A PERSPECTIVAS DA SUCESSÃO RURAL FAMILIAR E INCLUSÃO DO JOVEM NA GESTÃO DE COOPERATIVAS NO NORDESTE DO RS

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Transcrição:

Revista de Administração e Comércio Exterior Volume 1, número 1, 2015. ISSN 2447-2719 http://seer.faculdadejoaopaulo.edu.br/index.php/racex/index A PERSPECTIVAS DA SUCESSÃO RURAL FAMILIAR E INCLUSÃO DO JOVEM NA GESTÃO DE COOPERATIVAS NO NORDESTE DO RS Maura da Silva Leitzke a, Vilmar Wruch leitzke b a Faculdade João Paulo II Meridional, Passo Fundo, RS, Brasil. mauraadv@yahoo.com.br b EMATER de Passo Fundo, Passo Fundo, RS, Brasil. vleitzke@ymail.com Informações do artigo Submissão em 21/05/2015. Aceito em 15/08/2015. Endereço para correspondência Maura da Silva Leitzke Rua Fagundes dos Reis, 150 Passo Fundo, RS, Brasil. CEP: 99072-130 Palavras-chave Sucessão rural Cooperativismo Inclusão Keywords Rural Succession Cooperativism Inclusion Resumo O presente trabalho tem por objetivo analisar os espaços de inserção dos jovens filhos de agricultores familiares na gestão das cooperativas agropecuárias da economia solidária, onde os pais são cooperados. Essas cooperativas atuam na comercialização de leite in natura, conservas de fruta e legumes, no recebimento de grãos e recebimento e resfriamento de leite e em um cooper mercado. Foi aplicado um questionário para gestores, referente à gestão, à profissionalização da gestão e ao enquadramento ao PRONAF, e outro direcionado a jovens filhos de cooperados para identificar as diferentes percepções sobre os espaços para estes nas cooperativas. Um jovem participa do conselho fiscal de uma cooperativa, sendo que 69,23% dos jovens entrevistados sentem-se contemplados pelas ações da cooperativa, embora 61,54% não identifiquem ações especificas para jovens. No entanto, 92,31% dos entrevistados entende que a cooperativa pode ser útil para a concretização do seu projeto de vida. Entre as ações apontadas pelos jovens estão a necessidade de incentivos à permanência no campo, a realização de cursos, palestras e capacitações em cooperativismo, dias de campo e atividades de lazer (jogos). Abstract This paper aims at analyzing the areas of insertion of the young children of family farmers in the management of agricultural cooperatives of solidarity economy in which their parents are members. These cooperatives operate in the commercialization of milk in natura, canned fruit and vegetables, grain receiving, milk receiving and cooling, and a cooper market. A questionnaire was applied to managers in regards to management, professionalization of management, and suitability to PRONAF with the purpose of typifying the cooperative. Another questionnaire was directed to the young children of cooperative members to identify their perceptions about the spaces available to them in these cooperatives. A young man sits on the board of a fiscal council of a cooperative. 69.23% of the young respondents feel contemplated by the actions of the cooperative, while 61.54% did not identify specific actions for young people. However, 92.31% of the respondents recognize that the cooperative can be useful to them in the achievement of their life projects. Among the actions

Revista de Administração e Comércio Exterior, v. 1, n. 1, p. 57-71, 2015. 58 identified by the young people are: the need of incentives to help them stay in the field; the offering of courses, lectures, and training in cooperativism; field days; and leisure activities (games). INTRODUÇÃO São recorrentes, no meio acadêmico, nas esferas públicas e, mais recentemente, nos meios de comunicação, as temáticas da migração e saída dos jovens, filhos de agricultores do meio rural, em direção aos meios urbanos. Essa migração tem sido apontada como uma busca de melhores condições de vida ou de alternativas econômicas, em substituição à encontrada ou construída pelos pais ao longo de suas vidas. Essa saída tem contribuído para o esvaziamento e masculinização do meio rural, com uma crescente dificuldade de encontrar jovens dispostos a continuar como agricultores. Segundo estimativas do IBGE, existem, no Rio Grande do Sul, aproximadamente quarenta e duas mil propriedades rurais sem um sucessor, em função dessa saída de jovens, que tem como consequências o esvaziamento e envelhecimento do campo, além do enfraquecimento das organizações da agricultura familiar, como sindicatos, cooperativas e associações. Este artigo aborda as questões relativas à sucessão dentro das cooperativas da economia solidária, com a finalidade de identificar a inserção e formação de novos gestores ainda na fase de juventude. Além disso, pretende-se entender como os jovens e os gestores percebem a atual fase de discussão dessa temática, partindo do pressuposto que as cooperativas são extensões das propriedades rurais familiares. Para este estudo, foi utilizado questionário semiestruturado aplicado a gestores e jovens filhos de agricultores cooperados em três cooperativas do Conselho Regional de Desenvolvimento da Região Nordeste do Rio Grande do Sul (COREDE Nordeste). Na primeira parte do artigo, são discutidos conceitos relativos ao cooperativismo, à juventude rural, à sucessão rural, às inter-relações na gestão e à sucessão nas propriedades rurais.

