OPERADORES LINEARES ESPECIAIS: CARACTERIZAÇÃO EM ESPAÇOS DE DIMENSÃO DOIS*

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Transcrição:

OPERADORES LINEARES ESPECIAIS: CARACTERIZAÇÃO EM ESPAÇOS DE DIMENSÃO DOIS* FABIANA BARBOSA DA SILVA, ALINE MOTA DE MESQUITA ASSIS, JOSÉ EDER SALVADOR DE VASCONCELOS Resumo: o objetivo deste artigo é apresentar uma pesquisa bibliográfica sobre alguns tipos de Operadores Lineares Especiais, suas características e propriedades, bem como caracterizá-los em espaços de dimensão dois. Inicia-se conceituando os Operadores Autoadjuntos e relatando os principais resultados, culminando com a demonstração do Teorema Espectral. Posteriormente, apresenta-se os Operadores Ortogonais finalizando com os Operadores Normais (Caso Real). Palavras-chave: Álgebra Linear. Operadores Lineares Especiais. Espaços de Dimensão Dois. RESULTADOS INICIAIS P recisamos A Adjunta dos seguintes resultados para entender os conceitos relacionados com os operadores lineares especiais. Definição 1. Seja a transformação linear, onde e são espaços vetoriais de dimensão finita, ambos munidos de produto interno. A adjunta de é uma transformação linear tal que, para quaisquer e se tenha Teorema 2. Sejam e bases ortonormais. Se. ) é a matriz da transformação 32

linear nas bases e, então a matriz da adjunta nas bases e é a transposta de. Demonstração: Essa demonstração pode ser encontrada em Lima (2011, p. 141). Apresentamos a seguir uma lista de propriedades operacionais da adjunta de uma transformação linear, as quais correspondem às propriedades da transposta de uma matriz. A validez dessas propriedades decorre da observação de que duas transformações lineares são iguais quando se tem para quaisquer e. Se é uma transformação linear invertível, então resulta em, logo. Analogamente, uma matriz quadrada é invertível se, e somente se, sua transposta é invertível e, no caso afirmativo,. Matrizes Ortogonais Proposição 3. A matriz é ortogonal se, e somente se, Demonstração: Essa demonstração pode ser encontrada em Lima (2011, p. 182). Proposição 4. Matrizes quadradas ortogonais são aquelas cuja transposta é igual à inversa. Demonstração: Se. é uma matriz quadrada ortogonal, então a igualdade implica, logo. A igualdade significa que as linhas de formam um conjunto de vetores ortonormais em. Portanto, para matrizes quadradas, colunas 33

ortonormais equivale a linhas ortonormais. Exemplo 5. (Caracterização das Matrizes Ortogonais 2 2) Seja uma matriz ortogonal 2 2. Como é um vetor unitário em, existe tal que e. Sendo unitário e perpendicular a, devemos ter. Assim, há duas possibilidades para a matriz : ou No primeiro caso, tem-se e no segundo. No primeiro caso, o polinômio característico de,, não tem raízes reais salvo se ou. Se, então, o qual tem uma raiz dupla. Se, então, que tem uma raiz dupla. Em ambas as situações os autoespaços são iguais resultando, para a situação em que que e, para, que. Portanto, neste caso temos uma matriz de rotação. No segundo caso, tem raízes e. Então o operador cuja matriz na base canônica é, admite autovetores e, respectivamente. Assim, e. Observe que, neste caso, a matriz é dada por que é simétrica. Logo, o operador é a reflexão em torno do eixo que contém, paralelamente a. OPERADORES AUTOADJUNTOS Definição 6. Um operador linear, sendo um espaço vetorial munido de produto interno, chama-se autoadjunto quando, ou seja, quando para quaisquer tem-se. Exemplo 7. Dados os vetores e seja o operador linear tal que e. Observe que é uma base de. Pela Definição 6 basta verificar que para todas as escolhas possíveis de e dentro desta base. Assim, temos que: 34

provando que é um operador autoadjunto. A proposição a seguir mostra algumas propriedades dos operadores autoadjuntos. Proposição 8. Se são operadores autoadjuntos e então é autoadjunto; é autoadjunto; o produto é autoadjunto se, e somente se, e comutam, ou seja,. Demonstração: Essa demonstração segue imediatamente da Definição 6. Proposição 9. O inverso de um operador autoadjunto (invertível) também é autoadjunto. Demonstração: Seja um operador autoadjunto e invertível. Tomemos. Queremos mostrar que também é autoadjunto. Sabemos que, tomando adjuntas, teremos. O que resulta em Assim será a inversa de, ou seja,. Mas, é também autoadjunto, então. Portanto, é autoadjunto. Exemplo 10. Sejam operadores definidos por e. Sendo a base canônica de, para todo ) temos: Logo, e, ou seja, é autoadjunto. Analogamente,, resultando que é também autoadjunto. Entretanto, como, segue que e, ou seja, o produto dos operadores autoadjuntos e não é autoadjunto. Isto se dá porque, conforme o item da Proposição 8,. Note ainda que é invertível, pois, e que sua inversa é ou seja, Pela Proposição 9, é autoadjunto. 35

