VIABILIDADE DA IMPLANTAÇÃO DE UMA UNIDADE DE ARMAZENAMENTO DE GRÃOS



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Transcrição:

UNIJUÍ - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RS. DEAg - DEPARTAMENTO DE ESTUDOS AGRÁRIOS RICARDO DESSBESELL VIABILIDADE DA IMPLANTAÇÃO DE UMA UNIDADE DE ARMAZENAMENTO DE GRÃOS IJUÍ, RS 2014.

RICARDO DESSBESELL VIABILIDADE DA IMPLANTAÇÃO DE UMA UNIDADE DE ARMAZENAMENTO DE GRÃOS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Agronomia do Departamento de Estudos Agrários da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul UNIJUI, como um dos requisitos para a obtenção do título de Engenheiro Agrônomo. Orientadora: MSc. Angélica de Oliveira Henriques Ijuí RS, 2014

RICARDO DESSBESELL VIABILIDADE DA IMPLANTAÇÃO DE UMA UNIDADE DE ARMAZENAMENTO DE GRÃOS Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Agronomia Departamento de Estudos Agrários da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, defendido perante banca abaixo subscrita Banca Examinadora: Prof. MSc. Angélica de Oliveira Henriques Orientadora DEAg/UNIJUÍ Prof. MSc. Nilvo Basso DEAg/UNIJUÍ Ijuí(RS), 2014

AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado a vida, suas bênçãos, que sobre min destes todos os dias dando-me forças para alcançar os objetivos que sempre almejei, espero que continue desta maneira, ofertando-me, coragem e sabedoria para continuar. Agradeço principalmente a meus pais, Eliseu e Dulce, pelo amor, carinho e compreensão que tiveram comigo desde o primeiro dia de minha vida, pela dedicação, apoio e confiança que depositaram em min no momento de minhas decisões, e por muitas vezes deixarem de preocupar-se com eles para possibilitar que este meu sonho fosse realizado. Agradeço minha namorada Betina, e a todos os familiares e amigos principalmente aqueles que conviveram comigo, sempre me incentivando, dando força nessa caminhada e pelas palavras de consolo. Agradeço todos os professores do curso de Agronomia da UNIJUI, por terem transferido seus conhecimentos não só a min, mas a todos os alunos do curso, fazendo com que este sonho fosse realizado, principalmente a professora Angélica de Oliveira Henriques, pelo incentivo e paciência durante a condução do trabalho. Agradeço meus amigos, colegas e demais profissionais da área das Ciências Agrárias, que de alguma forma ajudaram-me na realização deste trabalho. A todos vocês o meu sincero, MUITO OBRIGADO

Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes coisas do homem foram conquistadas do que parecia impossível. (CHARLES CHAPLIN)

VIABILIDADE DA IMPLANTAÇÃO DE UMA UNIDADE DE ARMAZENAMENTO DE GRÃOS Aluno: Ricardo Dessbesell Orientador: Prof. Angélica de Oliveira Henriques RESUMO O setor agrícola Brasileiro vem se desenvolvendo muito nas últimas décadas, principalmente o setor de produção de grãos. Mesmo assim este setor tem grande déficit no quesito armazenagem de grãos. Sendo que a armazenagem de grão na própria propriedade tem se tornado uma excelente alternativa, pois assim os agricultores que são dependentes de empresas intermediarias para negociar sua produção, se tornam independentes para fazer dela o que bem quiserem, podendo agregar mais valor a seu produto, na especulação de mercado, no valor ganho a mais pela venda disponível do grão e, além disso, poderá também comercializar os subprodutos que iriam ser descontados se entregues em empresas do ramo, transformando-os em excedentes dentro da empresa rural. Todavia, antes de implantar um sistema de armazenamento de grãos na propriedade, deve ser feito um estudo minucioso sobre os custos da implantação, pois estes são muito altos, devendo-se assim realizar um estudo da viabilidade econômica do projeto. O presente trabalho foi realizado em uma propriedade no município de Santa Barbara do Sul, no Rio Grande Do Sul, a qual possui uma área de 170 hectares, das quais 140 são de superfície agrícola útil, onde são cultivadas as culturas de soja e trigo. O estudo prova que, armazenar a produção na propriedade pode ser uma excelente opção de maximização de resultado, porem há uma necessidade de se ter o volume de produção adequado para que se torne viável. Neste trabalho foram feitas simulações, com o intuito de se saber qual a área mínima necessária para a implantação do projeto se tornar viável. Palavras Chaves: Projeto, Armazenamento, Empresa Rural, Viabilidade.

