Entidade: Sociedade Unificada de Ensino Superior Augusto Motta/SUAM



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Tribunal de Contas da União Número do documento: AC-0064-08/00-2 Identidade do documento: Acórdão 64/2000 - Segunda Câmara Ementa: Tomada de Contas Especial. Subvenção Social. MBES. Sociedade Unificada de Ensino Superior Augusto Motta. Alocação indevida e ilegal de recursos. Uso de notas fiscais inidôneas. Emissão de cheques a pessoas sem vínculo com a instituição. Valores dos recursos recebidos incompatíveis com os aplicados. Inconsistências dos documentos relativos a concessões de bolsas de estudo. Alegações de defesa já rejeitadas. Apresentação de novos elementos de defesa insuficientes para comprovar a regular aplicação dos recursos. Solicitação de sobrestamento do processo ante Ação de Prestação de Contas em tramitação no Poder Judiciário. Contas irregulares. Débito. Remessa de cópia ao MPU. - Independência jurídica do TCU. Considerações. Grupo/Classe/Colegiado: Grupo I - CLASSE II - 2ª Câmara Processo: 575.452/1995-1 Natureza: Tomada de Contas Especial Entidade: Sociedade Unificada de Ensino Superior Augusto Motta/SUAM Interessados: Responsáveis: espólio de Augusta da Motta Moraes e Arapuan Medeiros da Motta Dados materiais: ATA 08/2000 DOU de 27/03/2000 INDEXAÇÃO Tomada de Contas Especial; Subvenção Social; MBES; Ensino; Educação; Instituição de Ensino Superior; Recursos Públicos; Movimentação de Recursos; Responsabilidade Solidária; Documento;

Cheque; Bolsa de Estudo; Ação Judicial; Jurisdição do TCU; Competência do TCU; Poder Judiciário; Independência Jurídica; Instância; Sumário: Tomada de Contas Especial. Subvenção social concedida pelo extinto Ministério do Bem-Estar Social à SUAM. Irregularidades na aplicação dos recursos transferidos. Citação. Rejeição das alegações de defesa (Decisão 077/99/2ªC/Ata 13/99). Apresentação de elementos adicionais de defesa que não lograram comprovar que os recursos repassados foram aplicados nos objetivos pretendidos. Contas julgadas irregulares e em débito os responsáveis. Autorização para a cobrança judicial da dívida, caso não atendida a notificação. Remessa das cópias pertinentes ao Ministério Público da União. Relatório: Cuidam os autos da Tomada de Contas Especial de responsabilidade solidária do espólio de Augusta da Motta Moraes e do Sr. Arapuan Medeiros da Motta, em virtude de irregularidades constatadas na aplicação dos recursos repassados pelo extinto Ministério do Bem-Estar Social, por força da Subvenção Social nº 054299/SIAFI, constante do Orçamento da União de 1990, para aplicação na Faculdade de Reabilitação da Sociedade Unificada de Ensino Superior Augusto Motta/SUAM, no valor de Cr$ 8.500.000,00 (oito milhões e quinhentos mil cruzeiros), em 14/08/90, para concessão de bolsas de estudos. Ressalto, preliminarmente, que a SUAM é mantenedora das Faculdades Integradas Augusto Motta (Faculdade de Ciências Humanas, Letras e Artes; Educação; Engenharia; Reabilitação; Comunicação Social e Estudos Sociais Aplicados) e responsável pela contabilidade de todas as faculdades retromencionadas, autorizando e efetuando os pagamentos relativos às suas despesas. Em auditoria realizada por esta Corte de Contas foi constatado: a) que, em relação ao exercício de 1990, a contabilidade da Entidade registrou apenas parte do montante total recebido a título de subvenção social; b) que, apesar de a Entidade ter alegado que aplicou a totalidade dos recursos recebidos na concessão de bolsas de estudo, apresentou, somente, como comprovantes das despesas, processos constando apenas os nomes dos alunos que teriam sido beneficiados, não constando desses processos quaisquer informações sobre: documento que comprove que os recursos se destinavam para as aplicações a que foram direcionadas; o período da aplicação; o valor de cada bolsa concedida; e o período de