Definição 11. Uma matriz quadrada ] diz-se simétrica quando é igual à sua transposta, isto é, quando para todo e todo No Teorema a seguir produto interno. é um espaço vetorial de dimensão finita munido de Teorema 12. O operador é autoadjunto se e, somente se, sua matriz relativamente a uma (e, portanto a qualquer) base ortonormal é uma matriz simétrica. Demonstração: Temos que Portanto, a matriz é simétrica se, e somente se, para quaisquer. Devido à linearidade de e à bilinearidade do produto interno, isto equivale a dizer que para quaisquer, resultando que é autoadjunto. Exemplo 13. As matrizes dos operadores autoadjuntos e do Exemplo 10 na base canônica de são, respectivamente, e, todas simétricas. Observe que, como não é autoadjunto, sua matriz não é simétrica. Teorema 14. Se são autovalores dois a dois distintos do operador autoadjunto, os autovetores correspondentes são dois a dois ortogonais. Demonstração: Como é autoadjunto, para quaisquer, tem-se: Mas,, assim, resulta em, ou seja, é ortogonal a, para e. Observação 15. Se então, para todo múltiplo, temos Logo, na situação do Teorema 14, os vetores podem ser tomados unitários, caso haja conveniência. 36

Exemplo 16. Seja dado por. Considere em o produto interno usual. Note que é autoadjunto, pois sua matriz na base canônica de é simétrica. O polinômio característico de é que possui três raízes reais distintas, a saber, e. Assim, pelo Teorema 14, os autovalores correspondentes, e são dois a dois ortogonais. Deste modo, e como nos assegura o Teorema 14. Um problema importante sobre operadores num espaço vetorial de dimensão finita é o de encontrar uma base em relação à qual a matriz desse operador seja o mais simples possível. Mostraremos que, se é um operador autoadjunto num espaço vetorial de dimensão finita com produto interno, existe uma base ortonormal em, relativamente à qual a matriz é uma matriz diagonal, isto é, se. Isso é o que nos diz o Teorema Espectral. Primeiro, vejamos o caso particular deste Teorema em que o espaço tem dimensão 2. Teorema 17. Seja um operador autoadjunto num espaço vetorial de dimensão 2, munido de produto interno,. Existe uma base ortonormal formada por autovetores de. Demonstração: Seja uma base ortonormal arbitrária. Como, podemos escrever e, uma vez que, pelo Teorema 12, a matriz de é simétrica, a saber cujo polinômio característico é dado por. O discriminante deste trinômio é, o qual deve ser maior ou igual a zero para que tenha raízes reais. 37

Se, então, que só é verdade quando, o que resulta em, ou seja,. Assim, Logo, todo vetor não nulo em é um autovetor, pois Se > 0, então possui duas raízes reais distintas e. Assim, e, resultando que e são ambas não invertíveis. Logo existem vetores não nulos tais que e, ou seja, e. Deste modo, é uma base de. Pelo Teorema 14, é uma base ortonormal de autovetores de Corolário 18. Todo operador autoadjunto, num espaço vetorial de dimensão finita com produto interno, possui um autovetor. Demonstração: Essa demonstração pode ser encontrada em Lang (2003, p. 167). Teorema 19. (Teorema Espectral) Para todo operador autoadjunto, num espaço vetorial de dimensão finita munido de produto interno, existe uma base ortonormal formada por autovetores de. Demonstração: Usaremos indução na dimensão de. O teorema é evidente se. Supondo-o verdadeiro em dimensão, considere Pelo Corolário 18, existe um autovetor unitário, portanto um subespaço de dimensão 1, tal que. Como dim, pela hipótese de indução temos que existe uma base ortonormal. Segue que é uma base ortonormal formada por autovetores de. Observação 20. Vale a recíproca do Teorema Espectral: se existe uma base ortonormal formada por autovetores do operador então este operador é autoadjunto. Exemplo 21. Considere o operador autoadjunto descrito no Exemplo 16. Como possui três autovalores distintos, possui uma base de autovalores, a saber,, com e. Como provado no Exemplo 16 essa base é ortogonal. Pela Observação 15, podemos tomar esses vetores unitários. Assim, como já é unitário, basta normalizar e : 38

