MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA

Documentos relacionados
:TELEFONICA BRASIL S.A. : JOSE ALBERTO COUTO MACIEL E OUTRO(A/S) :SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS :LEONI MARTINS DE FREITAS

NOTA TÉCNICA. O texto proposto traz a seguinte redação:

, de 24 de agosto de 2001, passa a vigorar com a seguinte redação:

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Colégio Recursal - Guarulhos Guarulhos-SP ACÓRDÃO

PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O (4ª Turma) GMCB/cml

TUTELA PROVISÓRIA NA RECLAMAÇÃO nº PERNAMBUCO RELATOR : MIN. CELSO DE MELLO RECLTE.(S) :MUNICIPIO DE GARANHUNS ADV.(A/S) :PROCURADOR-GERAL

16/04/2015 PLENÁRIO : MIN. TEORI ZAVASCKI

dos salários de contribuição, sem a incidência de limitadores, que deverão incidir apenas por ocasião do pagamento, em cada competência (tetos e

Parecer pelo conhecimento do conflito, para que seja declarada a competência da Justiça Federal.

DIREITO FINANCEIRO. Precatórios. Conceito de Precatório Parte - 2. Prof. Thamiris Felizardo

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA Nº 2702/ PGGB

EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

ESTADO DO RIO DE JANEIRO 9ª CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO CÍVEL/REEXAME NECESSÁRIO N

25/08/2015 SEGUNDA TURMA : MIN. TEORI ZAVASCKI ESPECIAIS DO ESTADO DO ACRE

QUINTA CÂMARA CÍVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA APELAÇÃO CIVEL Nº ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DA CAPITAL

Em revisão QUESTÃO DE ORDEM NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE DISTRITO FEDERAL VOTO-VISTA

Supremo Tribunal Federal

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA N.º 57/2018 AJT/SGJ/PGR Sistema Único n.º

: MIN. TEORI ZAVASCKI RECLTE.(S) :MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS FLORIANÓPOLIS SAÚDE E VIGILÂNCIA SANITÁRIA DE FLORIANÓPOLIS - AFLOVISA

PODER JUDICIÁRIO Justiça do Trabalho TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO

22/09/2015 SEGUNDA TURMA : MIN. DIAS TOFFOLI EMENTA

l llllll mil mil um mu mu um IIÍU MI mi

APELAÇÃO CÍVEL Nº /RS RELATOR : NICOLAU KONKEL JUNIOR APELANTE : MICHELE OBERSON DE SOUZA

Derrubada a suspensão dos processos do FGTS determinada pelo STJ

Referente às Petições n /2010, /2011, /2011 e /2011.

NOTA TÉCNICA nº 02/2015

O que é um precatório?

Ministério Público Federal Procuradoria-Geral da República

28/10/2014 PRIMEIRA TURMA : MIN. DIAS TOFFOLI EMENTA

Controle da Constitucionalidade

Conselho Nacional de Justiça DECISÃO

A reclamação não merece prosperar.

Supremo Tribunal Federal

Superior Tribunal de Justiça

Benefícios fiscais e seu equilíbrio instável

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO 3ª REGIÃO

: MIN. DIAS TOFFOLI : XXXXXXXXXXXXXXXXXX ADV.(A/S) : MARCELO ANTONIO RODRIGUES VIEGAS E

: MIN. DIAS TOFFOLI CONTAS DO ESTADO DE GOIÁS JUNTO AO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE GOIÁS

: MIN. DIAS TOFFOLI SÃO PAULO

:: e-proc - ::

Supremo Tribunal Federal

DECISÃO. ESPÓLIO DE JANIL DE SOUSA BARRETO e MARIA DE FATIMA DE ANDRADE GOMES, por si e representando o S 1

ARTIGO: O controle incidental e o controle abstrato de normas

: MIN. GILMAR MENDES CATARINA

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores LUCIANA BRESCIANI (Presidente) e RENATO DELBIANCO. São Paulo, 29 de março de 2019.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 10ª Câmara de Direito Público

TEMA 16: CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

O acórdão reclamado recebeu a seguinte ementa:

: MIN. MARCO AURÉLIO SÃO PAULO PAULO IMÓVEIS S/C LTDA DECISÃO

Ordem dos Advogados do Brasil Seção do Estado do Rio de Janeiro Procuradoria

: MIN. ALEXANDRE DE MORAES DESPACHO

INFORMATIVO STF 878. Sumário. 1 - Direito Processual Penal Fazenda Pública em Juízo Direito Processual Penal

DIREITO CONSTITUCIONAL

Supremo Tribunal Federal

O Ministro Relator deferiu o pedido de liminar e as informações foram prestadas pela autoridade reclamada.

