1 - Parte Introdutória A Parte Introdutória prepara cognitiva e animicamente o praticante para a realização da sessão e para o esforço físico e de con

Documentos relacionados
Metodologia do Treino

CONCEITOS DA TEORIA DO TREINO

1 ª sessão. Sessão com o treinador. Participantes. Treinador. Psicólogo. Motivação para o programa

A Instrução do treinador durante a competição

Faculdade de Motricidade Humana Unidade Orgânica de Ciências do Desporto TREINO DA RESISTÊNCIA

UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA. Programa da Unidade Curricular TEORIA E PRÁTICA DO TREINO DESPORTIVO Ano Lectivo 2012/2013

UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA. Programa da Unidade Curricular TEORIA E PRÁTICA DO TREINO DESPORTIVO Ano Lectivo 2014/2015

Planificação da sessão

Planificação Anual PAFD 10º D Ano Letivo Plano de Turma Curso Profissional de Técnico de Apoio à Gestão Desportiva

Temas/Domínios Conteúdos Objetivos Tempo Avaliação

PROPOSTA DE REFERENCIAL DE FORMAÇÃO

A PREPARAÇÃO FÍSICA DO ÁRBITRO DE BASQUETEBOL SÉRGIO SILVA

Agrupamento de Escolas Sá da Bandeira - Santarém - Curso Profissional de Tec. Apoio Gestão Desportiva PAFD Módulo 2 Metodologia do Treino

TEORIA E METODOLOGIA DO TREINO ESPECÍFICO

Jornadas Técnicas da ADAL Novembro 2009

V Congresso Internacional da Corrida

Associação de Futebol da Guarda

RELATÓRIO DE ATIVIDADES CURSO: CCT NATAL

Formação treinadores AFA

DIDÁCTICA DO FUTEBOL AULA 1 LICENCIATURA EM CIÊNCIAS DA ACTIVIDADE FÍSICA HUMANA

Estrutura do Processo de Treino

Agradecimentos. Ao professor Doutor José Pedro Ferreira a disponibilidade sempre evidenciada bem como o rigor e precisão, no âmbito da coordenação.

Combinação das cargas de treinamento no processo de preparação desportiva Carga ondulatória durante o processo de preparação desportiva...

Referencial de Formação Geral Unidades Curriculares

TEORIA GERAL DO TREINO DESPORTIVO

TEORIA E METODOLOGIA DO TREINO ESPECÍFICO

VELOCIDADE VELOCIDADE - SÍNTESE 13/04/2015 PRINCÍPIOS METODOLÓGICOS OPERACIONALIZAÇÃO PRÁTICA. Introdução. Definição. A Velocidade no Futebol

Unidades de Formação e Cargas Horárias Andebol - Grau III

PLANEAMENTO PARA ATLETAS DE MARCHA EM RIO MAIOR. Jorge Miguel Treinador

AF Aveiro Formação de Treinadores. Fisiologia do Exercício

Masters - Andebol. Julho Rui Resende

Periodização do Treino no Futebol

EDUCAÇÃO FÍSICA 2º/3º Ciclo

Velocidade, coordenação, ritmo, etc. Muscular Força Cardio-respiratório Resistência Aeróbia Enzimático (LDH) Resistência Anaeróbia

PLANO DE FORMAÇÃO ARS SUB-14 ÉPOCA 2011/2012

Crescimento e Desenvolvimento Humano

UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA. Programa da Unidade Curricular TEORIA E PRÁTICA DO TREINO DESPORTIVO Ano Lectivo 2011/2012

CURSO DE CAPACITAÇÃO PARA INSTRUTOR E PROFESSOR DE TAEKWONDO GRÃO MESTRE ANTONIO JUSSERI DIRETOR TÉCNICO DA FEBRAT

MÉTODOS DE TREINO FLEXIBILIDADE

CAPACIDADES MOTORAS:

Complexo Desportivo Paulo Pinto Rua de Ribes S. João da Madeira Telef E.mail:

Associação Nacional de Juízes de Basquetebol

POWER TRAINING. Método desenvolvido por Raoul Mollet no final da década de 50.

PLANIFICAÇÃO ANUAL EDUCAÇÃO FÍSICA. Curso Profissional de Técnico de Apoio à Gestão Desportiva OBJETIVOS TRANSVERSAIS

Processo para o ensino e desenvolvimento do futebol e futsal: ESTÁGIOS DE INICIANTES, AVANÇADOS E DE DOMÍNIO

UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA. Programa da Unidade Curricular PRESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO Ano Lectivo 2017/2018

Prof. Dr. Bruno Pena Couto PLANEJAMENTO A LONGO PRAZO (PERIODIZAÇÃO) Encontro Multiesportivo de Técnicos Formadores Solidariedade Olímpica / COI

JOSÉ SOARES RUNNING MUITO MAIS DO QUE CORRER

DEPARTAMENTO DE EXPRESSÕES

6 de Abril - Dia Mundial Da Atividade Física

* Estilo coreografado forma de ensino dos diferentes passos, na qual o professor combina sequências de movimentos que se ligam entre si.