concessão de cada bolsa; c) que, " (...) Considerando que cada estudante constante das relações tenha recebido bolsa integral no período indicado, o total dos recursos seria suficiente para conceder aproximadamente 2.790 bolsas de estudo (fls. 8). Contabilizando o total de nomes informados chega-se a 1.592, apresentando assim, uma diferença de 1.195 bolsas que teoricamente poderiam ter sido concedidas à conta dos recursos recebidos. Como não contabilizamos os rendimentos de aplicações financeiras e considerando que nem todos os estudantes receberam bolsas integrais (fls. 52/53), acreditamos que as relações fornecidas apresentam alto grau de fragilidade, não podendo ser consideradas documentos hábeis para a comprovação de despesas efetuadas com os recursos recebidos" (fls. 36/37). Regularmente, instados, mediante citação, a recolherem o débito ou apresentarem alegações de defesa, os responsáveis limitaram-se a alegar, em síntese, que a prestação de contas foi feita "na época própria e devida conforme provará com documentos necessários" e que a SUAM intentou Ação de Prestação de Contas perante o Juízo da 6ª Vara Federal; e solicitaram a suspensão da presente TCE "até trânsito em julgado do processo de prestação de contas já ajuizado". Tais alegações de defesa foram rejeitadas por esta Corte de Contas, por serem consideradas insuficientes para descaracterizar as irregularidades constatadas (Decisão 077/1999 2ªCâmara Ata 13/99, fl. 83). Cientificados de que suas alegações de defesa haviam sido rejeitadas por este Colegiado, os responsáveis interpuseram Embargos de Declaração contra o decisum supra, que foram conhecidos por esta Câmara, e, no mérito, não providos, uma vez comprovada a inexistência da alegada omissão (Decisão nº 166/99-TCU - 2ª Câmara Ata 24/99 - fl. 4-TC-ref.). Cientes da negativa de provimento dos Embargos, os responsáveis, por intermédio de representante legalmente constituído, após expirado o prazo de 15 dias para o recolhimento do débito, retornam aos autos com peças idênticas (fls. 88/126), requerendo, alternativamente, o reexame de toda a matéria, bem como a reconsideração da Decisão que negou provimento aos Embargos, com o objetivo de suspender a tomada de contas especial que tramita neste Tribunal, até o trânsito em julgado da ação de Prestação de Contas intentada junto a 6ª Vara Federal/RJ. A SECEX/RJ, após análise dos autos, emitiu nova instrução, com o

seguinte teor (fls. 127/130): "3.1. Quando citados para apresentarem alegações de defesa, os responsáveis apenas alegaram que prestaram contas na época própria e devida e que, ante a divulgação na imprensa do caso, intentaram ação própria denominada "Ação de Prestação de Contas", motivo pelo qual solicitaram a suspensão deste processo (fls. 50/53). 3.2.O Voto (fls. 81) do Exmo do Ministro-Relator na Decisão nº 077/99 (fls. 83), que rejeitou as alegações de defesa, observou o princípio da independência das instâncias do Poder Judiciário e do Tribunal de Contas da União e ressaltou a competência desta Corte, estabelecida no art. 71, inciso II, da Constituição Federal, para indeferir o pedido de sobrestamento dos autos. 3.3.Diante do pedido de reconsideração da Decisão que negou provimento aos Embargos em razão da rejeição das alegações de defesa, percebe-se que os responsáveis pretendem apenas postergar a ação desta Casa no cumprimento de suas atribuições constitucionais, visto que o pedido é, na verdade, um artifício inoportuno usado pela defesa, de caráter meramente protelatório, visando sobrestar o julgamento das contas até o trânsito em julgado da ação de prestação de contas em trâmite na 6ª Vara Federal/RJ. 3.4.Dessa forma, considerando que não cabe recurso da Decisão que rejeitou as alegações de defesa pelo que determina o 1º, art. 23, da Resolução TCU nº 36/95, e que o referido pedido de suspender a presente tomada de contas especial é irreverente e incabível, concluiu-se que a documentação de fls. 88/126 deveria ser recebida como novos elementos de defesa para, de acordo com o 2º, art. 23, da referida Resolução, serem examinadas quando do julgamento das contas. 3.5.Cumpre ressaltar que, não haverá prejuízo processual para os interessados, na medida que poderão, ainda, vir a interpor recurso, cujo conhecimento dependerá do cumprimento dos respectivos requisitos de admissibilidade previstos na Lei nº 8.443/92 e no Regimento Interno do Tribunal de Contas da União. 4.DOS NOVOS DOCUMENTOS 4.1.Segundo os responsáveis, a prestação de contas detalhando todos os gastos que a Instituição fez foi elaborada, minuciosamente, em três relatórios: Demonstração das Origens e Aplicações dos Recursos; Demonstrativo Consolidado dos Gastos Mensais (atividades filantrópicas, atendimento à Comunidade, alunos, funcionários e dependentes); Listagem

