PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO Gab Des Flávio Ernesto Rodrigues Silva Av. Presidente Antonio Carlos,251 11º Andar - Gab.06 Castelo Rio de Janeiro 20020-010 RJ PROCESSO: 0000042-61.2011.5.01.0341 - RTOrd Acórdão 10a Turma 8534 1
Processo: 00000426120115010341 RO RECURSO ORDINÁRIO. CONTRATO POR OBRA CERTA. CONFIGURAÇÃO. O contrato por obra certa é aquele firmado entre empresa de construção ou manutenção e o trabalhador, tendo prazo e objeto determinados, como a reforma de um equipamento industrial de terceiros. Trata-se de um modo válido de buscar a redução de custos notadamente quando a empresa estiver atuando longe de sua sede. 8534 2
Vistos, relatados e discutidos os autos do recurso ordinário em que são partes: JERRY ADRIANO ROCHA, como recorrente, e 1) COMPANHIA SIDERÚRGICA NACIONAL CSN e 2) DAD INDUSTRIAL LTDA., como recorrido. RELATÓRIO: Inconformado com a r. sentença de fls. 81/84, proferida pelo MM. Juiz George Luis Leitão Nunes, da 1ª Vara do Trabalho de Volta Redonda, que julgou procedente, em parte, o pedido, em face da DAD e improcedente, em face da CSN, recorre ordinariamente o reclamante às fls. 92/96. Em síntese, o recorrente aduz a nulidade da contratação por obra certa pela DAD, tendo em vista que os serviços prestados pelo autor estão inseridos no objeto social dessa empresa (manutenção industrial). Sustenta, assim, que se trata de contrato por prazo indeterminado e, consequentemente, requer o pagamento de aviso prévio indenizado trezenos proporcionais (1/12), férias (1/12) acrescidas de 1/3, bem como multa de 40% do FGTS. Requer, por fim, a decretação da responsabilidade subsidiária da CSN. Custas pela DAD. Contrarrazões da CSN às fls. 99/105, sem preliminares. A DAD, notificada às fls. 98, não se manifestou. Dispensada a remessa dos autos ao Douto Ministério Público do Trabalho, em razão de a hipótese não se enquadrar na previsão de intervenção legal (Lei Complementar nº 75/1993) e/ou das situações arroladas no Ofício PRT/1ª Região nº 214/2013-GAB, de 11/03/2013. É o relatório. 8534 3
CONHECIMENTO V O T O Conheço por presentes os pressupostos de admissibilidade. MÉRITO Do Contrato por Prazo Indeterminado NEGO PROVIMENTO. O recorrente aduz a nulidade da contratação por obra certa pela DAD, tendo em vista que os serviços prestados pelo autor estão inseridos no objeto social dessa empresa (manutenção industrial). Sustenta, assim, que se trata de contrato por prazo indeterminado e, consequentemente, requer o pagamento de aviso prévio indenizado trezenos proporcionais (1/12), férias (1/12) acrescidas de 1/3, bem como multa de 40% do FGTS. O contrato por obra certa foi instituído pela Lei n 2.959/1956 e se caracteriza, a um só tempo, pela presença de um construtor no polo empresarial e pela execução de um serviço com objeto certo e determinado. Segundo Maurício Godinho Delgado, tal contrato se justifica quando se tratar de um serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo, situado esse serviço no contexto da atividade de construção civil. (Curso de Direito do Trabalho. 11ª ed. São Paulo, LTR, 2012, p. 561). É o que ocorre, por exemplo, quando uma empresa construtora realiza obra em lugar distante de sua sede e, para evitar o transtorno e as despesas de deslocar toda a sua equipe original, complementa a mão-de-obra necessária com trabalhadores locais. Por certo, é necessário que o objeto da contratação seja, por sua natureza, transitório. No caso dos autos, a DAD tem sua sede em Congonhas, Minas Gerais (fls. 18 Estatuto Social Cláusula 2ª), e os serviços foram prestados em Volta Redonda. Além disso, o objeto do contrato celebrado entre as rés foi o reparo geral em forno da usina Presidente Vargas - atividade eminentemente transitória, com começo, meio e fim bem definidos. Note-se ser irrelevante que os serviços prestados pelo autor, como soldador, estejam abrangidos pelo objeto social da DAD. Pelo contrário: essa circunstância integra a própria natureza do contrato de obra certa. Mais uma vez, cita-se o eminente Ministro Maurício Godinho Delgado: o motivo justificador do contrato é a realização de obra ou serviço certos, vinculados ao objeto empresarial do construtor contratante do obreiro. (op. cit., p. 561). Tampouco se pode discutir se o trabalho do autor estaria inserido na atividade-fim da CSN, pois não foi pleiteado vínculo com essa empresa. Dessa maneira, afigura-se válido o contrato por obra certa celebrado entre o autor e a DAD. Nesses termos, não há que se falar em responsabilidade subsidiária da dona da obra. Perfilhase, assim, o entendimento cristalizado na Orientação Jurisprudencial n 191 da SDI-1 do Colendo TST, confirmando-se a sentença. 8534 4
Do exposto, conheço do recurso e, no mérito, NEGO-LHE PROVIMENTO na forma da fundamentação supra. 8534 5
por unanimidade, conhecer do recurso e, no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO nos termos do voto do Excelentíssimo Desembargador Relator. 8534 6
Rio de Janeiro, 7 de Agosto de 2013. Desembargador Federal do Trabalho Flavio Ernesto Rodrigues Silva Relator 8534 7