Análise de Crédito nos Serviços



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Transcrição:

Análise de Crédito nos Serviços Fabricio Wazilewski (UNIOESTE) fwazilewski@pop.com.br, Rua Humberto de Campos, 757. Fone: 3038-2417 Geysler R. F. Bertolini (UNIOESTE) geysler@unioeste.br, Rua Universitária, 1476. Fone: 220-3245 RESUMO A finalidade deste artigo é demonstrar primeiramente a importância das empresas prestadoras de serviços na economia mundial, dado seu crescimento e influencia nos resultados dos paises. E em seguida, confirmar a relevância da concessão de crédito das empresas que prestam serviços, para manter adequada a saúde financeira de tais empresas. O uso dos 5 C s é indicado para a análise da concessão de crédito, com intuito de auxiliar a gestão financeira das empresas. Este trabalho consiste em uma pesquisa bibliográfica, onde buscou-se fontes de dados secundários. Palavras chave: Serviços; Crédito; Cinco C s. 1. Introdução Atualmente uma grande parte da população mundial está vivendo em uma economia de serviços, em que a prestação de serviços ocupa um papel cada vez maior em relação aos bens tangíveis. O setor de serviços de acordo com Limeira in Dias (2003) vem tendo participação crescente no Produto Interno Bruto (PIB) das grandes economias mundiais. Estatísticas recentes indicam que cerca de 70% do Produto Nacional Bruto (PNB) e dos empregos nos Estados Unidos estão no setor de serviços. No Brasil, ocorre a mesma tendência, com cerca de 55%, conforme ilustra a Figura abaixo. Serviços no Brasil Outras Atividades Comércio 7% 15% Indústria de Transformação 16% Construção Civil 7% Serviços 55% Fonte: Brasil: uma economia de serviços (CHURCHILL e PETER, 2000, p 290) Duas razões para esse crescimento do setor de serviços podem ser conhecidas como, a primeira, que a demanda dos consumidores e compradores organizacionais aumentou, e, a segunda, as novas tecnologias tornaram os serviços mais acessíveis. As mudanças nas estruturas familiares também levaram a uma maior demanda por serviços. Como é crescente a realidade que em cada lar existe cada vez menos um membro que se dedique aos afazeres domésticos em tempo integral, as pessoas correm contra o tempo. Eles contratam ajuda para quase tudo: cuidar dos filhos, da casa, realizar consertos, passear com o cachorro, comprar suas roupas ou resumir as notícias do dia. No setor de negócios, uma fonte importante de demanda por serviços é a onda da reestruturação, reengenharia e outros esforços para melhorar a eficiência. A necessidade de contratar especialistas é impulsionada pela maior complexidade dos negócios modernos. O rápido ritmo de mudança da tecnologia faz com que muitas organizações procurem conselhos de especialistas.

2. Serviços Segundo Iacobucci (2001), a competição em todos os níveis está intensificando-se em muitos setores em razão de fatores tais como má regulamentação, reestruturação setorial ou tecnologia. E que assim sendo, em uma tentativa de criar uma vantagem nítida, os gerentes procuram, com freqüência, fornecer um valor adicional aos clientes, bem como incrementar a vantagem competitiva da empresa ao oferecer melhores serviços a estes. Um serviço para Schonberger (1997), consiste em recursos de entrada transformados em produção de serviço. As transformações de serviço da linha de frente acontecem com a presença do cliente final. As entradas (conhecimento e habilidades das pessoas, capital, recursos naturais, materiais e tecnologia) interagem em padrões complexos em todos os pontos de transação. É necessário boa administração para lidar com esta complexidade. Limeira in Dias ( 2003) cita onze características específicas dos serviços: 1) Intangibilidade; 2) Variabilidade; 3) Perecebilidade; 4) Ausência de estoque; 5) O cliente não pode obter a propriedade sobre os serviços; 6) Simultaneidade entre produção e consumo; 7) Envolvimento do cliente no processo; 8) As pessoas constituem parte do serviço; 9) Dificuldade para os clientes avaliarem; 10) Importância do tempo; e 11) O sistema de entrega pode ser feito por