Revista de Administração e Comércio Exterior, v. 1, n. 1, p. 57-71, 2015. 59 REFERENCIAL TEÓRICO O cooperativismo enquanto sistema O cooperativismo, enquanto modelo, surgiu na Inglaterra, em 1844, e foi introduzido na região Sul do Brasil em 1902 pelo padre jesuíta Theodor Amistad, que se inspirou no modelo alemão e visava a atender às necessidades dos recém-chegados colonizadores de origem europeia. As cooperativas são organizações econômicas, com valores mútuos, com responsabilidade social e preocupação com o semelhante, cabendo a estas promover a educação e a formação de seus membros. Além disso, as cooperativas têm um compromisso com a comunidade local de buscar o bem-estar e o desenvolvimento sustentável, através de políticas aprovadas pelos seus membros, com base na democracia. As cooperativas podem ainda exercer pressão coletiva, pois possuem capacidade de organizar as demandas e de barganhar apoios. Devem ainda facilitar a incorporação de jovens, mulheres e idosos, desde que estes estejam aptos a assumir responsabilidades, sem discriminação de raça, classe social, sexo e opção política ou religiosa (RECH, 1995, p.268). As cooperativas e as diversas modalidades de cooperação surgidas na década de 1990, no Brasil, têm sido vistas como fenômenos sociais importantes para o desenvolvimento da economia, na geração de emprego e renda. As cooperativas tem o poder de difundir possibilidades de criação de mecanismos institucionais que possibilitem aos trabalhadores se apropriarem dos instrumentos de produção e de gestão das cooperativas. De forma autônoma, podem ser instancias como mediadoras entre sociedade e cooperados e podem contribuir para o desenvolvimento econômico e social dos cooperados, diferentemente do cooperativismo tradicional que tem finalidades puramente econômicas (CONCRAB, 1999, p.20). Essas cooperativas surgem de movimentos articulados, constituídos fora dos padrões do cooperativismo tradicional em função do forte apelo social incorporado. Dessa forma, há uma dupla natureza, uma social e outra econômica, administradas e controladas pela comunidade para atender aos associados em serviços que não conseguem realizar individualmente (RECH, 2000, p.98). O emprego do termo solidário emerge dentro do próprio cooperativismo brasileiro, como campo político próprio. O termo está relacionado à busca da manutenção do controle social e ao atendimento dos segmentos mais frágeis da sociedade, com vistas à irradiação de

Revista de Administração e Comércio Exterior, v. 1, n. 1, p. 57-71, 2015. 60 sua ação para todo um setor, pois tem papel importante para o controle da pobreza e das desigualdades, gerando emprego e distribuição de renda. Essas cooperativas também buscam o respeito pela pluralidade organizacional e pelas diferentes formas de gestão democrática interna, com vistas à efetiva participação dos atores sociais e locais na gestão dos empreendimentos. Procura-se também abrir espaço para adaptações às especificações locais, além de representar um movimento de renovação do cooperativismo brasileiro e buscar o acesso aos mercados, entendidos como construções sociais a serem construídas (PANSUTTI, 2001, p.11). Esse modelo de cooperativismo busca a descentralização e a autonomia coletiva e aumenta a capacidade de seus cooperados de resolver seus problemas e conquistar sua emancipação, através da educação cooperativista. A prioridade está no acesso à informação e à educação de seus cooperados, como forma de estabelecer uma relação entre as necessidades econômicas e sociais, através de processos de mobilização e articulação para alcançar seus objetivos (DE DAVID, 2009, p.51). As cooperativas da economia solidária possuem como foco a autonomia, a descentralização e a autogestão, onde seus cooperados assumem cargos e respondem pelos rumos e decisões tomadas na cooperativa. Além disso, têm o controle da base social, com perspectivas de inclusão e trabalho com os setores mais marginalizados da sociedade, em busca de mercados alternativos, éticos e responsáveis. Além de incluir práticas de produção e consumo, com participação democrática e com construção e circulação do conhecimento, o que permite potencializar cada cooperado com consequente recuperação da autoestima, do sustento próprio e da preservação ambiental. Isso, consequentemente, melhoraria a vida dos cooperados e da coletividade em seu entorno (MANCE, 2000, p. 04; SINGER, 2002, p. 94). Apesar dos problemas enfrentados e das dificuldades de sobrevivência econômica, a maioria dos cooperados acredita na ideia da cooperação e tem disposição para debater os problemas que enfrentam, mesmo que o grau de disposição seja diferenciado (SCOPINHO & MARTINS, 2002; CONCRAB, 1997, p. 10). O envolvimento do associado deve ir além da utilização dos serviços ofertados pela cooperativa e da frequência em reuniões e assembleias. O associado deve participar de seminários e eventos para compreender melhor o funcionamento da cooperativa, com vistas a visualizar as formas e espaços de participação dos cooperados. Além de buscar a contínua capacitação para o trabalho, estes devem estar preparados para assumir, em determinados períodos, a posição de dirigentes ou membros em comissões ou conselhos. O cooperado deve ser ativo e deve manter contato direto e pessoal com outros associados para discutir as

