Formando pilotos de Caça na Marinha do Brasil



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COMANDO DA AERONÁUTICA CENTRO DE INVESTIGAÇÃO E PREVENÇÃO DE ACIDENTES AERONÁUTICOS

OBJETIVO. Apresentar e discutir proposta de regulamentação sobre Aviação de Estado.

Transcrição:

Vídeo Esquadrão realizando REVO VF-1 Neste vídeo, podemos observar o Esquadrão VF-1 operando desde a Base Aérea de Natal BANT e os 3 A-4 realizando reabastecimento em voo com a FAB. Formando pilotos de Caça na Marinha do Brasil Por Emídio Neto processo Para ocupar o cockpit de uma aeronave de caça da Marinha do Brasil, o piloto passa por um longo de seleção, estudos e treinamento, até ser

considerado apto à função de caçador. As atuais aeronaves são os Mc Donnell Douglas A-4KU Skyhawk II, de fabricação norte americana e com larga experiência de uso e participação em combate, como na Guerra do Vietnã por exemplo. No Brasil, são denominados AF-1 (Monoplace) e AF-1A (Biplace) Falcão. Tudo começa no Colégio ou na Escola Naval, instituições de ensino médio e superior de formação de Oficiais da Marinha do Brasil. Durante este período, os alunos escolhem seguir um dos seguintes Corpos: Armada, Fuzileiros Navais ou Intendência. Os intendentes não são selecionáveis para o curso de aviação e são poucos os selecionados entre os Fuzileiros (dois ou três, dependendo da turma), ou seja, a maioria vem do Corpo da Armada. Em cada turma, iniciam o treinamento entre vinte e vinte e cinco Oficiais-Alunos e destes, sairão os destinados ao Esquadrão VF-1 (asa-fixa) e os destinados aos Esquadrões de asa-rotativa (helicópteros). Inicialmente todos cursam a parte de tecnologia aeronáutica do CAAVO (Curso de Aperfeiçoamento de Aviação para Oficiais) no CIAAN (Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval Almirante José Maria do Amaral Oliveira). Os selecionados para voar asas-rotativas, através de exames médico, psicotécnicos e do Teste de Aptidão para Pilotagem Militar (TAPMIL), passam 6 meses se familiarizando com os equipamentos e simuladores, posteriormente fazem um ano de instrução de voo nos IH-6B Jet Ranger III, pertencentes ao 1º Esquadrão de Helicópteros de Instrução (HI-1) voando cerca de 120 horas de voo. Após a conclusão desse estágio, denominado Estágio Básico de Asa Rotativa (EBAR), são distribuídos entre os Esquadrões de helicópteros da Marinha. O TAPMIL foi elaborado pelo Instituto de Psicologia da Aeronáutica e visa avaliar o potencial do candidato a aprender a pilotar uma aeronave. Os testes avaliam o raciocínio, capacidade psicomotora e consciência espacial.

Em seguida os selecionados seguem para a Academia da Força Aérea (AFA), em Pirassununga. Na AFA, farão o curso básico em aeronaves de motor a pistão no Neiva T-25 Universal e posteriormente no Embraer T-27 Tucano. Dos quatro melhores resultados, dois serão destinados o Esquadrão VF-1 e dois para o Esquadrão VEC-1, que vão voar o KC-2 Turbo Trader, nas funções de COD/AAR no NAe São Paulo. Aqueles que não foram indicados para avião serão aproveitados e irão realizar o EBAR. Estes quatro pilotos são encaminhados para os Estados Unidos, mais especificamente para a AFB Lackland, em San Antonio (Texas), onde farão primeiramente o curso de língua inglesa no DLI (Defense Language Institute) durante seis meses, como requisito de segurança obrigatório para voar aeronaves militares nos EUA. Após este estágio, irão para NAS Pensacola, na Florida, onde farão durante três semanas o curso de sobrevivência no mar, com treinamentos de simulação de queda de aeronave no mar, simulação de paraquedas com óculos 3D e simulação de pouso com paraquedas na água (piscina), este último similar ao que há no Brasil.