REAJUSTE DAS APOSENTADORIAS E PENSÕES DOS SERVIDORES PÚBLICOS, APÓS A EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 41/03

30/06/2017 SEGUNDA TURMA : MIN. GILMAR MENDES

Supremo Tribunal Federal

Curso Resultado. Jurisprudência ordenada por matérias e assuntos Juizados

Supremo Tribunal Federal

: MIN. ALEXANDRE DE MORAES

RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº / DF

: : : Órgão Classe N. Processo

Supremo Tribunal Federal

4 PODER LEGISLATIVO 4.1 PERDA DOS MANDATOS DOS PARLAMENTARES CONDENADOS CRIMINALMENTE 14, 3º, II,

PROCESSO: RTOrd

Supremo Tribunal Federal

CATÁLOGO DE DECISÕES FAVORÁVEIS AGOSTO 2015

Supremo Tribunal Federal

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores TORRES DE CARVALHO (Presidente) e ANTONIO CELSO AGUILAR CORTEZ.

Supremo Tribunal Federal

TEMA 4: ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DO ESTADO BRASILEIRO

Superior Tribunal de Justiça

Procuradoria de Justiça de Interesses Difusos de Coletivos

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

Superior Tribunal de Justiça

: MIN. LUIZ FUX :CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS SERVIDORES PÚBLICOS-CNSP E OUTRO(A/S) :JÚLIO BONAFONTE :INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Superior Tribunal de Justiça

Conflito de Competência DF Dias Toffoli

Direito Financeiro Esquematizado

Juiz(a) de Direito: Dr(a). Bruna Acosta Alvarez

Matérias previdenciárias no Supremo Tribunal Federal: como chegar e como atuar

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

25/10/2012 PLENÁRIO : MIN. GILMAR MENDES

RECURSO EXTRAORDINÁRIO PARANÁ RELATOR : MIN. DIAS TOFFOLI

TEMA 14: CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

Supremo Tribunal Federal

Exmo. Sr. Presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo Desembargador IVAN RICARDO GARISIO SARTORI

Superior Tribunal de Justiça

Quintos seguem na pauta do STF, que tem quilombolas, terceirização e reservas

COMARCA DE PORTO ALEGRE 6ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA 1º JUIZADO PROCESSO Nº 001/ NATUREZA: IMPETRANTE: IMPETRADO:

Decisões do STF: efeitos vinculantes, efeitos expansivos e o CPC/2015

Supremo Tribunal Federal

RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO Rio DE JANEIRO

Superior Tribunal de Justiça

DIREITO CONSTITUCIONAL

Exclusão do ICMS e ISS da base de cálculo do PIS, COFINS, CPRB, IRPJ lucro presumido: repercussões das decisões do STJ e do STF Gustavo Brigagão

Supremo Tribunal Federal

Transcrição:

Nº 2544/2014 - PGGB RECLAMAÇÃO Nº 18.091/RO RECLTE RECLDO ADVOGADO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA : UNIÃO : JUIZ FEDERAL DA 6ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE RONDÔNIA : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS : ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO INTERESSADO: FRANCISCO CHAGAS DA SILVA ARAÚJO RELATOR : MINISTRO ROBERTO BARROSO - PLENÁRIO Reclamação. Correção monetária de débito da Fazenda Pública. Sentença que determinou a utilização do IPCA-E e da SELIC em substituição ao índice de remuneração da caderneta de poupança, previsto na Lei n. 9.494/97. Afronta ao quanto decidido cautelarmente pelo STF nas AADDI ns. 4357 e 4425/DF. A União ajuizou reclamação contra decisão do Juízo da 6ª Vara do Juizado Especial Federal de Rondônia, que determinou a incidência de juros e correção monetária de débito fazendário segundo índices distintos dos previstos na Lei n. 9.494/97. No dispositivo se lê: ( ) Deverão incidir sobre os valores atrasados a atualização monetária pelo IPCA-E até o ajuizamento da ação e, a partir de então, incidência de juros e correção monetária pela taxa SELIC.

