A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO SOBRE A AUTONOMIA DOCENTE NA EDUCAÇÃO SUPERIOR ( ).
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- Otávio Raminhos Aleixo
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1 A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO SOBRE A AUTONOMIA DOCENTE NA EDUCAÇÃO SUPERIOR ( ). Érica Santana (UFPE) i José Batista Neto (UFPE) ii RESUMO Este artigo apresenta uma síntese integrativa de estudos sobre a autonomia didáticocientífica de professores que atuam na Educação Superior. Foram analisadas 11 produções entre os anos de 2008 a 2012: 03 artigos publicados em periódicos, no site do Banco de Dados da CAPES; 07 dissertações e 01 tese, disponíveis no Banco de Dados de Teses e Dissertações, do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (BDTD/IBICT). Analisa os contextos em que a autonomia do professor é enfocada quando se trata da educação superior. Os resultados mostram que o interesse pelo tema ainda não é expressivo: sobre a autonomia, foram encontradas 97 produções acadêmicas, das quais apenas 08 (8,25%) trataram da autonomia docente na Educação Superior. Em relação aos artigos científicos, do total de publicações apresentadas em 10 periódicos, apenas 03 produções abordaram a questão da autonomia. No período analisado, identificamos alguns contextos em que a autonomia docente foi tratada como objeto de estudo: autonomia no contexto amplo do trabalho docente na Educação Superior; autonomia no início da carreira; autonomia na sala de aula; autonomia na pesquisa; e autonomia na avaliação institucional. Identificamos uma dispersão teórica dos referenciais utilizados nas pesquisas. Em relação aos procedimentos metodológicos, os pesquisadores têm priorizado os seguintes instrumentos: pesquisa documental e entrevista. Os trabalhos apresentam a autonomia docente como um tema relevante pelo fato de ser uma maneira do professor assumir a dimensão profissional de seu trabalho educativo, o qual consiste na execução de uma atividade que exige formação profissional, pois requer desenvolvimento de conhecimentos e habilidades específicas. Palavras-Chave: estado do conhecimento; autonomia docente; educação superior. CONSIDERAÇÕES INICIAIS O artigo é resultado de uma pesquisa do tipo estado do conhecimento acerca da autonomia docente na Educação Superior. A análise das produções foi norteada pelos seguintes questionamentos: existe uma produção sobre a autonomia didático-científica do professor da Educação Superior? Se sim, que informações relevantes ela apresenta? Mediante quais tendências teórico-metodológicas se tem produzido? Quais resultados se tem alcançado? O objetivo deste estudo consiste, portanto, em apresentar e discutir a produção científica recente acerca da temática da autonomia didático-científica do professor que atua na Educação Superior. Realizamos um recorte temporal, de 2008 a 2012, a fim de atualizar três estudos anteriores (André et al, 1999; André, 2009 e 2010), os quais, conjuntamente, 01323
2 2 abrangeram o período de 1990 a 2007 e trataram do estado do conhecimento a respeito da formação de professores em produções científicas. Tais estudos apresentaram a autonomia como um tema de importância crescente no campo da educação. Para constituirmos o corpus da investigação, revisitamos algumas das fontes que foram consultadas por André et al (1999), quais sejam: dissertações e teses defendidas em programas de pós-graduação em educação do país, disponibilizadas no site do BDTD/IBICT; e artigos publicados em 10 periódicos da área iii, consultados a partir do site da CAPES. Selecionamos as dissertações e teses por meio do descritor autonomia do professor na educação superior. Das 97 produções defendidas entre 2008 e 2012, apenas 08 (8,25%) trataram especificamente da autonomia de professores na Educação Superior. O procedimento de busca dos artigos se deu a partir dos sumários de todas as edições das 10 revistas selecionadas, publicadas no período de 2008 a A partir da leitura dos títulos e, quando necessário, dos resumos de cada produção, identificamos que apenas 03 se referiram à autonomia do professor. Retivemos, então, para um estudo mais detalhado, um total de 11 produções: 07 dissertações, 01 tese e 03 artigos científicos. Para a análise de conteúdo, levamos em consideração os seguintes aspectos: objetivos dos estudos; referenciais teóricos; campos da pesquisa; sujeitos de investigação; procedimentos de coleta e de análise; e resultados alcançados. Abordaremos, a seguir, uma síntese de nossa investigação, que pretendeu sistematizar o modo como a questão da autonomia didático-científica do professor da Educação Superior tem sido tratada em diversos contextos. 