separando as atividades filantrópicas em atendimento à comunidade e bolsas de estudo, indicando o curso ministrado, nome do aluno beneficiado e valor do curso (fls. 89 e 109). 4.2.Salientam que todos os recursos recebidos no período de 1/1/89 a 31/12/93, a título de subvenção social, no valor total de NCz$/Cr$ 4.764.330,00, foram aplicados em bolsas de estudo, oferecidas semestralmente, atendendo principalmente a alunos carente e em programas institucionais como: Coordenação, Projeto e Desenvolvimento Educacionais; Assistência Médica; Assistência Jurídica; Programa de Alimentação de Trabalhador; Serviços Gráficos; Apoio à Licenciatura; Investimento/despesas; Crédito Educativo; Depósitos Judiciais; e Defasagem de Mensalidades (fls. 89/92 e 109/112). 4.3.A afirmação acima ratifica o desvio de finalidade na aplicação dos recursos recebidos a título de subvenção social, haja vista o que estabelece o art. 69, do Decreto nº 93.872/86, quanto à utilização dos mesmos somente com despesas de custeio. 4.4.Objetivando uma análise mais detalhada, encaminham 14 (quatorze) demonstrativos dos recursos recebidos e dos gastos com atividades (fls. 94/107 e 114/126), no período de 01/1/89 a 31/12/93, assim discriminados: anexo I e VIII: subvenções recebidas em NCz$/Cr$ e US$; anexo II e IX: bolsas de estudo em NCz$/Cr$ e US$; anexo III e X: atendimento à comunidade/gratuidades em NCz$/Cr$ e US$; anexo IV e XI: investimentos/despesas em NCz$/Cr$ e US$; anexo V e XII: crédito educativo em NCz$/Cr$ e US$; anexo VI e XII: depósitos judiciais em NCz$/Cr$ e US$; anexo VII e XIV: defasagem de mensalidades em NCz$/Cr$ e US$. 5.DA ANÁLISE 5.1.Esta tomada de contas especial foi instaurada pela Secretaria de Controle Interno do Ministério do Bem-estar Social (fls. 30/31), devido à irregularidade na aplicação de recurso no valor de Cr$ 8.500.000,00 (oito milhões e quinhentos mil cruzeiros) repassado a título de subvenção social nº 054299 (fls. 11), pelo extinto Ministério do

Bem-Estar Social à Sociedade Unificada de Ensino Superior Augusto Motta-SUAM/RJ. 5.2.O balancete financeiro (fls. 03) atesta que o valor de Cr$ 8.500.000,00 (oito milhões e quinhentos mil cruzeiros) foi totalmente aplicado na concessão de bolsas, apresentando apenas como documento probatório dessa despesa, apenas uma relação com 225 (duzentos e vinte e cinco) nomes de alunos matriculados no curso de Fisoterapia e Terapia Ocupacional (fls. 5/7), dos quais 220 (duzentos e vinte) teriam se beneficiado com bolsas no valor de Cr$ 38.225,00 (trinta e oito mil e duzentos e vinte e cinco cruzeiros) e 05 (cinco) no valor de Cr$ 18.100,00 (dezoito mil, e cem cruzeiros). Esta é uma declaração inverossímel, considerando que no anexo II (fls. 95 e 105) a SUAM teria aplicado em concessão de bolsas de estudo, no exercício de 1990, o valor total de Cr$ 5.676.379,00 (cinco milhões, seiscentos e setenta e seis mil, trezentos e setenta e nove cruzeiros). 5.3Os responsáveis declaram (fls. 91 e 111) que as bolsas de estudo eram oferecidas semestralmente. Neste caso, se bolsas foram concedidas, isto ocorreu no período de setembro a dezembro de 1990, tendo em vista que o recurso no valor de Cr$ 8.500.000,00 (oito milhões e quinhentos mil cruzeiros) foi repassado à SUAM em 14/08/90 (OB000134-fls. 19) e a prestação de contas (fls. 1), que deveria comprovar a realização da despesa, está datada de 17 de janeiro de 1991. 5.4No documento elaborado pela entidade e entregue a equipe de auditora (TC-575.630/93-0, vol. I, fls. 2/5) discriminado, de acordo com os valores das mensalidades, os cursos por grupo (Grupo I: Engenharia Civil, Terapia Ocupacional e Fisioterapia; e Grupo II: demais cursos), as mensalidades do curso de Fisioterapia, referentes aos meses de setembro a dezembro de 1990 (considerando as datas mencionadas no parágrafo anterior), totalizam o valor de Cr$ 26.816,84 (vinte e seis mil oitocentos e dezesseis cruzeiros e oitenta e quatro centavos), logo, de acordo com a relação nominal citada no item 5.2, a SUAM teria concedido bolsas de estudo com mais de 100% de desconto a 220 alunos. 5.5.De acordo com o anexo I (fls. 94 e 114) a Entidade teria recebido no exercício de 1990, recursos a título de subvenção social no valor total de Cr$ 241.330.000,00, todavia, de acordo com os processos de tomada de contas especial que tramitam neste Tribunal, foram repassados à SUAM, no referido exercício, recursos no total de Cr$ 272.000.000,00. 5.6.O quadro abaixo relaciona os 36 (trinta e seis) processos de tomadas de contas especial instauradas em cumprimento da Decisão nº 487/94-Plenário, em decorrência de impropriedades constatadas, quando