A reclamação sustenta que a sentença, ao determinar a adoção do IPCA-E como índice de correção monetária, afrontou a autoridade da medida cautelar deferida nos autos da ADI n. 4357/DF. Afirma que o Supremo Tribunal Federal determinou a adoção, até a modulação dos efeitos da citada ação de controle concentrado, da sistemática anteriormente aplicável ao pagamento de precatórios. Alega, ainda, que a decisão reclamada usurpou a competência da Suprema Corte para modular os efeitos de suas decisões. - II - O Supremo Tribunal Federal, ao julgar, em conjunto, as AADDI ns. 4357 e 4425/DF, declarou a inconstitucionalidade parcial do 12 do art. 100 da CF e, por arrastamento, do art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, na redação dada pela Lei n. 11.960/09. O acórdão da ADI n. 4425/DF tem a seguinte redação: DIREITO CONSTITUCIONAL. REGIME DE EXECUÇÃO DA FAZENDA PÚBLICA MEDIANTE PRECATÓRIO. ( ) IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DA UTILIZAÇÃO DO ÍNDICE DE REMUNERAÇÃO DA CADERNETA DE POUPANÇA COMO CRITÉRIO DE CORREÇÃO MONETÁRIA. VIOLAÇÃO AO DIREITO FUNDAMENTAL DE PROPRIEDADE (CF, ART. 5º, XXII). INADEQUAÇÃO MANIFESTA ENTRE MEIOS E FINS. INCONSTITUCIONALIDADE DA UTILIZAÇÃO DO RENDIMENTO DA CADERNETA DE POUPANÇA COMO ÍNDICE DEFINIDOR DOS JUROS MORATÓRIOS DOS CRÉDITOS INSCRITOS EM PRECATÓRIOS, QUANDO ORIUNDOS DE RELAÇÕES JURÍDICO-TRIBUTÁRIAS. DISCRIMINAÇÃO ARBITRÁRIA E VIOLAÇÃO À ISONOMIA ENTRE DEVEDOR PÚBLICO E DEVEDOR PRIVADO (CF, ART. 5º, CAPUT). (...) 5. A atualização monetária dos débitos fazendários inscritos em precatórios segundo o índice oficial de 2

remuneração da caderneta de poupança viola o direito fundamental de propriedade (CF, art. 5º, XXII) na medida em que é manifestamente incapaz de preservar o valor real do crédito de que é titular o cidadão. A inflação, fenômeno tipicamente econômico-monetário, mostra-se insuscetível de captação apriorística (ex ante), de modo que o meio escolhido pelo legislador constituinte (remuneração da caderneta de poupança) é inidôneo a promover o fim a que se destina (traduzir a inflação do período). 6. A quantificação dos juros moratórios relativos a débitos fazendários inscritos em precatórios segundo o índice de remuneração da caderneta de poupança vulnera o princípio constitucional da isonomia (CF, art. 5º, caput) ao incidir sobre débitos estatais de natureza tributária, pela discriminação em detrimento da parte processual privada que, salvo expressa determinação em contrário, responde pelos juros da mora tributária à taxa de 1% ao mês em favor do Estado (ex vi do art. 161, 1º, CTN). Declaração de inconstitucionalidade parcial sem redução da expressão independentemente de sua natureza, contida no art. 100, 12, da CF, incluído pela EC nº 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, sejam aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário. 7. O art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com redação dada pela Lei nº 11.960/09, ao reproduzir as regras da EC nº 62/09 quanto à atualização monetária e à fixação de juros moratórios de créditos inscritos em precatórios incorre nos mesmos vícios de juridicidade que inquinam o art. 100, 12, da CF, razão pela qual se revela inconstitucional por arrastamento, na mesma extensão dos itens 5 e 6 supra. (ADI n. 4425/DF, Rel. para o acórdão o Ministro Luiz Fux, DJe 18.12.2013). 3