Após este estágio, os Oficiais-Alunos realizam na AFB Randolph, onde farão o treinamento de centrífuga (equipamento que simula o efeito da força G) no perfil do F-18 Hornet, ou seja, até 7,5 G s. Concluído este treinamento vão definitivamente para a NAS Kingsville, novamente no Texas, onde fazem a instrução teórica e voos em simulador de voo da aeronave T-45 Goshawk, antes de iniciar os voos na aeronave. Lá realizam cerca de 160 horas de voo nos Boeing T-45. Ressalta-se que alguns pilotos, individualmente ou em grupo, no início dos treinamentos da Marinha para asa-fixa, fizeram seus cursos básicos no Uruguai e na Argentina, e alguns ainda fizeram nos EUA treinamento em Beechcraft T-34 Mentor e North American T-2 Buckeye, antes de ir aos T-45 Goshawk. Este estágio é concluído com a qualificação para pouso a bordo, quando os nossos Aviadores Navais realizam operações de pouso enganchado e catapultagem, a bordo de um dos portaaviões da US Navy. Concluída esta qualificação, os novos pilotos recebem a tão almejada Wings of Gold. Retornando ao Brasil, antes de se integrarem ao VF-1, realizam

o Ground School para o AF-1. Após mais esta etapa, vão iniciar os voos nos AF-1A (Biplace), concretizando o sonho depois de quase 4 anos de muito esforço e dedicação. Feito o voo solo, inicia-se o treinamento de procedimentos VFR (Visual Flight Rules), com voos conduzidos no período diurno e com referência visual. Na sequência, partem para o voo por instrumento, ou IFR (Instrument Flight Rules). Por fim, iniciam os voos em formatura e posteriormente os de interceptação, fechando o ciclo com o treinamento de ataque ar-solo.

Durante o período em que estiveram operando em Natal, foram realizadas as requalificação e qualificação dos pilotos, sendo que para estes últimos, foi realizado um longo e detalhado briefing antes da primeira missão de ataque ao solo. Assim são forjados os nossos pilotos de caça da Marinha do Brasil, os Falcões, defensores de nossos mares. IN ARE DEFENSIO MARIS (No Ar a Defesa do Mar) Esquadrão VF-1 completa 15 anos e apresenta caça com

pintura comemorativa Por Guilherme Wiltgen e Luiz Padilha No dia 02 de outubro, foi comemorado os 15 anos do 1 Esquadrão de Aviões de Interceptação e Ataque (VF-1), com uma cerimônia militar no hangar do Esquadrão, na Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia. Presidida pelo Comandante da Força Aeronaval, Contra-Almirante Carlos Alberto Matias, contou com a presença de ex-comandantes do VF-1 e demais autoridades civis e militares, bem como de convidados.

CA Matias (ComForAerNav) e CF Fernando Vilela (Comte. VF-1). Em suas palavras, o Capitão-de-Fragata Fernando de Souza Vilela, comandante do VF-1, ressaltou quanto a importância da retomada das operações com asa-fixa na Marinha e sobre a atual modernização dos A-4KU Skyhawk, que está sendo conduzida pela Embraer, e que proporcionará um avanço tecnológico muito grande ao Esquadrão, dotando as aeronaves com modernos sistemas e sensores. O ponto alto da cerimônia se deu quando da apresentação da aeronave AF-1 N-1004, que recebeu um esquema de pintura especial, comemorativa aos 15 anos do VF-1.

Com todos seus tripulantes formados no interior do hangar, foram abertas as portas e a aeronave foi tratorada para o interior do mesmo, sendo apresentando oficialmente com a pintura de um falcão na sua fuselagem e o símbolo do Esquadrão estilizado na Deriva.

O falcão, ave símbolo do VF-1, se caracteriza pelo fato de ter evoluído no sentido de uma especialização no voo em velocidade, facilitado pelas asas pontiagudas e finas, o que favorece a caça. Características estas que guardam semelhança com a sua aeronave, o A-4 Skyhawk.

A cerimônia contou com a presença de dois de seus excomandantes, o Contra-Almirante Victor Cardoso Gomes (excomforaernav) e pelo Capitão-de-Fragata Augusto José da Silva Fonseca Júnior. Da esq. para dir.: CF Fonseca Junior, CA Cardoso Gomes e CF Fernando Vilela O Falcão 04 foi pintado nas instalações da Embraer, em Gavião Peixoto, e retornou a Basea Aérea Naval de São Pedro da Aldeia para participar das comemorações pelo aniversário do esquadrão.

NOTA do EDITOR: Nós do DAN agradecemos ao CF Fernando Vilela pelo convite para participar e registrar este momento histórico para a Marinha do Brasil, para a Aviação Naval e para o VF-1. Agradecemos também ao apoio do Comando da Força Aeronaval, do CMG Bruno (Chefe do Estado-Maior), e da Ten. Karla Natal e D. Anne, da Comunicação Social da Força. BRAVO ZULU Falcões!

