O MELHORAMENTO GENÉTICO DAS LEGUMINOSAS PARA GRÃO EM PORTUGAL Isabel Duarte REUNIÃO GERAL DA INDÚSTRIA - Fontes de Proteína: Desafios, Oportunidades e Alternativas 14 ABRIL 2016
2 Flores papilionáceas; Produção na forma de vagens (1 ou mais sementes); Raízes aprumadas (papel importante na erosão do solo) Simbiose com a bactéria Rhizobium
Leguminosas cultivadas por causa dos seus grãos Colhidas após estádio de maturação São ricas em proteína (apresentam valores médios entre 17 e 30%) complemento da alimentação com cereais Ricas em hidratos de carbono, gordura e fibra 3
Distribuição dos solos de Portugal As leguminosas-grão são plantas com sistema radicular profundo o que lhes confere fácil adaptação a vários tipos de solos, desde arenosos até argilosos. As principais limitações do solo estão associadas à sua composição química, à capacidade de retenção de água e às condições de drenagem interna. 4 4
A distribuição irregular da precipitação ao longo dos anos, e em particular no Inverno e início da Primavera, torna bastante aleatória a produtividade das culturas em regime de sequeiro nas regiões sob influência de clima Mediterrânico. mm 1200 Irregularidade 1000 da distribuição anual 800 600 400 200 Decréscimo acentuado na precipitação anual 0 5 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020
As leguminosas para grão além de apresentarem um elevado teor proteico são culturas do tipo indeterminado que lhe confere a grande faculdade de crescer continuamente, com produção de flores e de vagens desde que as condições edafoclimáticas sejam favoráveis.
LG LG Condições desfavoráveis Condições produtivas Regadio Solos altamente produtivos Boa capacidade de armazenamento de água Limitações impostas pela fertilidade dos solos (solos ácidos, de rocha granítica, pobres e pouco profundos) Condições climáticas adversas Sistema MONTADO Despovoamento destas zonas rurais, assim como o elevado grau de envelhecimento 7 Agricultura empresarial competitiva Evitar o abandono, conservar o território e aumento da sustentabilidade da biodiversidade nos sistemas agrícolas
ESPÉCIES ALIMENTAÇÃO HUMANA Grão-de-bico, lentilha e feijão-frade
ESPÉCIES ALIMENTAÇÃO HUMANA Grão-de-bico, lentilha e feijão-frade ALIMENTAÇÃO ANIMAL Grão-de-bico, ervilha, fava, tremoço, 9 tremocilha, chícharo e Vicia sp
Programa de Melhoramento genético das Leguminosas-Grão (inicio em 1986) Ecofisiologia Vegetal Recursos Genéticos Manutenção e conservação das coleções Base de dados e informação Técnicas culturais Estudos de sistemas: Rotações Controlo de infestantes 10 Estudo da adaptação a diferentes factores abióticos: frio, calor e secura MELHORAMENTO GENÉTICO Inscrição e multiplicação de sementes Tecnologia da multiplicação de sementes Fitopatologia Estudo da tolerância / resistência a pragas e doenças Estudos de Qualidade Alimentação humana Alimentação animal Biologia Molecular Estudos de diversidade genética Identificação de marcadores ligados a genes de resistência
Passos do Programa de Melhoramento genético 1. Obtenção de variabilidade: hibridação, mutação, populações nacionais e internacionais, linhas em segregação de outros centros internacionais 2. Definição de objectivos: Adaptação das variedades: i. Tolerância aos stresses abióticos ii. Tolerância aos stresses bióticos Elevado rendimento Qualidade / fatores antinutricionais Resistência à Acama Peso de semente (alimentação humana) 11
3. Selecionar em função dos objectivos estabelecidos Caracterização fenológica das plantas Análise do desenvolvimento das plantas Componentes do rendimento Plantas mais tolerantes (aos stresses bióticos e abióticos) 4. Ensaios de estabilidade (2 a 3 anos) Apreciação da produtividade Regularidade de produção Estabilidade fenotípica 12
13 Esquema de seleção Populações segregantes A B A o o o o o o o o x o o o o x x x B o o o o o o o ensaios comparativos O plantas selecionadas X linhas eliminadas Variedades
Rendimento, kg/ha Para seleccionar a melhor linha em estudo é necessário interpretar os resultados fornecidos através da análise de regressão conjunta ANÁLISE DA INTERAÇÃO GENÓTIPO X AMBIENTE Índice que representa o máximo 14 potencial produtivo 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 Índice Ambiental, kg/ha
Através destes métodos estatísticos, da análise de regressão conjunta e do estudo da estabilidade de produção, verificou-se que qualquer espécie (LG) responde positivamente à melhoria do ambiente, isto é precipitação regular e temperatura máxima não muito elevada durante o periodo reprodutivo das plantas. 5000 Rendimento, kg/ha 4000 3000 2000 1000 0 0 1000 2000 3000 4000 5000 Indice ambiental, kg/ha 15
