Superior Tribunal de Justiça

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1 AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº RS (2006/ ) RELATORA : MINISTRA ELIANA CALMON AGRAVADO : INSTITUTO DE PREVIDÊNCIA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - IPERGS EMENTA PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO AGRAVO REGIMENTAL INADMISSIBILIDADE DO ESPECIAL PELA ALÍNEA "C" INOCORRÊNCIA SÚMULA 283/STF INAPLICABILIDADE RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTO DECLARADO INCONSTITUCIONAL JUROS DE MORA INCIDÊNCIA TERMO INICIAL ARTS. 161, 1º, E 167, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CTN JURISPRUDÊNCIA DA PRIMEIRA SEÇÃO REVISTA NO EREsp /AL. 1. Atende aos requisitos do art. 255 do RISTJ o recurso especial interposto com fundamento na alínea "c" do permissivo constitucional quando o inteiro teor do acórdão paradigma está transcrito nas razões do especial, apontando-se, outrossim, o repositório oficial e a data de publicação do aresto, além de realizado o devido cotejo analítico. 2. Incide o teor da Súmula 283/STF quando o acórdão recorrido decide a querela sob duplo fundamento suficiente de per si a manter o julgado e a parte insurge-se apenas quanto a um deles. Inaplicabilidade, no caso em apreço, pois limitou-se o Tribunal de origem em empregar preceito de ordem geral (art. 219 do CPC) em detrimento da norma especial (art. 167 do CTN) para firmar o termo a quo dos juros de mora, sendo que a matéria regulada por ambos os dispositivos é semelhante, apenas guardando relação de especialidade. 3. A Primeira Seção desta Corte, no julgamento do EREsp /AL, realinhou a jurisprudência no sentido de que, mesmo nos casos de tributo declarado inconstitucional, deve ser aplicado o parágrafo único do artigo 167 do Código Tributário Nacional, de modo que os juros de mora devem incidir a partir do trânsito em julgado da decisão definitiva que determinou a sua inclusão. 4. Impossibilidade de, contra legem, determinar-se a aplicação desses juros a partir da citação. 5. Agravo regimental improvido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça "A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)." Os Srs. Ministros João Otávio de Noronha, Castro Meira, Humberto Martins e Herman Benjamin votaram com a Sra. Ministra Relatora. Brasília-DF, 10 de abril de 2007 (Data do Julgamento) Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 20/04/2007 Página 1 de 7

2 MINISTRA ELIANA CALMON Relatora Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 20/04/2007 Página 2 de 7

3 AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº RS (2006/ ) AGRAVADO : INSTITUTO DE PREVIDÊNCIA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - IPERGS RELATÓRIO A EXMA. SRA. MINISTRA ELIANA CALMON: - Trata-se de agravo regimental interposto em face de decisão de fls. 157/159 que adotou o entendimento pacificado nesta Corte por intermédio da Súmula 188/STJ acerca do termo a quo dos juros de mora, descartando, ainda, a aplicação, in casu, do art. 1º-F da Lei 9.494/97. Inconformados, os agravantes advertem, inicialmente, o não cabimento do recurso especial pela alínea "c", uma vez que o recorrente não teria feito o traslado da cópia do inteiro teor dos precedentes trazidos à colação para demonstrar a divergência jurisprudencial, nos termos do art. 255 do RISTJ. Ademais, consideram que o especial não está dotado das condições necessárias para seu conhecimento, visto que não teria o recorrente se insurgido quanto à totalidade dos fundamentos adotados pelo acórdão recorrido para o deferimento dos juros de mora a contar da citação válida, sobretudo quanto à aplicação do art. 219 do CPC. Sobre o termo a quo dos juros moratórios, lembram que a contribuição previdenciária, objeto da presente repetição de indébito, incidiu sobre bens protegidos pela imunidade, nos termos do art. 195, II, da Constituição Federal. Aduzem que não deve ser aplicado o disposto no art. 167, parágrafo único, do CTN, nem o teor da Súmula 188/STJ, já que a declaração de inconstitucionalidade da contribuição previdenciária dos servidores inativos descaracterizou a natureza tributária do desconto efetuado nos proventos de aposentadoria dos ora agravantes. Nesse sentido, invoca a Ação Cível Originária 231-1/MG do STF. Afirmam que a incidência dos juros de mora a partir do trânsito em julgado do decisum contraria os princípios da vedação de confisco e da isonomia, visto que termina por beneficiar o Fisco, conforme entendimento firmado no EREsp /SC. Por fim, pugnam pela incidência dos juros moratórios desde o recolhimento indevido ou, no mínimo, desde a data da citação. É o relatório. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 20/04/2007 Página 3 de 7