Revista de Administração e Comércio Exterior, v. 1, n. 1, p. 57-71, 2015. 61 informações do cooperativismo e da cooperativa, além de buscar acompanhar a situação da economia e do mercado de sua região, com vistas a enxergar as melhores oportunidades (IRION, 1997, p.90). Juventude rural O estudo envolvendo a juventude exige uma dupla compreensão da dinâmica social de onde a cooperativa está inserida: uma que analisa as relações de vizinhança e outra que diz respeito às ações presentes. Esse estudo, balizado na educação, no trabalho e na sociabilidade local, terá repercussão no futuro e será expresso nas escolhas profissionais, estratégias temporárias ou definitivas de migração, nas opções matrimoniais e nas práticas de herança e sucessão. As relações sociais são construídas no presente, fortemente influenciadas pelas tradições familiares e locais, que são completadas pelas relações com o urbano mais próximo, onde esses jovens buscam bens e serviços, educação e lazer. Essa aproximação com o urbano, por vezes, é o estímulo derradeiro que leva à migração, não necessariamente como forma de realização de um sonho, mas como forma de escapar das restrições da vida local e familiar. Esses jovens rurais estão inseridos no mundo atual, integrados à sociedade mais ampla, sendo a migração uma tradução das tensões e contradições da sociedade brasileira. Essas tensões são traduzidas pelas carências da vida local, da falta de alternativas profissionais, da insuficiência de terra, da dificuldade envolvida no trabalho e da falta de estímulos para a produção. Tudo isso acaba por servir de desestímulo a muitos jovens a permanecer no meio rural como agricultores (CARNEIRO, 2007, p.41/50). O conceito de juventude também pode ser interpretado como uma fase da vida caracterizada pela transição da infância (a partir dos 15 anos) até a vida adulta (a partir dos 24 anos), ou ainda com a coincidência do período de transição entre a puberdade e a saída de casa para constituir uma nova unidade familiar (WANDERLEY, 2007, p. 35). Sucessão rural familiar O êxodo rural e a migração dos jovens do meio rural têm gerando dificuldades à reprodução social da agricultura e ao desenvolvimento pleno do meio rural como um todo. As consequências são o envelhecimento e também a masculinização da população rural, com