1. O QUE REVELAM AS PRODUÇÕES CIENTÍFICAS ANALISADAS? Constatamos que os 11 estudos selecionados concentraram-se em programas de pós-graduação em educação e abordaram a autonomia didático-científica do professor. Agrupamos as produções selecionadas em 05 categorias, de acordo com o contexto em que a autonomia docente se materializava nos estudos. Categoria 01 Autonomia no contexto amplo do trabalho docente que ocorre na Educação Superior: produções que abordaram vários aspectos do trabalho docente e que envolveram, inclusive, diversos tipos de autonomia exercidos pelo professor, a exemplo da autonomia pedagógica, da autonomia política na gestão administrativa e da 01324
3 3 autonomia técnica. Incluímos nesse grupo estudos que discutiram a construção de uma cultura profissional docente diante do desenvolvimento científico e tecnológico; Categoria 02 Autonomia no contexto do início da carreira: estudos que trataram dos desafios de início de carreira, inclusive os relacionados ao processo de construção dos saberes docentes e sua relação com a autonomia; Categoria 03 Autonomia no contexto da sala de aula: pesquisas que discutiram a relação entre sujeitos, saberes e práticas e também estudos sobre as formas de lidar com o conhecimento na organização do ensino, apresentando o princípio da autonomia como elemento fundamental no trato com o conhecimento; Categoria 04 Autonomia no contexto da pesquisa: estudos sobre a autonomia científica do professor, tanto relativa a órgãos de desenvolvimento científico (CAPES, por exemplo) quanto em relação ao próprio ato de pesquisar; Categoria 05 Autonomia no contexto da avaliação institucional: produções que trataram da participação autônoma do professor diante do processo de avaliação que envolve toda a instituição universitária. As produções encontradas foram agrupadas da seguinte forma: 05 pesquisas na Categoria 01; 02 pesquisas na Categoria 02; 01 pesquisa na Categoria 03; 02 pesquisas na Categoria 04; e 01 pesquisa na Categoria 05. Após essa categorização, constatamos que o trato com a temática da autonomia apresentou alguns silenciamentos: nenhuma das 11 produções analisadas situou a questão no contexto específico da avaliação da aprendizagem ou no processo de reforma curricular, por exemplo. 1.1.Os Objetivos Os objetivos dos estudos estavam voltados às seguintes questões: relações existentes entre autonomia e trabalho docente; processos de construção de saberes docentes; formas inovadoras de lidar com o conhecimento em sala de aula; concepções de autonomia científica presentes na produção acadêmica; autonomia do professor diante do desenvolvimento científico e tecnológico; e reflexões sobre medidas legais que regulamentam a gestão e a autonomia nas instituições. 1.2.As Abordagens teóricas e os procedimentos metodológicos Construímos um breve panorama a respeito das abordagens teóricometodológicas que têm sido recentemente utilizadas quando se estuda a autonomia 01325
4 4 docente. Os principais autores que contribuíram para a definição e a caracterização da autonomia foram: Contreras (02 pesquisas); Freire (02); e Rios (02). Contudo, verificamos certa dispersão teórica, uma vez que muitos outros autores foram citados em apenas um trabalho: Anastasiou; Tardif; Vásquez; Imbernón; Sacristán; Zeicher; Nóvoa; Perrenoud; Chaui; Adorno, entre outros. As pesquisas foram realizadas em universidades públicas (federais e estaduais); universidades privadas; e faculdades isoladas (sem especificar se públicas ou privadas). Os sujeitos investigados também foram diversos: diretores de unidades; coordenadores de curso; professores; alunos. Um dos estudos realizou apenas a análise de documentos. Foram utilizadas as seguintes técnicas de coleta: pesquisa documental (03 pesquisas); observação de aulas (02); grupos de discussão (01); entrevistas semiestruturadas (09); e narrativas (02). A abordagem das pesquisas foi qualitativa e os procedimentos de análise foram: análise de conteúdo (09), método hermenêuticodialético (01) e abordagem filosófica de Habermas, teoria da ação comunicativa (01). 