meio de um canal físico ou eletrônico (internet). Iacobucci (2001) descreve que os serviços e produtos possuem algumas diferenças conceituais, além de numerosas diferenças táticas. E cita que os serviços tendem a ser intangíveis, produzidos e consumidos ao mesmo tempo, e também heterogêneos. Os serviços geralmente envolvem uma relação contínua com os clientes. Só podem ser usados no momento em que são oferecidos. São intangíveis e os clientes possuem apenas lembranças ou resultados. Não podem ser separados da pessoa que os fornece, e podem ser únicos, com possíveis variações de qualidade. Para proporcionar serviços de qualidade, a organização precisa adequá-los às necessidades e desejos de clientes específicos e criar valor. Raramente podem ser padronizados. A empresa criando valor a seus clientes tenderá retê-los e busca-los cada vez mais, como é normal em qualquer organização, existe uma parte da carteira dos clientes que pode ser inadimplente, necessitando de uma avaliação do próprio, ou seja, verificar seu crédito. 3. Crédito nos Serviços Uma importante área da administração financeira é a decisão que as empresas prestadoras de serviços ou não devem tomar a respeito de conceder crédito para seus compradores. A concessão do crédito é, ao mesmo tempo, um agente facilitador de vendas e um fator de risco para as empresas, devido ao risco de aumento da inadimplência. Segundo Lemes Junior, et.al. (2002), o crédito surgiu nas sociedades muito antigas, que eram voltadas exclusivamente para as atividades rurais e agrícolas, onde o prazo entre o plantio e a colheita determinava a necessidade de antecipação de entrega de sementes e implementos agrícolas aos produtores. Mais tarde, na Grécia Antiga, após o surgimento do dinheiro, as atividades comerciais deram origem às primeiras instituições bancárias, que passaram a realizar operações de crédito sob diversas formas, embora muito longe das formas

praticadas atualmente. Para Schrickel (1995), crédito é todo ato de vontade ou disposição de alguém de destacar ou ceder, temporariamente, parte do seu patrimônio a um terceiro, com a expectativa de que esta parcela volte a sua posse integralmente, após decorrido o tempo estipulado. Sendo um ato de vontade, sempre caberá ao cedente do patrimônio a decisão de cedê-lo ou não. E que esse processo, por envolver expectativa, é associado à noção de risco. O conceito atual de crédito é a disposição de alguém ceder temporariamente parte de seu patrimônio ou prestar serviços a terceiro, com a expectativa de receber de volta o valor cedido ou receber pagamento, depois de decorrido o período estipulado, na sua integralidade ou em valor correspondente. É a troca de bens presentes por bens futuros. Este crédito, como ferramenta utilizada para incrementar e facilitar a realização de vendas de bens e serviços é responsável por grande parte dos resultados. (LEMES JUNIOR, et.al., 2002) Ross, et.al. (1995) cita que, quando uma empresa vende bens e serviços, ela pode ou receber pagamento em dinheiro imediatamente, ou ela pode esperar por um certo tempo para ser paga, o que chama de conceder crédito aos clientes. Essa concessão de crédito é o mesmo que fazer um investimento num cliente, um investimento vinculado à venda de um produto ou serviço. 4. Concessão de Crédito nos Serviços Para fazer a análise da concessão de crédito, as literaturas especializadas em administração financeira utilizam as diretrizes tradicionais e subjetivas, conhecidas como os 5 C s do crédito. Isto para a real definição da capacidade de crédito dos clientes solicitantes, sendo eles: o caráter, a capacidade, o capital, o colateral e as condições. 