DOR TORÁCICA AGUDA / PROTOCOLO PS - HUOP

Documentos relacionados
Síndrome Coronariana Aguda

METODOS DE IMAGEM PARA DIAGNÓSTICO

Curso Preparatório para Concursos- Enfermeiro 2012 Infarto Agudo do Miocárdio

Síndromes Coronarianas Agudas. Mariana Pereira Ribeiro

Síndromes aórticas agudas. na Sala de Urgência

INSUFICIÊNCIA CORONARIANA

Síndromes Coronarianas Agudas. Profª Dra Luciana Soares Costa Santos

ENFERMAGEM DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANMISSIVEIS. Doença Cardiovascular Parte 3. Profª. Tatiane da Silva Campos

PROTOCOLO HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ Capítulo JCI Responsável pela elaboração Número do documento Data da 1ª versão

27/04/2014. Síndrome Coronariana Aguda (IAM) Angina. Metas. Distribuição das Causas de Mortes no Estado de São Paulo. Conceitos

O ECG nas síndromes coronárias isquêmicas

Curso Avançado em Gestão Pré-Hospitalar e Intra-Hospitalar Precoce do Enfarte Agudo de Miocárdio com Supradesnivelamento do Segmento ST

Estratificação de risco cardiovascular no perioperatório

TROMBOEMBOLISMO PULMONAR EMERGÊNCIAS AÓRTICAS. Leonardo Oliveira Moura

CAUSAS DE PERICARDITE AGUDA

Sessão Interativa. Atualizações do Protocolo de Dor Torácica

Qual o Fluxograma da Dor Torácica na Urgência? Pedro Magno

Síndrome Coronariana Aguda (SCA) sem Supradesnivelamento do Segmento ST (SSST)

Prova de Esforço. Ana Mota

ENFERMAGEM DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANMISSIVEIS. Doença Cardiovascular Parte 2. Profª. Tatiane da Silva Campos

CRONOGRAMA CARDIOAULA TEC 2018 SUPER INTENSIVO JUNHO A SETEMBRO PROVA: SETEMBRO 257 AULAS E PROVAS

Este material visa informar os pontos fortes da realização destes exames na clínica/hospital, de forma a contribuir ao profissional da saúde a ter um

FUNDAÇÃO UNIVERSITÁRIA DE CARDIOLOGIA UNIDADE DE ENSINO INSTITUTO DE CARDIOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL / DISTRITO FEDERAL

COLO PROTO CLÍNICO ABORDAGEM INICIAL DE PACIENTES COM SÍNDROMES CORONÁRIAS ISQUÊMICAS AGUDAS

JANEIRO A SETEMBRO PROVA: SETEMBRO 257 AULAS E PROVAS EM 34 SEMANAS CRONOGRAMA CARDIOAULA TEC 2018 EXTENSIVO

Revisão de Cardiologia Parte III. IAM ântero lateral. CV elétrica com 200 J. Angina Estavel. Dr. Rafael Munerato de Almeida

22 de Junho de :00-10:30 AUDITÓRIO 6 AUDITÓRIO 7

Atualização Rápida CardioAula 2019

CRONOGRAMA CARDIOAULA TEC 2018 INTENSIVO ABRIL A SETEMBRO PROVA: SETEMBRO 257 AULAS E PROVAS

Síndrome Coronariana Aguda no pós-operatório imediato de Cirurgia de Revascularização Miocárdica. Renato Sanchez Antonio

PROTO COLO CLÍNICO AVALIAÇÃO DE PACIENTES COM DOR TORÁCICA. Vinício Elia Soares Coordenador Executivo da Rede de Cardiologia

CRONOGRAMA PRÉVIO CARDIOAULA TEC 2019 EXTENSIVO. JANEIRO A SETEMBRO. PROVA: SETEMBRO. 350 horas/aulas. EM 35 SEMANAS

CRONOGRAMA CARDIOAULA TEC 2019 INTENSIVO. ABRIL A SETEMBRO. PROVA: OUTUBRO. 360 horas/aulas. EM 25 SEMANAS

Disseção da Aorta. A entidade esquecida. Hugo Rodrigues Cirurgião Vascular HPA

Abordagem da dor Torácica na sala de Emergência

O ELECTROCARDIOGRAMA NA DOR TORÁCICA

julho A SETEMBRO. PROVA: OUTUBRO. 360 horas/aulas. EM 14 SEMANAS

SEMIOLOGIA E FISIOLOGIA

Tromboembolismo Pulmonar. Fernanda Queiroz

CASO CLÍNICO. Identificação: Mulher, 48 anos, branca, casada, do lar, natural e residente de Italva. Queixa Principal: falta de ar e dor no peito