Revista de Administração e Comércio Exterior, v. 1, n. 1, p. 57-71, 2015. 62 consequentes dificuldades de sucessão de muitas propriedades rurais (ABRAMOVAY, 1998, p. 40) Essa sucessão pode ser reconhecida como o repasse do patrimônio e do poder entre as gerações, com repasse gradual da gestão da propriedade aos jovens filhos, com vistas à continuidade do estabelecimento e à formação de um novo agricultor. Essa transição tem apresentado dificuldade de encontrar sucessores em virtude da relativa visão negativa da atividade, muitas vezes construída pelos próprios pais. A transferência dos estabelecimentos agrícolas à nova geração é dificultada pela ausência de recursos socialmente valorizados e pela baixa autonomia financeira, embora em muitos casos exista a predisposição do jovem de permanecer no meio rural (STRAPAZOLA, 2011, p. 10; WEISCHEIMER, 2009, p.17). Entretanto, outras dificuldades surgem e afetam a viabilidade do estabelecimento, dentre as quais estão a desconfiança dos pais em relação aos jovens, a atribuída imaturidade para assumir a direção do estabelecimento, a falta de responsabilidade por parte do jovem e a má gestão financeira. Tudo isso, associado à elevação dos custos e ao desequilíbrio entre receita, trabalho e poder, restringe as liberdades e impede que os jovens possam construir seu futuro a partir de suas escolhas (SEN, 2002, p. 5). Aspectos como capitalização das propriedades rurais, geração de renda satisfatória e condições de trabalho favoráveis podem contribuir para facilitar o processo de sucessão. Além disso, a maior facilidade de acesso à terra, à educação, ao lazer, à autonomia, ao crédito e às políticas públicas e o apoio de instituições de fomento e extensão rural favorecem a sucessão (SPANEVELLO, 2003, p. 15). Interface entre cooperativismo, juventude rural e sucessão rural familiar As cooperativas têm forte influência nas propriedades familiares e podem ser consideradas como uma extensão da propriedade rural familiar, em função das interações, da formação e da informação que ocorre entre cooperados, assistência técnica e gestores. Sendo assim, as cooperativas podem auxiliar na formação de sucessores na propriedade, uma vez que pode atender tanto as necessidades econômicas como sociais do jovem. A dificuldade de sucessão geracional poderá ter reflexos no corpo de cooperados e, em última instância, de novos gestores para as cooperativas. Assim, essa também é uma temática presente, pois as cooperativas também têm responsabilidade na sucessão das propriedades de

Revista de Administração e Comércio Exterior, v. 1, n. 1, p. 57-71, 2015. 63 seus associados, pois são organizações com responsabilidade social e representam uma importante ferramenta para promover o desenvolvimento rural. Nesse sentido, as cooperativas têm um papel relevante como agentes de desenvolvimento econômico e social, com valores que enaltecem a condição humana da igualdade, da equidade e da cidadania. As cooperativas devem contribuir para a inclusao de setores marginalizados, explorando as relações de confiança, reciprocidade, participação, democracia, cooperação e interação social, que, em última análise, devem capacitar e potencializar as especificidades locais para melhorar as condições de vida dos envolvidos (BUARQUE, 1998, p.47/52; SANTOS, 2002, p. 36). Para que essas melhorias de qualidade de vida ocorram, as cooperativas deverão investir na educação, formação e informação de seus associados para que possa ocorrer crescimento e desenvolviemtno tanto da cooperativa, como de seus cooperados. A cooperativa precisa ter a preocupação com o bem estar da sociedade, devendo trabalhar para a comunidade onde está inserida, com compromisso educativo, social e econômico, uma vez que a cooperação importa em uma combinação de ajuda mútua. É papel da cooperativa orientar no sentido da constituição de valores humanos universais e gerar mecanismos capazes de atuarem sobre a identidade cultural e a inserção social de seus cooperados. Dentre esses mecanismos estão a coesão do grupo de cooperados, capacidade de reflexão e construção do conhecimento, troca de experiências, combate ao isolamento técnico e social e a possibilidade de exploração dos potenciais locais, com melhoria da renda e da qualidade de vida dos cooperados. Acredita-se ainda o esforço coletivo pode auxiliar na criação de solucões para as gerações mais novas, diminuindo a exclusão daqueles menos favorecidos (SILVA, 2006, p. 13). Em estudo realizado com oito cooperativas do Norte do Rio Grande do Sul, SPANEVELLO e LAGO (2011, p. 49) identificaram ações com foco na família; na formação técnica/profissional; na valorização do meio rural, da ocupação de agricultor e das pequenas propriedades rurais; no fomento à diversificação produtiva; em atividades organizativas e educacionais; no lazer; na integração; e na qualidade de vida dos cooperados como forma de estimular os jovens a dedicarem-se à permanência na condição de agricultores. Nesse mesmo estudo os dirigentes dessas cooperativas indicam dificuldade de trabalhar com jovens em função da heterogeneidade e da percepção de mundo desse grupo enquanto ator social e também da forma como lidam com seus interesses, caracterizando-os como dinâmicos, dispersos ou até mesmo desinteressados pelos assuntos da cooperativa e deslocados da realidade de suas

