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HABEAS CORPUS 0067874-51.2011.4.01.0000/AC Processo na Origem: 88735920114013000 RELATORA : DESEMBARGADORA FEDERAL ASSUSETE MAGALHÃES IMPETRANTE : PATRICH LEITE DE CARVALHO IMPETRADO : JUIZO FEDERAL DA 2A VARA - AC PACIENTE : HELIO ZELADA MOLINA (REU PRESO) RELATÓRIO A EXMA. SRA. DESEMBARGADORA FEDERAL ASSUSETE MAGALHÃES (RELATORA): Trata-se de habeas corpus, com pedido de liminar, em favor de HÉLIO ZELADA MOLINA, preso em flagrante delito, em 12/06/2011, e condenado à pena de 9 (nove) anos e 4 (quatro) meses de reclusão, em regime inicial fechado, e 1120 dias-multa, como incurso no art. 33, caput, c/c art. 40, I, da Lei 11.343/2006, contra sentença proferida pelo ilustre Juízo Federal da 2ª Vara da Seção Judiciária do Acre, na parte em que lhe negou o direito de apelar em liberdade, mantendo a prisão preventiva (fls. 196/198). Alega, em síntese, a ausência de provas de que o paciente tenha concorrido para o delito, bem como a existência de comprovação de sua ocupação lícita, residência fixa e família bem estruturada, circunstâncias que afastam a aplicação do art. 312 do CPP; que, no caso, não há ofensa à ordem pública ou risco à aplicação da lei penal. Sustenta a ocorrência de constrangimento ilegal, uma vez que presentes as hipóteses legais para a concessão de liberdade provisória. Requer o deferimento da medida liminar, para concessão de liberdade provisória ao paciente. No mérito, pede a concessão da ordem, para confirmar a liminar, permitindo, ao paciente, que aguarde, em liberdade, até o trânsito em julgado da sentença condenatória (fls. 2/20). O pedido formulado em sede de liminar foi indeferido (fl. 201). As informações foram prestadas pela autoridade apontada como coatora (fl. 205). A PRR/1ª Região opinou pela denegação da ordem (fls. 225/235). É o relatório. MAN

HABEAS CORPUS 0067874-51.2011.4.01.0000/AC Processo na Origem: 88735920114013000 RELATORA : DESEMBARGADORA FEDERAL ASSUSETE MAGALHÃES IMPETRANTE : PATRICH LEITE DE CARVALHO IMPETRADO : JUIZO FEDERAL DA 2A VARA - AC PACIENTE : HELIO ZELADA MOLINA (REU PRESO) fls.2 VOTO A EXMA. SRA. DESEMBARGADORA FEDERAL ASSUSETE MAGALHÃES (RELATORA): Como se viu do relatório, trata-se de habeas corpus, com pedido de liminar, em favor de HÉLIO ZELADA MOLINA, preso em flagrante delito, em 12/06/2011, e condenado à pena de 9 (nove) anos e 4 (quatro) meses de reclusão, em regime inicial fechado, e 1120 dias-multa, como incurso no art. 33, caput, c/c art. 40, I, da Lei 11.343/2006, contra sentença proferida pelo ilustre Juízo Federal da 2ª Vara da Seção Judiciária do Acre, na parte em que lhe negou o direito de apelar em liberdade, mantendo a prisão preventiva (fls. 196/198), pelos seguintes fundamentos: Consta dos autos que o paciente foi preso em flagrante, em 12/06/2011 (fls. 26/28), e que, em 03/11/2011, foi proferida sentença (fls. 188/198), que, julgando procedente a pretensão acusatória, condenou-o à pena de 9 (nove) anos e 4 (quatro) meses de reclusão, em regime inicial fechado, e 1120 dias-multa (mil, cento e vinte) dias-multa, como incurso no art. 33 c/c art. 40, inciso I, da Lei 11.343/06, negando-lhe o direito de apelar em liberdade, pelos seguintes fundamentos: Subsistem os motivos pelos quais permaneceu o réu HÉLIO ZELADA MOLINA preso, denotando que, em liberdade, poderia furtar-se à aplicação da lei penal. Presentes também as situações que autorizam a prisão processual: há prova da materialidade e da autoria; crime admite a prisão para a manutenção da ordem pública e para garantia da aplicação da lei penal (CPP, art. 312). Também a facilidade demonstrada pelo ora condenado na aquisição de droga e a internação da droga em território nacional, indica que, em liberdade, estaria a ameaçar a ordem pública. Tal contexto autoriza o reconhecimento de situações que permitem a decretação de prisão cautelar, que ora transformo em preventiva. Assim, o réu HÉLIO ZELANA MOLINA, que é reincidente específico, não poderá recorrer em liberdade (fl. 198). Vê-se, do andamento processual do Procedimento Especial da Lei Antitóxicos 8873-59.2011.4.01.3000, que o paciente apelou da sentença condenatória, sendo a mim distribuída a Apelação Criminal de mesma numeração, encontrando-se os autos, em meu Gabinete, conclusos para julgamento do recurso. Assim, passo ao exame da necessidade da custódia cautelar do paciente, à luz do art. 312 do CPP. A materialidade do delito e a prova de autoria estão demonstradas na sentença condenatória, in verbis: (...) 