Atlas de Eletrocardiograma

SERÁ O QUE PARECE? 1- Serviço de Cardiologia, Hospital de Braga, Braga, Portugal 2- Serviço de Radiologia, Hospital de Braga, Braga, Portugal

QUARTA DEFINIÇÃO UNIVERSAL DE INFARTO DO MIOCÁRDIO 2018

14 de setembro de 2012 sexta-feira

SISTEMA CARDIOVASCULAR

DIAGNÓSTICOS PARA ENCAMINHAMENTO VIA CROSS PARA TRIAGEM NO INSTITUTO DO CORAÇÃO

INTERPRETAÇÃO DO ECG resolução de exercícios

PROTOCOLO MÉDICO INSUFICIÊNCIA CARDÍACA NA UNIDADE DE EMERGÊNCIA. Área: Médica Versão: 1ª

Curso de capacitação em interpretação de Eletrocardiograma (ECG) Prof Dr Pedro Marcos Carneiro da Cunha Filho

Conteúdo ONLINE. Temas. Duração. Professor: Wilson Mathias Jr. Professor: Wilson Mathias Jr. Professor: Wilson Mathias Jr.

PREFEITURA MUNICIPAL DE ALIANÇA - PE DECISÃO DOS RECURSOS CONTRA GABARITO PRELIMINAR I DOS RECURSOS

Programação Científica do Congresso 10 de setembro, quarta-feira

Angiotomografia Coronária. Ana Paula Toniello Cardoso Hospital Nove de Julho

Programação Preliminar do 71º Congresso Brasileiro de Cardiologia

Diretrizes. Editor José Carlos Nicolau. Editores Associados Ari Timerman, Leopoldo Soares Piegas, José Antonio Marin-Neto

CRITÉRIOS DE ADEQUAÇÃO DE ECOCARDIOGRAMAS (POR INDICAÇÃO)

DISSECÇÃO AGUDA DE AORTA

Hospital São Paulo SPDM Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Sistema de Gestão da Qualidade

Como abordar um cardiopata

Viviane Rohrig Rabassa

Processo Seletivo Unificado de Residência Médica 2017 PADRÃO DE RESPOSTAS ANGIORRADIOLOGIA E CIRURGIA VASCULAR

DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA

Processo Seletivo Unificado de Residência Médica 2017 PADRÃO DE RESPOSTAS ANGIORRADIOLOGIA E CURURGIA ENDOVASCULAR

PATOLOGIAS CARDÍACAS E CUIDADOS ESPECIFICOS

ASSUNTO. Associação entre Protocolo Manchester de Classificação de Risco e. Protocolo de Dor Torácica GRUPO BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCO

Choque hipovolêmico: Classificação

CURSO NACIONAL DE RECICLAGEM EM CARDIOLOGIA DA REGIÃO SUL. FLORIANÓPOLIS Setembro de 2006


Tromboembolismo Pulmonar Embolia pulmonar

Índice Remissivo do Volume 31 - Por assunto

BIOMARCADORES e PROTOCOLOS de URGÊNCIA

SCA Estratificação de Risco Teste de exercício

ARRITMIAS CARDÍACAS. Dr. Vinício Elia Soares

Arritmias Cardíacas CLASSIFICAÇÃO. Taquiarritmias. Bradiarritmias. Supraventriculares. Ventriculares

DOR TORÁCICA. Rosangeles Konrad ESCS/ FEPECS HRT/ Hospital Anchieta

PROGRAMAÇÃO DE ESTÁGIO CARDIOLOGIA

ENFERMAGEM DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANMISSIVEIS. Doença Cardiovascular Parte 4. Profª. Tatiane da Silva Campos

Síndrome Coronariana Aguda Como Identificar e tratar nas nossas Emergências?