4.1 Caráter Por Gitman (2002), o caráter é definido como sendo o histórico do solicitante quanto ao cumprimento de suas obrigações financeiras, contratuais e morais. Os dados históricos de pagamentos e quaisquer causas judiciais pendentes ou concluídas contra o cliente seriam utilizados na avaliação do seu caráter. Para Droms e Procianoy (2002), o caráter se refere à integridade moral do solicitante do crédito e se o mesmo está apto a dar o seu melhor empenho para honrar o compromisso. Os especialistas de crédito enfatizam que o caráter do solicitante é uma das mais importantes preocupações ao se tomar uma decisão de concessão de crédito. O caráter refere-se ao comportamento dos antecedentes do cliente no cumprimento de suas obrigações assumidas. Se houver a constatação de descumprimento de compromissos, surgirão reflexos na avaliação do caráter do cliente. A existência de títulos protestados pode ser evidência de que o cliente passou ou passa por dificuldade financeira, fato que deve influenciar a decisão sobre a concessão ou não do crédito pretendido. (LEMES JUNIOR, et.al., 2002) Para Hoji (1999), o caráter é o item mais importante na análise de crédito. A avaliação do caráter do cliente, apesar do alto grau de subjetividade, por se referir a aspectos morais e éticos, é muito importante, porque vai depender da sua integridade ética, ou honestidade, para saldar compromissos financeiros. O levantamento de dados históricos pode auxiliar na avaliação do caráter. Se o caráter do cliente não for aceitável, os outros itens da análise estarão bastante prejudicados. O caráter é o elemento básico para a decisão e concessão do crédito, sendo também um dos mais difíceis de ser analisado. Convém recordar que não há taxas de juros ou garantias que compensem o risco de efetuar empréstimos a pessoas reconhecidamente desonestas. Através de comportamentos evidenciados na vida pessoal e profissional, busca-se avaliar a imagem que o cliente desfruta junto às pessoas com as quais convive ou negocia.

Os fatores para análise do caráter são: a idoneidade, o crédito que desfruta na praça e a experiência com operações de crédito na instituição. As fontes de pesquisa são: o SPC, o telecheque, o histórico da carteira da instituição, as informações de terceiros e uma posterior entrevista. 4.2 Capacidade Gitman (2002), define capacidade como sendo o potencial do cliente para quitar o crédito solicitado. Análises dos demonstrativos financeiros, com ênfase especial nos índices de liquidez e de endividamento, são geralmente utilizadas para avaliar a capacidade do solicitante de crédito. Para Droms e Procianoy (2002), a capacidade de pagamento se refere à capacidade financeira da empresa ou do indivíduo solicitante de cumprir os requeridos prazos e valores de crédito solicitado. Mesmo as melhores intenções não podem compensar a falta de capacidade financeira. A capacidade considera se os ganhos ou o desempenho operacional e financeiro do cliente permitirão a geração de recursos para efetuar o pagamento do compromisso pretendido. No caso de pessoas jurídicas, os demonstrativos financeiros são de extrema utilidade para o cálculo dos índices de liquidez e do endividamento. Já para a análise de pessoas físicas, são também importantes as comprovações de rendimentos e compromissos assumidos. (LEMES JUNIOR, et.al., 2002) Hoji (1999), afirma que só a determinação de pagar, ou seja, o caráter, não terá validade se o cliente não tiver capacidade de saldar seus compromissos financeiros. O potencial de o cliente saldar seus compromissos financeiros pode ser obtido por meio da análise das demonstrações financeiras e de informações financeiras adicionais, como idade, formação acadêmica, histórico profissional, entre outras. Outro grupo de informações que deve ser analisado é a situação atual do mercado, pois se a perspectiva não for boa, a capacidade de pagamento pode ser reduzida drasticamente. 4.3 Capital O capital preocupa-se com o comprometimento do patrimônio líquido com valores exigíveis da empresa e respectivos índices de lucratividade. Para as pessoas físicas, a existência de comprometimento de seus ganhos, como prestações mensais, aluguéis, consórcios etc., pode mostrar insuficiência de recursos para pagamento do crédito pretendido. (LEMES JUNIOR, et.al., 2002) Refere-se ao estudo do patrimônio da empresa. Ele estende-se desde a provisão de receitas e despesas, passando pelos investimentos no ativo permanente, pelo comportamento das contas no balanço patrimonial, pelo prazo das obrigações, até à análise da qualidade dos ativos. Em síntese, busca-se confrontar, por meio de índices extraídos do balanço patrimonial, os quais estabelecem sua situação econômico-financeira, todos os bens e recursos possuídos pela empresa com suas obrigações. 