Acórdão 2a Turma INTEGRAÇÃO DAS HORAS EXTRAS AO 13º SALÁRIO. A Lei nº 4090/62, em seu artigo 1º, 1º, dispõe que a gratificação natalina corresponderá a 1/12 da remuneração devida em dezembro, multiplicada pelo número de meses em que houve prestação de serviços. Por esta razão, a média duodecimal (ou proporcional ao meses em que houve prestação de serviços) das horas extras deverá ser multiplicada pelo valor da hora extra do mês de dezembro e, obtido 1/12 deste total, deverá este ser multiplicado pelo número de meses em que houve prestação de serviços. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de Agravo de Petição nº TRT-AP-0267300-61.1998.5.01.0341, em que são partes: BANCO DO BRASIL S.A., como Agravante, ANTONIO ULYSSES CARVALHO DO NASCIMENTO, como Agravado. I - R E L A T Ó R I O Trata-se de agravo de petição interposto pelo executado contra a r. sentença de fls. 244/245, proferida pela MM. Juíza Roberta Torres da Rocha Guimarães, da 1ª Vara do Trabalho de Volta Redonda, que rejeitou o pedido contido nos embargos à execução ajuizados pelo executado. A parte recorrente requer a reforma do julgado, mediante os fundamentos articulados às fls. 254/259, quanto à proporcionalidade do reflexo das horas extras no 13º salário e férias + 1/3, o que repercutirá no cálculo do imposto de renda e da contribuição previdenciária. Contraminuta em que a parte exequente requer a manutenção do julgado, mediante as razões expostas às fls. 265/267. 5462 1
Os autos não foram remetidos à d. Procuradoria do Trabalho, por não ser hipótese de intervenção legal (Lei Complementar nº 75/1993) e/ou das situações arroladas no Ofício PRT/1ª Região nº 27/08-GAB, de 15/01/2008. É o relatório. II - F U N D A M E N T A Ç Ã O II.1 - CONHECIMENTO. Conheço. O recurso é tempestivo - partes cientes da decisão em 14/02/2011 (fls. 253), e interposição do agravo de petição em 22/02/2011 (fls. 254). Está subscrito por advogado regularmente constituído (substabelecimento de fls. 261). II.2 - MÉRITO. A. DO REFLEXO DAS HORAS EXTRAS NO 13º SALÁRIO O agravante sustenta, em suma, que não foi observada a proporcionalidade de 1/12 por mês das horas extras para o reflexo no 13º salário do ano de 1993 e 1997. Assiste razão ao agravante. A Lei nº 4090/62, em seu artigo 1º, 1º, dispõe que a gratificação natalina corresponderá a 1/12 da remuneração devida em dezembro, multiplicada pelo número de meses em que houve prestação de serviços. Por esta razão, a média duodecimal (ou proporcional ao meses em que houve prestação de serviços) das horas extras deverá ser multiplicada pelo valor da hora extra do mês de dezembro e, obtido 1/12 deste total, deverá este ser multiplicado pelo número de meses em que houve prestação de serviços. O 13º salário proporcional do ano 1997 foi pago na rescisão por dispensa sem justa causa, portanto, deverá ser considerado o valor da hora extra do 5462 2
mês da rescisão, conforme o artigo 3º da Lei nº 4090/62, e o cálculo deverá observar o procedimento acima explanado. Dá-se provimento para que o cálculo do 13º salário dos anos de 1993 e 1997 observe o número de meses trabalhados B. DO REFLEXO DAS HORAS EXTRAS NAS FÉRIAS + 1/3 O agravante sustenta, em suma, que o i. Perito calculou a média de horas extras, que, por habituais, integraram às férias + 1/3, considerando somente o número de meses anteriores ao mês de gozo, pois, em verdade, deveria ser obtida média duodecimal, e multiplicar-se esta pelo valor da hora extra do mês em que foram usufruídas as férias. Não assiste razão ao agravante. O i. Perito observou o comando legal previsto no artigo 142 da CLT, pelo qual a remuneração das férias equivale à devida na época do gozo, mas calculada pela época do período aquisitivo (outubro a setembro) quando o empregado for mensalista, que é o caso do reclamante. ou seja, observando-se as parcelas habitualmente pagas neste período, como as horas extras. Nega-se provimento. C. DO CÁLCULO DO IR E DO INSS Tendo em vista a incorreção dos cálculos do perito somente quanto aos 13º salários dos anos de 1993 e 1997, deverá ser refeito o cálculo do INSS somente quanto a esse período. Entretanto, observa-se que o laudo pericial não atualizou o valor devido a título de INSS, tampouco o fez o Contador na elaboração dos cálculos do de fls. 214/215, o que deverá ser realizado, observando-se o valor recolhido às fls. 246 e o regime de competência, por força dos 2º e 3º, do art. 43, da Lei nº 5462 3
8.212/91, do 4º, do artigo 879 da CLT, e da Súmula nº368, III, do TST. O cálculo do Imposto de Renda deverá ser realizado quando for disponibilizado o crédito para o reclamante, conforme dispõe o artigo 12-A, da Lei nº 7.713/88 (com redação dada pela Lei nº 12.350, de 20/12/2010) e seu parágrafo primeiro, que, verbis: Os rendimentos do trabalho e os provenientes de aposentadoria, pensão, transferência para a reserva remunerada ou reforma, pagos pela Previdência Social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando correspondentes a anoscalendários anteriores ao do recebimento, serão tributados exclusivamente na fonte, no mês do recebimento ou crédito, em separado dos demais rendimentos recebidos no mês. 1º O imposto será retido pela pessoa física ou jurídica obrigada ao pagamento ou pela instituição financeira depositária do crédito, e calculado sobre o montante dos rendimentos pagos, mediante a utilização de tabela progressiva resultante da multiplicação da quantidade de meses a que se refiram os rendimentos pelos valores constantes da tabela progressiva mensal correspondente ao mês do recebimento ou crédito [...] Dá-se provimento parcial para determinar que sejam refeitos os cálculos quanto à cota previdenciária correspondente aos 13º salários dos anos de 1993 e 1997, bem como para que seja realizada atualização do recolhimento previdenciário sobre as verbas previdenciárias deferidas em sentença, observandose valor recolhido à fl. 246 e o regime de competência, por força dos 2º e 3º, do art. 43, da Lei nº 8.212/91, do 4º, do art. 276, do Decreto nº 3.048/99, que regulamentou a Lei nº 8.212/91, do 4º, do artigo 879 da CLT, e da Súmula nº368, III, do TST. 5462 4
III C O N C L U S Ã O Pelo exposto, dou provimento parcial ao agravo de petição interposto pelo executado para que o cálculo do 13º salário dos anos de 1993 e 1997 observe o número de meses trabalhados, para que seja refeito o cálculo do INSS sobre o 13º salário dos anos de 1993 e 1997 e que seja realizada a atualização dos recolhimentos previdenciários, observando-se o valor recolhido à fl. 246 e o regime de competência, por força dos 2º e 3º, do art. 43, da Lei nº 8.212/91, do 4º, do artigo 879 da CLT, e da Súmula nº 368, III, do TST. A C O R D A M os Desembargadores da 2ª Turma do Tribunal Regional da 1ª Região, por unanimidade, conhecer e dar provimento parcial ao agravo de petição interposto pelo executado para que o cálculo do 13º salário dos anos de 1993 e 1997 observe o número de meses trabalhados, para que seja refeito o cálculo do INSS sobre o 13º salário dos anos de 1993 e 1997 e que seja realizada a atualização dos recolhimentos previdenciários, observando-se o valor recolhido à fl. 246 e o regime de competência, por força dos 2º e 3º, do art. 43, da Lei nº 8.212/91, do 4º, do artigo 879 da CLT, e da Súmula nº368, III, do TST, nos termos da fundamentação do voto da relatora. Rio de Janeiro, 15 de Setembro de 2011. Juíza do Trabalho Convocada Vólia Bomfim Cassar Relatora 5462 5