Revista de Administração e Comércio Exterior, v. 1, n. 1, p. 57-71, 2015. 64 famílias. Esses mesmos dirigentes assumem em parte a culpa por esse desinteresse, pois os espaços até então existentes eram somente para os titulares da cooperativa e não para os membros da família. Outras iniciativas como a preferência na seleção de estagiários filhos de agricultores, ou a concessão de bolsas de estudos em instituições de ensino técnico e superior em áreas afins das ciências agrárias e da administração têm sido utilizadas como ferramenta de estímulo à permanência do jovem no meio rural. A expectativa é que o jovem estude e retorne à propriedade (especificamente em uma cooperativa, a concessão da bolsa está condicionada à permanência do jovem por um ano após a conclusão do curso na propriedade) com conhecimentos que poderão ser úteis para a melhoria da gestão e da produção da propriedade e para a continuidade das atividades realizadas pela família. Segundo o mesmo estudo, essas ações têm contribuído para aumentar o número de jovens entre os cooperados da cooperativa. Por outro lado, alguns gestores argumentam que não seria responsabilidade da cooperativa a discussão da sucessão rural nas propriedades e que também não estariam preparadados e desconhecem metodologias para trabalhar essa problemática entre os cooperados (SPANEVELLO, 2011, p. 09). METODOLOGIA Foram utilizados neste estudo os tipos de pesquisa, classificados pelos critérios propostos por Vergara (1998 p. 44): a. quanto aos fins: descritiva - porque pretende expor características da cultura familiar na gestão empresarial; explicativa - porque comprova a influência do jovem na gestão da organização familiar; pesquisa de campo - através da investigação empírica que foi feita por meio de entrevistas semiestruturadas em três cooperativas denominadas respectivamente A, B, C. para comprovação da importância da inserção do jovem na gestão das cooperativas do noroeste do estado do RS; pesquisa bibliográfica - através do estudo sistematizado de material publicado em livros, revistas, jornais e redes eletrônicas que ratifiquem as hipóteses levantadas neste estudo. Coleta de dados: Os dados foram coletados por meio de: a. Pesquisa bibliográfica em livros, revistas especializadas, jornais e pela internet que através de cunho científico venham a auxiliar no entendimento do fenômeno a ser observado. O objeto de estudo, trata-se de cooperativa, considerando a área de abrangência, o enquadramento da cooperativa nas normas do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) e a profissionalização da gestão (autonomia e autogestão).

Revista de Administração e Comércio Exterior, v. 1, n. 1, p. 57-71, 2015. 65 Sendo assim as três cooperativas analisadas atuam nos municípios de São João da Urtiga, Carlos Gomes, Sananduva, Paim Filho, Cacique Double, Tupanci do Sul, Santo Expedito do Sul, São José do Ouro e Lagoa Vermelha, todos pertencentes ao COREDE Nordeste, do Rio Grande do Sul. Segundo as normas do PRONAF, as três cooperativas atendem aos critérios de enquadramento, tendo 90, 95 e 100% (de 47, 21 e 628 associados) dos cooperados tipificados como agricultores familiares, de acordo com a Lei Federal nº 11.326/06, embora somente duas delas tenham esse documento emitido. Em termos de profissionalização da gestão, duas cooperativas não contam com profissionais da área administrativa (administrador ou contador) e nem das ciências agrárias (agrônomo ou veterinário), enquanto que somente uma delas tem profissionais entre seus colaboradores. Entretanto, as duas cooperativas contratam o serviço de contabilidade através da prestação de serviços de escritórios de contabilidade, que basicamente fazem a escrituração contábil. Entre as atividades exploradas estão a comercialização de leite in natura (uma cooperativa A ), o processamento de frutas (geleias), legumes (conservas) e cogumelos (uma cooperativa B ), enquanto que a terceira C atua no recebimento de leite in natura, grãos (soja, milho e trigo) e na venda de insumos para agropecuárias e mantimentos através de um Cooper mercado. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS RESULTADOS Em função da autogestão, ou gestão realizada pelos próprios associados, e pela percentagem de associados caracterizados como familiares, essas cooperativas podem ser tipificadas com o que DE DAVID (2009, p. 321) e ARRUDA (2000, p.40) caracterizam como cooperativas da economia solidária, pois não existem profissionais da área de administração ou de mercados entre seus colaboradores, a comercialização é realizada através da construção contínua dos mercados compradores e a maior parte da produção não se trata de commodities agrícolas. Em relação à participação dos jovens (considerando se a faixa etária dos 15 aos 24 anos) na cooperativa, tem-se 7,69% de jovens na gestão da cooperativa. Segundo os gestores entrevistados, essa situação pode contribuir para o desinteresse do jovem pela cooperativa e por

