Freqüência semelhante, 16,6%, foi encontrada no estudo de Yazlle et al. (2002). No nosso estudo, encontramos uma prevalência um pouco maior, 20,06%. Já no estudo de Magalhães (2005) e Simões et al. (2003), as prevalências encontradas foram maiores que a do presente estudo, 25,9% e 29,4%, respectivamente. Em relação à idade, a média encontrada em nosso estudo é semelhante à encontrada por Kassar et al. (2005), Magalhães (2005) e Aquino-Cunha et al. (2002). Kassar et al. (2005) encontraram 66,8% de primíparas entre as parturientes adolescentes. Esse valor é um pouco mais baixo que o encontrado no presente estudo. Magalhães (2005) e Maia et al. (2004) encontraram valores ainda mais elevados, 73% e 73,8%, respectivamente. Ao avaliar a prevalência de abortamento, foi encontrado percentual menor, quando comparado ao estudo de Magalhães (2005), 12,4%. Comparando-se com Aquino-Cunha et al. (2002), 5,3%, observamos que nossa prevalência foi maior (7,6%). Em relação aos recém-nascidos, encontramos um percentual maior de prematuros (29,4%) quando comparado aos estudos de Kassar et al. (2005), 11,6%, Gama et al. (2001), 7,3%, e Aquino- Cunha et al. (2002), 3,4%. Já em relação ao baixo peso, o percentual encontrado no nosso estudo foi menor (10,3%) que o encontrado nos estudos de Kassar et al. (2005), 15,6%, e Aquino- Cunha et al. (2002), 14,9%; porém, semelhante ao de Gama et al. (2001), 10,4%. A média do peso encontrada no presente estudo, 3,178 ± 1,61kg, foi semelhante à encontrada por Aquino- Cunha et al. (2002), 3,019 ± 0,583kg. 971

Quando avaliamos a presença de índice de Apagar <7 no quinto minuto, encontramos uma prevalência bem menor (0,9%) no nosso estudo quando comparado ao de Gama et al. (2001), 2,5%. Em relação à via de parto, o percentual encontrado de cesáreas (39%) foi um pouco mais alto que o encontrado no estudo de Kassar et al. (2005), 31,2%, Magalhães (2005), 31,34%, Aquino-Cunha et al. (2002), 30,3%, e no estudo de Simões et al. (2003), 23%. CONCLUSÃO Por meio desse levantamento de dados, concluímos que a prevalência de gravidez na adolescência na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes foi elevada. Na maioria das parturientes, as adolescentes foram primíparas e nunca sofreram abortamento. Quanto aos recém-nascidos, prevaleceu o sexo feminino e a maioria dos neonatos nasceu a termo, com peso adequado e com bom índice de Apgar. Finalmente, em relação à via de parto, a maioria foi parto nãocesárea e sem líquido amniótico meconial. 972 Referências AQUINO, E. M. L. et al. Adolescência e reprodução no Brasil: a heterogeneidade dos perfis sociais. Cad Saúde Pública, v. 19, p. 377-388, 2003. AQUINO-CUNHA, M. et al. Gestação na adolescência: relação com o baixo peso ao nascer. RBGO, v. 24, n.8, p. 513-519, 2002. GAMA, S.G. N. et al. Gravidez na adolescência e baixo peso ao nascer. Rev Saúde Pública, v. 35, n. 1, p. 74-80, 2001. GAMA, S. G. N.; SZWARCWALD, C. L.; LEAL, M. C. Experiência de gravidez na adolescência, fatores associados e resultados perinatais entre puérperas de baixa renda. Cad Saúde Pública, v. 18, n. 1, p. 153-161, 2002. GOLDENBERG, P.; FIGUEIREDO, M. C. T.; SOUZA E SILVA, R. Gravidez na adolescência, pré-natal e resultados perinatais em Montes Claros, Minas Gerais, Brasil. Cad Saúde Pública, v. 21, n. 4, p. 1077-1086, 2005. GOMES, R.; FONSECA, E. M. G. O.; VEIGA, A. J. M. O. A visão do pediatra acerca da gravidez na adolescência: um estudo bibliográfico. Rev Latino-am Enfermagem, v. 10, n. 3, p. 408-414, 2002. KASSAR, S. B. et al. Peso ao nascer de filhos de mães adolescentes. Rev Bras

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