PROCESSO Nº: 0800286-13.2014.4.05.8201 - APELAÇÃO APELANTE: VICENTE SEBASTIAO DE LIMA ADVOGADO: MARCOS ANTONIO INACIO DA SILVA APELADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL MANOEL DE OLIVEIRA ERHARDT - 1º TURMA RELATÓRIO 1. Trata-se de Apelação interposta por VICENTE SEBASTIÃO DE LIMA em adversidade à sentença que julgou procedente o pedido de auxílio doença, devendo o autor permanecer no usufruto do referido benefício enquanto subsistirem os efeitos da moléstia que o acomete ou até ser reabilitado para outra atividade laborativa compatível com as suas limitações físicas. O magistrado condenou o réu ao pagamento das parcelas atrasadas desde 28/08/2014 até 31/01/2015, acrescidas dos juros de mora, a contar da citação, e correção monetária de acordo com os índices recomendados pelo Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal; a Autarquia Previdenciária foi condenada, ainda, no pagamento de honorários advocatícios fixados em 10% sobre o valor da condenação. 2. A parte autora, em sede de razões recursais, requer a modificação parcial da sentença, apenas para que seja fixada a DIB na data do requerimento administrativo, haja vista que foram juntados aos autos atestados médicos anteriores e contemporâneos à data de entrada do requerimento administrativo (25/09/2007), o que se presume que tal incapacidade já existia antes da data fixada pelo magistrado. 3. Não foram apresentadas contrarrazões. 4. É o que havia de relevante para relatar. ICB VOTO 1. Como relatado, cuida-se de apelação interposta pela parte autora, contra sentença que julgou procedente o pedido autoral, condenando o INSS a conceder o benefício de auxílio doença
ao demandante, a partir da data da perícia judicial (28/08/2014). 2. A parte autora requer a parcial modificação da sentença, apenas para que a data do início do benefício seja fixada a partir do requerimento na via administrativa (25/09/2007). 3. Inicialmente, verifico que não há prescrição do fundo de direito, nem mesmo decadência na revisão do ato administrativo que indeferiu o pedido do demandante. 4. Com efeito, o prazo decadencial é de 10 anos, a contar do dia em o autor tomar conhecimento da decisão indeferitória definitiva no âmbito administrativo, conforme previsão expressa do art. 103 da Lei 8.213/91. 5. Desta forma, considerando que a negativa se deu em 09/06/2009 (id 4058201.140072), e o autoroa propôs a ação em 03/04/ 2014, não há que se falar em prescrição de fundo de direito ou mesmo em decadência, pois não transcorreram 5 anos entre o indeferimento administrativo do benefício e a propositura da ação. 6. O auxílio-doença é benefício pago em decorrência de incapacidade temporária, sendo devido enquanto permanecer a incapacidade, e renovável a cada oportunidade em que o segurado dele necessite. Conforme preceitua o art. 59 da Lei 8.213/91, o auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para sua atividade habitual por mais de 15 dias consecutivos. 7. A supracitada lei, em seu artigo 62, prescreve ainda que não cessará o benefício de auxílio-doença até que o segurado seja dado como habilitado para o desempenho de nova atividade que lhe garanta a subsistência ou, quando considerado não recuperável, aposentado por invalidez. 8. O cerne da questão consiste em se verificar se a incapacidade do apelante para o exercício da atividade laborativa já existia à época do requerimento administrativo. 9. In casu, a perícia médica designada pelo Juízo, concluiu que o demandante é portador de Tendinopatia degenerativa calcárea no ombro esquerdo (CID 10 M-75.3), Diabetes tipo II (CID10 E-11) e Hipertensão primária (CID 10 I-10). Ainda segundo o mesmo laudo, o requerente é portador de doenças crônicas degenerativas que o levam a diminuição da capacidade laboral ao longo do tempo.
