Noções Topológicas em R n

Documentos relacionados
José Amaral. Majorante de um conjunto. Minorante de um conjunto. Supremo e Máximo de um conjunto

Noções Topológicas em R n (n N)

MAT Cálculo Avançado - Notas de Aula

1.1 Propriedades básicas dos números reais, axiomática dos números reais.

ANÁLISE MATEMÁTICA II

CAPÍTULO II NOÇÕES TOPOLÓGICAS EM R

1 Limites e Conjuntos Abertos

Introdução à Linguagem da Topologia

Cálculo diferencial em IR n

Exercícios de topologia geral, espaços métricos e espaços vetoriais

Licenciatura em Ciências da Computação 2010/2011

Análise Matemática III. Textos de Apoio. Cristina Caldeira

LCC 2006/2007 Ana Jacinta Soares. Notas sobre a disciplina

Topologia Geral. Ofelia Alas Lúcia Junqueira Marcelo Dias Passos Artur Tomita

Axiomatizações equivalentes do conceito de topologia

Topologia e Análise Linear. Maria Manuel Clementino, 2013/14

Decimaseptima áula: espaços completos e compactos

TEOREMA DE STONE-WEIERSTRASS PARA ESPAÇOS LOCALMENTE COMPACTOS

1 Espaço Euclideano e sua Topologia

1.3 Conjuntos de medida nula

Então (τ x, ) é um conjunto dirigido e se tomarmos x U U, para cada U vizinhança de x, então (x U ) U I é uma rede em X.

Conjuntos. Notação: Exemplo 1. O conjunto Z dos números inteiros é numerável.

[À funç~ao d chama-se métrica e aos elementos de X pontos do espaço métrico; a condiç~ao (3) designa-se por desigualdade triangular.

LISTA 3 DE INTRODUÇÃO À TOPOLOGIA 2011

Topologia. Fernando Silva. (Licenciatura em Matemática, 2007/2008) 13-agosto-2018

x B A x X B B A τ x B 3 B 1 B 2

LICENCIATURA EM ENGENHARIA CIVIL - 1 o CICLO FOLHA 1. x 2. J = x R : x2 + 2x 3

Notas de Análise Matemática I

Capítulo Topologia e sucessões. 7.1 Considere o subconjunto de R 2 : D = {(x, y) : xy > 1}.

Resumo Elementos de Análise Infinitésimal I

1 R n, propriedades, topologia


MAT 5798 Medida e Integração Exercícios de Revisão de Espaços Métricos

Introdução à TOPOLOGIA. José Carlos Santos

LIMITES e CONTINUIDADE de FUNÇÕES. : R R + o x x

Fabio Augusto Camargo

10 AULA. Funções de Varias Variáveis Reais a Valores LIVRO

Noções (básicas) de Topologia Geral, espaços métricos, espaços normados e espaços com produto interno. André Arbex Hallack

MAT Topologia Bacharelado em Matemática 2 a Prova - 27 de maio de 2004

Análise Matemática III - Turma especial

Leandro F. Aurichi de novembro de Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação - Universidade de São Paulo, São Carlos, SP

Teoria dos Conjuntos. Teoria dos Conjuntos. Teoria dos Conjuntos. Teoria dos Conjuntos. Teoria dos Conjuntos. Teoria dos Conjuntos

da Teoria do conjuntos

TOPOLOGIA GERAL. Mauricio A. Vilches. Departamento de Análise - IME UERJ

Nona aula: Conjuntos conexos

Matemática I. 1 Propriedades dos números reais

ELEMENTOS DE TOPOLOGIA ANO LECTIVO JOSÉ CARLOS SANTOS

Exercício 18. Demonstre a proposição anterior. (Dica: use as definições de continuidade e mensurabilidade)

CONJUNTOS ÔMEGA-LIMITE PARA UMA CLASSE DE PERTURBAÇÕES DESCONTÍNUAS DA IDENTIDADE

Símbolo Nome lê-se como Categoria = 10 significa que se se somar 4 a 6, a soma, ou resultado, é 10.

Máximos e mínimos UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CÁLCULO II - PROJETO NEWTON AULA 22. Assunto: Máximos e mínimos

CDI-II. Resumo das Aulas Teóricas (Semana 1) 2 Norma. Distância. Bola. R n = R R R

Limites e continuidade

Cálculo Infinitesimal II / Cálculo II - Apontamentos de Apoio Capítulo 3 - Funções de n Variáveis

CAP. I - ESTUDO DE FUNÇÕES COM VÁRIAS VARIÁVEIS INDEPENDENTES.

