RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL MANOEL DE OLIVEIRA ERHARDT - 1º TURMA

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Transcrição:

PROCESSO Nº: 0804018-93.2014.4.05.8300 - APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO RELATÓRIO Cuida-se de remessa oficial e apelações da UNIÃO (Fazenda Nacional) e do particular contra sentença proferida pelo Juízo da 1ª Vara Federal de Pernambuco que, em sede de ação ordinária, julgou procedente em parte o pedido formulado na inicial para condenar a União na restituição do imposto de renda pago pela parte autora, portadora de neoplasia maligna, entre o período de agosto/2009 a julho/2013, uma vez que as parcelas anteriores estariam prescritas, deixando de condenar as partes em honorários advocatícios, em face da sucumbência recíproca. Em suas razões, insurge-se a União contra o reconhecimento da isenção em período anterior à data do deferimento administrativo (16/12/2009) e contra o não reconhecimento da prescrição invocada no bojo da contestação. Já o particular recorre quanto à declaração de sucumbência recíproca, aduzindo, para tanto, que se sagrou vencedor na maior parte do pedido, fazendo jus ao recebimento da verba honorária correspondente (10 a 20% do valor da condenação), nos termos do art. 20 do CPC. Contrarrazões pelas partes recorridas. Éo relatório. FP PROCESSO Nº: 0804018-93.2014.4.05.8300 - APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO VOTO

Pelo que se constata dos autos, o contribuinte, desde 4/12/2008, descobriu ser portador de neoplasia maligna, passando a figurar como pessoa legalmente isenta ao recolhimento de imposto de renda, nos termos da legislação tributária vigente. Ocorre que, mesmo tendo seu pedido de isenção reconhecido administrativamente em 16/12/2009, a Receita Federal permaneceu descontando de seu contracheque o valor referente à exação até o mês de agosto de 2013, razão pela qual postula o ressarcimento daquilo que recolheu indevidamente. Sobre o tema, entendo que a minuciosa decisão de primeiro grau deve ser integralmente adotada como razão de decidir, razão pela qual trago, aqui, a fundamentação da mesma como parte deste voto [1], na medida em que o MM Juíz a quo demonstrou, com propriedade, que, na hipótese dos autos, o reconhecimento da isenção do contribuinte quanto ao IRPF tem como marco inicial o comprovado diagnóstico da doença e não a data do reconhecimento administrativo pela Receita Federal. Também não merece reparo a conclusão quanto à ocorrência de prescrição apenas em relação às parcelas indevidamente recolhidas no quinquênio anterior à propositura da ação, em 18/7/2014. Confira-se: Inicialmente, não merece prosperar a alegação da União de que não é devida a restituição do imposto de renda retido na fonte anteriormente à data de 16/12/2009, quando a isenção foi deferida. Isso porque deve ser considerada como termo inicial de isenção de imposto de renda a data de comprovação da doença, e não a data de deferimento do benefício, conforme entendimento firmado na jurisprudência, é aquela e não esta a data que deverá ser tomada como início da isenção. Neste sentido, colaciono os seguintes julgados: TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. MOLÉSTIA GRAVE. ART. 6º, XIV, DA LEI 7.713/88. ISENÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA. TERMO A QUO. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PRESCRIÇÃO. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO JUROS. CORREÇÃO MONETÁRIA. 1. A jurisprudência do STJ tem decidido que o termo inicial da isenção de imposto de renda sobre proventos de aposentadoria prevista no art. 6º, XIV, da Lei 7.713/88 é a data de comprovação da doença mediante diagnóstico médico. Precedentes: REsp 812.799/SC, 1ª T., Min. José Delgado, DJ de 12.06.2006; REsp 677603/PB, 1ª T., Ministro Luiz Fux, DJ de 25.04.2005; REsp 675.484/SC, 2ª T., Min. João Otávio de Noronha, DJ de 01.02.2005) 2. No caso concreto, há laudo emitido pelo serviço médico oficial do Município de Araras - SP reconhecendo que o recorrente é portador de neoplasia maligna desde setembro de 1993, devendo a isenção, em consonância com o disposto nos artigos 30 da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 95, e 39, 4º e 5º, III, do Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999, ser reconhecida desde então. 3. As razões do recurso especial não impugnaram o acolhimento de preliminar de prescrição de parte das parcelas postuladas pelo Juízo de 1º grau, devendo ser mantido, no ponto, o decidido na sentença. 4. Está assentada nesta Corte a orientação segundo a qual são os seguintes os índices a serem utilizados na repetição ou compensação de indébito tributário: (a) IPC, de março/1990 a janeiro/1991; (b) INPC, de fevereiro a dezembro/1991; (c) UFIR, a partir de janeiro/1992; (d) taxa SELIC, exclusivamente, a partir de janeiro/1996. 5. Nos casos de repetição de indébito tributário, a orientação prevalente no âmbito da 1ª Seção quanto aos juros pode ser sintetizada da seguinte forma: (a) antes do advento da Lei 9.250/95, incidia a