Acção de Formação. Treino de Crianças. Gassho! Ponto de Partida. Ponto de Partida

REFERENCIAL DE FORMAÇÃO_Grau I

Teresa de Jesus Costa Fonseca. GFUC previsto

RESISTÊNCIA MÉTODOS DE TREINO

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Prof. Esp. Ricardo de Barros

12ª e 13ª classes PROGRAMAS DE FISIOLOGIA GERAL E DO ESFORÇO E72. Formação de Professores do 1º Ciclo do Ensino Secundário

JORNADAS TÉCNICAS PNMC BENEFÍCIOS PSICOLÓGICOS DA CORRIDA. Ricardo Pires. João Lameiras Federação Portuguesa de Atletismo

Capacidades Motoras 5 e 6

DESPORTO E SAÚDE. Um encontro com Adultos do processo RVCC

EDUCAÇÃO FÍSICA. Departamento de EXPRESSÕES CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO CURSOS PROFISSIONAIS AGRUPAMENTO DE ESCOLAS VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO

Orientações para o Treino da Resistência no Montanhismo

PROPOSTA DE REFERENCIAL DE FORMAÇÃO

Associação Portuguesa de Osteogénese Imperfeita Sónia Bastos, Fisioterapeuta

CAPACIDADES FÍSICAS CAPACIDADE

PREPARAÇÃO FÍSICA NO BASQUETEBOL

INICIAÇÃO AO FUTEBOL. Concepções metodológicas do treinamento INTRODUÇÃO:

INFORMAÇÃO - PROVA DE EQUIVALÊNCIA À FREQUÊNCIA

ASSUNTOS: POFFTE VOLUME II PARTE I CAPÍTULO I Formação de Treinadores de Dressage

Temas/Domínios Conteúdos Objetivos Tempo Avaliação

FICHA DO PROJECTO. Desporto para todos. Fundação Aragão Pinto - IPSS

PRIORIDADES NO TREINO DE JOVENS SALTADORES. Leiria, 12 de Novembro de 2011

Fases de uma Periodização 23/8/2010. Processo de Recuperação Fosfagênio Sist. ATP-CP. 1 Macrociclo = 6 meses Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun.

Grau I. Perfil Profissional. Grau I

Voltar. Público: 6º ano ao Ensino Médio. Público: 2º ano ao Ensino Médio

BIOMECANICOS BIOQUIMICOS FISIOLOGICOS MECANICOS

DISCIPLINA: ESTAFETAS CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS

EDUCAÇÃO FÍSICA. Departamento de EXPRESSÕES CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO CURSOS PROFISSIONAIS ENSINO SECUNDÁRIO AGRUPAMENTO DE ESCOLAS

O TREINO. O treino deve ser dividido em: Treinos de especialização: Manejamento da cadeira de rodas eléctrica Condução e controle de bola

Licenciatura em MOTRICIDADE HUMANA

Desenvolvimento Moral em Desporto

Referenciais de Formação Específica - FICHA MODELO DE SUBUNIDADE DE FORMAÇÃO

Versão Referenciais de FORMAÇÃO BADMINTON. Grau

DEPARTAMENTO TÉCNICO FORMAÇÃO DESPORTIVA DOS JOVENS PRATICANTES

FORMAÇÃO DE TREINADORES GRAU I METODOLOGIA DE TREINO

GUIA DE FUNCIONAMENTO DA UNIDADE CURRICULAR

Educação para a Saúde

Curso de Treinadores de Futebol UEFA C - Raízes / Grau I. Componente de Formação Geral Didática do Desporto (2)

QUALIDADES FÍSICAS RELACIONADAS A APTIDÃO FÍSICA. BASES DO TREINAMENTO CORPORAL I

A APTIDÃO FÍSICA NOS PROGRAMAS NACIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DGE / SPEF / CNAPEF 11 DE ABRIL DE 2016 CASTELO BRANCO

PSICOLOGIA APLICADA AO FUTEBOL. A Preparação. Qual a Perspectiva? 3/27/2017

Benefícios gerais da actividade física

Curso de Treinadores de Futebol UEFA C - Raízes / Grau I Cursos Novo Regime /2016. Componente de Formação Geral Didática do Desporto

Referenciais de FORMAÇÃO

PROGRAMA MODELO FORMATIVO. DATA DE INíCIO / FIM / INVESTIMENTO FORMADOR

PREPARAÇÃO FÍSICA. Qualidades físicas e métodos de treinamento. 30/09/2014 Anselmo Perez

