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Transcrição:

ADVOGADO: SEBASTIÂO REGINALDO LOPES RELATÓRIO O Senhor DESEMBARGADOR FEDERAL MANUEL MAIA (CONVOCADO): Tem-se aqui apelação da União em face de sentença que, confirmando tutela judicial, nos autos de ação ordinária promovida por particular, deferiu a pretensão autoral e determinou a inscrição do demandante no processo seletivo objeto do Edital nº 02/2015, dispensando a exigência do requisito de não participação de profissional de países onde não haja o mínimo de 1,8 médicos por grupo de 1.000 habitantes, sem prejuízo do cumprimento dos demais requisitos estabelecidos no ato convocatório. Condenação do ente público no pagamento de honorários advocatícios arbitrados em R$ 1.000,00 (um mil reais), nos moldes do art. 20, 4º, do CPC. Aduz a União, em sua peça recursal, que o apelado não se desincumbiu de demonstrar que fixou residência no Brasil e de que seu diploma foi revalidado no país, para que possa exercer a medicina; aceitar o pedido implica em ferir o princípio da isonomia, finalmente, assegura que a sentença viola os princípios da separação de poderes; razoabilidade e proporcionalidade, legalidade e acesso amplo aos cargos públicos, razão pela qual pede a reforma da sentença. Contrarrazões apresentadas. Relatado. VOTO O Senhor DESEMBARGADOR FEDERAL MANUEL MAIA (CONVOCADO): Tratou-se de ação ordinária com pedido de tutela antecipada promovida por particular em desfavor da União, obtendo provimento judicial para a sua inscrição no programa "Mais Médicos", objeto do edital nº 02/2015, sem o requisito de não participação de profissionais de países onde não haja o mínimo de 1,8 médicos por grupo de 1.000 habitantes, cuja decisão foi objeto de apelação da União. Pois bem. Adentrando nas razões expostas na sentença, tenho que o decisum está a merecer censura. Explico.

O autor, ora apelado, é médico, brasileiro, formado pela Universidad Privada Abierta Latinoamericana da Bolívia, tendo se candidatado ao programa "Mais Médicos, através do Edital nº 02/2015, todavia, pretende a sua inscrição sem o requisito de não participação de profissionais de países onde não haja o mínimo de 1,8 médicos por 1.000 habitantes. O Programa Mais Médicos, instituído pela Medida Provisória nº 621/2013, posteriormente convertida na Lei nº 12.871/2913, estabelece em seu art. 13, e incisos, no que interessa: "Art.13. É instituído, no âmbito do Programa Mais Médicos, o Projeto Mais Médicos para o Brasil, que será oferecido: I - aos médicos formados em instituições de educação superior brasileiras ou com diploma revalidado no Pais; e II - aos médicos formados em instituições de educação superior estrangeiras, por meio de intercâmbio médico internacional. Por sua vez, o 1º, do mesmo artigo prevê a ordem de prioridades: I - (...). II - médico intercambista formado em instituição de educação superior estrangeira com habilitação para o exercício da Medicina no exterior; e III - médicos estrangeiros com habilitação para exercício da Medicina no exterior. A portaria interministerial nº 1.369/2013, em regulamentando a citada Lei, dispõe: art. 19. Constituem-se requisitos para ingresso no Projeto Mais Médicos para o Brasil: I - para o médico formado em instituição de educação superior brasileira ou com diploma revalidado no Brasil, comprovação de habilitação para o exercício da medicina em território nacional. II - para os médicos intercambistas o atendimento das seguintes condições: a) apresentação de diploma expedido por instituição de ensino superior estrangeira. b) apresentação de documento que comprove a habilitação para o exercício da medicina no exterior. c) ser habilitado para o exercício da medicina em país que apresente relação estatística médico/habitante igual ou superior a 1,8/1000 (um inteiro e oito décimos por mil), conforme Estatística Mundial da Saúde da Organização Mundial da Saúde. (destaquei). Veja-se que o apelado, em que pese os argumentos expostos na sentença hostilizada, não atende ao requisito inserto na alínea "c", do art. 19, da norma regulamentadora, posto que, a Bolívia, país onde o autor concluiu o seu curso de medicina apresenta uma relação estatística médico/habitante na ordem de 1,2/1000 habitantes, portanto, inferior ao Brasil, o que inviabiliza a contratação do apelado oriundo de instituição de ensino superior da Bolívia. Não se pode, ademais, falar em ilegalidade ou mesmo inconstitucionalidade no art. 19, inciso II, da Portaria nº 1.369/2013, em restringindo a participação no programa Mais Médicos aos intercambistas que possuem registro profissional em países com proporção de médicos acima do limite estabelecido, ou seja, maiores que a do Brasil.

