Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 1ª Composição Adjunta da 10ª Junta de Recursos Número do Processo: 44232.013184/2014-23 Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL CAMPOS DOS GOYTACAZES-GUARUS Benefício: 41/163.834.118-1 Espécie: APOSENTADORIA POR IDADE Recorrente: MARIA HELENA DE AZEVEDO BATISTA - Titular Capaz Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS Assunto: INDEFERIMENTO Relator: Relatório Revisão de oficio interposto pela Sessão de Reconhecimento de direitos em 18/05/2015 (fls. 115 arvore), requerendo a anulação do acordão nº 1383/2015, proferido em 11/05/2015, na sessão de julgamento 0196/2015 (fls. 105/109 arvore), alegando, em resumo, que: A Egrégia Junta de Recursos deu provimento ao pedido de aposentadoria por idade da requerente, com DER em 16/08/2013, considerando para carência os períodos de auxílio-doença, 08/10/2008 a 30/06/2009 e de 03/08/2009 a 28/04/2011, considerando que os mesmos devem ser computados, em cumprimento ao memorando circular conjunto 34/DIRBEN/DIRSAT/INSS, DE 24/07/2012. O INSS através da SRD discorda do cômputo dos períodos acima, para contagem de carência, tendo em vista que está em vigor o memorando circular conjunto nº 45/DIRBEN/PFE/INSS, de 17/11/2014 que cita: "1. Observada a decisão proferida pelo Superior Tribunal de Justiça do Recurso Especial nº 1.414.439-RS e a orientação proferida no Parecer/NTS/DEPCONT/PGF/AGU/Nº 113/2014(Anexos I e II), a decisão proferida na Ação Civil Pública nº 2009.71.00.004103-4RS, que determinou o cômputo para fins de carência do período de gozo de benefício por incapacidade, desde que intercalados com períodos de contribuição/atividade, passa a ter abrangência limitada aos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Em resumo, trata-se de recurso da segurada MARIA HELENA DE AZEVEDO BATISTA, contra decisão da Autarquia que indeferiu de seu pedido de aposentadoria por idade rural, NB nº 41/163.834.118-1, por falta de tempo comprovação de exercício de atividade rural, conforme comunicado de decisão de fls. 89 arvore. Segurada nascida em 26/12/1954, com 58 anos na DER, realizada em 16/08/2013. No recurso de fls. 03/14 arvore, a requerente confirma sua condição de segurado especial, informando que é assentada pelo INCRA desde 22/12/1997, laborando em regime de economia familiar na lavoura na produção de aipim e cana de açúcar, e para comprovar seu direito, juntou aos autos: - Fls. 15 arvore: carteira de identidade; - Fls. 17/19 e 50/53 arvore: contrato de assentamento do INCRA, firmado com o Sr. Aldemir Cruz da Silva, na P.A. Zumbi dos Palmares, no município de Campos do Goytacazes em 06/07/98; - Fls. 20/21 e 49 arvore: declaração do INCRA, datada de 2008, declarando que a requerente é assentada no P.A Zumbi dos Palmares, no município de Campos do Goytacazes, desde 22/12/1997, acompanhado do contrato de concessão de uso, onde se depreende, inclusive que o Sr. Aldemir Cruz da Silva pertence ao mesmo grupo familiar; - Fls. 23 - arvore: declaração da ASFLUCAN Associação Norte Fluminense dos Plantadores de Cana afirmando
que a requerente e o marido fornecem cana de açúcar desde a entressafra 2002/03 até 2013/2014 - Fls. 24/25 - arvore: comprovante de cadastro da requerente no DICI-PES, datado de 2003, onde declara residir no assentamento anteriormente citado; - Fls. 26/30, 61 e 63/80 - arvore: comprovante de entrega de ITR do exercício de 2007 a 2013, do Sr. Aldemir Cruz da Silva, declarando 8 hectares, bem como extrato do Pronaf; - Fls. 31 e 55/56 arvore: declaração particular de união estável entre a requerente e o Sr. Aldemir Cruz da Silva, datada de 19/08/2013 com firma reconhecida em cartório; bem como declaração de união estável firmada em 17/11/2004 junto ao cartório do 2º oficio; - Fls. 36 arvore: copia da pagina de identificação da CTPS 71074, serie 1627, em nome da requerente; - Fls. 37 arvore: comprovante de residência (conta de luz) em nome do Sr. Aldemir Cruz da Silva, datado de 18/10/2013, compatível como o endereço constante nos contratos de assentamento; - Fls. 38/40 arvore: identidade e CPF da requerente; - Fls. 47/48 arvore: declaração do sindicato dos trabalhadores rurais de campos, datada de 7/11/2013, afirmando que a requerente reside no assentamento desde 1997; - Fls. 57/58 - certidão de nascimento dos filhos havidos em comum com o Sr. Aldemir Cruz da Silva em 1982 e 1993; As Fls. 41, 42 e 44 arvore: constam INFBEN e extrato CNIS onde se verifica os NB s 532.516.772-0 e 536.680.263-2, ambos por auxilio doença que a requerente recebeu, sendo o primeiro de 08/10/2008 até 13/06/2009 e o segundo de 03/08/2009 até 28/04/2011. As fls. 82/83 arvore, consta Entrevista Rural realizada em 12/11/2013, a qual restou positiva para o exercício de atividade rural. As fls. 96 arvore consta contra razões da Autarquia, onde é relatado a respeito do periodo contributivo que: (...)6- Reapreciando o processo em grau de recurso verificamos que o motivo do indeferimento foi em consequência de que a requerente só foi enquadrada como segurada especial a partir de 22/12/1997, haja visto a Certidão de nº. 158/2008 emitida pelo INCRA, documento às fls. 17 do evento 3, na qual é informado que a segurada desenvolve atividades rurais em regime de economia familiar no lote que lhe foi destinado desde 22/12/1997, conforme processo Administrativo do INCRA, atingindo um total de 160 contribuições, sendo descontados os períodos de auxílio-doença de 08/10/2008 a 30/06/2009 e de 03/08/2009 a 28/04/2011 (fls. 08 e 09 do evento 3), não cumprindo portanto o mínimo de 180 contribuições exigidas como carência para a obtenção do benefício pleiteado. (...) Inclusão em Pauta Incluído em Pauta no dia 08/06/2015 para sessão nº 0259/2015, de 15/06/2015. Voto EMENTA: REVISÃO DE OFICIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. ANULAÇÃO DO ACORDÃO Nº 1383/2015, PROFERIDO EM 11/05/2015, NA SESSÃO DE JULGAMENTO 0196/2015. FALTA DE TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL: ART. 48 E 142 E 143 C/C DO ITEM 1, ALÍNEA A, INCISO VII, DO ART. 9º DA LEI 8.213/91. MEMORANDO CIRCULAR CONJUNTO Nº 45/DIRBEN/PFE/INSS. REQUISITOS QUANTO À IDADE E EFETIVO EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL, NA CONDIÇÃO DE SEGURADO ESPECIAL, DEVIDAMENTE COMPROVADOS NOS AUTOS, POREM NÃO PELO PERÍODO NECESSÁRIO. RECURSO ORDINARIO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. RECURSO CONHECIDO E NEGADO Revisão de oficio aceita pela presidência desta composição adjunta. Atendidos os pressupostos objetivos e subjetivos necessários ao conhecimento do presente recurso, passa-se à análise do mérito. O objeto do presente recurso consiste em certificar se a requerente, nascida em 26/12/1954, com 58 anos na DER,
realizada em 16/08/2013, se enquadra como segurado especial, bem como, em caso positivo a primeira questão, se restou cumprida a carência para a concessão do benefício pleiteado. O conceito da aposentadoria por idade esta regulada na Lei 8.213/91, que dispõe: Art. 48. A aposentadoria por idade será devida ao segurado que, cumprida a carência exigida nesta Lei, completar 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta), se mulher. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995) 1o Os limites fixados no caput são reduzidos para sessenta e cinqüenta e cinco anos no caso de trabalhadores rurais, respectivamente homens e mulheres, referidos na alínea a do inciso I, na alínea g do inciso V e nos incisos VI e VII do art. 11. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999) [...] Art. 143. O trabalhador rural ora enquadrado como segurado obrigatório no Regime Geral de Previdência Social, na forma da alínea "a" do inciso I, ou do inciso IV ou VII do art. 11 desta Lei, pode requerer aposentadoria por idade, no valor de um salário mínimo, durante quinze anos, contados a partir da data de vigência desta Lei, desde que comprove o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, em número de meses idêntico à carência do referido benefício. (Redação dada pela Lei nº. 9.063, de 1995) (Vide Medida Provisória nº 410, de 2007). Por seu turno, o item 1, alínea a, inciso VII, do art. 9º da Lei 8.213/91, define que deve ser caracterizado como segurado especial a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros, na condição de produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatário ou arrendatário rurais, explore atividade agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos fiscais. É ainda assegurado ao segurado a utilização de documentos em nome dos componentes do grupo familiar, conforme disposto no 2º do artigo 47, da IN 77/2015. No caso dos autos, restou comprovado o exercício da atividade rural desde 1997, através dos seguintes documentos: - Fls. 17/19 e 50/53 arvore: contrato de assentamento do INCRA, firmado com o Sr. Aldemir Cruz da Silva, na P.A. Zumbi dos Palmares, no município de Campos do Goytacazes em 06/07/98; - Fls. 20/21 e 49 arvore: declaração do INCRA, datada de 2008, declarando que a requerente é assentada no P.A Zumbi dos Palmares, no município de Campos do Goytacazes, desde 22/12/1997, acompanhado do contrato de concessão de uso, onde se depreende, inclusive que o Sr. Aldemir Cruz da Silva pertence ao mesmo grupo familiar; - Fls. 23 - arvore: declaração da ASFLUCAN Associação Norte Fluminense dos Plantadores de Cana afirmando que a requerente e o marido fornecem cana de açúcar desde a entressafra 2002/03 até 2013/2014 - Fls. 24/25 - arvore: comprovante de cadastro da requerente no DICI-PES, datado de 2003, onde declara residir no assentamento anteriormente citado; - Fls. 26/30, 61 e 63/80 - arvore: comprovante de entrega de ITR do exercício de 2007 a 2013, do Sr. Aldemir Cruz da Silva, declarando 8 hectares, bem como extrato do Pronaf; - Fls. 31 e 55/56 arvore: declaração particular de união estável entre a requerente e o Sr. Aldemir Cruz da Silva, datada de 19/08/2013 com firma reconhecida em cartório; bem como declaração de união estável firmada em 17/11/2004 junto ao cartório do 2º oficio; - Fls. 37 arvore: comprovante de residência (conta de luz) em nome do Sr. Aldemir Cruz da Silva, datado de 18/10/2013, compatível como o endereço constante nos contratos de assentamento; - Fls. 57/58 - certidão de nascimento dos filhos havidos em comum com o Sr. Aldemir Cruz da Silva.
Deve ainda ser salientado que a entrevista rural de fls. 82/83 arvore, restou positiva para o exercício da atividade. Desta forma, tem-se que requerente comprovou o pleno exercício da atividade rural pelo período descrito na legislação, não devendo a autarquia usurpar do requerente o direito a analise de sua condição de segurado especial. O Julgador, na analise do caso concreto não pode perder de vista que o regime constitucional brasileiro foi erguido sob o pilar de assegurar a dignidade da pessoa humana com a erradicação da pobreza a redução das desigualdades sociais, conforme descrito nos artigos 1º e 3º da Carta Magna. Para assunção destes objetivos, é necessário promover a equiparação na concessão de serviços e benefícios a população, estendendo aos trabalhadores rurais a proteção previdenciária. O Enunciado nº 05 do CRPS, editado pela Resolução Nº 2/1993, publicado no DOU de 18/01/1994, por seu turno dispõe que a Previdência Social deve conceder o melhor benefício a que o segurado fizer jus, cabendo ao servidor orientá-lo nesse sentido. Tampouco a Autarquia alega e/ou comprova má-fe da requerente na em relação aos documentos apresentados, ao contrario, nas contra-razoes de fls. 96 arvore é relatado a respeito do periodo contributivo que: (...)6- Reapreciando o processo em grau de recurso verificamos que o motivo do indeferimento foi em consequência de que a requerente só foi enquadrada como segurada especial a partir de 22/12/1997, haja visto a Certidão de nº. 158/2008 emitida pelo INCRA, documento às fls. 17 do evento 3, na qual é informado que a segurada desenvolve atividades rurais em regime de economia familiar no lote que lhe foi destinado desde 22/12/1997, conforme processo Administrativo do INCRA, atingindo um total de 160 contribuições, sendo descontados os períodos de auxílio-doença de 08/10/2008 a 30/06/2009 e de 03/08/2009 a 28/04/2011 (fls. 08 e 09 do evento 3), não cumprindo portanto o mínimo de 180 contribuições exigidas como carência para a obtenção do benefício pleiteado. (...) No entanto, em sede de Revisão de oficio, a Autarquia traz a colação os termos do memorando circular conjunto nº 45/DIRBEN/PFE/INSS, de 17/11/2014 que cita: "1. Observada a decisão proferida pelo Superior Tribunal de Justiça do Recurso Especial nº 1.414.439-RS e a orientação proferida no Parecer/NTS/DEPCONT/PGF/AGU/Nº 113/2014(Anexos I e II), a decisão proferida na Ação Civil Pública nº 2009.71.00.004103-4RS, que determinou o cômputo para fins de carência do período de gozo de benefício por incapacidade, desde que intercalados com períodos de contribuição/atividade, passa a ter abrangência limitada aos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. 2. As Agências da Previdência Social-APS não mais abrangidas pela decisão proferida na ACP nº 2009.71.00.004103-4/RS deverão rever os benefícios despachados (DDB) a partir de 04/11/2014, data da intimação da decisão do STJ, nos quais o cálculo da carência foi realizado com base na ACP" Desta forma, embora inegável o exercício da atividade rural, não há como computar os períodos entre 08/10/2008 a 30/06/2009 e 03/08/2009 a 28/04/2011. Pelo exposto, não assiste razão a requerente, em virtude de não ter computado até as DER 180 contribuições necessárias a concessão do beneficio. Desta forma, acolhida a revisão de oficio interposta pela Sessão de Reconhecimento de direitos em 18/05/2015 (fls. 115 arvore), anula-se o acordão nº 1383/2015, proferido em 11/05/2015, na sessão de julgamento 0196/2015 (fls. 105/109 arvore), no sentido de preliminarmente CONHECER DO RECURSO para, no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO. Relator(a) Declaração de Voto
Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a). GEILSON DOS SANTOS DA CRUZ Conselheiro(a) Suplente Representante dos Trabalhadores Declaração de Voto Presidente concorda com voto do relator(a). MARCELO PISSURNO MELLADO Presidente Substituto Decisório Nº Acórdão: 1895 / 2015 Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da 1ª Composição Adjunta da 10ª Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua fundamentação. Participou, ainda, do presente julgamento, o(a) Conselheiro(a) GEILSON DOS SANTOS DA CRUZ. Relator(a) MARCELO PISSURNO MELLADO Presidente Substituto