da auditoria realizada na Sociedade Unificada de Ensino Superior Augusto Motta - SUAM, relativas às subvenções sociais recebidas pela entidade: TC nº Subvenção Social nº Orgão repassador Valor - Cr$ Data do repasse 575.182/96-2 015145 MBES 50.000.000,00 31/07/91 575.190/96-5 014890 * 120.000.000,00 31/07/91 575.401/95-8 036260 MAS 1.600.000.000,00 23/07/92 575.402/95-4 014871 MAS 80.000.000,00 31/07/91 575.403/95-0 014882 MBES 70.000.000,00 31/07/91 575.408/95-2 015144 MBES 60.000.000,00 31/07/91 575.429/95-0 054288 MBES 30.000.000,00 26/12/90 575.441/95-0 014888 MBES 50.000.000,00 31/07/91 575.448/95-4 054309 MBES 8.500.000,00 14/08/90 575.449/95-0 054282 MBES 13.000.000,00 14/08/90 575.450/95-9 054306 MBES 8.500.000,00 14/08/90 575.451/95-5 054315 MBES 30.000.000,00 26/12/90 575.452/95-1 054299 MBES 8.500.000,00 14/08/90 575.463/95-3 014886 MBES 60.000.000,00 31/07/91 575.464/95-0 035469 MAS 1.700.000.000,00 23/06/92 575.488/95-6 054310 MBES 9.500.000,00 14/08/90 575.489/95-2 ** 8.500.000,00 14/08/90 575.579/95-1 *** 20.000.000,00 07/11/90 575.613/95-5 029715 MBES 40.000.000,00 15/01/92 575.634/95-2 **** 3.500.000,00 20/06/90 575.635/95-9 054278 MBES 4.000.000,00 20/06/90 575.636/95-5 054283 MBES 4.000.000,00 20/06/90 575.663/95-2 057290 MEC 10.000.000,00 16/11/90 575.675/95-0 015143 MBES 150.000.000,00 31/07/91 599.021/95-0 016963 MEC 80.000.000,00 01/08/91 599.026/95-2 054311 MBES 15.000.000,00 26/12/90 599.027/95-9 054312 MBES 15.000.000,00 26/12/90 599.028/95-5 054304 MBES 2.000.000,00 20/06/90 599.029/95-1 054305 MBES 3.500.000,00 20/06/90 599.030/95-0 054314 MBES 2.000.000,00 20/06/90 599.033/95-9 054300 MBES 7.500.000,00 14/08/90 599.034/95-5 054318 MBES 2.000.000,00 20/06/90 599.035/95-1 054308 MBES 2.000.000,00 20/06/90 599.036/95-8 054302 MBES 20.000.000,00 26/12/90 599.037/95-4 054280 MBES 30.000.000,00 26/12/90 599.038/95-0 054301 MBES 15.000.000,00 26/12/90 OBS.: os processos encontram-se: * no Gabinete do Ministro Adylson Motta

** no Gabinete do Procurador Geral *** encerrado **** na 10ª SECEX 6.CONCLUSÃO 6.1.Ao receber os elementos adicionais que segundo os responsáveis, demonstram a prestação de contas das verbas recebidas por subvenções, concedeu-se nova oportunidade para que fossem descaraterizadas as irregularidades mencionadas no item 5, do relatório de fls. 141/142, e comprovada a boa e regular aplicação dos recursos recebidos a título de subvenção social. Entretanto, constata-se que essa documentação ratifica desvio de finalidade na aplicação dos recursos, conforme item 4.3, desta instrução, e apresenta informações incoerente relatadas nos itens 5.2 a 5.5 acima. 6.2.Cumpre lembrar que é do responsável o ônus de provar o bom e regular emprego dos recursos públicos repassados e, neste caso, pode-se afirmar que não constam nos autos elementos bastantes para essa comprovação. Os responsáveis limitaram-se a fazer contestações subjetivas, por conta da ação ordinária impetrada na 6ª Vara Federal/RJ, e não apresentaram, em nenhum momento, elementos de prova capazes de descaracterizar as irregularidades a eles imputadas e de evidenciar a correta aplicação dos recursos, no valor de Cr$ 8.500.000,00 (oito milhões e quinhentos mil cruzeiros), repassados a título de subvenção social nº 054299, pelo extinto Ministério do Bem-Estar Social. 7.PROPOSTA 7.1.Ante o exposto, sugere-se o encaminhamento do presente processo ao Gabinete do Exmo Sr. Ministro-Relator, Dr. Adylson Motta, por intermédio da douta Procuradoria com as seguintes propostas: a)comunicar aos responsáveis que os novos elementos de defesa foram apreciados quando do julgamento das contas, nos termos do 2º do artigo 23, da Resolução nº 36/95; b)com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea "b", 19, caput, da Lei nº 8.443/92, julgar irregulares as presentes contas e em débito, solidariamente, os Srs. Aquilino da Motta Moraes (inventariante da Sra. Augusta da Motta Moraes) e Arapuan Medeiros da

