Atividades. Equipe Escravo, nem pensar!

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Transcrição:

Atividades Caro professor, cara professora, Apresentamos mais uma nova proposta de atividade sobre os temas abordados pelo programa Escravo, nem pensar!, da ONG Repórter Brasil*. Ela é a segunda da série Repórter Brasil na sala de aula, que pretende trazer ideias de como aproveitar o conteúdo produzido pela organização para provocar debates e reflexões na escola sobre a realidade rural e urbana brasileiras. Nesta edição, apresentamos o Especial: flagrantes de trabalho escravo na indústria têxtil no Brasil da Agência de Notícias da Repórter Brasil. É um compilado de casos que nossos repórteres acompanharam desde 2009, quando começaram as libertações de trabalhadores em oficinas de costura na capital paulista. O trabalho escravo contemporâneo é infelizmente uma realidade que atinge todo o país. Frequentemente, o problema é associado ao meio rural, a atividades relacionadas ao setor primário, como o desmatamento, a pecuária e a produção de carvão. No entanto, o trabalho escravo contemporâneo também pode ser encontrado em atividades não agrícolas, como confecções, construção civil, expansão da infraestrutura de transporte e mercado do sexo. A presente atividade se propõe a explorar esse lado menos conhecido do trabalho escravo contemporâneo, tendo como foco o universo das confecções. Essa atividade está estruturada em módulos. O primeiro é sobre o conceito de trabalho escravo contemporâneo e atividades não agrícolas em que há trabalho escravo. Ele é o fundamento para os demais módulos. Estes, por sua vez, tratam de diversos aspectos do trabalho escravo contemporâneo nas confecções, podendo ser trabalhados de forma independente ou subsequente. Mais uma vez, ressaltamos que a atividade não é um modelo pronto e fechado. Pelo contrário, deve ser mudada de acordo com o objetivo e a realidade das pessoas que trabalharão com ela. Por isso, exerça sua autoria, aproprie-se do material e dê a ele os tons da sua realidade. Não deixe de nos enviar relatos, registros e sugestões de alterações. Um abraço! Equipe Escravo, nem pensar! Realização: Apoio: * A Repórter Brasil é uma organização não-governamental fundada em 2001 por jornalistas, cientistas sociais e educadores com o objetivo de fomentar a reflexão e ação sobre a violação aos direitos fundamentais dos povos e trabalhadores do campo no Brasil. Devido ao seu trabalho, tornou-se um das mais importantes fontes de informação sobre trabalho escravo no Brasil. Suas reportagens, investigações jornalísticas, pesquisas e metodologias educacionais têm sido usadas por lideranças do poder público, do setor empresarial e da sociedade civil como instrumentos para combater a escravidão contemporânea, um problema que afeta milhares de brasileiros. Além da área de Metodologia Educacional, da qual o Escravo, nem pensar! é parte, possui outra área que trabalha com Jornalismo e Pesquisa, produzindo informação e análises para servir de ferramenta e subsídio a lideranças sociais, políticas e econômicas. Acesse: www.reporterbrasil.org.br.

Trabalho escravo nas confecções Contexto: A Agência de Notícias da Repórter Brasil lançou em 2012 o Especial: flagrantes de trabalho escravo na indústria têxtil no Brasil. Ele apresenta casos flagrados desde 2009, quando começaram as libertações de trabalhadores em oficinas de costura no município de São Paulo. A proposta da atividade é abordar o trabalho escravo em atividades não agrícolas, especificamente nas confecções, tendo essa edição como referência. Objetivo: Apresentar as principais características do trabalho escravo em atividades não agrícolas e realizar estudo de reportagens sobre flagrantes de trabalho escravo na indústria têxtil da capital paulista. Disciplinas: Português, Geografia, Sociologia, História, Matemática. Série: Ensino Médio; EJA Tempo sugerido: 3 a 4 aulas Materiais: lousa; giz; computador com internet; Fascículo Trabalho Escravo Urbano; fotocópias; papel almaço. Essa atividade permite trabalhar habilidades como interpretação de texto, resolução de problemas matemáticos, redação e interpretação de mapas e tabelas. Assim, pode ser desenvolvida em conjunto entre professores de diversas áreas do conhecimento.