AM Amortização do Capital CF Custo Fixo CV Custo Variável CT Custo Total Flec Fluxo Econômico FF Fluxo Financeiro MB Margem Bruta PRK Período de Retorno de Capital RB Receita Bruta RL Renda Líquida SD Saldo Devedor TIR Taxa Interna de Retorno VPL Valor Presente Líquido LISTA DE ABREVIATURAS

LISTA DE TABELAS Tabela 1 Orçamento do investimento do projeto...27 Tabela 2 Custos variáveis anual...28 Tabela 3 Custos fixos anuais...28 Tabela 4 Receita bruta...29 Tabela 5 Comparação da avaliação econômica entre o projeto e a simulação...36 Tabela 6 Comparação da avaliação da rentabilidade do capital do projeto e da simulação..36 Tabela 7 - Comparação da avaliação do financiamento e fluxo de caixa do projeto e da simulação...36

LISTA DE QUADROS Quadro 1 Avaliação econômica do projeto...30 Quadro 2 Avaliação da rentabilidade do capital do projeto...31 Quadro 3 Avaliação do financiamento e fluxo de caixa do projeto...32 Quadro 4 Simulação da avaliação econômica do projeto...33 Quadro 5 Simulação da avaliação da rentabilidade do capital do projeto...34 Quadro 6 Simulação da avaliação do financiamento e fluxo de caixa do projeto...35

SUMÁRIO INTRODUÇÃO... 12 1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA... 14 1.1 PRODUÇÃO AGRÍCOLA BRASILEIRA... 14 1.2 PRODUÇÃO AGRÍCOLA POR REGIÃO E ESTIMATIVA DA ÁREA PLANTADA... 14 1.3 ARMAZENAGEM DE GRÃOS... 15 1.4 SITUAÇÃO DA ARMAZENAGEM... 16 1.5 ARMAZENAMENTO DE GRÃOS A GRANEL... 16 1.6 MODELOS DE ESTRUTURAS DE ARMAZENAGEM... 17 1.7 TIPOS DE UNIDADES ARMAZENADORAS... 18 1.8 BENEFÍCIOS DA ARMAZENAGEM NA PROPRIEDADE... 19 1.9 PRAGAS EM GRÃOS ARMAZENADOS... 20 1.10 PLANEJAMENTO E PROJETO... 20 2. METODOLOGIA... 22 2.1 TIPO DE PESQUISA DO ESTUDO... 22 2.2 PROCEDIMENTOS AVALIATIVOS DE VIABILIDADE... 23 2.2.1 Avaliação econômica do projeto... 23 2.2.2 Avaliação da rentabilidade do capital investido... 24 2.2.3 Avaliação da capacidade de pagamento... 24 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO... 26 3.1 DESCRIÇÃO DA UNIDADE DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA... 26 3.2 DESCRIÇÕES DO EMPREENDIMENTO... 26 3.3 ORÇAMENTO DO INVESTIMENTO... 27 3.3.1 Orçamento do Investimento do Projeto... 27 3.4 ORÇAMENTO DOS CUSTOS DE ARMAZENAGEM... 28

11 3.4.1 Custos Variáveis... 28 3.4.2 Custos Fixos... 28 3.5 ORÇAMENTO DA RECEITA BRUTA... 29 3.6 AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DO EMPREENDIMENTO... 29 3.6.1 Avaliação econômica do projeto... 29 3.6.2 Avaliação da rentabilidade do capital investido do projeto... 30 3.6.3 Financiamento e fluxo de caixa projeto... 31 3.7 SIMULAÇÃO DE ÁREA NECESSÁRIA PARA O PROJETO SE TORNAR VIÁVEL... 33 3.7.1 Simulação viabilidade projeto... 33 3.7.2 Simulação da rentabilidade do capital investido do projeto... 33 3.7.3 Simulação de financiamento e fluxo de caixa projeto... 34 3.8 COMPARAÇÃO DO PROJETO COM A SIMULAÇÃO... 36 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 37 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS... 38