Motta pela quantia original de Cr$ 8.500.000,00 (oito milhões e quinhentos mil cruzeiros), fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para comprovarem perante o Tribunal o recolhimento da dívida aos cofres do Tesouro Nacional, acrescida dos encargos legais calculados a partir de 14/08/90 até a data do recolhimento; c)autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei nº 8.443/92, a cobrança judicial da dívida, caso não atendida a notificação ". O Ministério Público, em parecer da lavra do Subprocurador-Geral, Dr. Jatir Batista da Cunha, manifestou-se nos termos parcialmente transcritos abaixo (fls. 131/132): " (...) Deve-se registrar, de início, que concordamos com o entendimento da SECEX/RJ de que os elementos de fls. 88/126 devam ser conhecidos como novos elementos de defesa, nos termos do artigo 23, 2º, da Resolução/TCU n.º 36/95. No tocante ao mérito das contas, cabe observar que, ainda em janeiro de 1991, o Sr. Arapuan Medeiros da Motta declarou que "os recursos foram aplicados na concessão de bolsas de estudo" e que "todos os alunos beneficiados com bolsas de estudo oriundas dos recursos recebidos estão regularmente matriculados nesta Instituição (fls. 02). Contudo, os novos elementos de defesa trazidos aos autos não têm o condão de comprovar a boa e regular aplicação dos recursos, pois persiste a fragilidade da prestação de contas, que, apresentada de forma genérica, engloba, indiscriminadamente, recursos advindos de diversas subvenções sociais, repassados ao longo de cinco exercícios (1º.01.1989 a 31.12.1993). Pode-se asseverar que, em regra, a concessão de bolsas de estudo por qualquer entidade é precedida de rigoroso processo seletivo, de sorte que, no caso presente, a ausência de documentos que dêem suporte à toda a movimentação financeira das Faculdades Integradas Augusto Motta/SUAM impede a conclusão no sentido da regularidade da aplicação dos recursos. No presente caso, não obstante os responsáveis tenham declarado inicialmente que apresentaram a devida prestação de contas e que disso farão prova mediante os documentos necessários (fls. 48 e 52), eles

limitaram-se, desta feita, a afirmar que, perante a Justiça Federal, a prestação de contas foi elaborada minuciosamente, 'na qual apresenta detalhadamente todos os gastos que a Instituição fez, separando a prestação de contas em três relatórios distintos; Prestação de Contas (Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos); Demonstrativo Consolidado dos Gastos Mensais, das atividades filantrópicas, em atendimento à Comunidade, alunos, funcionários e Dependentes; - Listagem separando as atividades filantrópicas em Atendimento à comunidade e bolsas de estudo, indicando o curso ministrado, nome do aluno beneficiado e valor do curso' (fls. 89 e 109). Todavia, de concreto temos que, perante esta Corte, que tem a missão constitucional de julgar as contas daqueles que causam dano ao Erário, os responsáveis apresentaram tão-somente diversas listagens com indicação de supostos beneficiários de bolsas de estudo (fls. 05/08) e as lacônicas relações de fls. 94/107 e 114/126, estas últimas idênticas àquelas constantes dos TCs 575.449/1995-0 e 599.037/1995-4. Feitas essas considerações, manifestamo-nos, em linha de concordância com a proposição da SECEX/RJ (fls. 130), no sentido de que: a) sejam as presentes contas julgadas irregulares, com fundamento nos artigos 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea "b", e 19, caput, da Lei n.º 8.443/92, condenando-se em débito, solidariamente, o Sr. Arapuan Medeiros da Motta e o espólio da Sra. Augusta da Motta Moraes pela quantia de Cr$ 8.500.000,00 (oito milhões e quinhentos mil cruzeiros), acrescida dos encargos legais calculados a partir de 14.08.1990 até a data do efetivo recolhimento; b) sejam notificados o Sr. Arapuan Medeiros da Motta e o Sr. Aquilino da Motta Moraes, inventariante do espólio da Sra. Augusta Motta Moraes, nos termos do artigo 165, inciso III, alínea "a" do Regimento Interno, para, no prazo de quinze dias, comprovarem perante o Tribunal o recolhimento do débito aos cofres públicos; e c) seja autorizada, desde logo, com fulcro no artigo 28, inciso II, da Lei n.º 8.443/92, a cobrança judicial da dívida, caso não atendida a notificação." É o Relatório. Voto: Em exame uma das diversas Tomadas de Contas Especiais instauradas em cumprimento à Decisão nº 487/94-Plenário (TC-575.630/93-0, Sessão de 27/07/94, Ata 25/94), a qual, apreciando Relatório de Auditoria

