Potenciais e Limitações do e-trabalho e do trabalho cooperativo à distância Raquel Jorge Sousa 020316028 raquelsousa@dcc.alunos.fc.up.pt Departamento de Ciência dos Computadores Faculdade de Ciências da Universidade do Porto Resumo A evolução das tecnologias de informação e da comunicação impõe uma redefinição do espaço de trabalho. Hoje é mais fácil enviar um e-mail do que uma carta por correio. Cada vez menos será o trabalhador a deslocar-se ao trabalho, e cada vez mais será o trabalho que virá até ao trabalhador. Trabalhar a partir de casa parece ser cada vez mais a hipótese acertada numa altura em que a flexibilidade se tornou num dos assuntos da ordem do dia. 1 Introdução O e-trabalho é uma forma alternativa e diferente de organização de trabalho. Criar alternativas às formas clássicas de realização de trabalho é a motivação principal do seu desenvolvimento. O e-trabalho define-se como a aplicação das mais variadas tecnologias da informação e comunicação no sentido de permitir a realização de tarefas produtivas a partir de um local diferente daquele onde o produto destas venha a ser utilizado ou distante da própria fonte de trabalho. O que habitualmente significa trabalhar em casa pode significar também completar uma tarefa requerida a partir de uma sucursal da empresa noutra cidade sem se deslocar lá ou simplesmente usar um computador portátil durante uma viagem para escrever um documento. 2 Origem do e-trabalho O e-trabalho teve origem no resultado de uma investigação sobre a aplicação prática da substituição dos transportes pelas telecomunicações. Em 1973, o seu conceito foi criado por Jack Nilles, considerado o pai do e-trabalho. Segundo Niles, o e-trabalho é todo aquele tipo de função que independentemente da localização geográfica e utilizando ferramentas de telecomunicações e de informação permite assegurar um contacto directo entre o teletrabalhador e o empregador. Na visão de Lemsle e Marot, o e-trabalho está fundamentado numa equação que pressupõe: desenvolvimento, tecnologia e política de ordenamento, os quais, somados, resultarão na capacidade de desenvolver uma nova organização espacial da empresa.
3 Vantangens e desvantagens do e-trabalho Como qualquer realidade social, o e-trabalho envolve implicações susceptíveis de serem valorizadas positivas e negativamente. Por isso, vou enumerar algumas vantagens e desvantagens do e-trabalho para os trabalhadores e para as empresas. Vale ressaltar a importância de atentar para os objectivos não somente profissionais do tele-trabalhador, mas também os seus propósitos pessoais, pois se de um lado existem muitas vantagens, do outro lado o mesmo pode está passível de enfrentar problemas inclusive familiares, já que a divisão entre trabalho e lar passaria a ser caracterizada por uma linha invisível. 3.1 Vantangens e desvantagens do e-trabalho para o trabalhador Vantagens Desvantagens Redução do tempo dispendido em transportes Diminuição do nível de stress Flexibilidade de horário Aumento do tempo disponível para a sua vida familiar e pessoal Aumento das oportunidades de trabalho Redução de encargos com deslocamentos e refeições Aumento da produtividade Isolamento social Oportunidades de carreira reduzida Falta de legislação Problemas familiares Vicio no trabalho 3.2 Vantangens e desvantagens do e-trabalho para a empresa Vantagens Desvantagens Redução dos custos fixos. Aumento da produtividade associada a um acréscimo de motivação. Aumento da flexibilidade organizacional. Menor rotatividade de pessoal. Maior dificuldade em controlar e supervisionar o trabalho. Resistencia a mudanças. Diminuição da coesão no seio da empresa.
4 Tecnologias de informação e comunicação utilizadas no e-trabalho O crescimento exponencial da Internet e o uso da World Wide Web como tecnologia integradora e denominador comum entre diferentes plataformas possibilitou o advento do e-trabalho. Proporcionar o suporte operacional para que pessoas possam interagir cooperativamente é o objectivo do que se convencionou como CSCW (Computer Supported Cooperative Work), e groupware tem sido usado para designar os softwares que implementam essa tecnologia, ou seja, é uma tecnologia projectada para facilitar o trabalho em grupos. Esta tecnologia pode ser utilizada para comunicar, cooperar, coordenar, resolver problemas, competir ou negociar. Enquanto tecnologias tradicionais como a do telefone, se qualificam como de groupware, o termo é primordialmente utilizado para se referir a uma classe específica de tecnologias apoiadas em modernas redes de computadores tais como e-mail, newsgroups, videos ou chats. 4.1 Classificação das tecnologias Tecnologias de groupware são tipicamente classificadas em duas dimensões: Síncrono. Se os usuários do groupware trabalham ao mesmo tempo. Assíncrono. Se os usuários do groupware trabalham em momentos diferentes. Groupware Síncrono Quadro de aviso compartilhado: Permite que duas ou mais pessoas vejam e escrevam em uma superfície de desenho compartilhada, mesmo a distância. Pode ser também utilizado, por exemplo, durante uma ligação telefónica, onde cada pessoa pode anotar recados ou podem trabalhar juntos em um problema visual. Tipicamente, quadros compartilhados são projectados para conversas informais, mas também podem servir para comunicações mais estruturadas ou tarefas de desenho mais sofisticadas, como desenhos gráficos, publicações ou aplicações de engenharia. Quadros compartilhados podem indicar onde cada pessoa está desenhando através de recursos diversos como apontadores coloridos. Vídeo comunicação: Estes sistemas permitem chamadas two-way ou multiway, como um sistema telefónico com um componente visual adicional. Vídeos trazem vantagens quando a informação visual está sendo discutida, mas podem não trazer grandes benefícios quando recursos áudios convencionais são mais adequados. Além de dar suporte a conversações, vídeos também podem ser utilizados em situações menos cooperativas, tais como o treino de actividades a distância.
