IMPRESSOS PEDAGÓGICOS NO SUL DE MATO GROSSO (1930 a 1945): evidências de uma história da educação em Mato Grosso

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Transcrição:

IMPRESSOS PEDAGÓGICOS NO SUL DE MATO GROSSO (1930 a 1945): evidências de uma história da educação em Mato Grosso Jaíne Massirer da Silva 1 Kênia Hilda Moreira 2 7. História da Educação Pôster Resumo: A pesquisa em andamento tem por objetivo apresentar uma discussão teórico-metodológica em torno dos impressos como fonte para a história da educação em Mato Grosso de 1930 a 1945. O recorte temporal de 1930 a 1945 compreende o período do governo de Getúlio Vargas, sendo um período em que ocorreram diversas transformações sociais. Com base nos referências teóricos da Nova História Cultural, apresentamos o corpus documental já selecionado, composto por seis impressos pedagógicos, localizados no Centro de Documentação Regional da Universidade Federal da Grande Dourados. Tem por finalidade, localizar, selecionar e analisar os impressos pedagógicos em Mato Grosso, questionando sobre o conteúdo presente nessa materialidade e como esse conteúdo contribui para uma história da educação em Mato Grosso durante a Era Vargas. Palavras-chave: Impressos Pedagógicos. Era Vargas. História da Educação em Mato Grosso. Introdução A pesquisa em andamento tem por objetivo apresentar uma discussão teórico-metodológica em torno dos impressos que circularam em Mato Grosso de 1930 a 1945. O recorte temporal de 1930 a 1945 corresponde ao governo 1 Acadêmica do curso de Pedagogia na Faculdade de Educação da Universidade Federal da Grande Dourados e Bolsista de Iniciação Científica/CNPq. 2 Professora Adjunta na Universidade Federal da Grande Dourados, orientadora de bolsa de iniciação científica/ CNPq.

2 de Getúlio Vargas, enquanto um período em que ocorreram diversas transformações sociais que influenciaram o campo educacional. Durante a disciplina História da Educação Brasileira, alguns questionamentos foram levantados em torno da educação na Era Vargas e durante uma conversa com a professora regente acerca da temática, me apresentou um projeto de pesquisa vinculado ao Programa Institucional de Iniciação Científica (PIBIC) financiada pela Universidade Federal da Grande Dourados que compreende o período de Julho/2013 a Julho/2014, que tinha por objetivo analisar os impressos que circularam em Mato Grosso durante esse período. A partir da conclusão da pesquisa, alguns questionamentos foram levantados, sendo esse projeto uma continuação/extensão da mesma. A Era Vargas, instaurado no Brasil de 1930 a 1945, corresponde ao período da Segunda República, marcada por profundas transformações. Dividida em três períodos, o primeiro com o governo provisório (1930-1934), o segundo marcado pela constituição de 1934 e o terceiro período conhecido como Estado Novo (1937-1945), quando Vargas através de um golpe de Estado dá início à ditadura. As transformações sociais da época objetivavam transformar a nação em um Estado Moderno. A tentativa de industrialização refletiu no campo educacional, como se pode observar nas Reformas Educacionais, de Francisco Campos (1931) e Gustavo Capanema (1942). Deve se considerar ainda no âmbito das reformas educacionais no período em questão, a disputa entre os escolanovista 3 e a Igreja além da construção de uma identidade nacional, necessária a um governo centralizador. Objetivos 3 A expressão advém do movimento da Escola Nova e refere-se aos intelectuais que a ela se filiavam. A Escola Nova, iniciada no Brasil na década de 1920 buscava romper com a escola tradicional, com uma proposta de inovação na qual o aluno passa a ser o centro do processo de ensino e a aprendizagem. Propunham ideias educacionais novas tanto na política como na economia, em prol de uma educação pública, gratuita e para todos. Sobre a Escola Nova no Brasil, cf. Filho (1968), Monarcha (1989), dentre outros.