4 AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº RS (2006/ ) RELATORA : MINISTRA ELIANA CALMON AGRAVADO : INSTITUTO DE PREVIDÊNCIA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - IPERGS assiste razão aos agravantes. VOTO A EXMA. SRA. MINISTRA ELIANA CALMON (RELATORA): - Não Primeiramente, quanto ao cabimento do especial pela alínea "c", verifico que foram atendidos os requisitos para a configuração do dissídio jurisprudencial. Constata-se que o inteiro teor do acórdão paradigma está no próprio corpo do recurso especial, assim como a indicação do repositório oficial e a data de publicação. Com relação à alegada ausência de insurgência do recorrente quanto à totalidade dos fundamentos adotados pelo aresto recorrido para o deferimento dos juros moratórios a partir da citação válida, observo que o acórdão recorrido consignou expressamente que não se aplica à hipótese o art. 167 do CTN, devendo incidir o disposto no art. 219 do CPC, preceito de ordem geral. Defende o IPERGS, nas razões do recurso especial, violação do art. 167 do CTN, em razão da natureza tributária da contribuição. A alegação de contrariedade ao art. 167 do CTN, por ser norma de aplicação especial, uma vez que incide apenas no campo tributário, carreia em seu bojo, ainda que, implicitamente, argumentos que refutam a aplicação da norma geral. Desnecessário, portanto, impugnar-se especificamente o art. 219 do CPC, pois a tese trazida na violação do art. 167 do CTN lhe é idêntica, inexistindo, assim, duplo fundamento. Acerca do termo a quo dos juros de mora, ainda que a jurisprudência desta Corte tenha oscilado quanto ao entendimento da matéria em questão, verifico que Primeira Seção, no julgamento do EREsp /AL realinhou a jurisprudência no sentido de que, mesmo nos casos de tributo declarado inconstitucional, deve ser aplicado o parágrafo único do artigo 167 do Código Tributário Nacional, de modo que os juros de mora devem incidir a partir do trânsito em julgado da decisão definitiva que determinou a sua inclusão. Veja-se, ainda, os seguintes precedentes no mesmo sentido: TRIBUTÁRIO. RESTITUIÇÃO DE TRIBUTOS, POR REPETIÇÃO EM PECÚNIA OU POR COMPENSAÇÃO. JUROS. TERMO INICIAL: TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA OU PAGAMENTO INDEVIDO. IRRELEVÂNCIA DA CAUSA Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 20/04/2007 Página 4 de 7

5 DO INDÉBITO. INCIDÊNCIA DA TAXA SELIC. 1. A 1ª Seção firmou entendimento no sentido de que, na restituição de tributos, seja por repetição em pecúnia, seja por compensação, (a) são devidos juros de mora a partir do trânsito em julgado, nos termos do art. 167, parágrafo único, do CTN e da Súmula 188/STJ, sendo que (b) os juros de 1% ao mês incidem apenas sobre os valores reconhecidos em sentenças cujo trânsito em julgado ocorreu em data anterior a 1º , porque, a partir de então, passou a ser aplicável apenas a taxa SELIC, instituída pela Lei 9.250/95, desde cada recolhimento indevido. 2. É irrelevante, na determinação do regime aplicável à compensação ou à repetição de indébito tributário, a causa jurídica do indébito. Também se considera indébito tributário o valor recolhido a título de tributo declarado inconstitucional. Também nesse caso a respectiva repetição ou compensação fica submetida, para todos os efeitos, à disciplina própria da restituição do indébito tributário. 3. O acolhimento da tese de que a declaração de inconstitucionalidade altera a natureza do indébito - que não mais seria indébito tributário, e sim indébito comum -, o que afastaria o regime de juros moratórios previsto no CTN (termo a quo do trânsito em julgado), conduziria, necessariamente, por uma questão de coerência, também à conclusão de que não se lhe aplicaria o regime do CTN para outros efeitos, como o do prazo prescricional (no caso dos tributos sujeitos a lançamento por homologação, deixaria de ser de "cinco mais cinco" anos, como reconhece a Seção, passando a ser qüinqüenal, nos termos da norma geral aplicável às dívidas da Fazenda, o art. 1º do Decreto /32). O próprio direito a compensação estaria comprometido pela tese, já que somente se reconhece como compensáveis com parcelas de natureza tributária os valores referentes a indébitos tributários, e não outros, de natureza comum. 4. Embargos de divergência providos. (EREsp /PB, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em , DJ p. 135) PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO E RESTITUIÇÃO. TRIBUTO DECLARADO INCONSTITUCIONAL. JUROS DE MORA. TERMO A QUO. TRÂNSITO EM JULGADO. I - A declaração de inconstitucionalidade do tributo não afasta a aplicação do parágrafo único do artigo 167 do Código Tributário Nacional, devendo permanecer integralmente válido o teor da súmula nº 188/STJ. II - Os juros de mora devem ser calculados pelo percentual de 1% ao mês, a partir do trânsito em julgado da decisão definitiva que determinou a sua inclusão (CTN, art. 161, 1º, c/c o art. 167, parágrafo único). III - Embargos de divergência providos. (EREsp /SP, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, Rel. p/ Acórdão Ministro FRANCISCO FALCÃO, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em , DJ p. 357) Assim, em se tratando de repetição de indébito, não há como afastar-se a incidência do CTN, sendo indevida a incidência dos juros moratórios a partir da citação, por contrariar dispositivo legal expresso. Com essas considerações, nego provimento ao agravo regimental. É o voto. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 20/04/2007 Página 5 de 7

6 CERTIDÃO DE JULGAMENTO SEGUNDA TURMA Número Registro: 2006/ AgRg no REsp / RS Números Origem: PAUTA: 10/04/2007 JULGADO: 10/04/2007 Relatora Exma. Sra. Ministra ELIANA CALMON Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA Subprocurador-Geral da República Exmo. Sr. Dr. ALEXANDRE CAMANHO DE ASSIS Secretária Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI AUTUAÇÃO RECORRENTE : INSTITUTO DE PREVIDÊNCIA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - IPERGS RECORRIDO : ILDA LOPES DOMINGUES E OUTROS ASSUNTO: Tributário - Contribuição - Social - Previdenciária - Pública - Inativos AGRAVO REGIMENTAL AGRAVADO : INSTITUTO DE PREVIDÊNCIA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - IPERGS CERTIDÃO Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: "A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)." Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 20/04/2007 Página 6 de 7

7 Os Srs. Ministros João Otávio de Noronha, Castro Meira, Humberto Martins e Herman Benjamin votaram com a Sra. Ministra Relatora. Brasília, 10 de abril de 2007 VALÉRIA ALVIM DUSI Secretária Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 20/04/2007 Página 7 de 7