Superior Tribunal de Justiça

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1 EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RESP (2006/ ) Nº RJ RELATOR : MINISTRO HUMBERTO MARTINS EMBARGANTE : MATTEIS BORG ADMINISTRAÇÃO,PARTICIPAÇÃO,COMERCIO,INDUST RIA LTDA ADVOGADO : SEVERINO JOSÉ DA SILVA E OUTRO(S) EMBARGADO : ESTADO DO RIO DE JANEIRO PROCURADOR : SERGIO PYRRHO E OUTRO(S) EMENTA TRIBUTÁRIO - ICMS - APROPRIAÇÃO DOS CRÉDITOS GERADOS POR AQUISIÇÕES DE BENS DESTINADOS AO ATIVO PERMANENTE PROPORCIONALMENTE À SUA VIDA ÚTIL - AUSÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA ENTRE OS ACÓRDÃOS COLACIONADOS COMO DIVERGENTES. 1. Para o exame da desarmonia jurisprudencial entre as Turmas, é de rigor analisar se ambos os acórdãos cotejados trataram do tema que se pretende ver reformado. 2. In casu, o acórdão embargado negou provimento ao agravo regimental em recurso especial, ao fundamento de que o entendimento do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que não ofende o princípio constitucional da não-cumulatividade a vedação pela legislação estadual do aproveitamento dos créditos de ICMS originados de entradas de bens destinados ao ativo permanente. 3. Por outro lado, o acórdão apontado como paradigma foi proferido no sentido de que a Lei Complementar n. 87/96 não apresenta feição interpretativa e não pode ser aplicada retroativamente, sob pena de lesão ao princípio constitucional da irretroatividade. Embargos de divergência não-conhecidos. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Primeira Seção do "A Seção, por unanimidade, não conheceu dos embargos, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator." Os Srs. Ministros Herman Benjamin, Luiz Fux, João Otávio de Noronha, Teori Albino Zavascki, Castro Meira e Denise Arruda votaram com o Sr. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 04/06/2007 Página 1 de 8

2 Ministro Relator. Ausentes, justificadamente, a Sra. Ministra Eliana Calmon e, ocasionalmente, o Sr. Ministro José Delgado. Sustentou, oralmente, o Dr. LEANDRO DAUMAS PASSOS, pela embargante. Brasília (DF), 23 de maio de 2007 (Data do Julgamento) MINISTRO HUMBERTO MARTINS Relator Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 04/06/2007 Página 2 de 8

3 EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RESP (2006/ ) Nº RJ RELATOR : MINISTRO HUMBERTO MARTINS EMBARGANTE : MATTEIS BORG ADMINISTRAÇÃO,PARTICIPAÇÃO,COMERCIO,INDUST RIA LTDA ADVOGADO : SEVERINO JOSÉ DA SILVA E OUTRO(S) EMBARGADO : ESTADO DO RIO DE JANEIRO PROCURADOR : SERGIO PYRRHO E OUTRO(S) RELATÓRIO O EXMO. SR. MINISTRO HUMBERTO MARTINS (Relator): Cuida-se de embargos de divergência opostos por MATTEIS BORG. ADMINISTRAÇÃO, PARTICIPAÇÃO, COMÉRCIO, INDÚSTRIA LTDA. com objetivo de uniformizar a jurisprudência desta Corte no tocante à apropriação de créditos gerados por aquisições de bens destinados ao ativo permanente proporcionalmente à sua vida útil. Originariamente, a divergência foi apresentada contra acórdão da Primeira Turma desta Corte, no sentido de que o entendimento do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que não ofende o princípio constitucional da não-cumulatividade a vedação pela legislação estadual do aproveitamento dos créditos de ICMS originados de entradas de bens destinados ao ativo permanente. Assim ementado: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. ALÍNEA B. TRIBUTÁRIO. ICMS. NÃO-CUMULATIVIDADE. LEI 3.188/99 DO ESTADO DO RJ, ART. 2º. APROPRIAÇÃO DOS CRÉDITOS GERADOS POR AQUISIÇÕES DE BENS DESTINADOS AO ATIVO PERMANENTE PROPORCIONALMENTE À SUA VIDA ÚTIL. LEGITIMIDADE. JURISPRUDÊNCIA DO STF NO SENTIDO DA INEXISTÊNCIA DO DIREITO AOS CRÉDITOS RELATIVOS A TAIS BENS. AGRAVO REGIMENTAL PROVIDO, PARA CONHECER DO RECURSO ESPECIAL E, NO MÉRITO, NEGAR-LHE PROVIMENTO. (AgRg no REsp /RJ, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, fl. 285) Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 04/06/2007 Página 3 de 8