Programa dia AMBIENTE PROGRAMA PERÍODO ATIVIDADE TÓPICO

AFECÇÕES CARDIOVASCULARES

Abordagem da dor torácica

Diretrizes. Editor José Carlos Nicolau. Editores associados Ari Timerman, Leopoldo Soares Piegas, José Antonio Marin-Neto

Universidade Federal de Santa Catarina Departamento de Enfermagem Programa de Pós-graduação em Enfermagem SOLANGE MONTEIRO MOREIRA

Classificação. Acidente Vascular Cerebral Isquêmico(AVCI) * Ataque Isquêmico Transitório(AIT)

Unidade de Pronto Atendimento

CURSO CONTINUADO DE CIRURGIA GERAL DO CBC-SP ABDOME AGUDO VASCULAR

CONTEÚDO DO CURSO TEÓRICO DE CARDIOLOGIA DA SMC PARA RESIDENTES E ESPECIALIZANDOS 2º SEMESTRE 2016

PROGRAMAÇÃO CIENTÍFICA QUINTA FEIRA 01/12/2016

Tromboembolismo Pulmonar

Redução da PA (8 a 10 mmhg da PA sistólica e diastólica) Aumento do tonus venoso periférico volume plasmático

Letícia Coutinho Lopes 1

RCG 0376 Risco Anestésico-Cirúrgico

Cardiopatias. Prof. Dra. Bruna Oneda

TROMBOEMBOLISMO PULMONAR. Autor: Zandira Fernandes Data:

1969: Miocardiopatia - IECAC

PROGRAMA SOCERJ. 04 a 06 de OUTUBRO Hotel Atlântico Búzios Convention Armação dos Búzios - Rio de Janeiro. Especiais: Conecte Estúdio Design

SIMPÓSIO DE ELETROCARDIOGRAMA

PoliticaAssistencial. Código Amarelo Adulto Morumbi

PROTOCOLO MÉDICO CRISE HIPERTENSIVA. Área: Médica Versão: 1ª

Transcrição:

DOR TORÁCICA AGUDA / PROTOCOLO PS - HUOP Erwin Soliva Junior Diego Henrique Andrade de Oliveira Fernando Spencer Netto - A queixa de dor torácica na sala de emergência representa um grande desafio para o médico plantonista. Além de ser um sintoma frequente no pronto atendimento, compreende uma variedade de causas, com implicações clínicas diversas (tabela 1). Neste contexto, é importante o rápido reconhecimento e manejo de situações potencialmente graves e fatais, tais como síndromes coronarianas agudas, dissecção aguda de aorta, embolia pulmonar, etc. - Avaliação clínica inicial: Todo paciente com dor torácica aguda deve ser prontamente atendido. A avaliação inicial inclui história clínica, exame físico e realização do eletrocardiograma. Neste momento é muito importante identificar se estamos diante de uma provável ou possível síndrome coronariana aguda (SCA). Logo, uma boa anamnese permite classificar a dor quanto a probabilidade de dor isquêmica ou anginosa: Definitivamente Anginosa: Dor em aperto ou queimação, em repouso, ou desencadeada pelo esforço ou estresse, com irradiação para o ombro, mandíbula ou face interna do braço, aliviada pelo repouso ou nitrato. Provavelmente Anginosa: Características da dor fazem da insuficiência coronária (Ico) a principal hipótese, porém são necessários exames complementares para a definição diagnóstica. Possivelmente Anginosa: Dor torácica cujas características não fazem da ICo (atípica) a principal hipótese, porém são necessários exames complementares para excluí-la. Definitivamente Não-anginosa: Dor atípica, cujas características não incluem a ICo aguda no diagnóstico diferencial. Tabela 1. Principais causas de dor torácica aguda identificadas no Pronto Socorro. Causas Musculoesqueléticas Lesões em costelas Nervos sensitivos (Herpes-zóster) Costocondrite Fibromialgia Síndromes radiculares Dores musculares inespecíficas Causas Cardíacas Síndromes coronarianas agudas Causas gastroesofágicas e abdominais Refluxo gastroesofágico Espasmo esofagiano Ulcera péptica/gastrite Ruptura esofágica (Boerhaave) Pancreatite / Colecistite Abscesso subfrênico Causas Pulmonares Pneumotórax