INTRODUÇÃO O agronegócio brasileiro, a cada ano apresenta maior importância econômica e social para o Brasil. Porém, muitas empresas rurais sofrem para se manter produtivas devido a diversos fatores. A dinâmica de funcionamento de uma pequena empresa é substancialmente diferente da grande organização, a limitação de sua produção restringe as entradas em seu sistema, tendo esta dificuldade de colocar produtos no ambiente capazes de competir em preço e qualidade com as grandes corporações. Este segmento da economia (agronegócio) está em franco crescimento e expansão nos últimos anos, e grande parte deste crescimento deve-se ao setor agrícola (produção de grãos), que tem funções indispensáveis para o país, produz alimento para humanos e animais, fornece matéria prima para indústrias e gera excedentes para exportação, desse modo ampliando a disponibilidade de divisas. Em uma economia de mercado como a agricultura, quem estabelece o preço é o comprador. Cabe, portanto ao empresário rural, encontrar ou desenvolver formas e/ou métodos que contribuam para a redução dos custos de produção e assim conseguir maior lucratividade nos seus produtos. Deste modo, a atividade agrícola passou a ser vista e praticada como um negócio, sendo os produtores cada vez mais profissionalizados e providos de novas práticas e tecnologias que contribuem para maximizar a produção e minimizar custos, fazendo o uso mais racional dos recursos. Isso fez com que a agricultura brasileira desse um grande salto nos seus índices de produtividade nos últimos anos. Mesmo assim passaram a buscar novos produtos e serviços de fora da propriedade, que até então não estavam sendo utilizados, como: armazéns, portos, aeroportos, agricultura de precisão e por último softwares, buscaram também novas técnicas de gestão, que pudessem influenciar no processo administrativo da propriedade. Nota-se que, para o produtor se tornar ainda mais competitivo em um mercado

13 tão concorrido, é necessário buscar alternativas capazes de reduzir custos dentro da propriedade. Assim sendo, um sistema de armazenamento e conservação de produtos agrícolas na propriedade rural permite que estes sejam estocados e comercializados em épocas que a oferta seja menor, e consequentemente os preços maiores. A unidade armazenadora de grãos também evitaria que fossem cobrados do produtor as taxas e descontos por produtos armazenados em armazéns de terceiros, e também minimizaria despesas com transporte, em função de se ter uma unidade armazenadora perto do local da colheita. Nesse sentido, o trabalho buscou realizar um estudo de viabilidade técnica e econômica da implantação de uma unidade de armazenamento de grãos em uma propriedade rural no município de Santa Barbara do Sul, no Rio Grande do Sul. O estudo apresenta inicialmente um panorama da situação atual do Brasil em produtividade de grãos, depois uma abordagem técnica sobre armazenagem de grãos, incluindo os equipamentos necessários e os benefícios de se armazenar os grãos na propriedade, também é abordada a situação atual de armazenamento de grãos no Brasil e as perdas de grãos armazenados. É realizado um estudo envolvendo os aspectos econômicos e financeiros do investimento, por meio de cálculos da renda agrícola da propriedade e de um plano de financiamento com o objetivo de simular a viabilidade econômica e a capacidade de pagamento do projeto. Sendo assim o objetivo geral deste trabalho é a análise da viabilidade de implantação de uma unidade de armazenamento de grãos em uma unidade de produção agrícola no município de Santa Barbara do Sul, localizada na região noroeste do estado do Rio Grande Do Sul. Como objetivos específicos, buscou-se, a caracterização da unidade de produção, o estudo de uma unidade armazenadora de grãos, envolvendo aspectos como, o tamanho e localização para a implantação, o cálculo da viabilidade econômica e financeira do empreendimento e também a capacidade de pagamento do financiamento e do capital a ser investido, para saber se com o acréscimo no preço de venda da soja e do trigo na modalidade disponível, é viável a implantação de uma unidade armazenadora?

