HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA AO RECÉM-NASCIDO EM CENTRO DE PARTO NORMAL Ana Lucia de Araújo Jacqueline Luiza da Silva Floriano Rosana Rosa de Oliveira Muniz Introdução: A motivação para realizar este trabalho surgiu espontaneamente durante a recepção de um recém-nascido em Centro de Parto Normal, antes da dequitação placentária e da avaliação precoce do neonatologista, onde observamos o ato de cuidar de nossas colaboradoras em relação ao trinômio presente naquele instante, mãe/recém-nascido/acompanhante. A Humanização é entendida como um conjunto de diretrizes e princípios que afirmam a valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde (usuários, trabalhadores e gestores); o fomento da autonomia e do protagonismo desses sujeitos; o aumento de grau de corresponsabilidade; o estabelecimento de vínculos solidários e da participação coletiva no processo de gestão; a identificação das necessidades sociais de saúde, dos usuários e dos trabalhadores; e o compromisso com a ambiência, com a melhoria das condições de trabalho e de atendimento. (1) No Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo/unidade Santo Antonio, o nosso trabalho tem por compromisso fazer, no Centro de Parto Normal (CPN), as atividades voltadas ao RN, no momento do seu nascimento, menos drásticas; respeitando seu momento de vida extra uterina, que é um momento de transição, tornar-se mais suave e adequado, proporcionando o reconhecimento de sua mãe logo após sua saída, num contato pele a pele que dure aproximadamente uma hora, já com incentivo de aleitamento materno, participação de seu acompanhante para cortar o cordão umbilical e realizar as outras atividades e protocolos após essa gold hour (Hora de ouro), como credeirização que é profilaxia de oftalmia gonocócica que será feita após a primeira hora de vida, pingando-se 1 ou 2 gotas
de solução de nitrato de prata a 1% nos olhos do RN (método de crede) (3), aplicação de vitamina k, tem por objetivo prevenir a hemorragia por deficiência desta vitamina no organismo do RN. A vitamina K interfere no mecanismo de coagulação do sangue, provocando, na sua ausência, hemorragias. Por isso a vitamina K é chamada anti hemorrágica.(4) e vacina contra Hepatite B. As vacinas estão indicadas de forma universal para todas crianças, adolescentes e adultos pertencentes aos grupos de risco: politransfundidos, pacientes submetidos a diálise, profissionais da saúde, contactantes domiciliares, com portador crônico, parceiro sexual de portador crônico, usuários de drogas injetáveis, pessoas de vida sexual promíscuas, imigrantes de áreas endêmicas. Os recém- nascidos de mães portadoras do vírus B tem grande risco de adquirir a infecção ao nascer e, destes, 90% evoluem para doença crônica. (5). No hospital em que trabalhamos, o protocolo de administração da vacina prevê que seja administrada nas primeiras seis hora de vida, no vasto lateral da coxa direita do recém-nascido. É de suma importância conhecer e estar atenta a comunicação verbal e não-verbal emitida pelo bebê e pelos próprios profissionais durante o desenvolvimento do cuidado. A criança recebe influência do meio ambiente nos vários contextos que exibem as pessoas e seus gestos, sons e movimentos, sendo o estímulo importante como eixo para prover seu bom desempenho afetivo, cognitivo, psicológico e social (2). A Escala de Apgar é um instrumento de rastreamento inicial, que deve ser aplicado para uma avaliação do lactente imediatamente após o parto. Reflete a condição do bebê depois da tensão do trabalho de parto e do parto e permite uma avaliação daquelas funções essências a vida e que precisam começar imediatamente para que se processe a adaptação a vida extra-uterina. A contagem do Apgar é realizada no primeiro e quinto minuto... Este método deve ser repetido entre cinco e dez minutos, até que se estabilize o organismo do RN. (3). Na Escala de Apgar são avaliados os seguintes requisitos: frequência cardíaca; frequência respiratória; tônus muscular; cor e irritabilidade reflexa. Para cada um dos cinco itens são atribuídos valores que variam entre 0 e dois cada um. Somam-se as notas de cada
