PERFIL DOS CONSUMIDORES NA CIDADE DE UBERABA-MG ARAUJO 1, A.C.D.; SILVEIRA 1, A.C.; OTAVIANO 1, M.R.; OLIVEIRA JÚNIOR 1, M.L; DIAS 2, M.A.O. 1 Tecnólogos em Desenvolvimento Social pelo CEFET Uberaba MG, e-mail: crisaraujo124@hotmail.com. 2 Profª. Ms. da área de Desenvolvimento Social do CEFET Uberaba MG. RESUMO O consumo é essencial para a vida humana, visto que somos todos consumidores. Tendo em vista estes aspectos, foi elaborada uma pesquisa para conhecer os hábitos de consumo da população de Uberaba, o nível de informação sobre seus direitos e deveres. O trabalho foi realizado no município de Uberaba-MG, em oito bairros da cidade: Abadia, Boa Vista, Estados Unidos, Fabrício, Jardim Maracanã, Manoel Mendes, São Benedito e Vila Militar. Aplicou-se um questionário estruturado em quatorze questões junto a 50 donas de casa destes bairros, perfazendo um total de 400 entrevistas domiciliares. Dentre outras, pode-se concluir que a mudança nos padrões de consumo está centrada na educação do consumidor, com relação aos seus direitos, ao uso dos recursos naturais e aos cuidados que se deve ter quanto à qualidade dos produtos; o consumidor quando bem informado demonstra maior preocupação em consumir de forma apropriada e ética; as regras de consumo são ditadas pela empresas e seus programas de marketing, os quais definem o que é bom e ruim para a maioria das populações; com a análise dos dados coletados podem ser elaborados planos de orientação do consumidor de modo a estimular e consolidar suas práticas de consumo consciente e sustentável. Palavras-chave: consumo, direitos e deveres, hábitos alimentares. INTRODUÇÃO A Agenda 21 foi um documento assinado durante a ECO-92 com o objetivo de buscar o desenvolvimento sustentável para o século XXI, onde foram estabelecidas metas a serem cumpridas pelos países participantes (PIRES, 2003). Em seu capitulo 4, dedicado à Mudança dos Padrões de Consumo, propõe o estudo dos padrões insustentáveis de produção e consumo para então sugerir estratégias de estimulo às mudanças. Feldmann (2003) destaca que as pessoas têm diante de si, no campo de consumo, muitas escolhas, por isso é necessária uma ação educativa e esclarecedora aos consumidores, a fim de torná-los 238
cientes do impacto de suas escolhas, que pode ser tanto positivo como negativo. Diante disso, foi elaborada uma pesquisa para conhecer os hábitos de consumo da população de Uberaba, o nível de informação sobre seus direitos e deveres e o impacto sócio-ambiental que suas ações provocam na sua vida e no meio ambiente. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS O trabalho foi realizado no município de Uberaba-MG, durante os meses de junho e julho de 2004, oito bairros da cidade de Uberaba foram selecionados para amostragem: Abadia, Boa Vista, Estados Unidos, Fabrício, Jardim Maracanã, Manoel Mendes, São Benedito e Vila Militar. Para obter informações sobre o consumidor uberabense, montou-se um questionário estruturado em quatorze questões, que foram aplicados junto às donas de casa destes bairros. A previsão inicial era de realizar 400 entrevistas domiciliares, amostrando 50 famílias de cada bairro, porém, 09 entrevistas realizadas foram descartadas, com isso a amostragem total foi de 391 famílias. As entrevistas foram realizadas aos sábados, preferencialmente no período vespertino, porém, quando não era possível neste horário, voltava-se ao local no período que facilitasse para a dona de casa ou responsável. Os dados obtidos após a aplicação dos questionários foram tabulados e interpretados. RESULTADOS E DISCUSSÃO A análise dos dados coletados permite fazer uma primeira sondagem de como o consumidor uberabense se manifesta com relação ao consumo de bens e serviços. A pesquisa aponta resultados esclarecedores do comportamento do consumidor, que servirão de cenário para a elaboração de ações voltadas para esse publico, de modo a estimular e consolidar suas práticas de consumo consciente e sustentável. Com relação à faixa etária dos entrevistados, constatou-se que 9 % dos entrevistados têm até 20 anos de idade, 43 % têm entre 21 e 40 anos, 36 % têm entre 41 e 60 anos e 12 % têm acima de 61 anos de idade (Figura 1). Com a análise destes dados, pode-se notar que a maior parte dos entrevistados são pessoas que estão naquela faixa intermediária de idade (±40 anos), já tendo adquirido uma boa experiência de vida. Quanto ao sexo dos entrevistados, 66% são do sexo feminino e 34% são do sexo masculino, dados estes que evidenciam que o comando das atividades referentes a casa, são de responsabilidade das mulheres, que são a maioria dos entrevistados. Porém, 239