correção monetária desde o pagamento indevido até a restituição ou compensação (Súmula 162/STJ), acrescida de juros de mora a partir do trânsito em julgado (Súmula 188/STJ), nos termos do art. 167, parágrafo único, do CTN; (b) após a edição da Lei 9.250/95, aplica-se a taxa SELIC desde o recolhimento indevido, ou, se for o caso, a partir de 1º.01.1996, não podendo ser cumulada, porém, com qualquer outro índice, seja de atualização monetária, seja de juros, porque a SELIC inclui, a um só tempo, o índice de inflação do período e a taxa de juros real. 6. Recurso especial a que se dá provimento. (STJ - REsp: 900550 SP 2006/0246028-0, Relator: Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, Data de Julgamento: 27/03/2007, T1 - PRIMEIRA, Data de Publicação: DJ 12.04.2007 p. 254) TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. MOLÉSTIA GRAVE. ISENÇÃO. TERMO INICIAL. 1. Os proventos de aposentadoria e reforma de titularidade de pessoa portadora de uma das doenças relacionadas no art. 6º, XIV, da Lei nº 7.713/88, são isentos do Imposto de Renda. 2. O início da isenção há de corresponder à data em que comprovada a moléstia. 3. Hipótese em que há nos autos conclusões médicas no sentido de que a sucedida era portadora de alienação mental (Mal de Alzheimer), doença referida no citado dispositivo legal. 4. Da análise dos documentos de fls. 48/60, percebe-se que a falecida vinha sendo atendida em razão da aludida enfermidade, inclusive recebendo medicamentos da Secretaria de Saúde da Paraíba. 5. Consta, da Certidão de Óbito, a sua causa mortis, atestada pelo médico, como sendo proveniente, dentre outras causas, da "DOENÇA DE ALZHEIMER". 6.Tendo a referida doença sido diagnosticada em julho de 2005, conforme constatação médica, nada obsta que seja desconstituído o lançamento fiscal atinente a crédito tributário alusivo ao IRPF, concernente a montante recebido em 2008. 7. A exigência de apresentação de laudo oficial emitido pela União, pelos Estados ou pelos Municípios, para fins de obtenção da isenção do IR, é direcionada à esfera administrativa, não vinculando o magistrado em vista do princípio da persuasão racional. 8. Honorários advocatícios fixados em R$ 1.000,00 (hum mil reais), com fundamento no art. 20, parágrafo 4º, do Código de Processo Civil. 9. Apelação provida. (TRF-5 - AC: 59333020114058200, Relator: Desembargador Federal Élio Wanderley de Siqueira Filho, Data de Julgamento: 20/08/2013, Terceira Turma, Data de Publicação: 30/08/2013) Quanto à prescrição quinquenal, também arguida pela União, o Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento de que, quando não houver sido negado o próprio direito, a prescrição atingirá apenas as parcelas vencidas há mais de cinco anos, consoante a Súmula 85, in verbis: "Sum. 85. Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a Fazenda Pública figure como devedora, quando não tiver sido negado o próprio direito reclamado, a prescrição atinge apenas as prestações vencidas antes do quinquênio anterior à propositura da ação". Compulsando os autos, tem-se que a comprovação da doença mediante diagnóstico se deu em 04/12/2008, conforme Ofício NEMS/PE/RH/GPM de 03/04/2013, do Ministério da Saúde, conjugado à inicial. Por outro lado, tem-se a propositura da ação à data de 18/07/2014. Nesse diapasão, e em observância ao art. 1º, do Decreto 20.910/32[1], deve ser