item e temos o total. Que podem dar uma nota mínima de 0 (zero) e máxima de 10 (dez). Depois realizamos os dados antropométricos: peso, estatura, perímetro cefálico, torácico e abdominal e colocamos as pulseiras de identificação na mãe e no RN contendo essas informações, junto com o nome da genitora, tipo de parto, sexo do RN, data e hora do nascimento e por ultimo a identificação plantar do RN e a digital do polegar da mão direita da mãe na ficha neonatal, conforme protocolo institucional, e, após conferencia junto a ela e seu acompanhante. Objetivo: Sensibilizar nossos colaboradores quanto a valorização da necessidade da assistência mais humanizada e menos invasiva ao RN, no momento de seu nascimento em Centro de Parto Normal. Metodologia: O método escolhido por nós foi pesquisa bibliográfica e metologia qualitativa. Pesquisa Bibliográfica é o levantamento de toda a bibliografia já publicada, em forma de livros, revistas, publicações avulsas e imprensa escrita. A sua finalidade é fazer com que o pesquisador entre em contato direto com todo o material escrito sobre um determinado assunto, auxiliando o cientista na análise de suas pesquisas ou na manipulação de suas informações. Ela pode ser considerada como o primeiro passo de toda pesquisa científica e método qualitativo, não se preocupa com relação aos números, mas sim com relação ao aprofundamento e de como ela será compreendida pelas pessoas. Os pesquisadores que utilizam este método procuram explicar o porquê das coisas, explorando o que necessita ser feito sem identificar os valores que se reprimem a prova de dados, porque os dados analisados por este método não estão baseados em números.(6) Resultados: Na primeira parte realizaremos uma dramatização demonstrando um parto em Centro de Parto Normal, onde o nascimento ocorrerá de forma habitual, com a presença de uma parturiente, seu acompanhante, duas técnicas de enfermagem, uma enfermeira obstétrica e um neonatologista, além do ator principal da nossa atividade: o recém-nascido, ( que será um boneco). Serão convidadas as colaboradoras da plateia para participar. Na segunda etapa envolveremos todos participantes, direta ou indiretamente na dramatização, com o papel entregue na
entrada do teatro e que foi guardada para este momento. Nele estará descrito qual será o papel de cada um a ser realizado em momento oportuno. Através de uma narrativa, os atores se deslocarão para seus respectivos papeis e realizarão de forma orientada a dramatização. Na terceira etapa, após um breve relaxamento, pediremos para que todos fechem os olhos e realizaremos uma pequena narrativa, onde o feto ainda no ventre materno revelará os primeiros momentos desde o inicio do trabalho de parto, a sua passagem pelo canal pélvico materno até a sua chegada ao meio externo, a sua recepção pela equipe multidisciplinar e os fatores que o envolverão na primeira hora após seu nascimento. Na quarta etapa lançaremos idéias e noções de contexto crítico, analítico e reflexivo do papel do colaborador ao assistir o R.N. antes, durante e após seu nascimento; a sua transição entre os períodos intra e extrauterino, sua adaptação ao meio ambiente e a valorização deste processo com um olhar do próprio RN. A sensibilização ocorrerá quando nos colocamos no lugar deste novo ser e percebemos a necessidade de trata-lo com a devida importância e delicadeza tornando o colaborador mais sensível no seu processo de cuidar. Depois, em grupo abriremos espaço para que sejam verbalizados seus sentimentos e sensações obtidos com estes exercícios. Em seguida pediremos que expressem de forma escrita as ações que eles pontuarem que sejam necessárias para atender de forma humanizada o recém nascido em Centro de Parto Normal. Para finalizar solicitaremos que todos descrevam as ações propostas e que possam ser implementadas durante seu atendimento. Conclusão: A concepção da humanização do R.N. em Centro de Parto Normal deve e pode ser mudada em todas as instancias hospitalares. O atendimento ainda não é feito para atender as necessidades reais do RN neste momento do nascimento, assim como a de sua família. Hoje preconizamos a participação de seu acompanhante junto a este momento tão esperado por eles. Os cuidados ao RN que antes eram feitos na primeira hora de vida, foram colocados em segundo plano, dando preferência ao contato pele-a pele, ao clampeamento tardio do cordão umbilical, ao aleitamento materno na primeira meia hora de vida, modificando a ordem dos cuidados de
enfermagem que eram realizados a algum tempo atrás, automatizadas, sem reflexão, sem envolvimento e sem prestar atenção ao novo ser. Referências 1. Viana, A.L.N.; et all; Acolhimento e humanização da assistência em pronto socorro adulto: percepções de enfermeiros. revista de enf.ufsm 2013, maio agosto pg3(2):276-286 2. Campos, Antonia C.S.I.; Cardoso.VeraL.M.L. O recém-nascido sob fototerapia: a percepção da mãe.2004. Disponível em: htpp://www.webartgos.com/artigos/cuidados-d-enfermagem-aorecem-nascidouma- revisão-literaria/45544 em 30/10/2015. 3..Montenegro, Carlos A.B.;(FILHO) Jorge de Rezende. Rezende e obstetrícia fundamental 11 ed.?rio de Janeiro GUANABARA&KOOGAM, 2005. 4. Marichal, Ondina M. de. Os cuidados do recém-nascido para técnico de enfermagem. Joinville.ifsc.edu.br disponível em 30/10/2015.Revista da Associação Médica Brasileira, vol. 52 n.5. São Paulo Sept./Oct.2006. Disponível em 30/10/2015. WWW.scielo.br/scielo. php?script=sci_arteex&pid. 5. Marconi, Maria A.; Lakatos, Eva M. Metodologia do trabalho cientifico. São Paulo: Ed. Atlas, 1992. 4ªEd p.43 e 44.