verificou-se um número significativo de pessoas do sexo masculino são responsáveis pela execução do planejamento econômico familiar. 43% 36% 0-20 ANOS 21-40 ANOS 24% 1% 29% FUNDAMENTAL MEDIO 9% 12% 41-60 ANOS 61 ANOS ACIMA 46% SUPERIOR ANALFABETO Figura 1 Faixa etária dos consumidores entrevistados em Uberaba-MG. Figura 2 Nível de escolaridade dos consumidores em Uberaba-MG. Sobre o nível de escolaridade, constatou-se que 1% dos entrevistados são analfabetos, 29% possuem ensino nível fundamental, 46% possuem ensino nível médio e 24% possuem ou estão cursando o ensino superior (Figura 2), dado este que mostra que a maior parte das pessoas entrevistadas possuem um bom nível de escolaridade, o que é um fator importante na hora de se elaborar a dieta da família. Quanto à renda familiar mensal, 5% possuem uma renda de até 01 salário mínimo (SM), 28% tem renda de 01 a 03 SM, 36% tem renda de 03 a 05 SM, 24% tem renda de 05 a 10 SM e 7% possuem uma renda familiar mensal superior a 10 SM. Com relação à renda, também se observa que a maior parte dos entrevistados dispõe de 3 a 5 SM para sua sobrevivência, o que é um valor considerável, pois a maioria da população brasileira vive com um SM ou menos. A preocupação em saber se o fabricante tem ações sociais e/ou ambientais é apontada por 22% dos entrevistados como critério decisivo de compra e 78% não se preocupam com esse valor. Estes dados evidenciam que a maioria das pessoas pesquisadas não tem conhecimento ou não se preocupam quanto a ações de responsabilidade social e ambiental das empresas fabricantes, sendo este um dado importante a ser trabalho em ações futuras, porém, não se pode afirmar que são alienadas ou que não tenham consciência do mundo em que vivem. Com relação à aquisição dos produtos necessários para sua sobrevivência, 45 % dos consumidores apontam o preço como critério de compra, 7 % compram os produtos de acordo com propaganda feita do produto, 43 % observam a qualidade, 4 % escolhem pela 240
marca e 1% compram os produtos por outros motivos. Com relação à análise destes dados, pode-se destacar os hábitos de compras dos moradores avaliados, que apesar de valorizar o preço e a qualidade dos produtos, ainda se encontram regido pelas propagandas e ofertas especiais, que dependem do esforço das empresas para que os consumidores possam ter informações suficientes sobre os produtos. A forma de pagamento mais utilizada pelo entrevistado para efetuar as compras é dinheiro em espécie, cerca de 45%, porém 28 % utilizam como forma de pagamento o crediário, 3 % cartão de débito, 15 % cartão de crédito e 9 % cheque pré-datado. Constatou-se que a maioria dos consumidores planeja suas compras e fazem pesquisa de preço antes de adquirir os produtos. No que se refere ao planejamento de compras, 78 % dos entrevistados planejam suas compras com antecedência e 22 % não preocupam com planejamento. A pesquisa de preço como critério de compra é uma prática exercida por 64 % dos entrevistados, 15 % não realizam pesquisa de preço antes das compras e 21 % às vezes (Figura 3). 22% 21% SIM 78% SIM NÃO 15% 64% NÃO ÀS VEZES Figura 3 Perfil do consumidor de Uberaba-MG, com relação ao planejamento de compra e a pesquisa de preço que realizam. O consumidor mais informado demonstra maior preocupação em consumir de forma apropriada através da leitura dos rótulos. A data de fabricação e/ou validade são itens observados por 47 % dos consumidores entrevistados, 5 % observam a presença de aditivos químicos, 33 % observam a presença de defeitos visíveis e 15 % observam a garantia. Com relação aos produtos que mais apresentaram problemas em sua compra e uso, 35 % dos entrevistados já tiveram problemas com o setor de alimentação, 3 % com o setor de vestuário, 4 % com o setor de calçados, 15 % com eletro-eletrônicos, 11 % telefonia celular, 5 % com móveis e 27 % não tiveram problemas com nenhum produto (Figura 4). 241
ALIMENTOS 27% 35% ROUPAS CALÇADOS 5% 11% 15% 4% 3% ELETRO- ELETRÔNICOS TELEFONIA CELULAR MOVEIS NENHUM Figura 5 Produtos que mais apresentaram problemas após a compra, em Uberaba-MG. Com relação ao Código de Defesa do Consumidor, que é um instrumento de proteção nas relações de consumo, 17 % têm conhecimento do Código, 45 % não têm conhecimento 38% dos entrevistados conhecem em parte o Código de Defesa do Consumidor. Observase que somente uma pequena parte dos entrevistados tem conhecimento sobre o mesmo, que em função desse desconhecimento, é mínima a procura pelos serviços prestados pelo PROCON. Quando os entrevistados foram interrogados com relação à procura ou não do PROCON para efetuar alguma reclamação ou requerer auxílio, 24 % já haviam procurado os serviços prestados pelo órgão e 76 % nunca procuraram estes serviços. Com a análise destes resultados obtidos, observa-se que a maioria dos entrevistados desconhece o Código de Defesa do consumidor. Porém, daqueles 24 % que procuraram os serviços prestados pelo PROCON, 49% ficaram satisfeitos com o atendimento recebido, 23% não ficaram satisfeitos e 28% consideraram satisfatórios os serviços prestados. CONCLUSÕES A análise dos dados coletados permite elaborar planos de orientação do consumidor de modo a estimular e consolidar suas práticas de consumo consciente e sustentável. A mudança nos padrões de consumo está centrada na educação do consumidor, com relação aos seus direitos e deveres, ao uso dos recursos naturais e aos cuidados que se deve ter quanto à qualidade dos produtos. O consumidor quando bem informado demonstra maior preocupação em consumir de forma apropriada e ética. As regras de consumo são ditadas pela empresas e seus programas de marketing, os quais definem o que é bom e ruim para a maioria das populações. 242
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FELDMANN, F. Consumismo. In: TRIGUEIRO, A. (Org.). Meio Ambiente no século 21: 21 especialistas falam da questão ambiental nas suas áreas de conhecimento. Rio de Janeiro: Sextante, 2003. p. 143-157. PIRES, M. O. A Perspectiva do Desenvolvimento Sustentável. In: LITTLE, P. E. Políticas Ambientais no Brasil: análises, instrumentos e experiências. Brasília, DF: IIEB, 2003. cap.14, p. 375-384. 243