Métodos Matemáticos na Ciência de Dados: Introdução Relâmpago. II

Lista de exercícios 2

Introdução à Análise Funcional

Derivadas Parciais Capítulo 14

RACIOCÍNIO LÓGICO. Curso Superior de Tecnologia. Aula 02 TEORIA DOS CONJUNTOS

Operações elementares. Operações elementares. Topologia do espaço

ANÁLISE MATEMÁTICA III A OUTONO 2005 PARTE I VARIEDADES EM R N. Sobre Topologia em R n

ESTABILIDADE DE CONJUNTOS INVARIANTES POR UMA CLASSE DE PERTURBAÇÕES DESCONTÍNUAS DA IDENTIDADE

1 Números Reais. 1. Simplifique as seguintes expressões (definidas nos respectivos domínios): b) x+1. d) x 2, f) 4 x 4 2 x, g) 2 x2 (2 x ) 2, h)

Definição: Todo objeto parte de um conjunto é denominado elemento.

Tópicos de Matemática. Teoria elementar de conjuntos

ANÁLISE E TOPOLOGIA. 1 o semestre. Estudaremos neste curso alguns dos conceitos centrais da análise matemática: números reais, derivadas,

Matemática Conjuntos - Teoria

Cálculo a Várias Variáveis I - MAT Cronograma para P1: aulas teóricas (segundas e quartas)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ FRANCINOR DA SILVA MELO ESPAÇOS MÉTRICOS COMPLETOS E TEOREMA DE BANACH-STEINHAUS

Sobre a compacidade lógica e topológica

CURSO INTRODUTÓRIO DE MATEMÁTICA PARA ENGENHARIA Conjuntos. Rafael Carvalho 7º Período Engenharia Civil

Exercícios de Teoria da Probabilidade e Processos Estocásticos Parte I

Diferenciabilidade de funções reais de várias variáveis reais

MATEMÁTICA TÓPICOS DE ANÁLISE MATEMÁTICA. 2ª Edição Revista e corrigida. Coleção Matemática EDIÇÕES SÍLABO. EM IR n ALTINO SANTOS SANDRA RICARDO

Sumários Alargados. Recomenda-se a leitura de: Capítulos 0 e 1 de: J. Lewin/M. Lewin, An Introduction to Mathematical Analysis;

1 Capítulo 4 Comp m l p e l me m ntos de d Funçõ ç es

Teoria Ergódica (9 a aula)

CÁLCULO DIFERENCIAL A VÁRIAS VARIÁVEIS

Notas de Aula. Leandro F. Aurichi de junho de Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação - USP

Produtos de potências racionais. números primos.

Representamos os conjuntos por letras maiúsculas: Representamos os elementos dos conjuntos por letras minúsculas:

normados 1 Alexandre L. Madureira

CDI-II. Limites. Continuidade

Semana 2. Primitivas. Conjunto das partes. Produto cartesiano. 1 Teoria ingênua dos conjuntos. 2 Axiomática ZFC de conjuntos. 4 Conjuntos numéricos

Análise Infinitesimal I. Maria Manuel Clementino, 2010/11

Dado um inteiro positivo n, definimos U(n) como sendo o conjunto dos inteiros positivos menores que n e primos com n. Não é difícil ver que a

Topologia geral Professor: Fernando de Ávila Silva Departamento de Matemática - UFPR

INTRODUÇÃO À TEORIA DOS CONJUNTOS

Propriedades das Funções Contínuas

ESTATÍSTICA I Variáveis Aleatórias Variáveis Aleatórias Discretas. Helena Penalva 2006/2007

3 NOÇÕES DE PROBABILIDADE

Física Matemática II: Notas de aula

Decimasegunda áula: Conexidade por caminhos, local, e sequências

Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz Universidade de São Paulo. Módulo I: Cálculo Diferencial e Integral Funções de Duas ou Mais Variáveis

Universidade Federal de Viçosa Centro de Ciências Exatas - CCE Departamento de Matemática Primeira Lista de MAT641 - Análise no R n

Gabarito da Primeira Prova MAT0234 Análise Matemática I Prof. Daniel Victor Tausk 13/09/2011

Cálculo Diferencial e Integral C roteiro para estudo

Justifique todas as passagens. Boa Sorte! e L 2 : = z 1 3

Fundamentos de Matemática

Transcrição:

Noções Topológicas em R n Revisão - norma e distância em R n Chama-se norma Euclideana em R n à norma associada ao produto interno canónico em R n, isto é, à função definida por PP : R n v R x v PxP x x x 1 2... x n 2 Tal como todas as normas, verifica as seguintes propriedades: S PxP u 0,x R n ; S PaxP a PxP, x R n e a R; S Px yp t PxP PyP,x, y R n ; S Se PxP 0 então x 0. Chama-se distância (ou métrica) associada à norma Euclideana em R n à função d : R n R n v R onde P.P é a norma Euclideana. Ÿx, y v dÿx, y Px " yp Portanto, dÿx, y Ÿx 1 " y 1 2... Ÿx n " y n 2.