realizada na Sociedade Unificada de Ensino Superior Augusto Motta - SUAM, com o propósito de verificar a aplicação dos recursos federais repassados àquela entidade a título de Subvenção Social, consoante solicitado pela "CPI do Orçamento", concluiu pela ocorrência de diversas irregularidades, entre elas, a alocação indevida e ilegal dos recursos, o uso de notas fiscais inidôneas, a emissão de cheques a pessoas sem vínculo com a beneficiária, incompatibilidade entre o valor dos recursos recebidos e o efetivamente aplicado na filantropia e inconsistência dos documentos comprobatórios relativos às concessões de bolsas de estudo (relações apresentadas com os nomes dos beneficiários). Recebo, em consonância com os pareceres, os novos documentos encaminhados pelos responsáveis como elementos adicionais de defesa, nos termos do art. 23, 2º, da Resolução/TCU nº 36/95, o qual estabelece que as peças apresentadas após prolatada decisão que rejeita alegações de defesa devem assim ser recebidas e analisadas por ocasião do julgamento de mérito. Ademais, não se fazendo qualquer ilação quanto ao cabimento ou não de recurso da decisão que rejeita alegações de defesa, é certo que receber a peça apresentada como elementos adicionais de defesa não trará nenhum prejuízo aos responsáveis, uma vez que os novos documentos serão devidamente analisados nesta oportunidade. Quanto ao mérito, verifico que os responsáveis não trouxeram aos autos fatos inéditos que lograssem comprovar que os recursos repassados foram aplicados no objetivo pretendido. Ao contrário, os demonstrativos encaminhados nada mais são do que meras relações indicando valores de subvenções recebidas, não contemplando qualquer elemento necessário ao estabelecimento do devido nexo causal entre os valores recebidos e a execução do objeto acertado. Não há, pois, como assegurar que os referidos valores foram realmente empregados nas finalidades pretendidas, caracterizando, a meu ver, dano ao Erário. Há que se frisar, com bem o fizeram a SECEX/RJ e o douto Ministério Público, que o responsável por recursos públicos, além do dever legal de prestar contas de seu bom e regular emprego, deve fazê-lo demonstrando o estabelecimento do nexo entre o desembolso dos recursos federais recebidos e os comprovantes de despesas realizadas. Assim, é imperioso que, com os documentos apresentados com vistas a comprovar o bom emprego dos valores públicos, seja possível constatar que os mesmos foram efetivamente utilizados no objeto pactuado. Mais uma vez os responsáveis solicitam a suspensão da presente TCE até o trânsito em julgado da Ação de Prestação de Contas intentada junto à

6ª Vara Federal. Quanto a esse pedido, este Tribunal já se manifestou, na Sessão de 20/04/99 (Decisão nº 077/99/Ata 13/99), pelo seu indeferimento, tendo em vista que, por força de mandamento constitucional (CF, art. 71, inciso II), compete a este Tribunal julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores da administração federal direta e indireta, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao Erário e, que, para o exercício dessa atribuição específica, o TCU é instância independente, não sendo cabível, portanto, tal como pretende a responsável, que aguarde manifestação do Poder Judiciário no tocante à matéria em questão. Assim, com bases nesses fatos, entendo que o fundamento legal para o juízo a ser prolatado deve ser a alínea c do inciso III do art. 16 da Lei nº 8.443/92, haja vista estar caracterizada dano ao Erário decorrente de prática de ato de gestão ilegítimo e antieconômico, já que os responsáveis não obtiveram êxito em comprovar que os recursos em questão foram regularmente aplicados nos objetivos pactuados. Em face do exposto, Voto por que seja adotado o Acórdão que ora submeto à consideração desta Segunda Câmara. T.C.U., Sala das Sessões, em 14 de março de 2000. ADYLSON MOTTA Ministro-Relator Assunto: II - Tomada de Contas Especial Relator: ADYLSON MOTTA Representante do Ministério Público: JATIR BATISTA DA CUNHA Unidade técnica: SECEX-RJ Acórdão: VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Tomada de Contas Especial de responsabilidade solidária do espólio de Augusta da Motta Moraes e do Sr. Arapuan Medeiros da Motta, em virtude de irregularidades constatadas na aplicação dos recursos repassados pelo extinto