14 1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1.1 PRODUÇÃO AGRÍCOLA BRASILEIRA A produção agrícola estimada para a safra 2012/13 é de 186,15 milhões de toneladas, é 12,0% superior à safra 2011/12, quando atingiu 166,20 milhões de toneladas. Esse resultado representa um incremento de 19,95 milhões de toneladas devido, sobretudo, à cultura de soja, que apresenta crescimento de produção de 22,7% (15,07 milhões de toneladas) e a de milho segunda safra, com crescimento de 15,4% ou de 6,03 milhões de toneladas sobre a produção obtida na safra anterior (CONAB, 2013). Os efeitos dessas ocorrências na safra brasileira deste ano apontaram para uma produção de soja recorde de 81.456,1 milhões de toneladas, comparada com 66.383,0 mil toneladas em 2012, representando um aumento de 22,7%. Para o trigo a área plantada deverá alcançar 1.010,4 mil hectares, representando um incremento de 3,5% em relação ao ocorrido no ano anterior, tendo como suporte os bons preços alcançados na temporada passada, atualmente estimulada por um apertado quadro de oferta e demanda local, e pela possibilidade da ocorrência de problemas na produção dos principais fornecedores internacionais (CONAB, 2013). 1.2 PRODUÇÃO AGRÍCOLA POR REGIÃO E ESTIMATIVA DA ÁREA PLANTADA Entre as Grandes Regiões agrícolas do Brasil, o volume da produção de cereais, apresentou a seguinte distribuição: Centro-Oeste, 77,7 milhões de toneladas; Região Sul, 73,7 milhões de toneladas; Sudeste, 19,6 milhões de toneladas; Nordeste, 12,3 milhões de toneladas e Norte, 4,6 milhões de toneladas. Comparativamente à safra passada, foram constatados incrementos de 9,8% na Região Centro-Oeste, 33,5% na Sul, 2,0% na Sudeste e 3,3% na Nordeste. Na Região Norte houve decréscimo de 3,1%. Nessa avaliação para 2013, o Mato Grosso liderou como maior produtor nacional de grãos, com uma participação de 24,4%, seguido pelo Paraná (20,2%) e Rio Grande do Sul (15,7%), que somados representaram 60,3% do total nacional previsto (IBGE, 2013). A área plantada nesta safra, estimada em 53,26 milhões de hectares, é 4,7% (2,38 milhões de hectares) maior que a cultivada em 2011/12, que totalizou 50,89 milhões de hectares.

15 Destaque para a cultura da soja, que apresenta crescimento de 10,7% (2,68 milhões de hectares), passando de 25,04 para 27,72 milhões de hectares, e o milho segunda safra com aumento de 17,6% (1,34 milhão de hectares), passando de 7,62 para 8,96 milhões de hectares. Para o milho primeira safra houve redução de 8,7% (665,8 mil hectares), com plantio de 6,90 milhões de hectares. A área plantada com milho, primeira e segunda safras totaliza 15,86 milhões de hectares, ou seja, crescimento de 4,5% ou de 688,3 mil hectares. Observa-se também crescimento nas áreas de amendoim na primeira safra (5,0%), amendoim segunda safra (24,6%) e sorgo (0,3%). As demais culturas apresentam redução na área cultivada, sobretudo, as de feijão total e milho primeira safra. O milho contabiliza decréscimo de 8,7% (655,8 mil hectares), e o feijão (total), redução de 5,2% (168,4 mil hectares), com a maior perda na cultura de primeira safra, com menos 9,2% (114,5 mil hectares), (CONAB, 2013). 1.3 ARMAZENAGEM DE GRÃOS Segundo Brandão (1989), a origem dos armazéns se perde na história. A ideia de armazenar produtos surgiu quando o homem deixou a fase de caçador nômade e passou a produzir alimentos. Como a caça e a pesca não eram mais suficientes para a alimentação humana, o homem se viu obrigado a começar cultivar alimentos para sua sobrevivência, e devido a isso também teve que começar a armazenar alimentos para suprir sua família nas épocas que não tinha colheita, hoje chamada de entressafra. Surgem assim os primeiros depósitos rústicos, de subsistência apenas de sua família. Mais adiante com as diversificações das profissões e formação dos grandes aldeamentos, surgiu a necessidade de armazenar maiores volumes de produtos das colheitas, para atender as funções de trocas, método muito utilizado na era primitiva de comércio, feito para socorrer os períodos de escassez de alimento (BRANDÃO, 1989). O armazenamento é o ato de estocar, guardar ou depositar qualquer produto por período indeterminado, garantindo segurança e conservando as características qualitativas e quantitativas do produto, durante o período em que estiver armazenado. Uma unidade de armazenamento de grãos é o aparelhamento destinado a receber a produção de grãos, conservá-los, em perfeitas condições técnicas e redistribuí-los, posteriormente (PUZZI, 1977). A produção de grãos é periódica, enquanto que a necessidade de alimentação e a demanda das agroindústrias são ininterruptas. Colhe-se uma safra em dois meses e esta safra

