ESTIMULAÇÃO PRECOCE DE PREMATUROS E COM BAIXO PESO VISANDO A ADEQUAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO MOTOR
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- Luís Wagner Belmonte
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1 ESTIMULAÇÃO PRECOCE DE PREMATUROS E COM BAIXO PESO VISANDO A ADEQUAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO MOTOR RESUMO A prematuridade associada ao baixo peso é considerada um fator determinante para uma maior imaturidade sistêmica do neonato, assim acarretando atrasos em seu desenvolvimento neuropsicomotor, predispondo à déficits relacionados a motricidade, linguagem, cognitivo e comportamento, especialmente quando se trata de uma população carente social e economicamente. O presente estudo preconiza-se por meio da avaliação periódica e instrução adequada aos pais ou cuidador para prática de atividades essenciais aos déficits apresentados pelo prematuro e conseqüentemente promover a adequação de seu desenvolvimento motor. Por meio de análise experimental foram estudos 8 prematuros em 4 grupos distintos, levando em consideração critérios como a idade gestacional e corrigida, sexo, tipo de gestação e tempo de intervenção, sendo utilizada a Escala Motora Infantil de Alberta (AIMS) como parâmetro comparativo entre o grupo de intervenção e o controle, nos quatro grupos houveram resultados significativos em relação à prática da estimulação precoce se comparado com o grupo controle, onde do primeiro ao quarto grupo obteve-se uma diferença em seu escore de 65, 45, 12,5 e 27,5 pontos respectivamente. O objetivo do estudo foi demonstrar a importância da estimulação precoce no pré-termo por meio da interação com o pai e ou cuidador. Palavras-chave: Prematuridade, Baixo Peso, Desenvolvimento Motor, Estimulação. INTRODUÇÃO A prematuridade como causa de mortalidade infantil tem sido estudada em diferentes países, e os estudos constatam serem condições multifatoriais levam um bebê à nascer prematuro, especialmente as relacionadas ao aparelho genital feminino, alterações placentárias (placenta prévia e descolamento prematuro) e excesso de líquido amniótico. Outros fatores incluem: a idade materna (maior incidência em mães mais jovens), infecções maternas, primiparidade (mais freqüente no primeiro filho). Porém, na maioria dos casos, a causa é desconhecida. (Ramos & Cuman, 2009) Segundo o Sistema de Informações de Nascidos Vivos (SINASC) a prevalência de prematuridade no Brasil foi de 5% em 1994, 5,4% em 1998, 5,6% em 2000 e 6,5% em (Silveira et al, 2008) O nascimento do pré-termo acarreta uma imaturidade geral podendo levar à disfunção em qualquer órgão ou sistema corporal, e o neonato prematuro também pode sofrer comprometimentos ou intercorrências ao longo do seu desenvolvimento. Contudo sabe-se que o prognóstico de tais neonatos depende da complexa interação de fatores biológicos e ambientais atuantes num cérebro imaturo e vulnerável. (Ramos & Cuman, 2009)
2 Sabe-se que o desenvolvimento do Sistema Nervoso Central (SNC) tem início na terceira semana de vida do feto e continua durante todo o desenvolvimento pré-natal. O período mais crítico do desenvolvimento do SNC é o primeiro ano de vida pós-natal, quando o cérebro do neonato se desenvolve de um quarto para a metade do tamanho do encéfalo de um adulto. Entende-se então para que ocorra uma maior interação entre a família e o recém-nascido, promova-se uma adequação mais efetiva de seu desenvolvimento, sendo importante a adoção da estimulação precoce, pois esta é uma medida de processos preventivos e terapêuticos trazendo à criança maior interação com o meio em sua primeira infância. (Martins & Moser, 1996) Deve-se entender que a somatória entre a aceitação e compreensão da família para com a prematuridade, o apoio afetivo, o ambiente rico e variado de estímulos adequados à etapa evolutiva, e a participação efetiva da família, são essenciais ao desenvolvimento. (Navajas & Caniato, 2003) O objetivo deste trabalho foi demonstrar a importância da estimulação precoce no pré-termo por meio da interação com o pai e ou cuidador, proporcionando a melhora do desenvolvimento motor e evitando o surgimento de futuras intercorrências. METODOLOGIA O presente trabalho é caracterizado