reconhecida a prescrição apenas das parcelas que antecederam os cinco anos da propositura da demanda, já que o lapso temporal entre a comprovação da doença e a propositura da presente ação foi alcançado pela referida prescrição, apenas em relação às parcelas do período de dezembro/2008 a julho/2009. Sendo assim, impõe-se como devida a restituição do imposto de renda retido na fonte entre o período de agosto/2009 (parcelas não atingidas pela prescrição quinquenal) a agosto/2013. Já em relação aos honorários de sucumbência, entendo assistir razão ao recorrente particular. É que, pela simples comparação entre os pedidos formulados na inicial e o parcial reconhecimento do direito na sentença, vê-se que a parte autora sucumbiu na menor parte do pedido, fazendo jus, portanto, ao recebimento dos honorários advocatícios correspondentes. Todavia, diferentemente do é postulado na apelação, entendo que a demanda não se revelou de alta complexidade e teve célere andamento, razão pela qual, em análise equitativa das circunstâncias dos autos, condeno a União ao pagamento da verba honorária no montante de R$ 3.000,00 (três mil reais), nos termos do art. 20, 4º, do CPC. Com essas considerações, nego provimento à remessa oficial e à apelação da União e dou parcial provimento à apelação do particular. Écomo voto. [1] Sobre a adoção da técnica, v. decisão do e. STF no julgamento do AI 852.520 (AgRedD). Impende registrar, também, o posicionamento da doutrina, explicitando que a fundamentação " per relationem" pode ser utilizada pelo julgador desde que: "a) não tenha havido suscitado de fato ao argumento novo, b) a peça processual à qual se reporta a decisão esteja substancialmente fundamentada, aplicando-se, ainda tudo o que se disse até aqui sobre os fundamentos da própria decisão, c) a peça que contém a fundamentação referida esteja nos autos e que a ela possam ter acesso as partes." (in Curso de Processo Civil, vol. 02, Fredie Didier Junior e outros, p. 272). PROCESSO Nº: 0804018-93.2014.4.05.8300 - APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO TRIBUTÁRIO. REMESSA OFICIAL E APELAÇÕES. IRPF. CONTRIBUINTE PORTADOR DE

NEOPLASIA MALIGNA. ISENÇÃO. TERMO INICIAL. DATA DO DIAGNÓSTICO. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. PROPOSITURA DA AÇÃO. SÚMULA 85/STJ. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CABIMENTO. 1. Remessa oficial e apelações da UNIÃO (Fazenda Nacional) e do particular contra sentença proferida pelo Juízo da 1ª Vara Federal de Pernambuco que, em sede de ação ordinária, julgou procedente em parte o pedido formulado na inicial para condenar a União na restituição do imposto de renda pago pela parte autora, portadora de neoplasia maligna, entre o período de agosto/2009 a julho/2013, uma vez que as parcelas anteriores estariam prescritas, deixando de condenar as partes em honorários advocatícios, em face da sucumbência recíproca. 2. A jurisprudência do STJ tem decidido que o termo inicial da isenção de imposto de renda sobre proventos de aposentadoria prevista no art. 6º, XIV, da Lei 7.713/88 é a data de comprovação da doença mediante diagnóstico médico. (STJ - REsp: 900550 SP 2006/0246028-0, Relator: Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, Data de Julgamento: 27/03/2007, T1 - PRIMEIRA, Data de Publicação: DJ 12.04.2007). 3. O Superior Tribunal de Justiça também pacificou o entendimento de que, quando não houver sido negado o próprio direito, a prescrição atingirá apenas as parcelas vencidas há mais de cinco anos, consoante a Súmula 85. 4. Pela simples comparação entre os pedidos formulados na inicial e o parcial reconhecimento do direito na sentença, vê-se que a parte autora sucumbiu na menor parte do pedido, fazendo jus, portanto, ao recebimento dos honorários advocatícios correspondentes. Considerando que a demanda não se revelou de alta complexidade e teve célere andamento, condena-se a União, em análise equitativa das circunstâncias, ao pagamento da verba honorária no montante de R$ 3.000,00 (três mil reais), nos termos do art. 20, 4º, do CPC. 5. Remessa oficial e à apelação da União improvidas. Parcial provimento à apelação do particular. FP Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima mencionadas, ACORDAM os Desembargadores Federais da Primeira Turma do TRF da 5a. Região, por unanimidade, em negar provimento à remessa oficial e à apelação da União e dar parcial provimento à apelação do particular, nos termos do relatório, voto e notas taquigráficas constantes dos autos, que ficam fazendo parte do presente julgado.