14. A materialidade do delito está provada pelo auto de apreensão de fls. 15/16 e laudos toxicológicos de constatação, preliminar e definitivo (fls. 23 e 67/71), este último bem discriminando os 7137 (sete mil cento e trinta e sete) gramas de COCAÍNA

apreendida, dividida em nove volumes, sendo que dois continham substância sólida de cor parda e se referem a cocaína na base livre e os dois restantes continham substância em pó de cor branca, contendo cocaína na forma de sal. 15. Referidas substâncias foram apreendidas dentro de uma caixa de som, que estava sendo transportada pelo acusado Jorginei Ribeiro da Silva, quando todos os réus se deslocavam em um táxi, tendo como destino esta Capital. (...) DA AUTORIA DELlTIVA ATRIBUíDA A HÉLIO ZELADA MOLlNA 35. A participação do acusado Hélio na consumação do crime de tráfico de drogas também foi suficientemente demonstrada ao longo da instrução processual. 36. Na fase policial, o réu reconheceu que foi, no dia 11/06/2001,em Epitaciolândia/AC, até a casa de Jorginei, juntamente com a sua esposa Naíde. Informou que, ao entrar sozinho, na casa de Jorginei, este teria lhe mostrado alguns tabletes de substância que disse ser cocaína. Também relata ter comprado, por solicitação de Jorginei, na Bolívia, uma caixa amplificadora de som para ocultar a droga. 37. Admitiu que, após adquirir a caixa amplificadora, um ventilador e algumas toalhas, deixou a caixa amplificadora na casa de Jorginei, o qual lhe avisou que viria para Rio Branco para trazer a droga e necessitaria que o declarante e a esposa o acompanhassem na viagem. 38. No dia seguinte, os réus Jorginei, Hélio e a esposa deste, Naíde iniciaram o deslocamento desde a cidade de Epitaciolândia, com o objetivo de chegar até esta Capital, sendo presos pela Polícia Federal no trajeto. 39. Hélio nega, em Juízo, esses fatos declarados na Polícia. 40. Além da confissão do réu Hélio, na fase policial, outras provas demonstram seu envolvimento no delito previsto no art. 33 da Lei n. 11343/2006, que lhe foi imputado na denúncia, inclusive em relação ao aumento devido pela transnacionalidade. 41. A nova lei de drogas, a fim de combater com maior eficácia e rigor o crime de tráfico internacional, flexibilizou o conceito de internacionalidade antes existe no art. 18, I, da Lei n. 6368/76. Hoje, basta que a natureza e as circunstâncias dos fatos indiquem a ocorrência com o tráfico com o exterior, para ser aplicada a causa de aumento de pena prevista em seu art. 40, I,.. 7. 42. Tal situação se apresenta nos autos. 43. Inegável o fato de envolvimento de mais de um País no crime, mesmo porque assim confessou o réu Jorginei, ao declarar que recebeu a droga na cidade de Cobija, na Bolívia, configurando-se a transnacionalidade, seja por esse fato, seja também pela introdução da droga em território nacional. 44. Complementarmente, a testemunha Álamo dos Santos, motorista do táxi, confirma que, apesar de Jorginei ter embarcado no táxi em momento distinto do de Hélio e sua esposa Naíde, Jorginei ligou para o ponto de táxi instantes depois de Hélio e Naide terem solicitado os serviços de táxi. 45. Os Laudos Periciais comprovaram que foram feitas dezenas de ligações (fls. 76 e seguintes) no dia da prisão, entre o celular de Jorginei e o de Xuxa, apelido de Naíde, esposa de Hélio, o que ela fls.3 7 TRF1, T3, ACR 20093000004494-9/AC, Rel. Juiz TOURINHO NETO, e-djf1 10.12.2010, p. 187.