como um estudo de natureza experimental, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Norte do Paraná UENP segundo resolução 196/96 CNS/MS, onde por meio de um convênio com as Secretárias Municipais de Saúde, dos municípios de Andirá, Cambará, Carlópolis, Jacarezinho, Ribeirão Claro e Santo Antonio da Platina no estado do Paraná foram coletados os nomes dos possíveis pré-termos e de baixo peso ao nascimento. Após tal procedimento foi a apresentado ao cuidador e responsável pela criança um termo de consentimento livre e esclarecido, abordando os aspectos gerais e específicos do referido estudo. Posteriormente foi realizada uma avaliação fisioterapêutica pediátrica em sua residência ou creche (se permanecer maior parte do dia), dividida em duas fases, avaliação teórica e prática. O método de avaliação utilizado para a análise do desenvolvimento motor foi por meio da Escala Motora Infantil de Alberta, onde são avaliados os prétermos nas posições de prono, supino, sentado e em pé, totalizando 58 posturas, assim com a obtenção de um escore e a sua relação com a idade corrigida. Após toda a avaliação foram prescritos exercícios relacionados ao desenvolvimento motor contidos em uma cartilha elaborada pelo programa para os pais e/ou cuidadores conforme o déficit resultante da avaliação empregada. Foram incluídas no referido estudo pré-termos que apresentassem a mesma idade gestacional e corrigida, sexo, tipo de gestação e que a atuação sobre o grupo de intervenção fosse de no mínimo dois meses, reduzindo assim uma população de 50 premautros para uma amostra de 8 neonatos. Por fim os dados coletados referentes ao estudo foram organizados e tabulados em forma de gráficos no programa Microsoft Office Excel 2007, comparado o grau de evolução de prematuros de um grupo amostral de 8 prétermos, sendo 4 sofreram intervenção fisioterapêutica com outros 4 prematuros de
3 mesma idade gestacional que não participaram das atividades propostas pelo programa. RESULTADOS Após a realizações das avaliações e reavaliações e orientação sobre a adequada estimulação precoce ao pré-termo, foram coletados os seguintes dados e por meio da comparação entre 4 grupos distintos demonstrou efetividade na metodologia empregada, onde em todos os grupos demonstrados os resultados foram positivos, porém com uma variedade de escores obtidos entre os quatro grupos. Gráfico 1 Melhora do desenvolvimento motor em prematuros de 32 semanas de idade gestacional. O gráfico 1 demonstra o emprego do projeto em neonatos com 32 semanas de gestação onde no grupo de intervenção obteve-se 90% na AIMS representado pela coluna azul, enquanto o grupo controle com mesma idade corrigida apresentou 25% acarretando uma diferença de 65 pontos Intervenção Controle Diferença Intervenção Controle Diferença Gráfico 2 - Escala de Alberta em pré-termos de 33 semanas de idade gestacional. O gráfico 2 é resultante da comparação entre pré-termos de 33 semanas de idade gestacional no grupo de intervenção foi averiguado uma porcentagem de 50% representado pela primeira coluna, sendo que o grupo controle
4 apresentou 5% representado pela segunda coluna, promovendo uma diferença de 45 pontos demonstrado pela terceira coluna. Gráfico 3 Resultados obtidos em relação ao desenvolvimento motor em pré-termos de 34 semanas de idade gestacional. A demonstração do gráfico 3 aponta a intervenção em crianças com 34 semanas de idade gestacional onde o grupo representado pela primeira coluna obteve 50% na AIMS, já o grupo controle obteve um escore entre 25-50% resultando em uma média de 37,5% representado pela segunda coluna, efetivando uma diferença de 12,5 pontos entre as amostras Intervenção Controle Diferença Intervenção Controle Diferença Gráfico 4 Evolução de pré-termos por meio da Escala de Alberta em bebês com 36 semanas de idade gestacional No gráfico 4 está representa a atuação em um grupo com 36 semanas de idade gestacional onde o grupo de intervenção representado pela coluna azul obteve 90%, enquanto o grupo controle representado pela coluna vermelha com escore de 50-75%, resultando em um valor médio de 62,5%, demonstrando um diferença de 27,5 pontos apontados pela coluna verde. DISCUSSÃO Estudos apontam para dificuldades motoras relacionadas à prematuridade, indicam que falhas na coordenação motora fina, observada em grupos de crianças pré-termo, podem resultar em dificuldades no manejo de objetos