Informações ao educador e à educadora: Conhecendo o trabalho escravo nas confecções Antes de realizar a atividade, sugerimos o estudo de alguns textos para que você tome contato com a discussão e com as reportagens que serão utilizadas: 1. Para começar, acesse a página do Especial: flagrantes de trabalho escravo na indústria têxtil do Brasil: http://www.reporterbrasil.org.br/exibe.php?id=2084. A edição apresenta diversos casos flagrados desde 2009 em empresas subcontratadas de marcas de roupas conhecidas como Marisa (2010), Pernambucanas (2011), Zara (2011) e Talita Kume (2012). 2. Sugerimos trabalhar com a reportagem do caso Talita Kume, pois o texto agrega elementos importantes de forma resumida sobre o trabalho escravo nas confecções. É possível acessar na própria página da edição especial. Se preferir trabalhar com outra reportagem, basta fazer as alterações necessárias. 3. Aproveite para também acessar o relato de um dos trabalhadores libertados no flagrante do caso Talita Kume e saber mais sobre o tráfico de pessoas para o trabalho escravo nas confecções. Navegue pelos links das reportagens e procure se atentar para: as condições em que foram flagrados os trabalhadores em cada caso; as atitudes tomadas pelo poder público no sentido de garantir os direitos dos trabalhadores e punir os empregadores; as relações de terceirização e subcontratação do setor; as condições anteriores de vida e trabalho e o local de origem dos trabalhadores escravizados. Aproveite para consultar outras notícias sobre trabalho escravo e tráfico de pessoas em fontes que poderão ser indicadas aos alunos para pesquisas: No site da Agência de Notícias Repórter Brasil, é possível procurar por temas, escrevendo a palavra desejada na janela busca : Clique aqui. Também é possível consultar o portal do Ministério Público do Trabalho, para saber mais sobre trabalho escravo e infrações trabalhistas em geral: Veja mais aqui. O programa A Liga, exibido em agosto de 2012 na Rede Bandeirantes, apresenta mais informações sobre o caso Zara. Acesse aqui. Projeto de divulgação de notícias e denúncias que busca articular diversas entidades para o enfrentamento ao tráfico de pessoas. Saiba mais.

Primeiro módulo - Trabalho escravo contemporâneo: onde encontrar? Este módulo tem como objetivo introduzir o conceito de trabalho escravo contemporâneo por meio da apresentação do universo das confecções em São Paulo. Primeiro passo Para iniciar, é possível instigar a turma com algumas questões: De onde vêm as roupas que vocês consomem? Quem produz essas roupas e em que condições? Depois, você e a turma irão trabalhar com o Especial: flagrantes de trabalho escravo na indústria têxtil no Brasil. Para isso, divida alunos e alunas em 2 grupos. O grupo 1 irá trabalhar com as fotografias e os pequenos textos sobre os casos Talita Kume e Gregory. O grupo 2, com as fotografias dos casos Collins e Marisa, e com a fotografia e o pequeno texto do caso 775. Se houver possibilidade de acesso à internet pelos alunos será ótimo. Caso contrário, você pode selecionar as imagens e os textos e imprimir separadamente para distribuir a cada um dos grupos. Você entregará à turma as seguintes perguntas: Grupo 1 - Quantos eram os trabalhadores envolvidos em cada caso? A que situação de trabalho eram submetidos? - De onde eram? Onde foram trabalhar? - Nas duas fotografias, há a presença de crianças nas oficinas, inclusive bebê. Por que as crianças estão ali? Grupo 2 - Como são as oficinas retratadas nas fotografias? - O espaço é adequado ao trabalho? Por quê? - Como você acha que os trabalhadores se sentiam trabalhando nesses espaços? Eles tinham segurança e conforto? - No caso 775, o que as trabalhadoras enfrentavam? Em seguida, peça que um grupo apresente ao outro o que viram nas imagens e nos textos, com base nas respostas às perguntas.