confirmou em seu interrogatório policial. Também confirmou que seu marido Hélio teria usado o seu aparelho telefônico. 46. O Policial Federal Renato Corrêa dos Santos, declarou, tanto na Polícia, quanto em Juízo, ter ouvido Hélio Zelada Molina admitir que teria adquirido a droga, ora em Brasiléia (cidade que fica no fronteira com a Bolívia), ora na Bolívia, juntamente com Jorginei (fi. 4 e parte final da mídia de fi. 188). 47. A caixa amplificadora de som, para ocultar a droga, foi adquirida por Hélio, na Bolívia, conforme demonstram as notas fiscais mencionadas à fi. 15 (e juntadas às fls. 234/235). Juntamente com a caixa de som, Hélio adquiriu um ventilador. 48. As notas fiscais dos bens são quase seqüenciais (28932 e 28934), denotando que foram adquiridas na mesma ocasião, corroborando a versão da confissão de Hélio na Polícia Federal. 49. Não é crível que ocorreram tantas coincidências, como quer o réu. Aquisição dos bens com notas fiscais quase seqüenciais e viagem no mesmo táxi não foram frutos do acaso, mas desdobramentos da conduta relatada por Hélio na fase policial, concernente à sua atividade criminosa. 50. Hélio foi preso em rota do tráfico internacional de drogas, juntamente com o assumido transportador da droga (Jorginei), resultando configurado o aumento de pena devido à transnacionalidade, pela introdução da mesma em território nacional. A jurisprudência tem evoluído e admitido que, nesse tipo de processo penal não se pode pretender minúcias sobre o local em que foi produzida a droga ou como se deu a sua entrada no Brasil, pois o segredo da informação faz parte do comércio ilícito. 52. De todo o exposto, comprovou-se também a conduta típica e antijurídica atribuída ao acusado HÉLIO ZELADA MOLlNA, ante a prática da conduta descrita no artigo 33, caput, c/c art. 40, I, todos da Lei n. 11.343/2006. (fls. 189, 191/194). fls.4 Por outro lado, o amplo reexame dos fatos e provas deve ser realizado quando do julgamento da Apelação Criminal, já interposta, sendo incabível fazê-lo em sede de habeas corpus. Quanto aos fundamentos da prisão cautelar, tenho que deve ser adotada a orientação jurisprudencial no sentido de que o réu que permaneceu preso, durante a instrução criminal, assim deve continuar, após a sentença condenatória. De fato, não tem direito de apelar em liberdade o réu que permaneceu preso durante toda a instrução criminal, salvo quando o ato que originou a custódia cautelar é ilegal por não possuir fundamentação idônea (STJ, HC 201.277/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, 5ª Turma, unânime, julgado em 17/04/2012, DJe de 27/04/2012). Nesse sentido, confiram-se os seguintes julgados do egrégio Superior Tribunal de Justiça e do TRF/1ª Região, aplicáveis ao caso dos autos: PENAL. HABEAS CORPUS. FURTO QUALIFICADO TENTADO. QUADRILHA. PRISÃO PREVENTIVA. CONDENAÇÃO. VEDAÇÃO AO APELO EM LIBERDADE. RÉU PRESO DURANTE TODA A INSTRUÇÃO. NECESSIDADE DA CUSTÓDIA DEMONSTRADA. REITERAÇÃO CRIMINOSA. ACUSADO QUE RESPONDE A OUTROS PROCESSOS. MODUS OPERANDI. NECESSIDADE DA CUSTÓDIA PARA GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA.