Da esq. para dir.: Luiz Padilha, CF Fernando Vilela, Guilherme Wiltgen e CF Tonini (Imediato) Primeira foto do A-4 modernizado da Marinha em voo

Mais uma vez, o DAN trás em primeira mão para os seus leitores, a primeira foto do A-4M (AF-1B Falcão) da Marinha do Brasil em voo. BRAVO ZULU FALCÕES! Vídeo: Naval 97 anos da Aviação Vídeo realizado durante a comemoração dos 97 anos da Aviação Naval, com os 3 caças AF-1 da MB taxiando e decolando para o desfile aéreo.

United Aeronautical Corporation, mantendo os AF-1 e KC-2 da Marinha voando por muitos anos Por Guilherme Wiltgen e Luiz Padilha A Marinha do Brasil (MB) possui aeronaves A-4/TA-4 KU Skyhawk II (AF-1/1A na MB), baseados no 1 Esquadrão de Aviões de Interceptação e Ataque (VF-1) e podendo ser operados a partir do Navio-aeródromo São Paulo. A aquisição destas aeronaves se deu através de uma compra de oportunidade, ocorrida em 1997, quando a MB vislumbrou a oportunidade do retorno da aviação naval de asa-fixa

embarcada. Conforme foram sendo desenvolvidas as operações aéreas no NAe São Paulo (A 12), a MB começou a identificar novas necessidades operacionais, resultando no estudo para introdução de uma nova aeronave. Mais uma vez mantendo o princípio da oportunidade e baixo custo, aliado ao grande retorno do conhecimento operacional, e ainda, em concordância com necessidade de Defesa Nacional, a Marinha do Brasil, sabiamente, iniciou o projeto COD/AAR (Carrier Onboard Delivery and Air-to-Air Refueling). KC-2 Trader (COD_AAR) Este projeto consiste basicamente na modificação de células das consagradas aeronaves C-1 Trader, que por muito tempo serviram a US Navy, para a versão Turbo Trader (KC-2 na MB). Esta extensa modificação, vai desde a remotorização da célula original, trocando os motores a pistão por motores turbo-

hélices, bem como a substituição de todos os equipamentos analógicos de navegação pela moderna tecnologia GlassCockpit. O C-1 Turbo Trader estarão aptos após esta modificação a realizar o reabastecimento em voo (REVO) dos caças A-4/TA-4 KU Skyhawk II, elevando desta forma o nível operacional e estratégico da MB, que agora ampliará em mais de 200 milhas náuticas a defesa da Força Naval nucleada pelo NAe São Paulo. Por conseguinte, também aumentará a distancia de projeção de poder sobre terra, requisito este importante para uma moderna Força Naval. AF-1M Skyhawk A decisão da Marinha do Brasil por compras de oportunidade/modernizações de antigos modelos de aeronaves, para poderem atender as necessidades de Defesa Nacional, foram balizadas por uma dura restrição orçamentária, imposta pelo governo e que conduzem inevitavelmente a Marinha do Brasil a uma importante questão: Como manter as células de aviões antigos em condições de voo, levando-se em conta que ambas as células (A-4 e C-1) já

não são mais fabricadas? Esta questão, somada aos inúmeros questionamentos que recebemos de nossos leitores, nos levaram a pesquisar mais sobre o assunto. Não foi fácil encontrar as respostas mas, descobrimos uma empresa norte americana com grande capacitação para overhall/fabricação de peças aeronáuticas de diferentes modelos de aeronaves, inclusive dos nossos A-4 e C-1. Na LAAD 2013 ocorrida no Riocentro-RJ, fomos apresentados ao presidente da United Aeronautical Corporation UAC, o Sr. Bradford T. Beck, um executivo que, para nossa surpresa, conhecia todos os detalhes sobre nossas aeronaves e com quem obtivemos um relato preciso sobre a capacidade técnica e industrial que a UAC possui. Segundo o Sr. Beck, a UAC é a melhor opção no mundo para manter as aeronaves de asa fixa da MB voando, não somente por sua capacidade técnica e industrial mas, principalmente, por seu vasto inventário de peças e partes disponíveis para fornecimento, fazendo da UAC a opção mais econômica, rápida e segura. Nos foi esclarecido pelo Sr. Beck, que a UAC seria capaz de fornecer desde um simples parafuso até uma célula inteira da aeronave, e ainda acrescentou que devido ao seu estoque (o maior inventário do mundo), a UAC estaria pronta para dar suporte direto aos programas da MB, ao invés de vender para empresas americanas dependentes de seu inventário e conhecimento técnico, as quais eventualmente a MB poderia estar contratando. Neste perfil de parceria comercial, a UAC afirma ser capaz de manter os dois modelos de aeronaves voando por mais 20 anos. Impressionados com o que nos foi exposto, decidimos visitar a UAC para conhecer de perto a empresa. Assim, o DAN viajou aos Estados Unidos para conferir in loco toda a estrutura técnica, operacional e de suporte, disponíveis para manter