A leitura do acórdão permite concluir que o Supremo Tribunal rejeitou a utilização do índice de remuneração da caderneta de poupança como critério de correção monetária dos débitos fazendários, bem como vedou a aplicação dos juros da poupança para compensação da mora, no caso de débitos fazendários de natureza tributária. Enquanto não se delibera, na Corte, sobre a modulação dos efeitos da decisão, o Ministro Luiz Fux concedeu medida cautelar, determinando que os Tribunais de Justiça continuem realizando o pagamento de precatórios segundo os procedimentos adotados anteriormente ao julgamento das ações diretas em comento. A medida foi referendada pelo Tribunal Pleno (DJe 8.11.2013), apresentando a seguinte redação: (...) A decisão do Plenário do Supremo Tribunal Federal reconheceu a inconstitucionalidade parcial da Emenda Constitucional nº 62/09, assentando a invalidade de regras jurídicas que agravem a situação jurídica do credor do Poder Público além dos limites constitucionalmente aceitáveis. Sem embargo, até que a Suprema Corte se pronuncie sobre o preciso alcance da sua decisão, não se justifica que os Tribunais Locais retrocedam na proteção dos direitos já reconhecidos em juízo. Carece de fundamento, por isso, a paralisação de pagamentos noticiada no requerimento em apreço. Destarte, determino, ad cautelam, que os Tribunais de Justiça de todos os Estados e do Distrito Federal deem imediata continuidade aos pagamentos de precatórios, na forma como já vinham realizando até a decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal em 14/03/2013, segundo a sistemática vigente à época, respeitando-se a vinculação de receitas para fins de quitação da dívida pública, sob pena de sequestro. (...) (Ministro Luiz Fux, DJe 15.4.2013, grifos acrescidos). 4

O sentido e alcance dessa medida cautelar está exposto em decisão monocrática do Ministro Teori Zavascki: Essa medida cautelar, deferida pelo relator, foi ratificada pelo Plenário da Corte na sessão de julgamento de 24/10/2013, a significar que, enquanto não revogada, continua em vigor o sistema de pagamentos de precatórios na forma como vinham sendo realizados, não tendo eficácia, por enquanto, as decisões de mérito tomadas pelo STF nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade 4357 e 4425. [grifos acrescidos] (Ministro Teori Zavascki, decisão liminar na Rcl n. 16.707/DF) A fixação de índice de correção monetária diverso daquele previsto no art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, portanto, afronta a decisão cautelar tomada pelo Supremo Tribunal Federal nas AADDI ns. 4357 e 4425/DF. Isso é o que também afirmou o eminente Ministro Celso de Mello, ao apreciar pedido cautelar em caso análogo: Possível, desse modo, enquanto não sobrevier definitiva decisão plenária do Supremo Tribunal Federal sobre a modulação temporal de eficácia do julgamento declaratório de inconstitucionalidade proferido nos processos de ação direta já referidos, extrair-se a premissa, sustentada pela parte reclamante, segundo a qual a fixação de índices diversos daqueles vigentes em momento que precedeu ao julgamento das ADIs 4357/DF, 4.372/DF e 4425/DF, para efeito de atualização monetária, remuneração do capital e compensação da mora, tratando-se de condenações impostas à Fazenda Pública por sentenças irrecorríveis, transgrediria a autoridade do julgado ora invocado como parâmetro de confronto. [grifos acrescidos] (Rcl n. 18469-MC/DF, Rel. Ministro Celso de Mello, DJe 9.9.2014). A mesma inteligência tem sido prestigiada por vários eminentes Ministros do Supremo Tribunal Federal, como se vê dessas recentes decisões monocráticas: Rcl n. 18093-MC/DF, Rel. Ministro Marco Aurélio, DJe 5

28.8.2014; Rcl n. 17.951-MC/DF, Rel. Ministro Dias Toffoli, DJe 1º.8.2014 (relator deste feito); Rcl n. 17.342-MC/DF, Rel. Ministro Gilmar Mendes, DJe 3.6.2014; e Rcl n. 17.506-MC/DF, Rel. Ministra Cármen Lúcia, DJe 2.4.2014. A circunstância de a decisão reclamada ter sido adotada na fase de conhecimento, não afasta a ofensa à medida cautelar concedida pelo STF. Ao declarar a inconstitucionalidade, sem redução de texto, do art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, a Suprema Corte assentou que o índice de remuneração da poupança é manifestamente incapaz de preservar o valor real do crédito de que é titular o cidadão. Não se depreende do julgado que a Corte Suprema tenha limitado a extensão da inconstitucionalidade apenas à correção monetária dos débitos da Fazenda Pública já inscritos em precatórios. A sentença que adota índice de correção, no processo de conhecimento, distinto daquele admitido, pelo STF, para pagamento por meio de precatório, colide com o que o Supremo Tribunal Federal estabeleceu. Afinal é esse comando da sentença que informará o conteúdo do precatório. O parecer é pela procedência da reclamação, cassando-se o acórdão quanto ao índice de correção monetária aplicado ao débito fazendário. Brasília, 1º de outubro de 2014. Paulo Gustavo Gonet Branco Subprocurador-Geral da República 6