Dissecção aguda de aorta Pericardite Estenose aórtica Cardiomiopatia hipertrófica Causas Vasculares Dissecção de aorta Aneurisma de aorta Embolia Pulmonar Pleurite Hipertensão Pulmonar Transtornos Psiquiátricos Transtorno do Pânico Transtorno de Ansiedade Generalizada Depressão Transtornos somáticos - Exame físico: Na maioria das vezes o exame físico dos pacientes com SCA é normal ou inespecífico, mas é muito útil no diagnóstico diferencial da dor torácica aguda no pronto atendimento. Alguns dos achados alterados e sua correlação diagnóstica estão resumidos na tabela 2. Tabela 2. Achados do exame físico e sua correlação diagnóstica. Achado do exame físico Hipotensão Pulsos assimétricos Sopro diastólico em foco aórtico Enfisema subcutâneo Crepitações pulmonares, edema, B3 Desbobramento B2, com hiperfonese Melhora da dor com posição sentada Hipótese diagnóstica / Comentário Embolia pulmonar (EP), pneumotórax hipertensivo, tamponamento cardíaco, dissecção de aorta, SCA Dissecção de aorta Insuficiência aórtica/dissecção de aorta Pneumotórax, ruptura de esôfago Insuficiência cardíaca Hipertensão pulmonar / EP Pericardite - Exames complementares: Após a suspeita diagnóstica com base na história clínica e exames físico podemos lançar mão dos exames complementares para confirmação diagnóstica e/ou estratificação do risco cardiovascular: - Eletrocardiograma (ECG): O ECG é sem dúvida o exame mais importante na investigação de dor torácica no pronto atendimento. O ECG deve ser realizado e avaliado em até 10 minutos da admissão. Recomenda-se repeti-lo em até 4 horas ou conforme a necessidade. A presença do supradesnivelamento do segmento ST maior ou igual a 1mm em derivações contíguas, com exceção às derivações precordiais direitas (V2, V3), onde o supradesnivelamento deve ser maior ou igual a 2mm faz o diagnóstico de Infarto agudo do miocárdio com supra de ST (IAMCSST) e implica em tratamento específico (vide adiante). A presença do bloqueio de ramo esquerdo (BRE) novo ou presumivelmente novo na presença de sintomas típicos também deve interpretada como corrente de lesão miocárdica ou IAMCSST. Dentro ainda do contexto de síndrome coronariana aguda, o ECG pode mostrar alterações isquêmicas, como o infradenivelamento dinâmico do segmento ST e/ou inversão da onda T, que implicariam em risco aumentado de complicações cardiovasculares. Ademais, o ECG pode ser útil no diagnóstico diferencial das causas cardíacas de dor torácica, como o achado de supradesnivelamento difuso do segmento ST na pericardite, baixa

voltagem no derrame pericárdico e a taquicardia sinusal e sinais de sobrecarga ventricular direita do tromboembolismo pulmonar. Deve-se ressaltar que um ECG normal não descarta a possibilidade de etiologia cardiogênica da dor torácica, como síndrome coronariana aguda por exemplo, situação em que o quadro clínico deve sempre prevalecer. - Marcadores de necrose do miocárdio: As troponinas T e I são os marcadores laboratoriais mais sensíveis e específicos de lesão miocárdica. Em média, a troponina T tem sensibilidade de 96,9% e especificidade de 94,5% para o diagnóstico de infarto agudo do miocárdio (IAM). A CK-MB massa pode ser uma alternativa às troponinas quando da não disponibilidade destas ou para o diagnóstico de reinfarto, devido sua normalização mais precoce (Tabela 3). Esses marcadores devem ser prontamente solicitados em todos os pacientes com suspeita de SCA e repetidos entre 6 e 12 horas. A elevação de tais marcadores não é exclusiva dos casos de IAM, mas também pode estar presente nas situações que cursam com lesão miocárdica de outra natureza, tais como taquiarritmias, miocardite, insuficiência cardíaca, pós desfibrilação ou reanimação cardíaca, trauma torácico, embolia pulmonar, hipertensão pulmonar, etc. Tabela 3. Cinética dos marcadores de necrose miocárdica. Marcadores Elevação inicial Pico Normalização CKMB 3-12 horas 20 24 horas 48 72 horas Troponina T 3 12 horas 24 48 horas 7 14 dias - Radiografia de tórax: tem sua maior utilidade no diagnóstico diferencial de dor torácica não isquêmica, como pneumonia, pneumotórax, derrame pleural, etc. Pode sugerir ainda: derrame pericárdico, embolia pulmonar, hipertensão pulmonar, etc. - TC de tórax: exame mais sensível e mais específico que a radiografia de tórax para diagnóstico de doenças pleurais, do parênquima e vasculatura pulmonar, com maior utilidade nos diagnósticos de embolia pulmonar e dissecção aguda de aorta (angio TC de tórax). - Ecocardiograma: Exame com boa indicação nos pacientes com suspeita de derrame pericárdico, valvopatias, cardiomiopatia hipertrófica, dissecção de aorta, embolia pulmonar e hipertensão pulmonar. Tem pouca validade na emergência nos pacientes com síndrome coronariana aguda, exceto em situações em que o ECG é interpretável (bloqueio de ramo esquerdo ou ritmo de marcapasso), quando a alteração da mobilidade segmentar miocárdica nova pode sugerir IAM atual. - Teste ergométrico ou teste de esforço (TE): O TE pode ser realizado nos pacientes com dor torácica possivelmente anginosa, ou mesmo nos pacientes com SCA estratificados inicialmente como de baixo risco, cujo resultado normal confere um risco muito baixo de eventos cardiovasculares em 1 ano. Entretanto, para a sua realização devem ser afastadas as situações de risco moderado a alto, doenças agudas da aorta, tromboembolismo pulmonar, miocardite e pericardite. Entre as condições necessárias para a realização do exame incluem: ausência de sintomas e alterações eletrocardiográficas sugestivos de isquemia miocárdica nas últimas 24 horas, presença de ao menos duas amostras seriadas de marcadores de necrose miocárdica negativas.