4 Como paradigma, foi colacionado acórdão da Segunda Turma proferido no sentido de que a Lei Complementar n. 87/96 não apresenta feição interpretativa. Não pode ser aplicada retroativamente, sob pena de lesão ao princípio constitucional da irretroatividade, nos termos da seguinte ementa: CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. ICMS. BENS DESTINADOS AO ATIVO FIXO. BENS DE USO E CONSUMO. CREDITAMENTO. CONVÊNIO ICMS N. 66/88. LEI COMPLEMENTAR N.º 87/96 (LEI KANDIR). 1. Resume-se a controvérsia em saber se o contribuinte do ICMS pode ou não creditar-se do imposto incidente na aquisição de bens destinados ao ativo fixo e a uso e consumo do estabelecimento em período anterior à Lei Complementar n.º 87/ Até a entrada em vigor da LC n. 87/96, as regras relativas à compensação de créditos referentes ao ICMS estavam dispostas no Convênio ICMS n. 66/88, que expressamente vedava o creditamento relativos a bens destinados ao ativo fixo e a uso e consumo do estabelecimento comercial. 3. A norma convenial é compatível com a exigência do art. 155, 2º, XII, 'c', da Constituição da República, segundo o qual somente lei complementar pode dispor sobre o regime de compensação do imposto. O art. 34, 8º, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT prevê a celebração de convênios entre os Estados e o Distrito Federal para regular, temporariamente, a matéria relativa ao ICMS, enquanto não promulgada a norma complementar. 4. A impossibilidade de creditamento do ICMS somente foi alterada com a edição da LC n. 87/96, que autorizou a utilização dos créditos a partir de sua entrada em vigor, para os bens do ativo fixo, e a partir de 1º de janeiro de 1998 para os bens de uso e consumo. 5. A irretroatividade é regra no direito tributário, inclusive, de estatura constitucional. Por exceção, somente se admite a aplicação retroativa da lei tributária nos casos previstos no art. 116 do CTN, vale dizer, na hipótese de lei interpretativa ou nas situações em que exista supressão ou redução de penalidade fiscal. 6. A LC n. 87/96, embora regule com amplitude os elementos que compõem a moldura jurídica do ICMS, não apresenta feição interpretativa, nem extingue ou reduz penalidade. Não há que se falar, assim, em aplicação retro-operante, sob pena de lesão ao princípio constitucional da irretroatividade. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 04/06/2007 Página 4 de 8

5 7. Recurso ordinário improvido. (RMS /CE, Rel. Min. Castro Meira, DJ ) Efetivado juízo positivo de admissibilidade, decorreu in albis o prazo para impugnação. É, no essencial, o relatório. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 04/06/2007 Página 5 de 8

6 EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RESP Nº RJ (2006/ ) EMENTA TRIBUTÁRIO - ICMS - APROPRIAÇÃO DOS CRÉDITOS GERADOS POR AQUISIÇÕES DE BENS DESTINADOS AO ATIVO PERMANENTE PROPORCIONALMENTE À SUA VIDA ÚTIL - AUSÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA ENTRE OS ACÓRDÃOS COLACIONADOS COMO DIVERGENTES. 1. Para o exame da desarmonia jurisprudencial entre as Turmas, é de rigor analisar se ambos os acórdãos cotejados trataram do tema que se pretende ver reformado. 2. In casu, o acórdão embargado negou provimento ao agravo regimental em recurso especial, ao fundamento de que o entendimento do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que não ofende o princípio constitucional da não-cumulatividade a vedação pela legislação estadual do aproveitamento dos créditos de ICMS originados de entradas de bens destinados ao ativo permanente. 3. Por outro lado, o acórdão apontado como paradigma foi proferido no sentido de que a Lei Complementar n. 87/96 não apresenta feição interpretativa e não pode ser aplicada retroativamente, sob pena de lesão ao princípio constitucional da irretroatividade. Embargos de divergência não-conhecidos. VOTO O EXMO. SR. MINISTRO HUMBERTO MARTINS (Relator): Em melhor análise dos autos, verifica-se ausência de similitude fática entre os acórdãos colacionados como divergentes. Com efeito, para o exame da desarmonia jurisprudencial entre as Turmas, é de rigor analisar se ambos os acórdãos cotejados trataram do tema que se pretende ver reformado. In casu, o acórdão embargado negou provimento ao agravo regimental em recurso especial ao fundamento de que o entendimento do Supremo Tribunal Federal Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 04/06/2007 Página 6 de 8

7 é no sentido de que não ofende o princípio constitucional da não-cumulatividade a vedação pela legislação estadual do aproveitamento dos créditos de ICMS originados de entradas de bens destinados ao ativo permanente. Por outro lado, o acórdão apontado como paradigma foi proferido no sentido de que a Lei Complementar n. 87/96 não apresenta feição interpretativa e não pode ser aplicada retroativamente, sob pena de lesão ao princípio constitucional da irretroatividade. Assim, pois o indeferimento dos presentes embargos de divergência é de rigor pela ausência de semelhança nas decisões trazidas como destoantes. Ante o exposto, não conheço dos embargos de divergência. É como penso. É como voto. MINISTRO HUMBERTO MARTINS Relator Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 04/06/2007 Página 7 de 8

8 CERTIDÃO DE JULGAMENTO PRIMEIRA SEÇÃO Número Registro: 2006/ EREsp / RJ Números Origem: PAUTA: 23/05/2007 JULGADO: 23/05/2007 Relator Exmo. Sr. Ministro HUMBERTO MARTINS Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro FRANCISCO FALCÃO Subprocurador-Geral da República Exmo. Sr. Dr. MOACIR GUIMARÃES MORAIS FILHO Secretária Bela. Carolina Véras AUTUAÇÃO EMBARGANTE : MATTEIS BORG ADMINISTRAÇÃO,PARTICIPAÇÃO,COMERCIO,INDUSTRIA LTDA ADVOGADO : SEVERINO JOSÉ DA SILVA E OUTRO(S) EMBARGADO : ESTADO DO RIO DE JANEIRO PROCURADOR : SERGIO PYRRHO E OUTRO(S) ASSUNTO: Tributário - ICMS - Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços SUSTENTAÇÃO ORAL Sustentou, oralmente, o Dr. LEANDRO DAUMAS PASSOS, pela embargante. CERTIDÃO Certifico que a egrégia PRIMEIRA SEÇÃO, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: "A Seção, por unanimidade, não conheceu dos embargos, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator." Os Srs. Ministros Herman Benjamin, Luiz Fux, João Otávio de Noronha, Teori Albino Zavascki, Castro Meira e Denise Arruda votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausentes, justificadamente, a Sra. Ministra Eliana Calmon e, ocasionalmente, o Sr. Ministro José Delgado. Brasília, 23 de maio de 2007 Carolina Véras Secretária Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 04/06/2007 Página 8 de 8