Revista de Administração e Comércio Exterior, v. 1, n. 1, p. 57-71, 2015. 66 consequência causar o desestímulo desse jovem para ocupar futuramente espaços diretivos, pois não foi preparado para esse fim. Isso reproduz as dificuldades apontadas como possíveis causas da falta de sucessão da unidade de produção familiar. Porém, 92,31% dos jovens entendem que a cooperativa pode contribuir para o desenvolvimento do seu projeto de vida (Gráfico 01), sendo que 69,23% dos entrevistados sente-se contemplado com ações voltadas ao jovem rural (Gráfico 02). Gráfico 1 Participação jovens na gestão da cooperativa e potencial de colaboração da cooperativa para o jovem rural, COREDE Nordeste do RS, 2013. 7,69% NÃO SIM 92,31% 92,31% 7,69% Participação Jovens conselho administração/fiscal Cooperativa pode ajudar projeto de vida do jovem No entanto, 61,54% desses jovens desconhecem ou não reconhecem a existência de atividades específicas para jovens rurais (Gráfico 2), valor próximo ao manisfetado por gestores (66,66%). Porém, esses mesmos gestores apontam atividades pontuais e específicas para esse público, contrariando o que CARVALHO (2006, p.129), BOGARDUS (1964, p.65) apontam como estratégias para melhoria da qualidade de vida de seus cooperados, como por exemplo a necessidade de investimento em educação, formação e informação orientados na constituição de mecanismos capazes de inserir seus cooperados efetivamente na cooperativa e na sociedade. Nesse mesmo sentido, as cooperativas estudadas não estão contribuindo para o que SEN (2002, p.56) chama de promoção das liberdades e capacidades dos jovens filhos dos cooperados, ao impedir ou não estimular a participação desses jovens na gestão dessas organizações. Porém, não basta trazer os jovens para a cooperativa, mas é importante compreender como esses jovens percebem a cooperativa e de que forma esta poderá efetivamente tornar se uma extensão das propriedades rurais de seus cooperados. Entretanto, o funcionamento de uma cooperativa é dependente do nível de participação de seus associados, sendo importante avaliar o que PALHARES & VILAS BOAS (2004, p.08) caracterizam como

Revista de Administração e Comércio Exterior, v. 1, n. 1, p. 57-71, 2015. 67 processo de educação e consciencitazação sobre os beneficios de participar de uma organização como uma cooperativa. Gráfico 2 Percepção dos entrevistados em relação a ações contemplativas e reconhecimento de ações focadas para o jovem rural, COREDE Nordeste do RS, 2013 30,77% 61,54% 69,23% NÃO SIM 38,46% Jovens sente se contemplado com açoes desenvolvidas Reconhece atividade especifica para jovens Entre as atividades apontadas pelos entrevistados como ações estratégicas para a inclusão estão formas de incentivo para a união das famílias, como forma de incentivo para que os jovens possam permanecer no meio rural, e também a realização de palestras, cursos, dias de campo, excursões, capacitações em cooperativismo, visando a maior participação dos jovens na cooperativa, além de atividades de jogos e lazer. O estímulo à participação na gestão da cooperativa poderia ser potencializado atravás da participação dos jovens nas reuniões e na vida da cooperativa, além da intensificação de treinamentos e capacitações em diversas áreas. O grupo de entrevistados indica que a cooperativa tem papel importante para o crescimento econômico e social de seus cooperados (Gráfico 1) em função dos serviços prestados, como assistência técnica e estímulo para a produção, com auxilio na comercialização. Isso contribui para a viabilização e diversificação das unidades de produção familiar, atuando como importante instrumento para a produção e comercialização e por consequência estimula a permanencia do jovem no meio rural. Essas ideia apontam aspectos importantes para a promoção do desenvolvimento rural. Essa pouca inserção dos jovens pode ser justificada pela centralidade de ações no associado titular ou em função da não percepção das consequências e reflexos da dificuldade de sucessão das propriedades, que poderão atingir a sucessão da própria cooperativa.