Portanto, é a base ortonormal de descrita pelo Teorema Espectral. Caracterização dos Operadores Autoadjuntos em Espaços de Dimensão Dois sobre o Conjunto dos Números Reais. Pela demonstração do Teorema 17 (Teorema Espectral em espaços de dimensão 2), todos os operadores autoadjuntos em, sendo um espaço de dimensão dois, são dados por quando possui um único autovalor ou por quando possui dois autovalores distintos e. OPERADORES ORTOGONAIS Teorema 22. As seguintes afirmações a respeito de uma transformação linear entre espaços vetoriais de dimensão finita munidos de produto interno, são equivalentes: preserva a norma, ou seja, para todo ; preserva a distância, ou seja, para quaisquer ; preserva o produto interno, ou seja, para quaisquer ; ; A matriz do operador relativa a qualquer par de bases ortonormais e é uma matriz ortogonal; A matriz do operador relativa a um certo par de bases ortonormais e é uma matriz ortogonal; O operador transforma uma certa base ortonormal num conjunto ortonormal. (Se, então é uma base); O operador transforma toda base ortonormal num conjunto ortonormal. Demonstração: Essa demonstração pode ser encontrada em Lima (2011, p. 184). Definição 23. Uma transformação linear chama-se ortogonal quando cumpre uma das oito condições do Teorema 22 (e, portanto, todas elas). 39

Em particular, um operador linear chama-se ortogonal quando Assim, para que o operador linear seja ortogonal, é suficiente que ou então que. Em termos de matrizes, o operador é ortogonal quando. Exemplo 24. Em o operador linear definido por é ortogonal. De fato, pois utilizando o item, do Teorema 22 temos que de obtemos e. Note que. Proposição 25. Os únicos autovalores possíveis para um operador ortogonal são e Demonstração: Como é ortogonal, segue que. E como, com, temos que logo. Portanto, ou. Proposição 26. Se e são autovetores do operador ortogonal, com e, então. Demonstração: Com efeito, pois Assim,, resultando que. Exemplo 27. Considere o com o produto interno usual e um operador ortogonal. Sua matriz em relação à base canônica é 40

. Seu polinômio característico é dado por. Então os autovalores de são e, como descreve a Proposição 25, cujos autoespaços são, respectivamente, e. Portanto, como nos diz a Proposição 26. Caracterização dos Operadores Ortogonais em Espaços de Dimensão Dois sobre o Conjunto dos Números Reais e A seguir, vamos analisar a forma de um operador ortogonal espaço de dimensão 2 dotado de um produto interno. Segundo a natureza dos autovalores de, há quatro possibilidades: num possui um único autovalor, o qual é igual a. Neste caso,. De fato, seja um vetor unitário tal que. Se é outro vetor unitário e perpendicular a, então também é um vetor unitário perpendicular a, logo. Como não admite o autovalor, então. Mas é uma base, portanto,. possui um único autovalor, o qual é igual a. Então De fato, seja um vetor unitário tal que. Se é outro vetor unitário e perpendicular a, então também é um vetor unitário perpendicular a, logo. Como não admite o autovalor, então Mas é uma base, portanto, admite os autovalores e. Tomemos vetores unitários com e, logo é uma base ortonormal relativamente à qual a matriz de é Neste caso, é a reflexão ortogonal em torno do eixo que contém o vetor. não possui autovalores reais. Consideremos uma base ortonormal arbitrária de. A matriz de nesta base, sendo ortogonal quadrada e sem autovalores, tem, segundo o Exemplo 41

5, a forma É necessário verificar se não depende da base ortonormal escolhida, para dizer que o operador é a rotação de ângulo. Se tomarmos outra base ortonormal de, a nova matriz de será, onde é a matriz de mudança de base, a qual é ortogonal, com. Assim, Levando em consideração a ortonormalidade das linhas e das colunas da matriz, obtemos ou conforme seja ou, respectivamente. Em outras palavras, o ângulo fica determinado a menos do sinal. Isto quer dizer que, num espaço vetorial de dimensão 2, munido de produto interno, faz sentido a noção de ângulo apenas em valor absoluto. Portanto, os operadores ortogonais sem autovalores (juntamente com ) num espaço vetorial de dimensão 2 serão chamados rotações. ( e são respectivamente as rotações de ângulo e respectivamente.) Exemplo 28. Considerando o operador do Exemplo 24, a saber, calculemos seus autovalores. O polinômio característico de é dado por do qual obtemos o discriminante. Portanto, não possui autovalores reais, o que o caracteriza como uma rotação no plano. 42