Éque a exigência atende, com bem assevera o eminente Desembargador Federal Ivan Lira de Carvalho ( PJe 0801741-50.2013.4.05.8200), ao princípio constitucional da cooperação entre os povos, visto que não pode, evidentemente, o Brasil, recrutar profissionais de outros países de forma a ofender o equilíbrio do seu sistema de saúde. No mesmo sentido os seguintes julgados desta Turma: ADMINISTRATIVO. PROCESSO CIVIL. PROGRAMA MAIS MÉDICOS. MÉDICOS INTERCAMBISTAS. HABILITAÇÃO PARA O EXERCÍCIO DA MEDICINA NO EXTERIOR. REQUISITO PARA INGRESSO NO PROGRAMA NÃO PREENCHIDO. APELAÇÃO IMPROVIDA. 1. Obsta o ingresso do médico intercambista no Programa Mais Médicos, instituído pela Medida Provisória nº 621/2013, posteriormente convertida na Lei n. 12.871/2013, que deixar de observar o disposto no item 2.2, "b", do Edital SGTES/MS nº 63/2013 e no art. 19 da Portaria Interministerial nº 1.369/2013, os quais exigem a "apresentação de documento que comprove a habilitação para o exercício da medicina no exterior". 2. Na linha da jurisprudência deste e. Tribunal, "a exigência de habilitação para o exercício de medicina no exterior (13, inc. II da Lei Federal 12.871/2013), não ofende o princípio constitucional insculpido no art. 5º, inciso XIII, da Constituição Federal de 1988, que prevê que "é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão", uma vez que se trata de norma constitucional de eficácia contida, ou seja, aquela que, apesar de válida e eficaz, pode ser limitada por norma infraconstitucional" (PROCESSO: 08017415020134058200, AC/PB, DESEMBARGADOR FEDERAL IVAN LIRA DE CARVALHO (CONVOCADO), Quarta Turma, JULGAMENTO: 02/09/2014). 3. Demonstrado que os apelantes, na condição de médicos intercambistas, não preenchem o requisto previsto no item 2.2, "b", do Edital SGTES/MS nº 63/2013 e no art. 19 da Portaria Interministerial nº 1.369/2013, não há razão para acolher a pretensão para ingresso no Programa Mais Médicos. 4. Apelação improvida. (PROCESSO: 08002047320144058300, AC/PE, DESEMBARGADOR FEDERAL ROGÉRIO FIALHO MOREIRA, 4ª Turma, JULGAMENTO: 18/09/2015, PUBLICAÇÃO: ). ADMINISTRATIVO. REQUISITOS DE PARTICIPAÇÃO NO "PROGRAMA MAIS MÉDICOS" DO GOVERNO FEDERAL. INEXISTÊNCIA DE DOCUMENTO DE HABILITAÇÃO E DE DEMONSTRAÇÃO DE EXERCÍCIO DA MEDICINA EM PAÍS QUE APRESENTE RELAÇÃO ESTATÍSTICA MÉDICO/HABITANTE IGUAL OU SUPERIOR A 1,8/1000 (UM INTEIRO E OITO DÉCIMOS POR MIL), CONFORME ESTATÍSTICA MUNDIAL DE SAÚDE DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. I. Trata-se de apelação de sentença que julgou improcedente pedido de inscrição e participação do autor no "Programa Mais Médicos" do Governo Federal. II. A exigência de habilitação para o exercício de medicina no exterior (13, inc. II da Lei Federal 12.871/2013), não ofende o princípio constitucional insculpido no art. 5º, inciso XIII, da Constituição Federal de 1988, que prevê que "é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão", uma vez que se trata de norma constitucional de eficácia contida, ou seja, aquela que, apesar de válida e eficaz, pode ser limitada por norma infraconstitucional. III. Não há ilegalidade ou inconstitucionalidade no art. 19, inciso II, da Portaria Interministerial nº 1.369/2013, ao limitar a participação no "Programa Mais Médicos" aos intercambistas que