Segundo passo Depois da apresentação dos grupos, fale que, como visto, os casos foram considerados pela fiscalização como trabalho escravo. Imaginavam que ainda existia essa prática no Brasil? Explique que ele é caracterizado pela supressão da dignidade e/ou pela privação da liberdade. Escreva as duas expressões na lousa, cada uma de um lado, como no quadro abaixo. Depois, peça para que alunos e alunas ajudem a definir cada uma dessas duas características, a partir dos elementos encontrados no trabalho em grupo. Que elementos a turma pôde perceber que arrancam a dignidade dos trabalhadores? E quais deles impedem os trabalhadores de deixarem o local de trabalho, retirando deles sua liberdade? Vá completando o quadro a partir das respostas da turma. Ajude a acrescentar outros elementos que não estejam explícitos nos textos e fotografias vistos. Ao final, vocês terão o seguinte diagrama: TRABALHO ESCRAVO SUPRESSÃO DA DIGNIDADE e/ou PRIVAÇÃO DA LIBERDADE Jornada exaustiva Maus tratos e violência Alojamento e espaço de trabalho precários Falta de saneamento básico e de higiene Falta de assistência médica Péssima alimentação Servidão por dívida Isolamento Retenção de documentos Retenção de salário Ameaças físicas e psicológicas Terceiro passo Depois de construir o conceito de trabalho escravo junto com a turma, pergunte aos alunos se há trabalho escravo apenas nas confecções ou se seria possível encontrar casos em outras atividades. Em seguida, distribua o Fascículo Trabalho Escravo Urbano. Ajude os alunos a explorar o fascículo, mostrando as outras atividades não agrícolas em que há trabalho escravo. Se não tiver o material impresso, é possível projetá-lo se houver computador e data show na escola ou imprimir a página principal a partir do site e entregar fotocópias aos alunos. Em seguida, é importante revelar que, além das atividades urbanas ou não agrícolas, a maior parte dos casos é encontrada no meio rural, em fazendas e carvoarias. Reproduza a seguinte tabela na lousa, que mostra o número de casos fiscalizados por atividade econômica e a quantidade de trabalhadores libertados em 2011.

Casos de trabalho escravo por atividades Atividades Casos fiscalizados Trabalhadores libertados % % Pecuária 70 33% 539 22% Cana 7 3% 485 19% Carvão Vegetal 30 14% 276 11% Construção civil 27 13% 428 17% Confecções 5 2% 81 3% Para encerrar esta parte da atividade, retome o questionamento feito inicialmente: Sabem de onde vêm as roupas que usam? Imaginavam que poderia haver tantos problemas envolvidos na sua produção? Que outros produtos do nosso dia-a-dia podem ter em seu processo de produção o uso da mão de obra escrava?

Segundo módulo: Números do trabalho escravo nas oficinas A ideia deste módulo é aprofundar o conhecimento sobre o trabalho escravo nas confecções, investigando um dos casos citados na reportagem especial: da marca de roupas Talita Kume. Peça aos alunos para acessarem a reportagem referente ao caso da marca Talita Kume de junho de 2012: http://www.reporterbrasil.org.br/exibe.php?id=2065 Após a leitura, para aproximar alunos e alunas da realidade desses trabalhadores, peça que formem duplas. Peça que retomem as seguintes passagens da reportagem e respondam às questões propostas, separadas em dois blocos: Bloco 1 Pedro recebe em média R$ 350 por mês - abaixo do salário mínimo (R$ 622). O valor pago às costureiras e costureiros era de R$ 1 por peça Quase todos [os trabalhadores da oficina] tiveram os valores das passagens da Bolívia para o Brasil descontados dos salários, o que revela indícios de tráfico de pessoas e comprova a prática de servidão por dívida, uma vez que despesas de moradia, alimentação e limpeza também eram cobradas. A jornada de trabalho se estendia das 7h às 22h e, eventualmente, até 1h da madrugada do dia seguinte. A extensão variava de acordo com a encomenda. Qual era a forma de remuneração dos trabalhadores (por mês, horas trabalhadas, peças etc.)? Qual o valor da remuneração? Você considera que é um valor justo pelo trabalho realizado? Pedro, um dos trabalhadores, recebia menos de um salário mínimo por mês (R$350). Você considera que isso significa que ele trabalhava pouco? Por que ele não conseguia ganhar um salário mínimo? A jornada de trabalho, de cerca de 15 horas por dia, é uma jornada leve ou pesada? Há alguma relação entre essa jornada e a forma de remuneração? Quanto tempo sobrava para descanso e lazer? É correto, como nesse caso em que há deslocamento de trabalhadores de onde viviam para trabalhar, que as despesas de moradia, alimentação e limpeza sejam pagas integralmente pelos trabalhadores?