OPERADORES NORMAIS (CASO REAL) Definição 29. Um operador linear seu adjunto, isto é, quando. chama-se normal quando comuta com Definição 30. Uma matriz quadrada isto é,. diz-se normal se comuta com sua transposta, Proposição 31. Um operador é normal se, e somente se, sua matriz relativamente a uma base ortonormal é uma matriz normal. Demonstração: Seja um operador normal, então sua matriz relativa a uma base ortonormal é, por definição, quadrada e, pois a matriz de é. Portanto um operador é normal se, e somente se, sua matriz relativamente uma base ortonormal é uma matriz normal. Exemplo 32. Os operadores autoadjuntos e os ortogonais são normais. Primeiramente, consideremos. Logo, um operador autoadjunto, então Resultando que é normal. Agora consideremos um operador ortogonal, então, e. Assim, ou seja, é normal.., Com isso, temos também que as matrizes simétricas e as ortogonais são normais. Caracterização dos Operadores Normais em Espaços de Dimensão Dois sobre o Conjunto dos Números Reais Temos que Considere a seguinte matriz normal 2 2: 43

e que Logo é normal se, e somente se,, isto é, e Se, a matriz é simétrica. Caso contrário, temos (com ). Então, de resulta, donde. Deste modo, as únicas matrizes normais 2 2 são as simétricas e as da forma Observe que se então Logo existe um ângulo tal que e. Então a matriz se escreve como. Portanto, uma matriz normal 2 semelhança no plano. Exemplo 33. O operador linear 2 ou é simétrica ou é a matriz de uma dado por é tal que Portanto, CONCLUSÃO é normal. Este artigo, que foi uma pesquisa bibliográfica, apresentou três tipos especiais de Operadores Lineares: os Autoadjuntos, os Ortogonais e os Normais (Caso Real) caracterizando-os em espaços de dimensão dois. É importante destacar que todos os conteúdos estão diretamente ligados com a adjunta de um operador linear, consequentemente, com a matriz transposta, que é a matriz da adjunta e que este trabalho traz noções básicas sobre cada tema proposto, existindo ainda muitos outros resultados acerca do assunto. Uma sugestão de trabalho futuro seria caracterizar os operadores lineares Autoadjuntos, os Ortogonais e Normais (Caso Real) em espaços de dimensão 3 e 4. 44

SPECIAL LINEAR OPERATORS: CHARACTERIZATION IN SPACES TWO- DIMENSIONAL Abstract: the purpose of this article is to present a research literature on some special types of Linear Operators, their characteristics and properties as well as characterizing them in spaces two-dimensional. We start presenting the self-adjoint operators and reporting the main results, culminating in the demonstration of the Spectral Theorem. Subsequently, we present the Orthogonal Operators Operators ending with the Standard (Real Case). Keywords: Linear Algebra, Special Linear operators. Spaces of Two-Dimensional Two Referências BOLDRINE, José Luiz. Álgebra linear. 3.ed. São Paulo: Harbra, 1980. LANG, Serge. Álgebra linear. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2003. LIMA, Elon Lages. Álgebra linear. 8.ed. Rio de Janeiro: Coleção Matemática Universitária; IMPA, 2011. STEINBRUCH, Alfredo Steinbruch; WINTERLE, Paulo. Introdução à álgebra linear. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 1997. TEIXEIRA, Ralph Costa. Exercícios e soluções. Rio de Janeiro: Coleção Matemática Universitária; IMPA, 2009. * Recebido em: 10.02.2014. Aprovado em: 22.02.2014. Agradecemos ao Núcleo de Estudos e Pesquisa em Educação Matemática do IFG (NEPEM/IFG) pelo apoio. FABIANA BARBOSA DA SILVA Licenciada em Matemática pelo Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de Goiás Câmpus Goiânia. E-mail: fabianabs_85@hotmail.com ALINE MOTA DE MESQUITA ASSIS Mestre em Matemática. Professora do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de Goiás Câmpus Goiânia E-mail: aline.mesquita@ifg.edu.br JOSÉ EDER SALVADOR DE VASCONCELOS Mestre em Matemática. Professor do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de Goiás Câmpus Goiânia E-mail: salvadordevasconcelos@yahoo.com.br 45