Algoritmo de Atendimento 1

ração da íntima e redirecionar o fluxo de sangue para dentro da luz verdadeira aos ramos supra-aórticos e à aorta descendente. 8-10 Ao contrário, nas dissecções do Tipo B, a evolução é bem mais favorável com o tratamento clínico, com mortalidade de 10% em trinta dias, enquanto nos pacientes operados a mortalidade é maior (31%), com risco de paraplegia variando de 3 a 18% na cirurgia convencional. 11 Uma vez feito o diagnóstico o paciente deve ser transferido para uma unidade de terapia intensiva (UTI) para monitorização da frequência cardíaca e da pressão arterial. Tratamento com - bloqueadores e nitroprussiato de sódio deve ser iniciado imediatamente, assim como analgesia. 7 Resultados preliminares apontam que o emprego de endopróteses para tratamento das dissecções Tipo B complicadas resultam em riscos menores quando realizados via artéria femoral em relação ao implante destas pelo arco aórtico em parada circulatória e do que com a cirurgia convencional. 12-14 Considera-se complicação a ruptura, insuficiência renal, oclusão arterial aguda e extensão da dissecção demonstrada por método de imagem apesar de tratamento clínico adequado. Pode-se considerar que com os adventos dos procedimentos endovasculares percutâneos houve uma verdadeira revolução no tratamento das doenças da aorta torácica descendente (Figuras 6, 7 e 8). 14 O papel do tratamento endovascular no tratamento das dissecções do Tipo B não complicadas ainda não está definido. No Algoritmo 1 está representado o manejo atual das dissecções agudas de aorta. O hematoma intramural de aorta deve seguir o mesmo protocolo de investigação e manejo da dissecção clássica, já que os hematomas que envolvem a aorta DISSECÇÃO AGUDA DE AORTA Tipo A Tipo B não complicado Tipo B complicado e anatomia favorável Tipo B complicado e anatomia desfavorável Tratamento clínico Endoprótese CirurgiaCap06.ind 7 Algoritmo 1. Manejo da dissecção aguda da aorta. EMBOLIA PULMONAR - An coagulação: - Enoxaparina 1 mg/kg SC 12/12 horas ou - Heparina Não-fracionada: Bolus de 80 mg/kg EV (máx de 4000 UI), seguido de 18 U/Kg/h em bomba de infusão con nua (manter TTPA entre 1,5 e 2,5 vezes o controle), ou - Rivoraxabana 15 mg vo 12/12 horas por 3 senanas, seguido de 20 mg vo /dia - Trombólise: - Reservado aos pacientes de alto risco, com instabilidade hemodinâmica - Estreptoquinase: 1.500.000 U EV em 2 horas ou rtpa: 100 mg EV em 2 horas - Janela terapêu ca de até 14 dias, com bene cio maior nas primeiras 72 horas 7/6/10 2:46:32PM