3 A educação na Era Vargas é um tema bastante investigado, como afirmam os balanços feitos por Warde (1984), ao analisar as teses e dissertações defendidas em educação entre 1970 a 1984 e concluir que a periodização adotada na maioria dos trabalhos dizia respeito à Revolução de 1930, entendida como fato inaugural de um novo ciclo. No entanto, após o breve levantamento de pesquisas sobre o período em Mato Grosso, percebe-se que carece ainda de aprofundamento as pesquisas sobre a educação no período Getulista no Estado de Mato Grosso, nesse sentido justifica se nossa investigação em torno dos impressos pedagógicos que circularam entre os anos de 1930 a 1945. A pesquisa tem por objetivo localizar, selecionar e analisar os impressos pedagógicos que tenham seu título vinculado à educação. Compreende se impressos pedagógicos como jornais, revista e boletins. Após a catalogação, leitura e análise pretende se responder aos questionamentos levantados, a quem eram destinados os impressos pedagógicos? Qual classe social tinha acesso a eles? Quem era a sociedade letrada? Como os conteúdos desses impressos contribuíram para uma educação nacionalista no estado de Mato Grosso? Sem ignorar a sociabilidade de leitura, a possibilidade de leitura como audição de uma palavra escrita (CHARTIER, 1990, p.24). Espera se identificar quais eram as intenções pedagógicas partilhadas por meio dos impressos para uma educação formal e não formal que circularam em Mato Grosso entre 1930 a 1945. Abarcando os impressos pedagógicos que circularam em Mato Grosso e especialmente no sul de Mato Grosso durante a Era Vargas (1930-1945), objetivamos identificar discursos presentes nessa materialidade que dêem evidências das práticas de educação formal e não formal no contexto delimitado, compreendendo que as diversas formas de ler os referidos impressos e a identificação do público leitor (inábil ou letrado), também contribuem para uma história da educação nessa região. Metodologia

4 A pesquisa será dividida em quatro momentos. O primeiro momento será a contextualização da situação mundial econômica e social, para compreensão acerca da política de caráter nacionalista adotada pelo governo de Getúlio Vargas, o papel da educação para a política de nacionalização e como era a educação em Mato Grosso neste momento. O segundo momento, como os impressos pedagógicos são percebidos a partir da Nova História Cultural no Brasil, através das leituras de Chartier (1990 e 1995) e Burke (2005), contextualizar o surgimento da Nova História Cultural a partir de Catani e Faria Filho (2002) e Vidal e Faria Filho (2004) e uma revisão bibliográfica sobre os impressos pedagógicos em Mato Grosso no Banco de Teses da CAPES. O terceiro momento a busca e a seleção do material, que irá compor nosso corpus documental, no Centro de Documentação Regional (CDR) da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Após a busca e seleção, partiremos para a leitura e análise dos referidos documentos. O último momento dedicado, a análise dos impressos com o objetivo de compreender como a educação formal e não formal eram abordadas pela imprensa e qual a concepção de educação/instrução que a sociedade sul-mato-grossense tinha na Era Vargas. A análise dos conteúdos será divida em dois momentos, num primeiro a descrição geral dos impressos pedagógicos. No segundo momento a análise dos conteúdos, baseada em Le Goff (1996), a importância de observar o documento na sua monumentalidade, como uma crítica que procura dar a ver as suas condições de produção histórica e sua intencionalidade, para a leitura dos referidos documentos. E na história cultural que apresenta o mundo como representação (CHARTIER, 1996), da mudança de perspectiva do livro, (CHARTIER e ROCHE, 1995), pela apropriação (DE CERTEAU, 1994), etc., exigindo-nos a compreensão da materialidade dos impressos. A analise dos impressos a partir de Chartier (1990), as maneiras de ler o impresso devem, ser consideradas na presente investigação, reconhecendo que o trabalho histórico deve ter em vista o reconhecimento de paradigmas de leitura válidos para uma comunidade de leitores, num momento e num lugar determinados (CHARTIER, 1990, p.131), ou seja, o impresso é percebido como um objeto de