16 vai ser consumida, durante um ano ou mais. As unidades armazenadoras de grãos, recebendo a produção que não encontra consumo imediato, formam os estoques que permitem a distribuição cronológica dos produtos e impedem as flutuações de preços que resultam das safras e entressafras (PUZZI, 1977). 1.4 SITUAÇÃO DA ARMAZENAGEM Em países como França, Argentina e Estados Unidos, a capacidade estática de armazenagem nas fazendas varia de 30 a 60% das suas safras. No Brasil, estima-se que esta capacidade corresponda a 3,5% da produção total de grãos. Contribuem para este baixo índice o fator econômico, a pouca difusão da tecnologia gerada e/ou adaptada e a falta de planejamento da estrutura armazenadora (DEVILLA, 2004). Weber (2005) cita que a falta de silos no Brasil já é grave e está se tornando gravíssima sendo uma das maiores responsáveis pelas perdas crescentes que chegam à casa dos 20% e poderá ser maior tornando-se um obstáculo para o crescimento das frentes agrícolas. Segundo dados da CONAB, a armazenagem não acompanhou o ritmo de crescimento da produção, a capacidade instalada dos armazéns brasileiros encontra-se estagnada. Essa situação é agravada pelos problemas históricos de localização e adequação das unidades armazenadoras (CONAB, 2013). Os analistas setoriais quase sempre confrontam os dados da produção agrícola com a capacidade estática de armazenagem. Ocorre que, na prática, as safras não são colhidas ao mesmo tempo e, nem toda quantidade colhida é guardada, pois substancial parcela é exportada ou tem consumo imediato (NOGUEIRA JUNIOR, 2008). Comparado com o resto do Brasil, o Rio Grande do Sul apresenta uma situação mais confortável em torno de armazenagem. Conforme a Conab, o Estado possui uma capacidade estática total de 31,45 milhões de toneladas, o que seria suficiente para abrigar a safra gaúcha de 27,6 milhões de toneladas de grãos (BELIDELI, 2014). 1.5 ARMAZENAMENTO DE GRÃOS A GRANEL A implantação do manuseio e armazenagem de grãos a granel constitui uma tendência universal. Nos países desenvolvidos, a manipulação a granel é generalizada e integrada desde a colheita. À medida que o agricultor melhora o nível tecnológico, verifica-se a tendência de

