Parecer do Grupo Técnico de Auditoria em Saúde 016/05 Tema: Ultra-sonografia dinâmica de vias urinárias
I Data: 24/05/05 II Grupo de Estudo: Silvana Márcia Bruschi Kelles Lélia Maria de Almeida Carvalho Marta Gomes Campos Adolfo Orsi Parenzi III Tema: Ultra-sonografia dinâmica de vias urinárias IV Especialidade(s) envolvida(s): Ultrassonografia V Questão Clínica / Mérito: - Quais as indicações para esse exame? - Existe literatura que possa embasar a incorporação desse exame pela Unimed BH? - O exame é custo efetivo? VI Enfoque: Diagnóstico
VII Introdução: A ultra-sonografia dinâmica é um exame não invasivo que fornece dados sobre a espessura da parede vesical, capacidade cistométrica máxima, avaliação de presença de contrações e detrusor e da presença e quantidade de volume residual pós-miccional. Está sendo proposto para avaliação de pacientes pediátricos. A ultra-sonografia tem possibilitado aos médicos a medição da espessura da parede da bexiga, avaliação da urina residual pós miccional e estimativas do volume da bexiga. Com a introdução do estudo urodinâmico e sua documentação por vídeo, houve um avanço na compreensão da fisiopatologia da disfunção da bexiga e no planejamento do tratamento dos pacientes com essa disfunção. Entretanto, o estudo urodinâmico é invasivo e está associado a efeitos colaterais e dificuldades de execução principalmente em crianças. O enchimento da bexiga não é natural e as crianças nem sempre colaboram para o exame. Essas dificuldades podem falsear os resultados. Com esse objetivo, foi proposto o ultra-som dinâmico de vias urinárias para avaliar as disfunções da bexiga em crianças e adolescentes. Além da medida da espessura da parede e estimativa do volume residual, essa técnica permite avaliar a atividade do detrusor pela medição das contrações involuntárias, identificação de extravasamento urinário associado a essas contrações ou não e a determinação da capacidade cistométrica máxima com enchimento natural da bexiga. Além disso, através de observação indireta, o ultra-som dinâmico de vias urinárias permite a avaliação da competência do esfíncter urinário externo. VIII Metodologia: 1. Bases de dados pesquisadas: Bireme, Medline, Pubmed, Tripdatabase, Portal Capes, Colaboração Cochrane.
2. Palavras-chave utilizadas: ultra-sonografia dinâmica de vias urinárias, dynamic bladder ultrasound, urodynamics studies, bladder disfunction, lower urinary disfunction, ultrassonografia dinâmica da micção. 3. Desenhos dos estudos: estudos comparativos da acurácia, valor preditivo positivo e negativo do exame, sensibilidade, especificidade comparada com o padrão ouro atualmente utilizado que é o estudo urodinâmico. 4. População incluída e excluída: pacientes pediátricos portadores de disfunções de vias urinárias. 5. Resultados (referências selecionadas por tipo): 03 publicação com descrição dos resultados derivadas todas de um único experimento. Tese de Mestrado com a descrição detalhada do experimento que serviu de base para todas as outras publicações. Só existem publicações de um mesmo serviço e de um mesmo autor. IX Revisão Bibliográfica: A disfunção miccional pode ser causa de lesão renal progressiva, especialmente quando associada a refluxo vésico-ureteral, obstrução urinária ou alta pressão vesical. Os métodos de avaliação atualmente utilizados são: - Estudo urodinâmico que avalia o resíduo pós-miccional (urofluxometria), atividade do detrusor, espessura da parede vesical, cistometria, eletromiografia feita concomitantemente com a cistometria miccional para avaliação da musculatura estriada do assoalho pélvico. - Ultra-som dinâmico de vias urinárias que se propõe a avaliar o resíduo pós-miccional, espessura da parede, capacidade cistométrica máxima, verificação da presença de contrações involuntárias de detrusor na fase de enchimento da bexiga, com ou sem perda urinária.
São apontadas pelo autor, como vantagens do ultra-som dinâmico: - Método não invasivo, - Realização simples, - Não exige sedação, - Não exige preparo especial, - Não utiliza radiação, - Baixo custo, - Pode ser repetido inúmeras vezes. O autor apresenta resultados de seu estudo em que avaliou 63 pacientes entre 1 e 17,4 anos, comparando os resultados de 71 pares de exames realizados estudo urodinâmico versus resultados do ultra som dinâmico de vias urinárias. A autora encontrou os seguintes resultados, para os diversos itens avaliados, quando comparados aos resultados do estudo urodinâmico tido como padrão ouro: Item avaliado Sensibilidade Especificidade VPP VPN em % em % em % em % Presença de volume residual 97,7 100 100 95 Presença de contrações involuntárias do detrusor, na 93 88,9 93 88,9 fase de enchimento vesical Presença de contrações involuntárias do detrusor com 100 97,8 96 100 perda urinária Presença de perda urinária sem contrações involuntárias do 87,5 97,1 87,5 97,1 detrusor Presença de perda utinária com esforço 93,8 100
Houve comparação ainda da capacidade cistométrica máxima entre os resultados do ultra-som dinâmico de vias urinárias e o estudo urodinâmico com uma correção de 0,983 (p < 0,0001) (1) X Análise de Impacto Financeiro: O ultra-som dinâmico de vias urinárias não existe em tabela AMB, ROL ou na CBHPM, portanto ainda não foi quantificada sua utilização por qualquer tabela vigente. XI Parecer do GTAS: Apesar do experimento demonstrar ser uma tecnologia promissora, não existem trabalhos publicados por outros autores que reproduzam os resultados apresentados pela autora. O parecer do GTAS é contrário à incorporação do ultra-som dinâmico de vias urinárias até que outros autores e outros centros publiquem também seus resultados. XII Referências Bibliográficas: 1- Filgueiras MFTF et al. Bladder dysfunction in children: ultrasonographic vs urodynamic study.pediatric Nephrology, 1998;12(7): 2- Filgueiras MFTF. Contribuição da ultrasonografia dinâmica no diagnóstico da disfunção miccional em crianças e adolescentes. Dissertação de Mestrado em Medicina, área de concentração Pediatria, UFMG, Belo Horizonte, setembro de 2000. 3- Filgueiras MFTF et al. Diagnóstico da disfunção miccional pela ultrasonografia Dinâmica (USD) em crianças e adolescentes vs estudo urodinâmico. Jornal Brasileiro de Nefrologia, 2001; 23(1) supl2: 8-24. 4- Filgueiras MFTF et al. Bladder Dysfunction: Diagnosis with Dynamic US. Radiology 2003; 227(2):340-44
XIII Anexos: