Carta de Infraestrutura Inter. B Consultoria Internacional de Negócios



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Transcrição:

Antenas de Telecomunicações Canal Tech Corporate. Carta de Infraestrutura Inter. B Consultoria Internacional de Negócios 31 de Março de 2015 2015 Ano 2, nº 10 O Setor de Telecomunicações Fibra Ótica Telefônica

Apresentação A Edição de Março/Abril desta Carta traz para discussão o setor de telecomunicações, cuja importância para o desenvolvimento do país e o bem estar da população é indubitável. Há uma revolução em curso em que dispositivos com maior capacidade de armazenamento, processamento e conectividade, móveis e PCs vêm possibilitando que número crescente de pessoas acesse novas formas de entretenimento e serviços. A internet enquanto rede física vem acolhendo um tráfego de dados que cresce exponencialmente: a world wide web (www) é apenas uma pequena fração do uso da rede, neste caso aberta à navegação de todos, ao menos em países democráticos. A maior parte do fluxo de dados reflete a infinidade de apps; os serviços de distribuição de filmes e vídeos; os games; os serviços de voz e imagem (tal qual o Skype); serviços de torrente; e a internet das coisas, com a conexão de bilhões de objetos que nos rodeiam. A discussão desta Carta tenta centrar no que nos afigura como essencial: a facilidade e a velocidade com que pessoas e empresas se conectam virtualmente, geram ideias, fornecem serviços, organizam negócios, e estruturam novos mercados. A Inter.B dá assim seguimento ao trabalho de informação e análise do setor de infraestrutura no Brasil, em caráter pro-bono e independente, visando o interesse público, e com o único intuito de informar a sociedade civil, o setor privado e governo sobre como anda a infraestrutura no país. Finalmente, para facilitar o acesso e circulação, as versões anteriores da Carta de Infraestrutura estão disponíveis no nosso site, assim como outras publicações e artigos. Não deixem de conferir: www.interb.com.br. Sumário Editorial... 2 Uma perspectiva comparada... 3 Gráfico 1: Assinaturas de telefonia móvel e PIB per capita... 3 Gráfico 2: Computadores por domicílio e PIB per capita... 3 Gráfico 3: % da Pop. Com acesso à internet e PIB per capita... 3 Gráfico 4: Assinaturas de BL fixa e PIB per capita... 4 Gráfico 5: Assinaturas de BL em dispositivos móveis e PIB per capita... 4 Tabela 1: Velocidade média da internet BL... 4 Tabela 2: Velocidade média da internet em dispositivos móveis... 5 Gráfico 6: Tarifas de internet BL... 5 Gráfico 7: Tarifas de internet BL por velocidade média da BL... 5 A Evolução no Brasil... 5 Gráfico 8: Acesso à telefonia móvel... 6 Gráfico 9: Acesso à BL por tipo... 6 Gráfico 10: % de queda na rede de voz e dados... 7 Gráfico 11: % da pop. atendidada por telefonia celular... 7 Gráfico 12: % da pop. atendidada por BL fixa... 7 Figura 1: ERBs no estado do Piauí... 8 Figura 2: ERBs no estado do Rio de Janeiro... 8 A Dinâmica recente dos investimentos...8 1

Editorial É inquestionável que desde a reorganização e privatização do setor de telecomunicações houve uma enorme expansão quantitativa e qualitativa de serviços. Ainda assim, o país não está se aproximando da fronteira tecnológica, atualmente definida por aqueles que oferecem em banda larga acesso ultrarrápido e a baixo custo à internet. E para dispositivos fixos, estes atualmente requerem o uso de fibra ótica para chegar à última milha. Um serviço dessa natureza é uma alavanca de desenvolvimento, um elemento de transformação e melhoria na qualidade dos serviços públicos, um estímulo à ação colaborativa entre empresas, famílias, estudantes, abrindo um leque de possibilidades que se está apenas começando a se vislumbrar. Como esta Carta mostra, estamos atrasados, inclusive frente aos nossos pares. Foram feitos esforços, porém claramente insuficientes. Assim, em 2010, o Governo Federal divulgou o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), com a meta de alcançar 40 milhões de acessos no final de 2014. Em 2011, quatro grandes concessionárias aceitaram os termos de compromisso e começaram a oferecer o plano de internet banda larga de 1 Mbps por um preço de R$ 35, definido pelo PNBL. No entanto, no final de 2014, apenas 8% dos acessos à banda larga no país foram contratados pelo PNBL, o que indica o fraco desempenho do Plano. O governo trabalho agora com PNBL 2.0, com o objetivo de atender com fibra ótica 45% dos domicílios. Ao mesmo tempo, os investimentos em telecomunicações após 2012 estão regredindo, o que pode explicar a percepção de deterioração de serviços. Os investimentos caíram em termos nominais: de R$ 23,7 bilhões em 2012 para R$ 21,9 bilhões em 2013; como proporção do PIB, de 0,51% para 0,43%. Quanto a 2014, números preliminares sugerem um valor semelhante a 2013. Esta não parece ser uma trajetória capaz de levar a uma inflexão no setor, e fazer o país se aproximar de forma decisiva com a fronteira de melhores práticas e serviços. Nesta perspectiva é essencial procurar formas colaborativas público-privadas para viabilizar um amplo esforço de investimento numa rede de alta qualidade, que faculte a todos usufruir da revolução em curso, e fazer das telecomunicações um instrumento efetivo de desenvolvimento da sociedade. Claudio R. Frischtak 2

É Uma Perspectiva Comparada possível afirmar que a demanda pelos serviços de telecomunicações sofreu enormes mudanças ao longo dos últimos anos. A infraestrutura de telecomunicações não possui mais a função de ser utilizada para a prestação de serviços de telefonia para aplicações de voz e fax, como há cerca de 20 anos, mas sim para suportar uma nova e amplíssima gama de serviços, das mais variadas formas de comunicação, que podem ser acessadas de qualquer lugar e a qualquer momento. No cerne deste fenômeno está a telefonia móvel e o acesso à banda larga e, principalmente, a interseção destes dois serviços o acesso à internet em dispositivos móveis, além dos PCs. Os serviços podem ser inicialmente analisados na perspectiva da acessibilidade, qualidade e preço. Acessibilidade. Para o seu nível de PIB per capita, o Brasil encontra-se acima da média nos índices de assinaturas de telefone móvel e na média em computadores por domicílio (gráficos 1 e 2). Esses resultados sugerem que os meios físicos de acesso não seriam a maior barreira, como é o caso de economias mais pobres, pela restrição de portais de acesso à internet. Gráfico 1: Assinaturas de telefone móvel por 100 habitantes e PIB per capita 2013, Brasil e países selecionados Gráfico 2: Computadores por domicílio e PIB per capita 2012, Brasil e países selecionados Fonte: TekCarta, baseado em dados do ITU e EIU. O gráfico 3 mostra a proporção da população com acesso à internet. Para seu nível de renda per capita, o Brasil está um pouco abaixo da média, com um pouco menos da metade da população com acesso. Gráfico 3: Porcentagem da população com acesso à internet e PIB per capita 2013, Brasil e países selecionados Fonte: ITU Já os gráficos 4 e 5 indicam que o acesso à banda larga fixa é o mais restrito, comparado com a banda larga móvel, explicado pela oferta elástica e de baixo custo de aparelhos móveis. 3 Fonte: ITU

Gráfico 4: Assinaturas de banda larga fixa por 100 habitantes e PIB per capita 2013, Brasil e países selecionados Fonte: ITU Gráfico 5: Assinaturas de banda larga em dispositivos móveis por 100 habitantes e PIB per capita 2013, Brasil e países selecionados Fonte: ITU Qualidade dos Serviços. Ainda que não haja uma métrica universalmente aceita que reflita a qualidade dos serviços, a velocidade de acesso é certamente um dos parâmetros mais relevantes. Neste aspecto crítico, o Brasil encontra-se em uma situação que destoa de seus pares. De fato, e conforme mostram as tabelas 1 e 2, no terceiro trimestre de 2014, a velocidade média observada, abaixo de 3 Mbps, é significativamente inferior a países como Portugal, Turquia e México. E essa discrepância é observada tanto para PCs quanto dispositivos móveis. Ademais, não parece haver tido uma melhora consistente no parâmetro velocidade. Apesar de que no terceiro trimestre de 2014 (último período disponível) ter havido uma pequena variação positiva em relação à velocidade média e de pico medida da internet no mesmo período do ano anterior, no primeiro trimestre de 2014 (não mostrados aqui) o inverso se deu, denotando uma inconsistência na qualidade dos serviços prestados. Tabela 1: Velocidade média e de pico da internet de banda larga Brasil e países selecionados Velocidade Variação Velocidade Variação País média em de pico em (Mbps) relação à (Mbps) relação à 3T14 3T13 3T14 3T13 Coréia do Sul 25,3 2,7% 74,2 3,0% Japão 15,0 0,8% 65,1 5,9% Irlanda 13,9 10% 50,4 13% Cingapura 12,2 18% 83,0 28% EUA 11,5 0,4% 48,8 7,6% Israel 11,4 3,3% 61,8-9,9% Reino Unido 10,7-3,4% 46,8 0,4% Canada 10,3-1,1% 43,7-0,5% Rússia 9,1-0,7% 47,1 1,9% Alemanha 8,7-2,4% 39,2-6,3% Portugal 8,0 2,1% 43,7-0,9% Turquia 5,5 1,3% 32,1-1,5% México 4,1-5,5% 22,8 2,3% Chile 4,1-8,4% 26,1-8,5% China 3,8 49% 18,1 4,1% África do Sul 3,6 19% 17,1 30% Argentina 3,2-0,5% 22,0-6,1% Brasil 2,9 1,6% 20,5 1,6% Índia 2,0 0,5% 13,9-3,8% Venezuela 1,3-4,3% 10,2-8,6% Fonte: Akamai State of the Internet, 2014 4

Tabela 2: Velocidade média e de pico da internet em dispositivos móveis Brasil e países selecionados País Velocidade média em dispositivos móveis (Mbps) 3Q14 Velocidade de pico em dispositivos móveis (Mbps) 3Q14 Coréia do Sul 18,2 54,6 Cingapura 9,1 98,0 Reino Unido 8,1 51,0 Canada 7,9 28,7 Rússia 7,0 44,4 Japão 6,7 87,7 China 6,2 16,7 Irlanda 6,2 6,2 Venezuela 6 27,1 EUA 5,8 16,9 Alemanha 5,4 56 Turquia 4,2 59,5 África do Sul 2,5 9,3 Chile 1,8 12,9 Índia 1,7 11,1 Brasil 1,5 12 Argentina 1,3 7,3 Fonte: Akamai State of the Internet, 2014 Preço dos Serviços. A terceira dimensão relevante diz respeito ao custo dos serviços de banda larga ao consumidor. A evidência sugere que o país possui tarifas extremamente altas pelo serviço de banda larga. O gráfico 6 mostra um ranking das tarifas por 1 Mbps por mês para diversos países. O Brasil tem uma tarifa média de US$25, ficando atrás apenas da Argentina na amostra de países. Gráfico 6: Tarifas de internet BL 2013, Brasil e países selecionados O gráfico 7 mostra a relação entre o preço por 1 Mbps/mês e a velocidade média em Mbps. A correlação negativa entre preço e velocidade sugere que os países que oferecem acesso às maiores velocidades são também em que o preço o preço por Mbps é menor. O Brasil não apenas tem um ambiente de baixa velocidade, mas para uma dada velocidade - está acima da curva nessa amostra de países. Gráfico 7: Tarifas de internet BL por Velocidade média da BL (em Mbps) Brasil e países selecionados Fonte: Akami e Internet World Stats. A Evolução no Brasil A grande mudança no setor de telecomunicações no Brasil ocorreu no final da década de 90, com a Lei Geral das Telecomunicações (LGT), sancionada em 16 de julho de 1997. A partir daí, o Estado deixou de ser responsável pela provisão dos serviços de telecomunicações, se transformou no agente regulador (por meio da Anatel), e consolidou e regulamentou a prestação de serviço para a iniciativa privada 1. Fonte: Akami e Internet World Stats. 1 A Lei das Concessões (Nº 8.987), sancionada em 1995, veio proporcionar a entrada do setor privado em telecomunicações e outros serviços públicos. 5

No início da década de 80, o setor já se encontrava estagnado por conta da falta de autonomia e capacidade de investimento da Telebrás, e foi desenvolvido um modelo que melhor supriria a demanda dos consumidores por novos serviços e tecnologias. A abertura do setor começou com a aprovação da Emenda Constitucional 8 em 1995, que alterou a Constituição Federal no seu artigo 21 e passou a determinar que, a partir dali, competia à União explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais. Em 1996, o governo licitou a Banda B com a Lei do Celular, que dividiu o país em 10 regiões para o serviço celular. As operadoras locais da Telebrás cindiram os serviços de celular e as empresas privadas iniciaram a prestação do serviço em 1998. O leilão foi considerado um grande sucesso por conta do ágio de 237% do preço mínimo estipulado. Com a venda da Telebrás em 1998, quando o governo vendeu 19,26% do capital total da empresa por R$ 19 B, operadoras privadas começaram a operar também o serviço de telefonia fixa. Parece ser inquestionável o sucesso do processo de privatização dos serviços de telecomunicações, se tomarmos por métrica a expansão dos serviços de telefonia fixa e móvel (e a queda nos preços das linhas, um bem de luxo na década de 1990). O gráfico 8 mostra a evolução do acesso à telefonia móvel e a densidade do acesso, medida por aparelhos móveis por 100 habitante. A taxa de expansão do acesso à telefonia móvel foi no período 1998 2014 foi muito elevada, da ordem de 25% a.a. Gráfico 8: Acesso à Telefonia Móvel (em milhões de acesso) Fonte: ANATEL. O gráfico 9 descreve o crescimento da banda larga no país. No período entre 2000-2014, enquanto a banda larga fixa cresceu a uma taxa de 47% a.a., a móvel e a 3G se expandiram em 83% a.a. e 103% a.a., respectivamente. A 4G, recémintroduzido no país, já mostra forte crescimento em dois anos. Gráfico 9: Acesso à banda larga por tipo (em milhões) Fonte: ANATEL. Com a disseminação do uso da telefonia móvel e internet, também se observa um aumento no número de reclamações nas operadoras (passaram de 46/1.000 usuários em agosto de 2012 para 65/1.000 usuários em outubro de 2013). É possível que este aumento esteja relacionado à queda dos investimentos após 2012, 6

conforme discutido na seção conclusiva, frente a uma oferta crescente de linhas e serviços. Por outro lado, conforme mostra o gráfico 10, entre 2012 e 2013 o indicador de queda de voz e dados, que mede a porcentagem de acessos/conexões com problemas, manteve-se praticamente estável. Além disso, segundo a ANATEL, todas as empresas, com exceção de uma na região Norte, cumpriram a meta de fornecer a velocidade contratada em banda larga fixa e móvel para 70% de seus clientes. Gráfico 10: Porcentagem de queda na rede de voz e dados por total de acessos e conexões Gráfico 11: Porcentagem da população 2 atendida por telefonia celular, por número de operadoras. Fonte: Teleco, baseado em dados da ANATEL. Gráfico 12: Porcentagem da população e de municípios 3 atendidos por banda larga fixa Fonte: Teleco, baseado em dados da ANATEL. Fonte: ANATEL. Porque a percepção do consumidor em relação aos serviços de telecomunicações no Brasil é tão negativa, se os dados disponíveis mostram que a situação é relativamente estável? De acordo com a ANATEL, a cobertura de telefonia móvel e de banda larga no país é de 100%, conforme mostram os gráficos 11 e 12. No entanto, claramente a métrica de medição é tendenciosa, pois considera que a presença de uma ou mais operadoras no município significa que o município está atendido, independente da cobertura efetiva. Como fica evidente pelas figuras 1 e 2, que mostram um retrato das antenas (ERBs) localizadas nos estados do Rio de Janeiro e Piauí, não são todos os espaços do território nacional que contam com cobertura de antenas, e consequentemente com atendimento. Segundo a Telebrasil, o estado do Piauí possui um total de 749 antenas, ou 0,00298 por KM². Já o estado do Rio de Janeiro possui 7.300 antenas, um total de 2 No ano de 2009, não estão incluídos os municípios de Pinto Bandeira (RS), Balneário Rincão (SC), Pescaria Brava (SC), Mojuí dos Campos (PA), e Paraíso das Águas (MS). 3 No ano de 2009, não estão incluídos os municípios de Pinto Bandeira (RS), Balneário Rincão (SC), Pescaria Brava (SC), Mojuí dos Campos (PA), e Paraíso das Águas (MS). 7

0,167 por KM², 56 vezes mais. Nesta perspectiva, claramente é impossível que ambos os estados tenham o mesmo nível de serviço. Figura 1: ERBs no estado do Piauí Fonte: Telebrasil Figura 2: ERBs no estado do Rio de Janeiro Fonte: Telebrasil A diferença de densidade de ERBs entre estados além da disparidade do nível de renda - também explica a diferença entre o uso da telefonia celular e internet nas diferentes regiões do Brasil - o uso do telefone móvel varia de 65% da população no Nordeste para 80% da população no Centro-Oeste, enquanto a internet é utilizada por menos de 40% da população do Nordeste e cerca de 55% da população do Sudeste. A Dinâmica Recente dos Investimentos O setor de telecomunicações é capital intensivo, e o ritmo de progresso tecnológico e massificação dos serviços impõe uma dinâmica de investimentos que o diferencia de outros segmentos da economia. Contudo, os investimentos em telecomunicações decresceram de forma acentuada desde 2012, quando foram desembolsados R$23,5 B em infraestrutura de telecomunicações (excluindo pagamento de licenças, etc). Em 2014, os valores contabilizados pela Inter.B ainda não estão finalizados, mas estimativas preliminares indicam uma manutenção do padrão de investimento realizado em 2013 por conta de um aumento do investimento da Telebrás, e uma manutenção ou mesmo possível queda pelas empresas privadas. Este quadro é inconsistente com os desafios postos às empresas do setor, cujos requisitos de infraestrutura agora de 4G, e num futuro próximo de 5G são crescentes. Talvez ainda mais importante, a queda dos investimentos e a incapacidade tanto do setor público quanto privado de disponibilizar para a população acesso à banda larga ultrarrápida principalmente para dispositivos fixos, aponta para o aumento da distancia do país com a fronteira do desenvolvimento econômico e do bem estar, que vem sendo definida e impulsionada de forma crescente pela revolução em telecomunicações. 8

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