estas aeronaves e muitas outras operadas pelo Brasil. O Defesa Aérea & Naval com EXCLUSIVIDADE, apresenta aos nossos leitores, a United Aeronautical Corporation UAC. UAC, a melhor solução para a Marinha do Brasil Sr. Lawrence P. Holt (CEO) em sua sala na UAC, durante entrevista para o DAN A frente da UAC, Larry, como o Sr. Holt é chamado, fundou a empresa em 1956, nesta época, exercendo o cargo de Oficial de Logística da Força Aérea Americana (USAF) durante a Guerra da Coreia, identificou as dificuldades que a USAF tinha de conseguir peças para suas aeronaves. Assim surgiu a United Aeronautical Corporation, que nestes 57 anos de existência, evoluiu muito, saindo das modestas instalações que ocupava no início de suas atividades, para uma sede própria, com todas a infraestrutura necessária, se tornando a empresa que é hoje, reconhecida no mundo todo.

Hoje com 80 anos, o Sr. Larry continua trabalhando e, efetivamente, atuando junto a UAC, sendo sempre acompanhado pelo Sr. Ron, seu Vice Presidente, e pelo Sr. Brad, que hoje ocupa o cargo de Presidente da UAC, assumindo boa parte das tarefas que antes eram realizas tanto por Larry quanto por Ron. Sr. Ronald Guy (VP) durante entrevista para o DAN Certificações Para garantir a qualidade exigida em suas peças e serviços, a UAC possui as seguintes certificações: ISO 9001, FAA (Federal Aviation Administration) para reparos e overhaul, Departamento de Estado dos EUA (USDOS) para controle de munições, Governo dos EUA para sistema de controle de qualidade (em conformidade com a norma MIL-I-45208A),

Adminstração de Contratos de Defesa, e EASA (European Aviation Safety Agency). Todas as certificações podem ser vistas no setor de Controle de qualidade da UAC Possui a única licença emitida pela Nortrop Grumman para as aeronaves C-1, S-2 e E-1, da Hamilton para diversos componentes e pela Honeywell para pneus e vários componentes de trem de pouso. A UAC também é registrada nodepartamento de Estado dos EUA (USDOS) para exportação de peças de aeronaves militares.

No Brasil, também é certificada pela Diretoria de Aeronáutica da Marinha (DaerM), para executar serviços de manutenção, modificações, reparos e overhaul em estruturas, reparos de componentes metálicos, airlerons, flaps, elevators, canopy, rudder e trem de pouso das aeronaves A-4 e TA-4 Skyhawk II (AF-1/1A) e dos C-1 (KC-2 Turbo Trader), que irão operar no NAe São Paulo como COD/AAR (Carrier on Board Delivery/Air to Air Refueling), e que atualmente passam por um processo de modernização nos EUA, fazendo parte dos projetos em andamento na MB, para os quais, se necessario, a UAC poderá prestar todo apoio logístico e técnico, durante o período em que estas aeronaves operarem, se tornando assim uma importante e confiável parceira da Marinha. Além disso, a UAC também é certificada desde de 2011 pela Embraer, para fornecer componentes gerais para o programa AF-1M (AF-1B/C), que realiza uma extensa modernização nos A-4 da Marinha. Controle de Qualidade e Setor de Despacho e Exportação Após passar pelos serviços prestados pela UAC, todas as peça, partes ou equipamentos, só são entregues ao seu usuário final, depois de passar pelo setor de Controle de Qualidade, onde tem

as suas especificações técnicas de projeto conferidas, tanto pelo seu código como também por uma verificação visual, utilizando a base de dados do fabricante. Desta forma, a empresa assegura o envio do material em conformidade com os padrões de qualidade do fabricante. Material tendo seu código verificado no banco de dados conferido e... do fabricante As peças fabricadas na UAC passam por um controle rígido de qualidade, sendo inspecionadas antes de seguirem para o setor de despacho e exportação. Para que tudo funcione dentro do prazo, a UAC possui um departamento exclusivo para embalagem e despacho do material, sendo tudo realizado por seus funcionários, contando ainda com uma logística muito favorável para envio do material, tanto para o mercado interno norte-americano quanto para o externo. Isso se dá pela sua proximidade com os aeroportos Bob Hope (BUR) e Tom Bradley (LAX), sendo este último o aeroporto internacional de Los Angeles.