17 manipular a sua produção a granel, como acontece em algumas regiões do Sul e Sudeste do país, basicamente os depósitos destinados ao armazenamento de grãos a granel são classificados em silos elevados e silos horizontais segundo a forma da estrutura de armazenamento (D ARCE, 2006). É comum encontrar justificativa para não haver investimento na construção de armazéns em fazendas, sob a alegação de que o custo inviabiliza a operação. Na verdade existe uma falta de conhecimento sobre as vantagens do sistema de processamento na fazenda, aliada às dificuldades acesso aos recursos financeiros necessários para tal investimento (CONAB, 2013). 1.6 MODELOS DE ESTRUTURAS DE ARMAZENAGEM Os silos podem ser classificados em horizontais e verticais, dependendo da relação que apresentam entre a altura e o diâmetro. Os verticais se forem cilíndricos, podem, para facilitar a descarga, possuir o fundo em forma de cone. De acordo com a sua posição em relação ao solo, classificam-se em elevados ou semienterrados. Os silos horizontais apresentam dimensões da base maior que a altura e, comparados com os verticais, exigem menor investimento por tonelada armazenada. Armazéns graneleiros são unidades armazenadoras horizontais, de grande capacidade, formada por um ou vários septos, que apresentam predominância do comprimento sobre a largura. Por suas características e simplicidade de construção, na maioria dos casos, representa menor investimento que o silo, para a mesma capacidade de estocagem. Como os silos horizontais, os graneleiros apresentam o fundo plano, em V ou em W. Essas unidades armazenadoras são instaladas ao nível do solo ou semienterrados (DEVILLA, 2004). Armazenamento em silos ou em armazéns equipados com eficientes sistemas de termometria, aeração e/ou outros recursos para manutenção de qualidade dos grãos, são as formas mais empregadas por cooperativas, agroindústrias e grandes produtores. Se bem dimensionados e manejados corretamente, esses sistemas podem ser empregados também por médios e pequenos produtores (ELIAS, 2003).

18 1.7 TIPOS DE UNIDADES ARMAZENADORAS Na agricultura atual, uma ferramenta indispensável para conseguirmos ser competitivos são estruturas de armazenamento, armazéns ou silos como são chamados. Segundo Weber (2005), os armazéns ou silos, podem ser classificados quanto à sua principal dimensão, quanto ao projeto de edificação, quanto ao sistema de aeração, quanto à aplicação e quanto à hermeticidade, conforme a seguir: a) Relativo à sua principal dimensão: Silos verticais; Silos horizontais. b) Quanto ao projeto e edificação: Silos de tela; - Silos tipo paiol; - Silos tipo bolsa; Armazéns graneleiros. - Silos graneleiros: - Silos de fundo plano; - Silos de fundo V ; - Silos de fundo semi V ; - Silos de fundo W ; Silos metálicos: - Silos de chapas parafusadas; - Silos de chapa contínuos recravada; - Silos de chapa soldados; Silos de concreto: - Silos de concreto pré-moldados; - Silos de forme deslizante; - Silos de concreto horizontal ao nível do solo; Silos elevadores; Silos tipo cúpula.

19 c) Silos quanto ao sistema de aeração: Aeração de manutenção; Aeração de resfriamento; Aeração de secagem. d) Silos quanto à aplicação: Silo armazenador; Silo secador; Silo de espera; Silo de expedição. e) Silo quanto à hermeticidade: Silo hermético; Silo não hermético. 1.8 BENEFÍCIOS DA ARMAZENAGEM NA PROPRIEDADE O armazenamento na fazenda constitui uma prática de suma importância, tanto para o complemento da estrutura armazenadora urbana quanto para minimizar perdas quantitativas e qualitativas a que estão sujeitos os produtos colhidos. Sabe-se que, no Brasil, dependendo da região, as perdas podem atingir 20% ou mais e são ocasionadas pelo ataque de pragas, devido à inadequação de instalações e à falta de conhecimentos técnicos adequados (WEBER, 2005). Há muitos anos, o aspecto de armazenagem de grãos em silos na própria propriedade vem sendo estudado, justamente por terem percebido as diversas vantagens desse tipo de prática. Conforme Puzzi (1986), além de reduzir os fluxos concentrados às unidades intermediárias, nos piques de safras, o armazenamento na fazenda, possibilita muitos benefícios ao produtor: comercialização do produto em épocas mais oportunas, evitando as pressões do mercado em épocas de colheita; redução das perdas na própria lavoura pelo retardamento da colheita e guarda dos produtos em locais inadequados, sujeito ao ataque de fungos, roedores e insetos; economia nos fretes, pois o transporte será evitado no pique de safra, onde os preços sobem e, também, evitar períodos ociosos desta operação decorrente da espera dos caminhões, os quais, muitas vezes ficam retidos nas longas filas, esperando para a descarga dos grãos nas unidades coletoras ou intermediárias.

