Superior Tribunal de Justiça

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1 AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº SP (2015/ ) RELATOR AGRAVANTE ADVOGADO AGRAVADO PROCURADOR : MINISTRO OG FERNANDES : MTMP - LOCADORA DE BENS PROPRIOS LTDA : MARCELO AUGUSTO DE SOUZA GARMS E OUTRO(S) : MUNICÍPIO DE BAURU : GABRIELLA LUCARELLI ROCHA E OUTRO(S) EMENTA TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. ITBI. IPTU. BASES DE CÁLCULO. VALOR VENAL. 1. O valor venal do imóvel apurado para fins de ITBI não coincide, necessariamente, com aquele adotado para lançamento do IPTU. Precedentes: AgRg no REsp /SP, Rel. Ministro Castro Meira, DJe 23/4/2012; AgRg no AREsp /RS, Rel. Ministro Humberto Martins, DJe 22/11/2011; e AgRg no Ag /SP, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJe 11/9/ No caso, a aplicação do direito à espécie não demanda nenhuma incursão no contexto fático-probatório dos autos, de modo que não há falar em incidência da Súmula 7/STJ. 3. Fica afastada a incidência da Súmula 126/STJ, uma vez que as conclusões alcançadas na apreciação do especial vislumbram apenas a aplicação de direito infraconstitucional - arts. 33 e 38 do CTN - questão já decidida reiteradas vezes por esta Corte Superior. 4. Agravo regimental a que se nega provimento. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro-Relator. Os Srs. Ministros Mauro Campbell Marques, Assusete Magalhães, Humberto Martins e Herman Benjamin votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília, 03 de novembro de 2015(Data do Julgamento) Ministro Og Fernandes Presidente e Relator Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 23/11/2015 Página 1 de 6

2 AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº SP (2015/ ) RELATÓRIO O EXMO. SR. MINISTRO OG FERNANDES: Trata-se de agravo regimental interposto por MTMP - Locadora de Bens Próprios Ltda. contra decisão que deu provimento ao recurso especial nos termos do seguinte dispositivo: Ante o exposto, com base no art. 557, 1º-A, do CPC, dou provimento ao recurso especial, reformando o julgado de origem, no sentido de reconhecer a impossibilidade de vinculação da base de cálculo do IPTU e do ITBI, fixando os honorários advocatícios em 10% sobre o valor da causa, corrigidos desde o ajuizamento da ação. Defende a recorrente, em síntese, que não poderia haver o julgamento com base no 1º-A do art. 577 do CPC, porquanto o acórdão do TJSP não estaria em manifesto confronto com súmula ou jurisprudência dominante do STJ. Aduz que a discussão versa sobre lei local, de modo que competiria ao STF julgar, mediante recurso extraordinário, a validade de lei local contestada em face da Constituição Federal ou em face da Lei Federal, nos termos das alíneas "c" e "d", inciso III, do art. 102 da CF. Sustenta, na espécie, a incidência do óbice da Súmula 126 do STJ. Defende que não ficou demonstrado o necessário prequestionamento da matéria impugnada, de modo que seria caso de incidência das Súmulas 282/STF e 211/STJ, e que o recurso especial da ora agravada pretendeu o reexame do conjunto fático-probatório dos autos, o que seria vedado pela Súmula 7/STJ. No mérito, defende que não existe base legal para cobrança do ITBI sobre o valor de mercado dos bens transmitidos em integralização do capital da recorrida. É o relatório. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 23/11/2015 Página 2 de 6

3 AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº SP (2015/ ) VOTO O EXMO. SR. MINISTRO OG FERNANDES (Relator): A pretensão recursal não merece êxito, na medida em que a parte interessada não trouxe argumentos aptos à alteração do posicionamento firmado na decisão recorrida. Primeiramente, verifica-se que a questão em debate - análise sobre a obrigatoriedade de que o valor venal utilizado para o cálculo do ITBI corresponda ao valor venal utilizado para o cálculo do IPTU - foi devidamente prequestionada pela Corte de origem, possibilitando, portanto o conhecimento do recurso especial interposto. Frise-se, ainda, que não houve necessidade de adentrar no contexto fático-probatório dos autos, por não envolver fatos controvertidos, sendo inaplicável, portanto, o óbice da Súmula 7/STJ Assim, mantenho, por seus próprios fundamentos, a decisão agravada, nos seguintes termos: [...] É o relatório. O Tribunal de origem entendeu que "não pode o Município, num mesmo exercício, estabelecer valores venais distintos: um para apuração do ITBI; e outro, para o IPTU" (e-stj, fls. 226). Ocorre que o acórdão recorrido está em confronto com o entendimento pacífico deste Tribunal Superior no sentido da não vinculação do ITBI com a tabela do IPTU. No ponto: TRIBUTÁRIO. ITBI. IPTU. BASES DE CÁLCULO. VALOR VENAL. IDENTIDADE NECESSÁRIA. INEXISTÊNCIA. 1. O valor venal do imóvel apurado para fins de ITBI não coincide, necessariamente, com aquele adotado para lançamento do IPTU. Precedentes: AgRg no REsp /SP, Rel. Ministro Castro Meira, DJe ; AgRg no AREsp /RS, Rel. Ministro Humberto Martins, DJe ; AgRg no Ag /SP, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJe O TJ-SP, na presente demanda, analisou única e exclusivamente a base de cálculo do ITBI, à luz do art. 38 do Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 23/11/2015 Página 3 de 6