Revista de Administração e Comércio Exterior, v. 1, n. 1, p. 57-71, 2015. 68 CONSIDERAÇÕES FINAIS Em parte as coopertivas atendem as expectativas de vida dos jovens, filhos de cooperados. Porém, nesse momento, não foi possivel identificar ações afirmativas massivas para a inclusão desses jovens, de maneira geral e de forma mais específica nos espaços de formação e educação cooperativista e na gestão dessa, contrariando os princípios cooperativistas universais e a legislação atual. Porém, não serão somente ações de formação e educação em cooperativismo que irão enfrentar a problemática da sucessão rural, outras ações tornam se imperativas, principalmente, no que tange a passagem do ator social jovem rural de invisível para visível. Existe ainda a necessidade de ampliar os debates em torno da inserção desses atores de uma maneira mais ampla, e as cooperativas podem se constiruir em um importante espaço para essa discussão. Acesso a terra, sistemas de produção alternativos, com enfoque agroecologico, agroindustrialização familiar, modelos de educação por alternancia e politicas públicas especificas para os jovens, associado ao cooperativismo também constituem sem em ferramentas importantes de estimulo e permanencia do jovem no meio rural. Por outro lado, as cooperativas da economia solidária ainda não incorporaram no seu dia-a-dia o debate em torno da sucessão rural familiar e da gestão dessa organização. Aqui fica evidente a invisibildiade desse grupo social (jovens) dentro dessas organizações, que são consideradas como uma extensão das propriedades rurais familiares. REFERÊNCIAS ABRAMOVAY, R. et al. Juventude e agricultura familiar: desafios dos novos padrões sucessórios. Brasília: Unesco, 1998. ARRUDA, M.; QUINTELA, S. Economia a partir do coração. In: SINGER, P.; Souza,A. R. de (Org.). A economia solidária no Brasil: a autogestão como resposta ao desemprego. São Paulo: Contexto, 2000. BOGARDUS, E. S. Principios de cooperação. Rio de Janeiro: Lidador, 1964. BRASIL. Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006. Estabelece as diretrizes para a formulação da Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11326.htm>. Acesso em: 14 ago. 2013.

Revista de Administração e Comércio Exterior, v. 1, n. 1, p. 57-71, 2015. 69. Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971. Define a Política Nacional de Cooperativismo, institui o regime jurídico das sociedades cooperativas, e dá outras Capítulo XV - Juventude Rural e Inclusão do Jovem na Gestão de Cooperativas da Economia Solidária, no Nordeste do RS. providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5764.htm>. Acesso em: 14 ago. 2013. BUARQUE, S. C. Metodologia de planejamento do desenvolvimento local e municipal sustentavel. Brasilia: IICA, 1998. CARNEIRO, M. J.; CASTRO, E. G. Juventude rural em perspectiva. Rio de Janeiro: Mauad X, 2007. CARVALHO, D. M. Desenvolvimento local: o papel da associação dos produtores de leite de Aguas Belas. 140 f. 2006. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Pernambuco - UFRPE, Recife, PE, 2006. CONFEDERAÇÃO DAS COOPERATIVAS DE REFORMA AGRÁRIA DO BRASIL (CONCRAB). A evolução da concepção de cooperação agrícola do MST. São Paulo: CONCRAB/MST, 1999. 39 p. (Cadernos de cooperação agrícola).. Questões práticas sobre cooperativas de produção. 3. ed. São Paulo: CONCRAB, 1997. DAVID, A. Competitividade das cooperativas do sistema de cooperativas de leite da agricultura familiar- SISCLAF. 75 f. 2009. Monografia (Especialista no Curso de Pósgraduação Lato Sensu em Gestão do Cooperativismo Solidário) -- Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão do Cooperativismo Solidário Competitividade, Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE -- Francisco Beltrão, PR, 2009. IRION, J. E. O. Cooperativismo e economia social. São Paulo: STS, 1997 MANCE, E. Economia solidária: um novo paradigma? [S.l.], 2000. Trabalho apresentado no Seminário Catarinense de Economia Solidária, Florianópolis, 2000. Disponível em: <www.milenio.com.b/mance/economia2.htm>. Acesso em: 01 ago. 2013. PALHARES, M. R. N.; VILAS BOAS, A. A. Educação cooperativista, caminho para o fortalecimento do sistema. [S.l.], 2004. Disponível em: <http://www. marcionami.adm.br/pdf/artigos/artigo_marcio_para_iv_aci_ final.pdf>. Acesso em: 03 jun. 2013. PANSUTTI. R. Contribuição para teoria cooperativista. In: ENCONTRO DE PESQUISADORES LATINO AMERICANOS, 2., Buenos Aires, 2001. Anais... Buenos Aires, 2001. PUTNAM, R. D. Comunidade e democracia: a experiencia da Italia moderna. Rio de Janeiro: FGV, 1996. RECH, D. Cooperativas: uma alternativa de organização popular. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.. Cooperativas: uma alternativa de organização popular. Rio de Janeiro: FASE, 1995.