CONDIÇÕES PESSOAIS FAVORÁVEIS. IRRELEVÂNCIA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. ORDEM DENEGADA. I. O posicionamento desta Corte é no sentido da manutenção do acusado na prisão, após a sentença condenatória, se foi mantido preso durante a instrução processual, desde que a custódia esteja fulcrada no art. 312 do Código de Processo Penal. II. Explicitado no decreto prisional e no acórdão recorrido que o paciente já praticou outros delitos, estando, por esta razão, respondendo a outras ações penais, evidencia-se o cometimento reiterado de condutas criminosas, tornando necessária sua custódia provisória. III. Demonstrada a periculosidade concreta do acusado, denotando ser sua personalidade voltada para o cometimento de delitos, resta obstada a revogação da medida constritiva para garantia da ordem pública. Precedentes desta Corte. IV. O fato de o delito ter sido cometido por quadrilha formada por, no mínimo, nove integrantes, a qual realizou o ato de forma bastante organizada, demonstra a necessidade da segregação provisória também para resguardar a ordem pública. V. Havendo, no decreto prisional, no qual se embasou o édito condenatório para negar ao paciente o direito de apelar em liberdade, elemento hábil a justificar a prisão cautelar do paciente, não é ilegal a sua permanência no cárcere, enquanto aguarda o trânsito em julgado da decisão. VI. Condições pessoais favoráveis não são garantidoras de eventual direito subjetivo à liberdade provisória, quando a necessidade da prisão é recomendada por outros elementos, como na hipótese dos autos. VII. Ordem denegada. (STJ, HC 183.467/PI, Rel. Min. Gilson Dipp, 5ª Turma, unânime, julgado em 19/04/2012, DJe de 24/04/2012). fls.5 HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. DIREITO DE RECORRER EM LIBERDADE. PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA. PACIENTE PRESO PREVENTIVAMENTE E QUE ASSIM PERMANECEU DURANTE TODA A INSTRUÇÃO CRIMINAL DIANTE DA PRESENÇA DOS REQUISITOS DA PRISÃO CAUTELAR. PERSISTÊNCIA DOS MOTIVOS DO ENCARCERAMENTO. NECESSIDADE DE ACAUTELAMENTO DA ORDEM PÚBLICA. CIRCUNSTÂNCIAS QUE EVIDENCIAM A EXISTÊNCIA DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. GRAVIDADE CONCRETA. ALEGAÇÃO DE TRATAMENTO DESIGUAL EM RELAÇÃO AOS DEMAIS CORRÉUS. PACIENTE QUE EXERCIA CARGO DE GRANDE RELEVÂNCIA NO GRUPO. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA E CONSTITUCIONAL. ORDEM DENEGADA. 1. Permanecendo o paciente segregado durante toda a instrução criminal por força de prisão cautelar, tendo o Juízo de Primeiro Grau e o Tribunal a quo entendido por sua manutenção no cárcere, ante a persistência dos requisitos previstos no art. 312 do CPP, não deve ser revogada a custódia cautelar se, após a condenação, não houve alteração fática a ponto de autorizar a devolução do seu status libertatis. 2. Não fere o princípio da presunção de inocência e do duplo grau de jurisdição a vedação do direito de apelar em liberdade, se ocorrentes os pressupostos legalmente exigidos para a preservação do paciente na prisão, a exemplo da garantia da ordem pública, tendo em vista a

gravidade concreta do crime, representada pela existência de grupo criminoso voltado para a prática de tráfico de entorpecentes. 3. Não há que se falar em situação desigual ao tratamento dado ao paciente em relação aos corréus quando evidenciado que sua atuação seria de maior importância na organização criminosa. 4. Ordem denegada. (STJ, HC 204.415/BA, Rel. Min. Jorge Mussi, 5ª Turma, unânime, julgado em 17/04/2012, DJe de 08/05/2012). fls.6 PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. LIBERDADE PROVISÓRIA PARA APELAR. Se o paciente respondeu todo o processo preso, não é depois de condenado a dezenove anos, em regime inicialmente fechado, que deve ser libertado para poder recorrer, tanto mais que persistem os motivos da decretação da preventiva. (TRF/1ª Região, HC 0074743-30.2011.4.01.0000/MG, Rel. Des. Federal Tourinho Neto, 3ª Turma, unânime, e-djf1 de 30/03/2012, p.304). Não houve, ademais, qualquer modificação da situação fático-processual do paciente, permanecendo íntegra a necessidade da prisão cautelar, para garantia da ordem pública, por se tratar de reincidente específico, reconhecido na sentença condenatória (fls. 193 e 196), havendo fundado receio de reiteração criminosa, apta a recomendar a manutenção da custódia, para garantia da ordem pública, na forma da jurisprudência do colendo STF, do egrégio STJ e do TRF/1ª Região. Aliás, na anterior decisão de fls. 209/211 que negou a liberdade provisória ao paciente, em 11/07/2011 demonstrou-se que não se recomendava a substituição da custódia do paciente pelas medidas cautelares previstas no art. 319 do CPP (fl. 211). Por fim, na hipótese, não há falar em desproporcionalidade entre a sanção aplicada na sentença condenatória e a prisão cautelar, uma vez que a sentença imputou, ao paciente que permaneceu preso, durante a instrução criminal, pena de reclusão, em regime inicial fechado (fl. 198), não se verificando agravamento indevido da sua situação, na hipótese de optar pela interposição do recurso de apelação, tal como ocorreu. Caso é, pois, de aplicação da Súmula 9 do egrégio STJ. Pelo exposto, denego a ordem impetrada. É como voto.