20 1.9 PRAGAS EM GRÃOS ARMAZENADOS Segundo Brandão (1989), de um modo geral consideram-se pragas dos produtos armazenados todos os seres vivos que atacam os produtos armazenados para dele se alimentar. As principais pragas que atacam os produtos armazenados são: os insetos, os ratos e os pássaros, essas pragas atacam tanto no campo como no armazém. Os ratos preferem grãos já secos, especialmente cereais como milho e trigo, também atacam os produtos no próprio campo, continuando sua ação destruidora nos armazéns. De acordo com Brandão (1989), o mesmo acontece com os pássaros, cujo ataque aos grãos no campo podem atingir verdadeiras calamidades, como ocorrem na Tanzânia (África) onde os pássaros devoram cerca de 20-30% das safras de cereais daquele país. Os insetos disputam com os ratos o primeiro lugar na corrida de prejuízos aos homens, eles possuem a incrível marca de 726.000 espécies diferentes, de 1.120.000 espécies de animais que compõem o reino animal (BRANDÃO, 1989). 1.10 PLANEJAMENTO E PROJETO Para Hoffmann (1987), o projeto num sentido lato, pode ser definido como qualquer propósito de ação definida e organizada de forma racional. Do ponto de vista da sociedade, considera os custos e benefícios sociais da utilização dos recursos públicos na produção de determinados bens e serviços. O projeto, do ponto de vista do empresário privado, é o instrumento que permite avaliar as vantagens relativas no emprego de seus recursos (capital) face às possibilidades alternativas de investimento; projeto, portanto, é um instrumental técnico-administrativo elaborado através de procedimento lógico e racional, que permite avaliar e decidir sobre as alternativas de investimento e os efeitos em termos de rentabilidade e eficiência econômica e financeira, bem como, os impactos do ponto de vista social e ambiental (HOFFMANN, 1987). A elaboração de um projeto segundo Buarque (1991) divide-se em identificar a ideia, o estudo de previabilidade, de viabilidade, o detalhamento a engenharia e a execução. Sendo que as três primeiras fases devem ser muito bem analisadas, para posteriormente a implantação, ou não do projeto. Durante a fase de identificação, os projetistas devem analisar anteriormente se a ideia da implantação do projeto é viável, ou não, se há um sentido de

21 analisar essa ideia deve-se fazer então o estudo da previabilidade, que é o estudo com dados não necessariamente definitivos ou complexos, se o estudo de previabilidade justificar o investimento, só aí então é que os projetistas partem para o estudo da viabilidade. Um projeto deve conter as seguintes etapas básicas: - Diagnóstico e justificativa; - Definição de objetivos e metas; - Estudo de mercado e comercialização; - Tamanho e localização; - A engenharia; - Elaboração do orçamento: análise da previsão de custos, receitas e investimentos; -Avaliação econômica, da rentabilidade, do financiamento e do fluxo líquido de caixa; - Avaliação do mérito do projeto.

22 2. METODOLOGIA 2.1 TIPO DE PESQUISA DO ESTUDO Conforme Gil (1991, p. 01), pesquisa é um estudo que tem como objetivo encontrar respostas aos problemas que são propostos, desenvolvendo-se com inúmeras fases, desde a formulação adequada do problema até a apresentação adequada de resultados. O estudo realizado é caracterizado como uma pesquisa exploratória, pois visa proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses. Quanto aos procedimentos, a pesquisa trata-se de um estudo de caso, pois envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos de maneira que se permita seu amplo e detalhado conhecimento. O estudo de caso é uma inquirição empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de um contexto da vida real, quando a fronteira entre o fenômeno e o contexto não é claramente evidente e onde múltiplas fontes de evidência são utilizadas. (YIN, 1989, p.23) Esta definição, apresentada como uma definição mais técnica pelo mesmo autor, nos ajuda, segundo ele, a compreender e distinguir o método do estudo de caso de outras estratégias de pesquisa como o método histórico e a entrevista em profundidade, o método experimental. O desenvolvimento da pesquisa no presente estudo envolve: - Descrição do sistema de produção atual; - Definição do modelo de armazenagem; - Elaboração de orçamento do projeto envolvendo os investimentos, os custos e as previsões de receitas do sistema; - Avaliação da viabilidade técnica, econômica e financeira do novo empreendimento.