4 CTN, entendendo pela indispensável identidade com a base do IPTU. A demanda está em fase de execução e não há menção, nem mesmo implícita, à legislação municipal ou a eventual arbitramento realizado pelo Fisco local, matérias estranhas ao pleito recursal. 3. Recurso Especial provido. (REsp /SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 3/9/2013, DJe 23/10/2013) TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ITBI E IPTU. BASE DE CÁLCULO. VALOR VENAL. INEXISTÊNCIA DE VINCULAÇÃO. 1. "Esta Corte firmou o entendimento de que a forma de apuração da base de cálculo e a modalidade de lançamento do IPTU e do ITBI são diversas, razão que justifica a não vinculação dos valores desses impostos". (REsp /SP, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 15/05/2013). No mesmo sentido: AgRg no Ag /RS, Rel. Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe 03/06/2013; AgRg no AREsp /SP, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, DJe 22/2/13; AgRg no REsp /SP, Rel. Min. Castro Meira, Segunda Turma, DJe 23/4/ Agravo regimental não provido. (AgRg no AREsp /SP, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 25/6/2013, DJe 2/8/2013) Ante o exposto, com base no art. 557, 1º-A, do CPC, dou provimento ao recurso especial, reformando o julgado de origem, no sentido de reconhecer a impossibilidade de vinculação da base de cálculo do IPTU e do ITBI, fixando os honorários advocatícios em 10% sobre o valor da causa, corrigidos desde o ajuizamento da ação. Publique-se. Intimem-se. Na mesma esteira da decisão agravada, cito outros precedentes: TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. INOCORRÊNCIA. ITBI E IPTU. VALORES VENAIS DISTINTOS. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. ACÓRDÃO RECORRIDO EM HARMONIA COM A JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE. RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. Não foi demonstrada ofensa ao artigo 535 do CPC, na medida em que o Tribunal de origem dirimiu, fundamentadamente, as questões que lhe foram submetidas, apreciando integralmente a controvérsia posta nos presentes autos. Ressalte-se que não se pode confundir julgamento desfavorável ao interesse da parte com negativa ou ausência de prestação jurisdicional. 2. Nos termos da jurisprudência desta Corte, não são vinculados os valores venais de ITBI e IPTU, porquanto a apuração da base de cálculo e a modalidade de lançamento desses tributos são diversas. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 23/11/2015 Página 4 de 6

5 Precedentes: AgRg no AREsp /SP, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, DJe 22/2/13 e AgRg no REsp /SP, Rel. Min. CASTRO MEIRA, Segunda Turma, DJe 23/4/ Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no Ag /RS, Rel. Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe 3/6/2013). TRIBUTÁRIO - RECURSO ESPECIAL - ITBI x IPTU - APURAÇÃO VINCULADA DOS VALORES DESSES IMPOSTOS - DESCABIMENTO - PRECEDENTES. 1. Esta Corte firmou o entendimento de que a forma de apuração da base de cálculo e a modalidade de lançamento do IPTU e do ITBI são diversas, razão que justifica a não vinculação dos valores desses impostos. Precedentes. (AgRg no REsp /SP, Rel. Min. CASTRO MEIRA, Segunda Turma, DJe 23/4/12). 2. Recurso especial provido. (REsp /SP, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 15/5/2013). Estando o entendimento do Tribunal local, de fato, em confronto com a jurisprudência dominante desta Corte Superior, correta a aplicação do art. 557, 1º-A, do CPC. De outra parte, também fica afastada a incidência da Súmula 126/STJ, uma vez que as conclusões alcançadas na apreciação do especial vislumbram apenas a aplicação de direito infraconstitucional - arts. 33 e 38 do CTN - já analisada reiteradas vezes por esta Corte Superior. Ante o exposto, nego provimento ao agravo regimental. É como voto. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 23/11/2015 Página 5 de 6

6 CERTIDÃO DE JULGAMENTO SEGUNDA TURMA AgRg no Número Registro: 2015/ PROCESSO ELETRÔNICO REsp / SP Números Origem: / / PAUTA: 03/11/2015 JULGADO: 03/11/2015 Relator Exmo. Sr. Ministro OG FERNANDES Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro OG FERNANDES Subprocuradora-Geral da República Exma. Sra. Dra. SANDRA VERÔNICA CUREAU Secretária Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI RECORRENTE PROCURADOR RECORRIDO ADVOGADO AUTUAÇÃO : MUNICÍPIO DE BAURU : GABRIELLA LUCARELLI ROCHA E OUTRO(S) : MTMP - LOCADORA DE BENS PROPRIOS LTDA : MARCELO AUGUSTO DE SOUZA GARMS E OUTRO(S) ASSUNTO: DIREITO TRIBUTÁRIO - Impostos - ITBI / Imposto de Transmissão Intervivos de Bens Móveis e Imóveis AGRAVANTE ADVOGADO AGRAVADO PROCURADOR AGRAVO REGIMENTAL : MTMP - LOCADORA DE BENS PROPRIOS LTDA : MARCELO AUGUSTO DE SOUZA GARMS E OUTRO(S) : MUNICÍPIO DE BAURU : GABRIELLA LUCARELLI ROCHA E OUTRO(S) CERTIDÃO Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: "A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)." Os Srs. Ministros Mauro Campbell Marques, Assusete Magalhães, Humberto Martins e Herman Benjamin votaram com o Sr. Ministro Relator. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 23/11/2015 Página 6 de 6