Bloco 2 Apesar de ter em seu objeto social a confecção de peças de vestuário, a Confecções Talita Kume Ltda. não mantém atividade de costura dentro de suas instalações. Os auditores fiscais do trabalho verificaram no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do MTE, que apenas uma costureira consta como contratada pela empresa. A Talita Kume, por sua vez, remunerava o dono da oficina, em média, R$ 3,80 por peça. A oficina onde foi realizado o resgate dos trabalhadores é apenas uma das que produzem diretamente para a marca Talita Kume. A fiscalização apontou a existência de outras 16 oficinas que costuram peças de vestuário comercializadas pela marca. Se a Talita Kume é registrada como uma marca de confecção de peças de vestuário, por quais motivos ela terceiriza a produção, contratando 17 oficinas para confeccionar as peças de roupa de sua marca? Você considera que o valor de R$ 3,80 por peça, pago pela Talita Kume aos donos das oficinas, é suficiente para que estes atendam às suas demandas de produção e contratem trabalhadores conforme as exigências da lei (salário mínimo, jornada de até 8 horas, direitos trabalhistas etc.)? São as oficinas que contratam indevidamente os trabalhadores, submetendo-os a condições análogas a de escravo. Então, por que a Talita Kume é responsabilizada? Depois que os alunos responderem às questões em duplas, é possível abrir a discussão para toda a sala, pedindo que as duplas que desejarem apresentem suas respostas. Comparando as diversas respostas, será possível esclarecer eventuais dúvidas e estimular o debate entre alunos e alunas.

Terceiro módulo: Rotas de exploração O intuito deste módulo é a abordagem do tráfico de pessoas para fins de trabalho escravo nas confecções, partindo do relato de um trabalhador libertado no caso Talita Kume. Acesse o site da Agência de Notícias da Repórter Brasil e peça que os alunos leiam em grupos o relato De La Paz para São Paulo, a história de exploração de uma vítima do tráfico de pessoas. Primeiro passo Apresente o seguinte mapa aos alunos, com a trajetória de Ronaldo: Å Em seguida, divida os alunos em três grupos. Peça que cada um deles reflita sobre a situação em que se encontra Ronaldo em um dos seguintes pontos no mapa: A D La Paz: Por que Ronaldo resolveu sair do local em que nasceu? travessia da fronteira: Alguém o ajudou na travessia da Bolívia ao Brasil? Como foi essa travessia? E trabalho escravo nas oficinas em São Paulo: Como ele conseguiu o primeiro emprego no Brasil? Que dificuldades ele encontrou? Por que ele se submetia a essas condições?

A partir dos relatos dos alunos, é possível refletir sobre três etapas do tráfico de pessoas, desde o aliciamento (recrutamento criminoso, por meio de promessas enganosas e adiantamento de despesas e passagem), passando pelo deslocamento pelo território até chegar à exploração de trabalho escravo nas oficinas. O tráfico de pessoas pode se dar tanto dentro de um país como internacionalmente, como no caso de Ronaldo. São pontos interessantes para abordar na discussão: Milhares de trabalhadores acabam aliciados e traficados, deixando suas casas em busca de trabalho. Além de bolivianos, o Brasil também recebe muitos trabalhadores do Paraguai e do Peru. A condição de estrangeiros, que desconhecem o idioma e a cultura local, dificulta a vida desses trabalhadores no Brasil, tornando-os mais vulneráveis à exploração. O fato de entrarem sem documentos no Brasil, ou seja, em situação irregular, faz com que tenham medo de denunciar a exploração, aumentando sua vulnerabilidade. Para saber mais sobre tráfico de pessoas, é possível acessar a cartilha Tráfico de Pessoas, Mercado de Gente. Segundo passo Para encerrar a atividade, é possível propor aos alunos uma pesquisa, a ser feita individualmente ou em grupo: Buscar entre os conhecidos, na internet ou outro meio de comunicação um caso de tráfico de pessoas: pode ser para trabalho escravo ou outras finalidades (exploração sexual, remoção de órgãos etc.). Peça aos alunos para identificarem, em relação ao caso pesquisado, os três momentos do tráfico de pessoas: aliciamento, deslocamento e exploração.