possuem registro de exercício profissional em países com proporção de médicos maiores que a do Brasil, ou seja, com pelo menos 1,8 médicos por mil habitantes. Esta exigência atende ao princípio constitucional da cooperação entre os povos, pois não pode o Brasil recrutar profissionais de outros países de forma a ofender o equilíbrio do seu sistema de saúde. IV. Não demonstrou o recorrente que preencheu os requisitos previstos na legislação pertinente, para sua inscrição no "Programa mais Médicos". V. Apelação improvida. (PROCESSO: 08017415020134058200, AC/PB, DESEMBARGADOR FEDERAL IVAN LIRA DE CARVALHO (CONVOCADO), Quarta Turma, JULGAMENTO: 02/09/2014, PUBLICAÇÃO: ). Por tais razões, dou provimento à apelação. Inversão da sucumbência. Écomo voto. EMENTA: ADMINISTRATIVO. "PROGRAMA MAIS MÉDICOS". REQUISITO DE PARTICIPAÇÃO. EXERCÍCIO DE MEDICINA EM PAÍS COM ESTATÍSTICA INFERIOR A 1,8/1000, (UM INTEIRO E OITO DÉCIMOS POR MIL) HABITANTES. IMPOSSIBILIDADE. ART. 19, INCISO II, DA PORTARIA MINISTERIAL Nº 1.369/2013. NORMA REGULAMENTADORA DA LEI FEDERAL Nº 12.871/2013. 1. Apelação da União em face de sentença que, nos autos de ação ordinária promovida por particular, deferiu a pretensão autoral para participação do demandante no Programa Mais Médicos sem o cumprimento do requisito de não participação de profissional de países onde não haja o mínimo de 1,8 médicos por grupo de 1.000 habitantes. 2. No caso, o autor, brasileiro, é formado pela Universidad Privada Abierta Latinoamericana da Bolívia, país que apresenta relação estatística médico/habitante na ordem de 1,2/1000 habitantes, portanto, inferior ao Brasil. 3. Não atendimento à exigência de um mínimo de 1,8/1.000 habitantes, requisito esse previsto no Edital Convocatório em consonância com a exigência contida no art. 19, "c", II, da Portaria Interministerial nº 1.369/2013 norma regulamentadora da Lei nº 12.871/2013, que institui o Programa "Mais Médicos". 4. "Não há ilegalidade ou inconstitucionalidade no art. 19, inciso II, da Portaria Interministerial nº 1.369/2013, ao limitar a participação no "Programa Mais Médicos" aos intercambistas que possuem registro de exercício profissional em países com proporção de médicos maiores que a do Brasil, ou seja, com pelo menos 1,8 médicos por mil habitantes. Esta exigência atende ao princípio constitucional da cooperação entre os povos, pois não pode o Brasil recrutar

profissionais de outros países de forma a ofender o equilíbrio do seu sistema de saúde". (PJe - 0801741-50.2013.4.05.8200, j. 02.09.2014-4ª turma, Relator o Desembargador Federal IVAN LIRA DE CARVALHO (CONVOCADO). 5. Situação em que o demandante não preencheu os requisitos exigidos para sua inscrição no "Programa Mais Médicos". Precedentes desta Turma. 6. Apelação provida. A C Ó R D Ã O Decide a Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, por unanimidade, dar provimento à apelação, nos termos do voto do relator, na forma do relatório e notas taquigráficas constantes nos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.