: MIN. MARCO AURÉLIO SÃO PAULO PAULO IMÓVEIS S/C LTDA DECISÃO

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1 RECLAMAÇÃO SÃO PAULO RELATOR RECLTE.(S) PROC.(A/S)(ES) RECLDO.(A/S) INTDO.(A/S) INTDO.(A/S) : MIN. MARCO AURÉLIO :MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO :PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO :TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO :SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS :GALVANIZAÇÃO ZINCANELE LTDA-ME :SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS :RADAR ADMINISTRADORA E LOCADORA DE IMÓVEIS S/C LTDA : JAIR GONÇALES GIMENEZ E OUTRO(A/S) DECISÃO AÇÃO CIVIL PÚBLICA HONORÁRIOS PERICIAIS ADIANTAMENTO PELO AUTOR ADMISSIBILIDADE NA ORIGEM ARTIGO 18 DA LEI Nº 7.347/85 AFASTAMENTO POR ÓRGÃO FRACIONADO RESERVA DE COLEGIADO VERBETE VINCULANTE Nº 10 DA SÚMULA DO SUPREMO PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. 1. Eis as informações prestadas pelo Gabinete: Em 12 de março de 2013, Vossa Excelência deferiu a medida acauteladora nos seguintes termos: AÇÃO CIVIL PÚBLICA HONORÁRIOS PERICIAIS ADIANTAMENTO PELO AUTOR ADMISSIBILIDADE NA ORIGEM ARTIGO 18 DA LEI Nº

2 7.347/85 AFASTAMENTO POR ÓRGÃO FRACIONADO RESERVA DE COLEGIADO VERBETE VINCULANTE Nº 10 DA SÚMULA DO SUPREMO PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. 1. O Procurador-Geral de Justiça e o Procurador de Justiça da Procuradoria de Interesses Difusos e Coletivos do Ministério Público do Estado de São Paulo sustentam haver a Câmara Reservada ao Meio Ambiente do Tribunal de Justiça do mencionado Estado, no julgamento do Agravo de Instrumento nº , na Ação Civil Pública nº 668/2005, desrespeitado o teor do Verbete Vinculante nº 10 da Súmula do Supremo. Segundo narram, o Órgão reclamado acabou por impor ao Ministério Público paulista a satisfação dos honorários periciais relativos à prova técnica requerida na citada ação civil pública. Dizem da interposição de recurso especial contra o acórdão, ainda pendente de apreciação. Argumentam que o Colegiado, sem observar a cláusula da reserva de plenário prevista no artigo 97 da Carta de 1988, afastou a aplicação do artigo 18 da Lei nº 7.347/85, sob o fundamento de não ser possível exigir que o profissional nomeado pelo juízo de primeiro grau realize os trabalhos periciais sem receber a devida remuneração. Evoca as decisões monocráticas proferidas nas Reclamações nº /RS, da relatoria da ministra Ellen Gracie, e nº /RS, da relatoria da ministra Cármen Lúcia, nas quais haveria sido adotada a óptica que defende. Postula o implemento de liminar para suspender o acórdão formalizado no aludido agravo de instrumento. No mérito, busca a cassação do ato. 2

3 2. O artigo 18 da Lei nº 7.347/85 preceitua que, nas ações versadas no diploma, inexistirá adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da associação autora, salvo comprovada má-fé, em honorários de advogado, custas e despesas processuais. Nota-se haver sido afastado o mencionado dispositivo, sem a instauração do incidente de inconstitucionalidade, olvidando o Órgão o disposto no artigo 97 da Constituição Federal e retratado no Verbete Vinculante nº 10 da Súmula do Supremo: Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte. 3. Defiro a liminar para suspender, até a decisão final desta reclamação, a eficácia do acórdão da Câmara Reservada ao Meio Ambiente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo concernente ao Agravo de Instrumento nº Deem ciência, via postal, desta reclamação aos interessados e solicitem informações. Com o recebimento, colham o parecer da Procuradoria Geral da República. 5. Publiquem. A interessada manifestou-se, em 3 de maio de 2013, pela suspensão da reclamação, por estar sobrestado o processo na origem. Informou haver contratado a sociedade empresária CGuedes Ambiental & Engenharia para a verificação da existência ou não de danos ambientais. 3

4 O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, nas informações, discorreu sobre a dificuldade prática concernente à realização da prova pericial sem a antecipação do pagamento dos honorários. Disse caber ao autor o custeio da perícia, além de não estar configurado, no caso, o alegado desrespeito ao Verbete Vinculante nº 10 da Súmula do Supremo. O Ministério Público Federal argui a ilegitimidade do órgão estadual, considerada a exclusividade do Procurador- Geral da República para atuar perante o Supremo. Opina, no mérito, pela procedência do pedido. 2. De início, assento já haver o Pleno do Tribunal consignado a legitimidade do Ministério Público estadual para formalizar reclamação no Supremo, sendo desnecessária a ratificação pelo Procurador-Geral da República. Precedente: Reclamação nº 7.358/SP, relatora ministra Ellen Gracie. Eis a ementa redigida, publicada no Diário da Justiça eletrônico de 3 de junho de 2011: RECLAMAÇÃO. ILEGITIMIDADE ATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL. INICIAL RATIFICADA PELO PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA. AFASTAMENTO DA INCIDÊNCIA DO ART. 127 DA LEP POR ÓRGÃO FRACIONÁRIO DE TRIBUNAL ESTADUAL. VIOLAÇÃO DA SÚMULA VINCULANTE 9. PROCEDÊNCIA. 1. Inicialmente, entendo que o Ministério Público do Estado de São Paulo não possui legitimidade para propor originariamente Reclamação perante esta Corte, já que incumbe ao Procurador- Geral da República exercer as funções do Ministério Público junto ao Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 46 da Lei Complementar 75/93 (Rcl 4453 MC-AgR-AgR/SE, de minha relatoria, DJe 059, ). 2. Entretanto, a ilegitimidade ativa foi corrigida pelo Procurador-Geral da República, que ratificou a petição inicial e assumiu a iniciativa da demanda. 3. Entendimento original da relatora foi superado, por maioria de votos, para reconhecer a legitimidade ativa autônoma do 4

5 Ministério Púbico Estadual para propor reclamação. [...] Consigno, ainda, a inadequação do requerimento de suspensão do processo formulado pela ora interessada. É que não prejudica a sequência da reclamação a eventual produção de outras provas na origem. A medida busca tão somente evitar que venha a ser atribuído ao Ministério Público o ônus de custear a realização de perícia. No mérito, tenho por pertinentes as mesmas razões que veiculei ao deferir a liminar. Havendo dispositivo expresso na Lei nº 7.347/85, descabe a aplicação subsidiária das normas do Código de Processo Civil, no que se revela, na espécie, o afastamento do artigo 18 do mencionado diploma sem observância ao teor do Verbete Vinculante nº 10 da Súmula do Supremo. 3. Ante o quadro, julgo procedente o pedido formulado nesta reclamação para cassar o acórdão formalizado, no Agravo de Instrumento nº , pela Câmara Reservada ao Meio Ambiente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. 4. Publiquem. Brasília, 15 de dezembro de Ministro MARCO AURÉLIO Relator 5