16 GRÃO-DE-BICO Cicer arietinum L.
Tipo KABULI (alimentação humana) Tipo DESI (alimentação animal) Primavera Sementeira Selecção (Ascochyta rabiei - raiva) Outono/Inverno Rendimentos Mecanização a cultura 17 17
Selecção: Produção elevada Plantas erectas ou semi-erectas Altura para mecanização total Sementes grandes e claras (calibre > 9mm) Resistência às doenças e pragas Ascochyta rabiei Fusarium oxysporum Nemátodos Helicoverpa armigera 18
Grão de bico - tipo DESI ELITE 2 Variedades no CNV: ELMO Flores violetas; Vagens médias (com 2 a 3 sementes), Sementes negras com epiderme rija; P100S = 30-35g Altura da planta entre 50 e 60cm Porte = Semi-erecto Rendimento médio = 1500-2000 kg/ha 19
Elvar Grão de bico - tipo Kabuli Elixir P100S: 30-34g Rendimento: 2000-2500kg/ha Elevada tolerância à raiva Elevado rendimento Tolerante à secura e boa resposta ao regadio suplementar Eldorado P100S: 35-38g Rendimento: 1400-1800kg/ha P100S: 35-40g Rendimento: 1200-1500kg/ha 20
ERVILHA PROTEAGINOSA Pisum sativum L. 21
Folha NORMAL Selecção: Folha SEMI-ÁFILA Tolerância à acama Resistência a doenças (oídio) Tolerância ao gorgulho Tolerância à secura Rendimento elevado 22
2 Variedades no CNV Pixel P100S: 25-30g Rendimento: 2500-3000kg/ha Grisel P100S: 27-30g Rendimento: 2500-3000kg/ha 23
FAVA PROTEAGINOSA Vicia faba L. Selecção: Tolerância à Botrytis fabae, afideos e ferrugem Rendimento elevado 1 Variedade no CNV FAVEL P100S: 85-95g Rendimento: 2500-3000kg/ha
CHÍCHARO Selecção: Resistência a doenças Tolerância à secura Rendimento 2 Variedades no CNV: Grão da Gramicha Grão da Comenda 2011/12 2012/13 2013/14 2014/15 Rendimento - 12 genótipos 3 genótipos 6 genótipos 25 2500 kg/ha
CHÍCHARO 2011/12 2012/13 2013/14 Rendimento 7 genótipos 12 genótipos - 2500 kg/ha
3 Variedades no CNV: Tremoço Branco Tremocilha Estoril P100S: 32-35g Rendimento: 1200-1800kg/ha Acos P100S: 30-32g Rendimento: 1200-1800kg/ha 27 Cardiga P100S: 28-30g Rendimento: 1200-1800kg/ha
2011/12 2012/13 2013/14 2014/15 Rendimento 9 genótipos 12 genótipos 5 genótipos 8 genótipos 3000 kg/ha
2011/12 2012/13 2013/14 2014/15 Rendimento 10 12 3 3 1800 kg/ha
2011/12 2012/13 2013/14 Rendimento - 6 genótipos 1 genótipo 2000 kg/ha
Face às potencialidades apresentadas julgamos que a melhor forma de operacionalizar e progredir será através da PROMOÇÃO DE UM CONSORCIO de trabalho envolvendo os 3 grandes atores da fileira das leguminosas ricas em proteína: Industria Produção Investigação 31 CONSÓRCIO de Leguminosas ricas em Proteína
Principais objetivos do Consórcio de produção deproteína INIAV Dar respostas do ponto de vista da disponibilização de mais variedades, com maior eficiência na utilização dos recursos Responder aos problemas identificados Procurar novos itinerários técnicos ajustados às necessidades quer da produção quer da indústria Promover a divulgação e disseminação dos resultados a todos os potenciais beneficiários PRODUTORES Assegurar a sustentabilidade do sistema Rotação Autoaprovisionamento de matérias primas ricas em proteína 32 Focalização do problema. Concentração da produção Focalização do problema. Acompanhamento da produção nacional de leguminosas ricas em proteína Dinamização da comercialização dos produtos Novas oportunidades de mercado INDUSTRIA Envolver todas as vertentes de processamento de produtos enlatados sejam em cru sejam transformados Criar uma logística de substituição da importação de LG para rações
Muito Obrigada