10. Em 25/09/2007, a parte autora requereu o benefício do auxílio-doença junto ao réu, o qual foi indeferido, por não ter sido constatada a incapacidade laborativa. 11. Ora, pelos documentos médicos juntados aos autos (id. 058201.140070), verifica-se que o demandante, desde 2007, época do requerimento administrativo, já era portador das mesmas patologias degenerativas diagnosticadas pelo perito judicial, consoante se verifica no laudo pericial, mais precisamente nos itens d e e das respostas aos quesitos elaborados pelo juízo: d) Quando teve início a doença ou lesão? R: O diagnóstico foi firmado há aproximadamente 06 (seis) anos, quando ocorreram as primeiras queixas clínicas, porém o início das doenças crônicas degenerativas ocorreu há mais de 10 (dez) anos. e) É possível a sua reabilitação para a mesma atividade que exercia? R: O autor encontra-se relativamente impedido de realizar as suas atividades laborais, devido a idade e pelo fato das doenças crônicas degenerativas, a tendência é uma diminuição progressiva da sua capacidade laboral. 12. Assim, restando comprovado que as doenças incapacitantes para o exercício de atividades laborativas são crônicas e degenerativas e tiveram início há mais de 10 anos, deve a DIB retroagir à data do requerimento administrativo, respeitada a prescrição quinquenal. 13. Diante do expendido, dou provimento à Apelação da parte autora. 14. É como voto. PROCESSO Nº: 0800286-13.2014.4.05.8201 - APELAÇÃO APELANTE: VICENTE SEBASTIAO DE LIMA ADVOGADO: MARCOS ANTONIO INACIO DA SILVA APELADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL MANOEL DE OLIVEIRA ERHARDT - 1º TURMA EMENTA PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL JUDICIAL CONCLUSIVO PELA PERSISTÊNCIA DAS CONDIÇÕES INCAPACITANTES DA PARTE
AUTORA. DIREITO AO BENEFÍCIO DESDE O REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. 1. O auxílio-doença é benefício pago em decorrência de incapacidade temporária, sendo devido enquanto permanecer a incapacidade, e renovável a cada oportunidade em que o segurado dele necessite. A supracitada lei, em seu artigo 62, prescreve ainda que não cessará o benefício de auxílio-doença até que o segurado seja dado como habilitado para o desempenho de nova atividade que lhe garanta a subsistência ou, quando considerado não recuperável, aposentado por invalidez. 2. A perícia médica designada pelo Juízo, concluiu que o demandante é portador de Tendinopatia degenerativa calcárea no ombro esquerdo (CID 10 M-75.3), Diabetes tipo II (CID10 E-11) e Hipertensão primária (CID 10 I-10). Ainda segundo o mesmo laudo, o requerente é portador de doenças crônicas degenerativas que o levam a diminuição da capacidade laboral ao longo do tempo. 3. Pelos documentos médicos juntados aos autos (id. 058201.140070), verifica-se que o demandante, desde 2007, época do requerimento administrativo, já era portador das mesmas patologias degenerativas diagnosticadas pelo perito judicial, consoante se verifica no laudo pericial, mais precisamente nos itens "d" e "e" das respostas aos quesitos elaborados pelo juízo, respectivamente: O diagnóstico foi firmado há aproximadamente 06 (seis) anos, quando ocorreram as primeiras queixas clínicas, porém o início das doenças crônicas degenerativas ocorreu há mais de 10 (dez) anos; O autor encontra-se relativamente impedido de realizar as suas atividades laborais, devido a idade e pelo fato das doenças crônicas degenerativas, a tendência é uma diminuição progressiva da sua capacidade laboral. 4. Restando comprovado que as doenças incapacitantes para o exercício de atividades laborativas são crônicas e degenerativas e tiveram início há mais de 10 anos, deve a DIB retroagir à data do requerimento administrativo, respeitada a prescrição quinquenal. 5. Apelação da parte autora provida. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as
acima mencionadas, ACORDAM os Desembargadores Federais da Primeira Turma do TRF da 5a. Região, por unanimidade, em dar provimento à Apelação da parte autora, nos termos do relatório, voto e notas taquigráficas constantes dos autos, que ficam fazendo parte do presente julgado. Recife, 2 de julho de 2015.