Ministério do Bem-Estar Social, por força da Subvenção Social nº 054299/SIAFI, constante do Orçamento da União de 1990, para aplicação na Faculdade de Reabilitação da Sociedade Unificada de Ensino Superior Augusto Motta/SUAM, no valor de Cr$ 8.500.000,00 (oito milhões e quinhentos mil cruzeiros), em 14/08/90, para concessão de bolsas de estudos. Considerando que, regularmente instados, mediante citação, a recolherem o débito ou apresentarem alegações de defesa, os responsáveis limitaram-se a alegar, em síntese, que a prestação de contas foi feita "na época própria e devida conforme provará com documentos necessários" e que a SUAM intentou Ação de Prestação de Contas perante o Juízo da 6ª Vara Federal; e solicitaram a suspensão da presente TCE "até trânsito em julgado do processo de prestação de contas já ajuizado"; Considerando que tais alegações de defesa foram rejeitadas por esta Corte de Contas, já que insuficientes para descaracterizar as irregularidades constatadas (Decisão 077/1999 2ªCâmara Ata 13/99); Considerando que, cientificados de que suas alegações de defesa haviam sido rejeitadas por este Colegiado, os responsáveis interpuseram Embargos de Declaração contra o decisum supra, que foram conhecidos por esta Câmara, e, no mérito, não providos, uma vez comprovada a inexistência da alegada omissão (Decisão nº 166/99-TCU - 2ª Câmara Ata 24/99); Considerando que, cientes da negativa de provimento dos Embargos, os responsáveis, por intermédio de representante legalmente constituído, após expirado o prazo de 15 dias para o recolhimento do débito, retornaram aos autos requerendo o reexame de toda a matéria, bem como a reconsideração da Decisão que negou provimento aos Embargos, com o objetivo de suspender a tomada de contas especial que tramita neste Tribunal, até o trânsito em julgado da ação de Prestação de Contas intentada junto a 6ª Vara Federal/RJ; Considerando o disposto no art. 23, 2º, da Resolução/TCU nº 36/95; Considerando que os novos elementos trazidos pelos responsáveis aos autos não lograram comprovar que os recursos repassados foram aplicados nos objetivos pretendidos, carentes de qualquer elemento que estabelecesse o devido nexo causal entre os valores recebidos e a execução do objeto acertado; Considerando que a solicitação para o sobrestamento da presente TCE até o trânsito em julgado da Ação de Prestação de Contas intentada junto à

6ª Vara Federal foi indeferida na Sessão de 20/04/1999 (Decisão 77/99/Ata 13/99), tendo em vista que, por força de mandamento constitucional (CF, art. 71, inciso II), compete a este Tribunal julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores da administração federal direta e indireta, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao Erário e, que, para o exercício dessa atribuição específica, o TCU é instância independente, não sendo cabível, portanto, tal como pretende a responsável, que aguarde manifestação do Poder Judiciário no tocante à matéria em questão; Considerando, ainda, os pareceres uniformes da Unidade Técnica e do douto Ministério Público, no sentido do julgamento pela irregularidade destas contas; ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão da 2ª Câmara, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea c, 19 e 23, inciso III, da Lei nº 8.443/92, em: 8.1 julgar irregulares as presentes contas e em débito o Sr. Arapuan Medeiros da Motta e o espólio de Augusta da Motta Moraes, condenando-os solidariamente ao pagamento da quantia de Cr$ 8.500.000,00 (oito milhões e quinhentos mil cruzeiros), fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para comprovar, perante este Tribunal (art. 165, alínea a, do Regimento Interno), o recolhimento do referido valor aos cofres do Tesouro Nacional, atualizado monetariamente e acrescido dos encargos legais calculados a partir de 14/08/90 até a data do efetivo recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor; 8.2 autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei nº 8.443/92, a cobrança judicial da dívida, caso não atendida a notificação; e 8.3 encaminhar cópia dos autos, bem como do presente Acórdão, acompanhado do Relatório e do Voto que o fundamentam, ao Ministério Público da União para adoção das providências que entender pertinentes, ante o disposto no art. 16, 3º, da Lei nº 8.443/92. Quórum: Ministros presentes: Valmir Campelo (na Presidência), Adylson Motta (Relator) e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha. Sessão: T.C.U., Sala de Sessões, em 14 de março de 2000

