DIREITO EMPRESARIAL Prof. Maurício Andrade Guimarães

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Transcrição:

DIREITO EMPRESARIAL Prof. Maurício Andrade Guimarães Matéria: Obrigações do empresário: O Regime Empresarial Registro: matrícula, arquivamento e autenticação Órgãos de Atuação: DNRC e Junta Comercial Escrituração: princípios, métodos, livros Balanço Patrimonial 1. O Regime Empresarial São as obrigações do empresário - Registro (art. arts. 1.150 a 1.154 do Código Civil) - Escrituração (arts. 1.179 a 1.195 do Código Civil) - Balanço Patrimonial Periódico 2. O Registro Art. 967 do CC. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade. Lei n. 8.934/1994 disciplina o registro de empresas mercantis e atividades afins Órgãos Responsáveis pelo registro: DNRC Departamento Nacional de Registro do Comércio (âmbito Federal) Competência Fiscalizatória e Normativa Junta Comercial (âmbito Estadual) Competência Executória Consequências da Falta de Registro: Responsabilidade ilimitada pelas obrigações da empresa Ilegitimidade para requerer a falência de outro empresário Não poderá requerer a recuperação judicial Nome Empresarial - ausência de proteção jurídica

3. Atos do Registro MATRÍCULA: somente para alguns profissionais (leiloeiros, intérpretes, administradores de armazéns gerais) ARQUIVAMENTO AUTENTICAÇÃO 3.a ARQUIVAMENTO Arquivamento dos atos Compreende os documentos relativos à constituição, alterações, dissolução e extinção de firmas mercantis individuais e sociedades empresárias. Art. 985 do CCivil: A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registro próprio e na forma da lei, dos seus atos constitutivos (arts. 45 e 1.150). Quando requerer o arquivamento do ato na Junta Comercial? Até 30 dias da data da sua assinatura Se descumprir o prazo de 30 dias, o ato somente terá efeito jurídico a contar da data do seu arquivamento na Junta Comercial. Inatividade da Empresa: 10 anos sem arquivar nenhum documento na junta comercial Cancelamento automático do registro da empresa 3.b AUTENTICAÇÃO Os livros (instrumentos de escrituração) devem ser autenticados pelas Juntas Comerciais para garantir sua veracidade. Valor probante dos livros autenticados Tentativa de evitar eventuais adulterações 3.c ESCRITURAÇÃO: Art. 1.179 do Código Civil. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico.

PRINCÍPIOS DA ESCRITURAÇÃO: - Princípio da Fidelidade: a escrituração deve corresponder à realidade Visa manter a confiabilidade dos lançamentos Art. 1.183 do CCivil. A escrituração será feita em idioma e moeda corrente nacionais e em forma contábil, por ordem cronológica de dia, mês e ano, sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borrões, rasuras, emendas ou transportes para as margens. -Princípio do Sigilo: exceto para o fisco e por ordem judicial Art. 1.190 do CCivil. Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob qualquer pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresário ou a sociedade empresária observam, ou não, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas em lei. Art. 1.191 do CCivil. O juiz só poderá autorizar a exibição integral dos livros e papéis de escrituração quando necessária para resolver questões relativas a sucessão, comunhão ou sociedade, administração ou gestão à conta de outrem, ou em caso de falência. -Princípio da Uniformidade Temporal: uniformidade de método contábil para a escrituração, apesar do decurso do tempo. LIVROS: Espécies de Livros: - Obrigatório: LIVRO DIÁRIO Art. 1.184 do C. Civil. No Diário serão lançadas, com individuação, clareza e caracterização do documento respectivo, dia a dia, por escrita direta ou reprodução, todas as operações relativas ao exercício da empresa. - Facultativos: Livro Razão - No livro Razão, ao invés de fazer o lançamento pelo dia da operação, os lançamentos são feitos pelas contas a que dizem respeito. Livro CAIXA: registra qualquer entrada e saída de dinheiro

FORÇA PROBATÓRIA DA ESCRITURAÇÃO: Art. 226 do Código Civil. Os livros e fichas dos empresários e sociedades provam contra as pessoas a que pertencem, e, em seu favor, quando, escriturados sem vício extrínseco ou intrínseco, forem confirmados por outros subsídios. Parágrafo único. A prova resultante dos livros e fichas não é bastante nos casos em que a lei exige escritura pública, ou escrito particular revestido de requisitos especiais, e pode ser ilidida pela comprovação da falsidade ou inexatidão dos lançamentos. OBSERVAÇÕES: - Regra Geral: a escrituração é obrigatória (art. 1.179 do Código Civil) - Agentes Fiscais e Previdenciários: - Súmula 439 do STF: Estão sujeitos a fiscalização tributária ou previdenciária quaisquer livros comerciais, limitado o exame aos pontos objeto da investigação. - Livros Autenticados meio de prova contra e a favor do empresário - Responsabilidade técnica pela elaboração do livro empresarial contador - Responsabilidade pela conservação do livro empresarial empresário - Lei de Falências Crime: Art. 178 da Lei de Falências. Deixar de elaborar, escriturar ou autenticar, antes ou depois da sentença que decretar a falência, conceder a recuperação judicial ou homologar o plano de recuperação extrajudicial, os documentos de escrituração contábil obrigatórios: Pena detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa, se o fato não constitui crime mais grave. 4. BALANÇO PATRIMONIAL: CONCEITO: É levantamento do ativo e do passivo, bem como a demonstração dos resultados da empresa. Art. 1.179 do Código Civil. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. Regra Geral: o balanço deve ser feito anualmente Exceção (balanço semestral) Sociedades Anônimas Instituições Financeiras

O empresário é livre para escolher o período anual ou ele deve corresponder ao ano civil? O empresário é totalmente livre para escolher o período de exercício da sua demonstração contábil. (Ex.: 01/julho a 30/junho) Exceção à Regra: as Instituições Financeiras tem obrigação de fazer o balanço patrimonial e de resultado todo dia 30 de junho e 31 de dezembro (balanço semestral com data fixa) CODIGO TRIBUTARIO NACIONAL CTN Art. 195 do CTN. Para os efeitos da legislação tributária, não tem aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibilos. Parágrafo Único: Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrente das operações a que se refiram