A distância Euclideana goza das seguintes propriedades: S dÿx, y u 0,x,y R n ; S dÿx, y 0 sse x y; S dÿx, y dÿy, x,x, y R n ; S dÿx, z t dÿx,y dÿy, z,x, y, z R n. Nota: Qualquer função distância associada a uma norma verifica estas propriedades, que resultam das propriedades da norma. Bola aberta e vizinhança Definição: Sejam a R n e r R. Chama-se bola aberta de centro a e raio r ao conjunto B r Ÿa x R n : dÿx, a r. representa-se também por BŸa, r. Nota: Em R, as bolas abertas são intervalos abertos. Definição: Qualquer subconjunto de R n que contenha uma bola aberta de centro em a diz-se uma vizinhança de a. Isto é, V é uma vizinhança de a se existe algum r 0 tal que B r Ÿa V. Nota: qualquer bola aberta é vizinhança do seu próprio centro e facilmente se mostra que é vizinhaça de qualquer um dos seus pontos.

Noções Topológicas Elementares Definição: Seja S um subconjunto de R n e a R n. S a diz-se um ponto interior de S, se S for uma vizinhança de a, isto é, se r 0 : B r Ÿa S; S a diz-se um ponto exterior de S se for interior ao seu complementar; S a diz-se um ponto fronteiro de S se não for interior nem exterior ao conjunto S. Nota: da definição resulta imediatamente que: v a é um ponto exterior de S sse existe uma bola de centro em a totalmente contida no complementar de S, isto é: ou seja, r 0 : B r Ÿa R n \S; r 0 : B r Ÿa 9 S. v a é um ponto fronteiro de S sse qualquer bola de centro em a tem ponto de S e do seu complementar, isto é: r 0 B r Ÿa 9 S p7b r Ÿa 9 ŸR n \S p. Notação: Sendo S um subconjunto de R n, interior de S v ints conjunto dos pontos interiores de S; exterior de S v exts conjunto dos pontos exteriores de S; fronteira de S v frs conjunto dos pontos fronteiros de S. (A fronteira de S representa-se também por S.)

Proposição: Sendo S um subconjunto de R n, S ints S; S exts R n \S; S R n ints :exts :frs. ( : representa a união disjunta de conjuntos.) Definição: Um subconjunto de R n diz-se aberto se todos os pontos seus pontos forem pontos interiores. Portanto S R n é um conjunto aberto sse ints S. Nota: A união finita ou infinita numerável de conjuntos abertos é ainda um conjunto aberto. (: nn A n x: existe i N tal que x A i diz-se uma união numerável de conjuntos.) A intersecção finita de conjuntos abertos é ainda um conjunto aberto. A intersecção infinita de conjuntos abertos pode não ser um conjunto aberto! Definição: Um subconjunto de R n diz-se fechado se se o seu complementar for aberto. Proposição: S R n é um conjunto fechado sse frs S. Nota: Um dado conjunto pode ser aberto, fechado, nem aberto nem fechado e simultaneamente aberto e fechado.

Definição: Chama-se fecho ou aderência do conjunto S à união de S com a sua fronteira que se representa por S. Portanto S ints : frs. Um ponto a diz-se aderente a S se pertencer S. Nota: O fecho de um conjunto é sempre um conjunto fechado. Nota: S é fechado sse S S. Definição: Diz-se que o ponto a R n é ponto de acumulação de S R n se em toda a vizinhança de a existe uma infinidade de pontos de S. Nota 1: É imediato que a é ponto de acumulação de S sse em toda a bola aberta de centro em a existe uma infinidade de pontos de S. Nota 2: Prova-se que a é ponto de acumulação de S sse toda a bola aberta de centro em a tiver pelo menos um ponto de S diferente de a. Chama-se derivado de S ao conjunto de todos os pontos de acumulação de S e denota-se por S U. Nota: Um conjunto finito não tem pontos de acumulação.

Definição: Um ponto a de S diz-se isolado se existir r 0 tal que B r Ÿa 9 S a. Definição: Um conjunto S diz-se limitado se existir alguma bola que o contenha. Definição: Um subconjuntos de R n diz-se compacto se for limitado e fechado. Nota: Os intervalos a, b, com a, b R, são compactos de R.