Parecer do Ministério Público: Proc. TC-575.452/1995-1 Tomada de Contas Especial Trata-se da Tomada de Contas Especial de responsabilidade do Sr. Arapuan Medeiros da Motta e do espólio da Sra. Augusta da Motta Moraes, instaurada em decorrência de irregularidades na aplicação dos recursos repassados pelo extinto Ministério da Ação Social à Faculdade de Reabilitação/SUAM, em 14.08.1990, no valor de Cr$ 8.500.000,00, a título de subvenção social, objetivando o custeio de bolsas de estudo e assistência educacional (fls. 29). Deve-se registrar, de início, que concordamos com o entendimento da SECEX/RJ de que os elementos de fls. 88/126 devam ser conhecidos como novos elementos de defesa, nos termos do artigo 23, 2º, da Resolução/TCU n.º 36/95. No tocante ao mérito das contas, cabe observar que, ainda em janeiro de 1991, o Sr. Arapuan Medeiros da Motta declarou que "os recursos foram aplicados na concessão de bolsas de estudo" e que "todos os alunos beneficiados com bolsas de estudo oriundas dos recursos recebidos estão regularmente matriculados nesta Instituição" (fls. 02). Contudo, os novos elementos de defesa trazidos aos autos não têm o condão de comprovar a boa e regular aplicação dos recursos, pois persiste a fragilidade da prestação de contas, que, apresentada de forma genérica, engloba, indiscriminadamente, recursos advindos de diversas subvenções sociais, repassados ao longo de cinco exercícios (1º.01.1989 a 31.12.1993). Pode-se asseverar que, em regra, a concessão de bolsas de estudo por qualquer entidade é precedida de rigoroso processo seletivo, de sorte que, no caso presente, a ausência de documentos que dêem suporte à toda a movimentação financeira das Faculdades Integradas Augusto Motta/SUAM impede a conclusão no sentido da regularidade da aplicação dos recursos. No presente caso, não obstante os responsáveis tenham declarado inicialmente que apresentaram a devida prestação de contas e que disso farão prova mediante os documentos necessários (fls. 48 e 52), eles limitaram-se, desta feita, a afirmar que, perante a Justiça Federal, a prestação de contas foi elaborada minuciosamente, "na qual apresenta

detalhadamente todos os gastos que a Instituição fez, separando a prestação de contas em três relatórios distintos; Prestação de Contas (Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos); Demonstrativo Consolidado dos Gastos Mensais, das atividades filantrópicas, em atendimento à Comunidade, alunos, funcionários e Dependentes; - Listagem separando as atividades filantrópicas em Atendimento à comunidade e bolsas de estudo, indicando o curso ministrado, nome do aluno beneficiado e valor do curso" (fls. 89 e 109). Todavia, de concreto temos que, perante esta Corte, que tem a missão constitucional de julgar as contas daqueles que causam dano ao Erário, os responsáveis apresentaram tão-somente diversas listagens com indicação de supostos beneficiários de bolsas de estudo (fls. 05/08) e as lacônicas relações de fls. 94/107 e 114/126, estas últimas idênticas àquelas constantes dos TCs 575.449/1995-0 e 599.037/1995-4. Feitas essas considerações, manifestamo-nos, em linha de concordância com a proposição da SECEX/RJ (fls. 130), no sentido de que: a) sejam as presentes contas julgadas irregulares, com fundamento nos artigos 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea "b", e 19, caput, da Lei n.º 8.443/92, condenando-se em débito, solidariamente, o Sr. Arapuan Medeiros da Motta e o espólio da Sra. Augusta da Motta Moraes pela quantia de Cr$ 8.500.000,00 (oito milhões e quinhentos mil cruzeiros), acrescida dos encargos legais calculados a partir de 14.08.1990 até a data do efetivo recolhimento; b) sejam notificados o Sr. Arapuan Medeiros da Motta e o Sr. Aquilino da Motta Moraes, inventariante do espólio da Sra. Augusta Motta Moraes, nos termos do artigo 165, inciso III, alínea "a" do Regimento Interno, para, no prazo de quinze dias, comprovarem perante o Tribunal o recolhimento do débito aos cofres públicos; e c) seja autorizada, desde logo, com fulcro no artigo 28, inciso II, da Lei n.º 8.443/92, a cobrança judicial da dívida, caso não atendida a notificação. Procuradoria, em 20 de outubro de 1999. Jatir Batista da Cunha Subprocurador-Geral