ESPECIALIZAÇÃO EM FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO, NUTRIÇÃO E TREINAMENTO PERSONALIZADO

Jogos Desportivos Coletivos

CURSO DE TÉCNICOS DE GRAU I

Transcrição:

SESSÃO DE TREINO

1 - Parte Introdutória A Parte Introdutória prepara cognitiva e animicamente o praticante para a realização da sessão e para o esforço físico e de concentração nela envolvidos. Pode ser muito curta mas a sua importância é grande porque condiciona o estado de espírito com que o atleta irá encarar a realização das tarefas do treino. Tem uma dimensão informativa: explicação dos objectivos da sessão, relação desses objectivos com o que se passou na última competição e treino bem como se desenrolará a sessão (sequência das tarefas e prioridades). Tem uma dimensão organizativa: preparação dos equipamentos, organização dos grupos, distribuição espacial e/ou por tarefas. Tem, ainda, uma dimensão psicológica: consciencialização para a importância do que vai ser feito e motivação do grupo. Esta é de grande importância na condução do processo de treino e nunca deverá estar ausente, mesmo quando as outras dimensões, pelas características da sessão, sejam desnecessárias.

2 - Parte Preparatória Pretende-se preparar o atleta sistematicamente nos aspectos metabólicos, neuromusculares e controlo motor para as tarefas da secção principal. Terá que trabalhar a flexibilidade muscular e a mobilidade articular óptimas. É aquilo que vulgarmente se chama de aquecimento. Tem uma fase geral: : activar os grandes sistemas funcionais, cardiovascular e respiratório, aumentar a temperatura interna corporal, por em acção os mecanismos não específicos de preparação para a acção motora, mentais, nervosos e hormonais; e uma fase especial: : deve aproximar-se ao máximo do conteúdo específico do desporto praticado e dos exercícios que vão ser realizados na Parte Principal, solicitando as áreas musculares que vão ser mais utilizados com suficiente intensidade para colocar em acção os efeitos agudos iniciais de adaptação ao esforço. O ideal é partir dos grupos musculares pequenos para os grandes, a duração dependerá do desporto, da idade e da temperatura.

3 - Parte Principal É aqui que se concretizam, através de uma configuração metodológica precisa e da organização dos conteúdos seleccionados, os objectivos previstos para a sessão de treino. Estes devem ser correctamente escolhidos e colocados adequadamente na estrutura organizativa da parte fundamental da sessão de treino. As outras duas partes (aquecimento e retorno à calma) são condicionadas e determinadas pelo conteúdo desta. O carácter distinto das tarefas que aqui podem surgir dará origem à caracterização das sessões de acordo com os seus objectivos, como de treino técnico, de aprendizagem da flexibilidade, trabalho em condições próprias da competição, treino táctico, treino da resistência, força, velocidade, coordenação ou sessão complexa combinando quaisquer destes elementos.

4 - Parte Final Na Parte Final procura-se introduzir processos de recuperação sempre que necessário. Em sessões de nível de carga fraco, normalmente sessões de aprendizagem, sejam de dimensão técnica ou táctica ou visando o domínio de procedimentos para o treino físico (exemplo: exercícios de força com pesos livres) pode-se prescindir da realização das tarefas típicas de retorno à calma. Sessões de grande impacto orgânico, sejam elas dirigidas para o treino das qualidades físicas, com grande utilização de exercícios gerais ou especiais, sejam elas orientadas para as cargas específicas, reproduzindo a situação de competição, exigem atenção redobrada para esta fase da sessão. Formas de intensificação dos processos de regeneração muscular são incluídas por alguns autores nesta fase da sessão de treino (massagem recuperadora, banhos quentes, sauna, etc.) embora a maioria das vezes seja mais correcto considerá-las como integrando um período pós-sessão sessão de treino, que não deixa de ser de importância crucial, e de estar integrado no processo de treino visto na globalidade, mas foge à lógica estrita que presidiu à concepção da sessão de treino e à influência directa do treinador.

Parte Final (cont.) O que não pode deixar de ser realizado pelo treinador é o que diz respeito à interacção afectiva e comunicacional a realizar no fim de uma sessão de treino. Nenhuma sessão de treino deve terminar com os atletas a irem para casa sem terem recebido do treinador um reforço positivo sobre o trabalho realizado, uma apreciação sobre alguns detalhes mais significativos ou sobre o seu comportamento global ou uma visão perspectivando o futuro próximo a curto ou médio prazo, fazendo a ligação entre a dinâmica procurada na sessão e as competições vindouras. Esta interacção, de importância e duração variável, individualizada ou colectiva, terá sempre que ser realizada, constituindo parte de um dos mais fortes alicerces da efectividade do processo de treino: a confiança que o atleta deposita no treinador a o estatuto de liderança que lhe reconhece.