5 que exijam uma maior destreza manual, comprometendo tanto a escrita e o desempenho acadêmico, quanto à execução das atividades de vida diária. Outros estudos indicam que crianças que nascem com muito baixo peso são mais propensas a déficits visuais e de linguagem, sendo que, esses problemas, associados a dificuldades percepto-motoras, podem comprometer o desempenho escolar da criança. (Magalhães, et al, 2003). Mesmo o estudo demonstrando resultados positivos relacionados à estimulação precoce em pré-termos de baixo peso, o mesmo apresentou dificuldades em relação a um grupo amostral pequeno, pois para que houvesse uma comparação justa e coerente entre os prematuros era essencial que estes fossem da mesma idade gestacional, mesmo tipo de gestação (gêmeos, múltiplos ou não), idade corrigida e houvesse a menos dois meses de atuação sobre o grupo de intervenção. Não pode ser esquecido que os fatores socioeconômicos como ambientes empobrecidos e a condições, como a desnutrição e o estresse familiar, algumas vezes não estão relacionados diretamente a prematuridade, porém esses interferem no grau de instrução dos cuidadores e na maioria das oportunidades a falta de estímulo motores e sensoriais ao neonato e conseqüentemente agravando o seu atraso. Outro fator que se demonstra importante são as orientações e o acompanhamento dado aos pais pelos profissionais, evitando com isso o surgimento de futuras complicações trazendo assim maior tranqüilidade aos familiares e melhor qualidade no desenvolvimento do prematuro. A hipotonia dos extensores é outra característica importante no prematuro, tal característica evidencia desvantagem no equilíbrio estático com maior dificuldade de movimentação e coordenação motora global. (Magalhães, et al, 2003) Outro a aspecto de fundamental importância para a adequação do desenvolvimento motor é o constante controle de peso sobre os neonatos participantes do projeto, é notório que para um adequado desenvolvimento e crescimento, são necessárias a oferta adequada de nutrientes necessárias a atividade metabólica deste grupo, evitando assim atrasos cognitivos, neurológicos e menor propensão a internação hospitalar, reduzindo a taxa de morbidade e mortalidade e custo do sistema de público de saúde, já que os beneficiários do estudo dependem essencialmente do sistema público. CONSIDERAÇÕES FINAIS Sabemos que a prematuridade e o baixo ao nascimento predispõe a alteração no desenvolvimento motor de um sistema ainda imaturo, sendo assim destacamos a efetividade de uma abordagem específica com os pré-termos, assim como foi abordado neste estudo. Também torna-se necessário uma maior quantidade de estudos na área afim de um maior aprofundamento e reconhecido do tema, além da obtenção de um grupo amostral maior, afim de abordar quais as possíveis evoluções conforme a idade gestacional e o tempo de intervenção necessário.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS RAMOS, Helena A. C.; CUMAN, Roberto K. N.. Fatores de risco para prematuridade: pesquisa documental. Esc Anna Nery Rev Enferm 2009 abr-jun; 13 (2): NAVAJAS, Andréa F.; CANIATO, Francine.. Estimulação precoce/essencial: a interação família e bebê pré-termo (prematuro). Cad. de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenv. São Paulo, v. 3, n. 1, p , MANACERO, Sônia. Desempenho motor de prematuros durante o primeiro ano de vida na Escala Motora Infantil de Alberta (AIMS). Porto Alegre: PUCRS, RUGOLO, Lígia M. S. S.. Crescimento e desenvolvimento a longo prazo do prematuro extremo. Jornal de Pediatria - Vol. 81, Nº1(supl), Egewarth C, Pires F, Guardiola A. Avaliação da idade gestacional de recémnascidos pré-termo através do exame neurológico e das escalas neonatais e obstétricas. Arq Neuropsiquiatr 2002; 60: SILVEIRA, Mariângela F. et al. Aumento da prematuridade no Brasil: revisão de estudos de base populacional.rev Saúde Pública 2008;42(5): GAÍVA, M. A. M.; FERRIANI, M. G. C.. Prematuridade: vivências de crianças e familiares. Acta Paulista de Enfermagem, [S. l.], v. 14, n. 1, p , 2001.
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