1.3.Os Resultados No que se refere aos resultados, destacamos os seguintes: a autonomia deve ser entendida como um princípio fundamental no trato com o conhecimento e na constituição de processos inovadores; o Estado tem atuado de modo a reduzir o papel da universidade no que se refere a três pilares: autonomia científica, financeira e didática; a autonomia se constrói na atuação profissional sob influências do desenvolvimento científico e tecnológico que, por vezes, é legitimado pelo poder institucional e pelas políticas públicas. Uma importante conclusão relacionada às pesquisas foi apresentada por Martins e Silva (2011): assinale-se que o próprio conceito de autonomia, em alguns casos, é apresentado não tanto como categoria de análise, mas antes como objeto empírico passível de simples verificação (p ). Em síntese, verificamos que os pesquisadores registraram a importância da autonomia para o desenvolvimento da qualidade do trabalho docente na educação superior. Os 11 estudos, portanto, reforçaram a ideia de que o tema da autonomia do professor é um objeto de estudo relevante, uma vez que essa característica da prática docente tem sofrido modificações que precisam ser repensadas, a fim de contribuir para que a universidade cumpra seu papel propositivo perante a sociedade. CONSIDERAÇÕES FINAIS 01326
5 5 A revisão da literatura permitiu-nos compreender avanços e recuos quando se tem tratado a questão da autonomia didático-científica do professor que atua na Educação Superior. Foi possível perceber que as produções, apesar de explorarem muitas circunstâncias em que ela se realiza, não enfocaram sua realização em momentos de reforma curricular ou de processos que envolvem a avaliação da aprendizagem. A autonomia docente tem sido reconhecida como um tema relevante pelo fato de ser uma maneira do professor assumir a dimensão profissional de seu trabalho educativo, o qual consiste na execução de uma atividade que exige formação profissional, pois requer o desenvolvimento de conhecimentos e habilidades específicas. A postura que o docente resolve adotar direciona a sua prática pedagógica e tem rebatimentos na formação educativa que ele promove. A compreensão a respeito desse fenômeno, portanto, mostra-se necessária no cenário atual de constantes transformações sociais, diante das quais as universidades precisam a todo o momento refletir sobre a formação profissional que tem se proposto a promover. REFERÊNCIAS ANDRÉ, Marli. A produção acadêmica sobre formação de professores: um estudo comparativo das dissertações e teses defendidas nos anos 1990 e Formação Docente Revista Brasileira de Pesquisa sobre Formação Docente, v. 1, n. 1, pp , ago./dez Formação de professores: a constituição de um campo de estudos. Educação, v. 33, n. 3, pp , ANDRÉ, Marli et al. Estado da arte da formação de professores no Brasil. Educação e Sociedade, v. 20, n. 68, pp , MARTINS, Ângela Maria e SILVA, Vandré Gomes da. Estado da arte: gestão, autonomia da escola e órgãos colegiados (2000/2008). Cadernos de Pesquisa, v.41 n.142, pp , jan./abr ROMANOWSKI, Joana Paulin. e ENS, Romilda Teodora. As pesquisas denominadas do tipo estado da arte em educação. In: Diálogo Educacional. Curitiba, v.6, n.19, pp.37-50, set/dez/2006. i Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE), da UFPE. Técnica em Assuntos Educacionais da UFPE. ericabs82@yahoo.com.br ii Doutor em Ciências da Educação, Professor do Programa de Pós-graduação em Educação/UFPE, membro do Núcleo de Pesquisa em Formação de Professor e Prática Pedagógica. josebn@uol.com.br 01327
6 6 iii Os 10 periódicos analisados foram selecionados com base nos critérios de expressividade e acessibilidade, levando em consideração a importância da instituição divulgadora e sua circulação nacional. Foram eles: Cadernos de Pesquisa da Fundação Carlos Chagas; Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos do INEP/MEC; Tecnologia Educacional da UFRJ; Educação e Pesquisa da Faculdade de Educação da USP; Teoria e Educação; Cadernos Cedes; Educação & Sociedade editada pelo CEDES; Educação e Realidade da Faculdade de Educação da UFRGS; Em Aberto do MEC; e Revista Brasileira de Educação da ANPED
Palavras-chave: Formação e Profissionalização docente; Estado da arte; ANPEd
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