5 pesquisa, onde podemos discutir as práticas escolares, história da leitura e da materialidade do objeto que se lê. Resultados parciais Até o presente momento, os impressos pedagógicos já foram localizados e catalogados no CDR-UFGD. O corpus documental será composto por seis impressos pedagógicos, conforme a tabela a seguir, Quadro 1 Impressos Pedagógicos localizados e catalogados no CDR-UFGD. Nome dos Arquivos Cidade Números/Anos A Vida Escolar Orgão dos estudantes de Campo Grande Campo Grande 1934 ano I n. 1 11 1935 ano II n. 13 21 1936 ano III n.22 Civilização revista Campo Grande 1934- ano I Jul. Vol.1 trimestral de Cultura e 1934 ano 1 Set. Vol.1 Educação Ecos Juvenis Orgão das alunas do Colegio N.S. Campo Grande 1936 ano III n. 13 1939 ano VI n. 29 Auxiliadora O Abecê Orgão do Campo Grande 1936 - ano III n.14 Grêmio Literário José de Mesquita Revista Anual do Grêmio Cuiabá 1942 ano III n.3 Literário D. Aquino Côrrea Vida Escolar Orgão dos Cuiabá 1937 ano IV n. 28 alunos do internato Osvaldo Cruz Fonte: Elaborado pelas autores com base no acervo do CDR-UFGD. Trata-se de seis impressos pedagógicos, A Vida Escolar Orgão dos estudantes de Campo Grande, Civilização revista trimestral de cultura e educação, Ecos Juvenis Orgão das alunas do Colégio N. S. Auxiliadora, O Abecê Orgão do Grêmio Literário José de Mesquita e Vida Escolar Orgão do Internato de Osvaldo Cruz. Após a seleção e catalogação, iniciamos a leitura e análise dos referidos documentos, como expõe Le Goff (1996). Até o momento foi realizado a leitura e a analise geral acerca de dois impressos pedagógicos, Ecos Juvenis Orgão

6 das alunas do Colégio N. S. Auxiliadora e Vida Escolar Orgão dos alunos do internato de Osvaldo Cruz. A seguir a descrição geral desses impressos. Ecos Juvenis; órgão das alunas do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora Ecos Juvenis foi uma revista produção trimestral de pequena circulação, a edição especial número 13 foi publicada em 29 de novembro de 1936 a fim de divulgar as normalistas que estavam se formando, a programação da formatura e os discursos que seriam lidos na mesma, já a edição 29 foi publicada em outubro de 1939, vinham artigos escritos pelas alunas do curso normal. Apesar de ser uma revista trimestral foram encontrados somente dois números treze e vinte e nove. Todas as páginas encontrassem conservadas e não foi perdida nenhuma página, possibilitando total leitura das edições da revista. A capa da revista logo acima o nome em maiúsculo e negrito, abaixo o número, ano e número de edição, a foto do prédio do Colégio N. S. Auxiliadora e o nome da cidade de Campo Grande. Já na edição de número 29 houve uma mudança de subtítulo passando a ser Órgão do Grémio Literário Dom Aquino Corrêa. O diretor geral da revista era o Dr. Adalberto Barreto, sendo redigido pelas normalistas do colégio. A edição de número treze teve o intuito de divulgar a formatura do curso das normalistas, trazendo, o dia que seria a colação de grau, onde seria a festa, quais autoridades estariam presentes, o programa (cronograma), contendo vinte e cinco páginas essa edição. Já a edição de número vinte e nove teve quarenta páginas e trouxe vários conteúdos sendo apresentado ao leitor logo abaixo do cabeçario do jornal. Vida Escolar Orgão dos alunos do Internato de Osvaldo Cruz O pequeno jornal Vida Escolar, Orgão dos alunos do Internato de Osvaldo Cruz, criado na cidade de Campo Grande (MT) em 1937, sendo