23 2.2 PROCEDIMENTOS AVALIATIVOS DE VIABILIDADE Segundo Hoffmann (1987), na avaliação de um empreendimento visando à análise da viabilidade deve-se considerar diferentes ângulos de estudo destacando-se os aspectos econômicos para determinar a Renda Líquida, a parte financeira para apurar os indicadores de rentabilidade do capital investido e os cálculos envolvendo a projeção do financiamento e a capacidade de pagamento das prestações. Para tanto, se deve um conjunto de procedimentos para cada análise de viabilidade. 2.2.1 Avaliação econômica do projeto a) Margem Bruta (MB): indica o grau de intensificação de um sistema de produção. A Margem Bruta representa a sobra operacional do projeto, a qual se obtém subtraindo o valor dos custos variáveis do valor das receitas: MB = RB CV, onde RB corresponde ao valor da produção anual calculado pelo incremento de valor ganho a mais por saca no projeto. A MB corresponde ao valor da produção anual calculado através da multiplicação da produção pelo preço. E os custos variáveis (CV) são aqueles que variam com a quantidade produzida, como por exemplo: compra de insumos e pagamento de serviços, funrural, juros de custeio, etc. b) Custo Total (CT): compreende a soma dos custos variáveis e dos custos fixos: CT = CV + CF Os custos fixos são aqueles que não variam com a quantidade produzida, como por exemplo: seguros, juros sobre o capital, impostos fixos, etc. c) Renda Líquida (RL): representa o resultado econômico líquido do projeto. O que irá remunerar o empreendedor é a parte do valor bruto gerada no projeto. RL = MB CT d) Fluxo Econômico do Projeto (Flec): representa a contribuição anual do projeto em termos de disponibilidade monetária (saldo de caixa) sendo representado pelo valor da Renda Líquida anual acrescida do valor anual da depreciação do capital fixo. Flec = RL + Depreciação

24 e) Fluxo Financeiro (FF): no primeiro ano é o valor total do investimento subtraído do Fluxo Econômico. Nos anos subsequentes, é representado pelo valor do Fluxo Financeiro do ano anterior subtraído pelo Fluxo Econômico. 2.2.2 Avaliação da rentabilidade do capital investido a) Valor Presente Líquido (VPL): este valor define a viabilidade do projeto. Através desta fórmula matemático-financeira, determina-se o valor presente de pagamentos futuros descontados a uma taxa de juros apropriada, menos o custo do investimento inicial: Vpl = flec / (1 + tx) n b) Taxa Interna de Retorno (TIR): representa a rentabilidade do capital investido evidenciando, portanto, o ganho anual (taxa de juro) com a aplicação do capital no projeto, evidencia também a taxa máxima de juros de um financiamento que o projeto suportaria. c) Período de Retorno do Capital (PRK): representa o tempo (nº de anos) necessário para a recuperação do Capital investido, isto é, quanto tempo levará para retornar o dinheiro investido no projeto. 2.2.3 Avaliação da capacidade de pagamento Segundo (SCHNEIDER; WAQUIL et al. 2005) financiamentos da atividade agrícola para agricultores familiares são destinados a geração de renda, beneficiando diferentes atividades agrícolas, deste modo opta-se em considerar somente a renda obtida com estas atividades para o retorno do valor devido. a) Principal (Capital): é o montante a ser financiado, sendo o valor total do investimento. Nos anos seguintes é subtraído do valor da Amortização. b) Amortização do Capital (AM): trata-se da devolução do montante de dinheiro financiado ao banco credor conforme as condições de pagamento pré-estabelecidas