4.4 Colateral Droms e Procianoy (2002) conceituam o colateral como uma garantia, que pode ser empenhado pelo solicitante do crédito. Para Lemes Junior, et.al. (2002), o colateral leva em conta o que o cliente pode oferecer como garantia, real ou não, do crédito, se possui bens e outros recursos disponíveis para cobrir o valor exigido pela transação. As garantias constituem um fator complementar à operação de crédito, devendo-se levar em conta, em primeiro plano, o caráter do cliente e a capacidade de pagamento do próprio negócio. Elas geram maior comprometimento com a operação, mas não pagam o

crédito. São, assim, importantes como fator de pressão em caso de atraso de pagamento, uma vez que o cliente também está correndo risco de perder algo. 4.5 Condições Gitman (2002) conceitua condições como sendo as condições econômicas e empresariais vigentes, bem como circunstâncias particulares que possam afetar qualquer das partes envolvidas na negociação. Num caso de uma empresa possuir estoques excessivos de um item que o solicitante deseje comprar a crédito, a empresa poderá propor vendas em condições mais favoráveis ou vender para clientes com menos condições de obter crédito. As condições avaliam o grau de exposição aos possíveis efeitos de ocorrências exógenas sobre a capacidade do cliente para pagar suas dívidas, como por exemplo, influências de variação no nível da atividade econômica, agressividade da concorrência etc. No caso de pessoa física é importante considerar como os ganhos estão condicionados às variações da atividade econômica, nível de emprego, estabilidade no emprego, etc. (LEMES JUNIOR, et.al., 2002) 5. Conclusão Os serviços são de extrema importância para as economias mundiais, as empresas prestadoras de serviços estão crescendo cada vez mais em números, seja de lucros ou espaço físico. Para uma melhor gestão da saúde financeira das prestadoras de serviços, é fundamental antes de fechar o negócio com o solicitante, analisar seu crédito. Na concepção de Gitman (2002), o analista de crédito geralmente dá maior importância aos dois primeiros C s (caráter e capacidade), uma vez que eles representam os requisitos fundamentais para a concessão de crédito a um solicitante. Já os demais C s (capital, colateral e condições) são importantes para a definição do crédito e tomada de decisão final, a qual depende da experiência e do julgamento do analista. Droms E Procianoy (2002) acrescentam que o julgamento do caráter, da capacidade e das garantias colaterais de uma empresa em particular pode ser auxiliado pelo uso de empresas de serviços de crédito comercial. Empresas de serviços de crédito nacionais, como o Serasa, fornecem relatórios que resumem as condições financeiras da empresa, o histórico do crédito passado e outras informações relevantes. Referências Bibliográficas CHURCHILL, G A. e PETER, P. Marketing: criando valor para o cliente. Sãp Paulo: Saraiva, 2000. DROMS, Willian G. e PROCIANOY, Jairo L.. Finanças para executivos não-financeiros. Porto Alegre: Bookman, 2002. GITMAN, Lawrence J.. Princípios de administração financeira. 7.ed. São Paulo: Harbra, 2002. HOJI, Masakazu. Administração financeira: uma abordagem prática. São Paulo: Atlas, 1999. IACOBUCCI, Dawn. Os desafio do Marketing. São Paulo: Futura, 2001. LEMES JUNIOR, Antônio Barbosa, et.al. Administração financeira: princípios, fundamentos e práticas brasileiras. Rio de Janeiro: Campus, 2002. LIMEIRA, Tânia M. V. Administração de produtos in DIAS, Sergio R. Gestão de Marketing. São Paulo: Saraiva, 2003. SCHONBERGER, Richard J. Serviço sincronizado: voltado a empresas de serviço. São Paulo: Pioneira, 1997. SCHRICKEL, Wolfgang Kurt. Análise de crédito: concessão e gerência de empréstimos. 2.ed. São Paulo: Atlas, 1995.