Revista de Administração e Comércio Exterior, v. 1, n. 1, p. 57-71, 2015. 70 Capítulo XV - Juventude Rural e Inclusão do Jovem na Gestão de Cooperativas da Economia Solidária, no Nordeste do RS. SANTOS, B. S. (Org.). Produzir para viver, os caminhos da produção não capitalista. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. SATO, L. ''Djunta-mon'': o processo de construção de organizações cooperativas. Psicologia USP, São Paulo, v. 10, n. 2, 1999. ; ESTEVES, E. Autogestão: possibilidades e ambiguidades de um processo organizativo peculiar. São Paulo: ADS - Agência de Desenvolvimento Solidário: CUT Central Única dos Trabalhadores, 2000. ; SOUZA, M. P. R. Contribuindo para desvelar a complexidade do cotidiano através da pesquisa etnográfica em psicologia. Psicologia USP, São Paulo, v. 12, n. 2, 2001. SCHNEIDER, J. O. A doutrina do cooperativismo nos tempos atuais. Cadernos CEDOPE, Cooperativismo e o Desenvolvimento Rural e Urbano, São Leopoldo, RS, 1994. SCOPINHO, R. A.; MARTINS, A. F. G. Imagens da terra: trabalho e vida nos assentamentos de reforma agrária do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST. São Paulo: Macromídia Director, 2002. 1 CD-ROM. SEN, A. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2004 SILVA, W. R. et al. Organizações cooperativas e contexto cultural do espaço público brasileiro: um ensaio teórico sobre processos sociais, universo simbólico e prática social. In: ENCONTRO DA ANPAD, 30. 2006, Salvador. Anais... Salvador: ANPAD, 2006. SINGER, P. Introdução à economia solidária. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2002. SPANEVELLO, R.; DREBES, L. D.; LAGO, A. A influência das ações cooperativistas sobre a reprodução social da agricultura e sues reflexos sobre o desenvolvimento rural. In: CIRCUITO DE DEBATES ACADÊMICOS, 1., Anais... Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/ code2011/chamada2011/pdf/area7/area7-artigo58.pdf>. Acesso em: 14 ago. 2013. SANTOS, B. S. (Org.). Produzir para viver, os caminhos da produção não capitalista. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. SATO, L. ''Djunta-mon'': o processo de construção de organizações cooperativas. Psicologia USP, São Paulo, v. 10, n. 2, 1999. ; ESTEVES, E. Autogestão: possibilidades e ambiguidades de um processo organizativo peculiar. São Paulo: ADS - Agência de Desenvolvimento Solidário: CUT Central Única dos Trabalhadores, 2000. ; SOUZA, M. P. R. Contribuindo para desvelar a complexidade do cotidiano através da pesquisa etnográfica em psicologia. Psicologia USP, São Paulo, v. 12, n. 2, 2001. SCHNEIDER, J. O. A doutrina do cooperativismo nos tempos atuais. Cadernos CEDOPE, Cooperativismo e o Desenvolvimento Rural e Urbano, São Leopoldo, RS, 1994.

Revista de Administração e Comércio Exterior, v. 1, n. 1, p. 57-71, 2015. 71 SCOPINHO, R. A.; MARTINS, A. F. G. Imagens da terra: trabalho e vida nos assentamentos de reforma agrária do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST. São Paulo: Macromídia Director, 2002. 1 CD-ROM. SEN, A. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. SILVA, W. R. et al. Organizações cooperativas e contexto cultural do espaço público brasileiro: um ensaio teórico sobre processos sociais, universo simbólico e prática social. In: ENCONTRO DA ANPAD, 30. 2006, Salvador. Anais... Salvador: ANPAD, 2006. SINGER, P. Introdução à economia solidária. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2002. SPANEVELLO, R.; DREBES, L. D.; LAGO, A. A influência das ações cooperativistas sobre a reprodução social da agricultura e sues reflexos sobre o desenvolvimento rural. In: CIRCUITO DE DEBATES ACADÊMICOS, 1., Anais... Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/ code2011/chamada2011/pdf/area7/area7-artigo58.pdf>. Acesso em: 14 ago. 2013. STROPASOLAS, V. L. O mundo rural no horizonte dos jovens. Florianópolis, SC: Ed da UFSC, 2006. WANDERLEY, M. N. B. Jovens rurais de pequenos municípios de Pernambuco: que sonhos para o futuro. In: CARNEIRO, M. J.; CASTRO, E. G. Juventude rural em perspectiva. Rio de Janeiro: Mauad X, 2007. WEISHEIMER, N. A situação juvenil na agricultura familiar. 2009. Tese (Doutorado em Sociologia) -- Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009.