7 produzido na Typografia Trouy, contando com a colaboração de todos os professores e alunos dos estabelecimentos escolares. A primeira página traz em cima o nome do jornal em negrito e maiúsculo, no meio uma foto de um professor sendo homenageado logo abaixo o mês e ano de circulação do jornal. De um modo geral os artigos contidos no pequeno jornal relatam fatos ou histórias escritas pelos seus colaboradores, dos mais diversos assuntos, alguns pequenos poemas dos alunos dedicados a alguma pessoa na maioria seus pais ou professores, em todos os artigos está o nome de quem o escreveu logo à direita abaixo do titulo do mesmo. Duas paginas são dedicadas a homenagens, contendo fotos de grupos de alunos. Contendo 18 paginas. Considerações parciais Como considerações parciais, destacamos, após a seleção e catalogação dos impressos, analises de alguns dos impressos pedagógicos que circularam nas cidades de Campo Grande e Cuiabá elas foram às integrantes do lócus de pesquisas, pois, elas registram publicações e circulações de uma imprensa pedagógica com certa regularidade. Os impressos foram selecionados com o intuito de contribuir para a construção da história regional, através da fonte de pesquisa buscamos identificar e dar a conhecer iniciativas autônomas em prol da constituição do campo em fase de organização (PINTO, 2013, p.23) de como era abordado o tema educação. A partir da descrição geral pode se observar que alguns impressos eram produzidos nas próprias cidades nas tipografias, quando isso ocorre o mesmo é indicado pelo jornal e os outros vinham da Capital Cuiabá ou dos grandes centros. Os impressos pedagógicos produzidos eram de pequena circulação e com poucas edições principalmente os da cidade de Capo Grande, já os produzidos em Cuiabá tinham mais impressos pedagógicos e com maior número de edições e eram distribuídos por todo o Estado. A partir das evidências os impressos pedagógicos eram destinados à sociedade letrada e com certo poder aquisitivo, pois para ter acesso a eles

8 havia uma contribuição dependendo de quanto em quanto tempo era publicado o impresso. A maioria dos impressos contava com a colaboração de professores e alunos das instituições de ensino de Campo Grande e Cuiabá. Através da analise do conteúdo, espera se encontram evidências nos impressos pedagógicos para quem eles eram destinados, quem tinha acesso a eles e como esses impressos contribuíram para uma educação nacionalista e como era percebida a educação/instrução no Estado de Mato Grosso durante a Era Vargas. Referências BURKE, Peter. O que é história cultural?. Rio de Janeiro, 2008, p. 48-60. CATANI, Denice B. e FARIA FILHO, Luciano M. de (2002). Um lugar de produção de um lugar. História e historiografia da educação Brasileira nos anos 80 e 90 a produção divulgada no GT História da Educação. Caxambu, Anped. CHARTIER, Roger. A história cultural: entre práticas e representações. Rio de Janeiro: Difel; Bertrand Brasil, 1990. CHARTIER, Roger; ROCHE, Daniel. O livro: uma mudança de perspectiva. In: LE GOFF; NORRA, Pierre. (Orgs.). História: novos objetos. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1995. p. 99-115. FILHO, Lourenço. Introdução ao estudo da Escola Nova. 7. ed. São Paulo: Melhoramentos, 1968. LE GOFF, Jacques. Documento e monumento. In: História e memória. Trad. Irene Ferreira et al. Campinas: Editora da Unicamp, 1996. PINTO, Adriana Aparecida. Nas páginas da imprensa: a instrução/educação nos jornais em Mato Grosso (1880-1910), 2013. Tese (Doutorado). Universidade Estadual Paulista, Araraquara, SP, 349 f, 2013. VIDAL, Diana Gonçalves e FARIA FILHO, Luciano Mendes. História da Educação no Brasil: a constituição histórica do campo (1890-1970). Revista Brasileira de História, ANPUH/Humanitas, vol.23, n.45.2003 WARDE, Mirian Jorge. Anotações para uma Historiografia da Educação Brasileira. Em aberto, ano 3, n.23, set/out. 1984.