Sistemas de chat: Permitem que várias pessoas em tempo real escrevam mensagens em um espaço público, usualmente em texto corrido. Assim que cada pessoa submete uma mensagem, ela aparece abaixo de uma tela rolante. Grupos de chat são normalmente formados através de uma lista de salas de chat onde as pessoas se encontram. Salas podem ser identificadas por nome, local, número de pessoas, tópico de discussão, entre outros. Muitos sistemas permitem salas com controlo de acesso ou com mediadores para liderar as discussões. Embora sistemas do tipo chat permitam utilizar diversas mídias, a versão textual de chats possui o aspecto interessante de se ter uma transcrição directa da conversação, que além de ter algum valor a longo prazo, permite uma referência retroactiva durante a conversação e torna mais fácil a introdução de uma pessoa no meio da conversa, já que ela pode seguir a linha do discurso, consultando o que já foi discutido. Sistemas de suporte a decisão: São projectados para facilitar a tomada de decisão em grupo. Eles podem promover ferramentas para brainstorming, ideias e votação. Tais sistemas permitem decisões mais racionais e de consenso. São usualmente projectados como parte de ferramentas para facilitar reuniões e estimulam participações mais homogéneas e democráticas através, por exemplo, do anonimato e formulação de réplicas. Groupware Assíncrono E-mail: É de longe a aplicação de groupware mais comum (deixando de lado o nosso tradicional telefone). Embora a tecnologia básica tenha sido projectada para a transmissão de mensagens simples entre duas pessoas, mesmo os sistemas mais simples de e-mail incluem aspectos interessantes para reenvio de mensagens, inclusão de arquivos em mensagens entre outras funcionalidades. Outros recursos explorados incluem classificação automática e processamento de imagens, encaminhamento automático e comunicação estruturada. Newsgroups e lista de mailing: São semelhantes a sistemas de e-mail excepto que são direccionadas a mensagens entre grandes grupos de pessoas ao invés da comunicação 1 para 1. Na prática a grande diferença entre newsgroups e listas de mailing é que newsgroups apenas mostram mensagens para um usuário quando elas são explicitamente solicitadas, enquanto listas de mailing entregam mensagens na medida em que se tornam disponíveis. Sistemas de Workflow: Permitem que documentos sejam encaminhados através da empresa segundo um processo relativamente estável. Um exemplo simples de aplicação workflow é um relatório de despesas em uma empresa: um funcionário entra com um relatório de despesas e o submete. Uma cópia é arquivada e outra é encaminhada para o gerente do funcionário para aprovação. O gerente recebe o documento, aprova-o electronicamente e o envia para frente. A despesa é registada na conta do grupo e reenviada para o departamento de contabilidade para pagamento. Sistemas de workflow po-
dem permitir encaminhamento, desenvolvimento de formulários e suporte para diferentes funções e privilégios. Hypertexto: É um sistema para relacionar documentos-textos, e a Web é um grande exemplo. Sempre que várias pessoas produzem e relacionam documentos, o sistema se torna um grupo de trabalho em constante evolução, respondendo a outros trabalhos, o que o torna uma forma de groupware. Alguns sistemas de hypertexto incluem características para visualizar quem mais visitou uma determinada página ou link, ou mesmo ver o quanto um site tem sido consultado, dando aos usuários o entendimento básico do que as pessoas estão fazendo no sistema - contadores de páginas na Web são uma aproximação desta função. Calendários compartilhados: Permitem agendamento, gerenciamento de projectos e coordenação entre várias pessoas e pode promover suporte para o agendamento de equipamentos também. Funcionalidades típicas são eliminar conflitos de agendamentos ou encontrar um horário que atenda a todos os envolvidos. Calendários compartilhados também ajudam a localizar pessoas. Sistemas colaborativos de edição: Oferecem suporte em tempo real ou não. Processadores de textos podem oferecer suporte assíncrono mostrando autoria e permitindo que usuários acompanhem mudanças e façam anotações nos documentos. Autores que colaboram em um documento podem também utilizar ferramentas que auxiliam no planeamento e coordenação no processo de concepção, tais como métodos para bloquear partes do documento ou ligar documentos de outras autorias. O suporte síncrono permite que autores vejam as mudanças na medida em que elas acontecem e normalmente precisam disponibilizar um canal de comunicação a mais para os autores na medida em que trabalham, tais como vídeos ou chats. 5 Conclusão Com base na pesquisa realizada pode-se constatar que o e-trabalho é uma nova forma de organização do trabalho que proporcionou uma estruturação das organizações, criando um novo paradigma nas relações de trabalho, onde o contacto entre os profissionais ocorre principalmente através das tecnologias de informação e de comunicação. Decorrentes da inserção do e-trabalho no mercado de maneira geral surgiram algumas reflexões que alertam para existência de vantagens e desvantagens na perspectiva de dois elementos principais: o próprio trabalhador e as empresas. Por fim, a pesquisa permitiu, entre outras, a seguinte conclusão: o e-trabalho pode configurar-se como um elemento de importante transformação no mundo do trabalho, onde novas tecnologias possibilitam flexibilidade no seu desenvolvimento. Porém, a sua implementação, bem como os seus impactos devem ser avaliados. Referências 1. MELLO, Álvaro. Teletrabalho: o trabalho em qualquer lugar e a qualquer hora. Qualitymark, ABRH Ű Nacional, 1999.
2. www.wikipedia.pt 3. http://www.usabilityfirst.com/groupware/cscw.txl 4. http://www-users.cs.york.ac.uk/ kimble/teaching/mis/groupware.html