Setor de embalagem e despacho de material Peça do A-4 para ser despachada Janela bolha do S-2 Tracker embalada para despacho Peça pronta para ser embalada e Caixa pronta para ser despachada despachada

Detalhe da proteção interna da caixa de transporte Biblioteca Técnica Em sua instalação principal, a UAC possui uma completa biblioteca técnica, com mais de 1.000.000 volumes entre literatura técnica, livros de manutenção, esquemas, projetos estruturais, elétricos e de sistemas de 31 aeronaves, incluindo todo o ferramental necessário. Não é incomum a UAC ser a única fonte de pesquisa, mesmo para o Governo dos EUA, com dados específicos necessários para vários sistemas de aeronaves. Em um esforço em manter a integridade física destes arquivos, a empresa está procedendo a digitalização total destes documentos, o que vai facilitar a consulta aos dados técnicos ou dos projetos da peças e equipamentos para o seu envio para a área operacional da empresa, onde passará pelos processos de remanufatura, reparo, testes e certificações. Além disso, o

prédio foi totalmente reformado, recebendo proteção especial contra intempéries, visando preservar esta área, que pode ser considerada como o coração da UAC. Parte da biblioteca técnica Fichas técnicas do C-130 na UAC Área de Armazenagem Tudo dentro da UAC impressiona, mas a área de armazenagem de peças, partes e equipamentos chama atenção pelos seus mais de 500.000 ítens, distribuídos por seis locais e em dois Estados (Califórnia e Arizona). Todas as peças são catalogadas e o seu inventário todo informatizado, possibilita a imediata localização de qualquer material, de forma a agilizar o seu envio para as suas oficinas especializadas e, posteriormente, enviadas ao usuário final.

Todo o inventario esta informatizado, agilizando na localização das peças Um dos muitos corredores de peças Parte da asa de um C-130 Hércules Neste setor, é facil perceber a grande quantidade de peças disponíveis para o A-4, C-1, S-2 (MB), F-5, C-130 e P-3 (FAB) que a UAC possui. Para todos os lados em que se olha, é possível encontrar um canopy, um assento ejetor, cabides de armamento ou os característicos radomes do radar do S-2, pintados em preto e branco. Curiosamente, algumas destas peças

são pertencentes aos antigos P-16E Tracker da Força Aérea Brasileira. Assentos ejetores Radome do radar do S-2 Cabide de armamento do A-4 Cabides de armamento do A-4 Oficinas Na área de oficinas, observamos a organização com que todos os processos são feitos, desde a chegada da peça, até o seu despacho ao cliente, passando por todos os testes e certificações necessárias para que tenha total garantia e segurança. Na segunda parte desta matéria, iremos abordar todas as oficinas, mostrando detalhadamente os processos em cada uma delas.

Freios do E-2 Hawkeye totalmente remanufaturadas pela UAC A UAC no mundo A UAC fornece material aeronáutico para várias Forças Armadas, entre elas podemos destacar a Força Aérea Argentina (A-4 e C-130), Armada Argentina (S-2 e P-3), Força Aérea Portuguesa (P-3), Força Aérea Colombiana (Tucano, C-130 e CASA), Real Marinha da Tailândia (P-3), Marinha de Taiwan (S-2T), além do próprio Departamento de Defesa Norte Americano (quase todos os modelos de aeronaves).

Os dois principais clientes civis da UAC são a Direction de la Défense de la Sécurité Civile, do governo francês e o Departamento de Combate a Incêndios Florestais do Estado da Califórnia (CAL FIRE) que operam aeronaves S-2 Tracker (ex-us Navy). O CAL FIRE possui 23 unidades adquiridas em 1996 e modernizados para a versão S-2T e Sécurité Civile adquiriu em 1982 aeronaves S-2F Tracker Firecat, que foram modernizadas para a versão S-2T em 1994. Ambos operadores utilizam estas aeronaves para o combate a incêndios florestais, podendo carregar até 1.200 galões de retardante.

S-2T Turbo Firecat Securité Civile (Foto: Flox Papa) Os S-2T continuam desempenhando suas vitais funções para a população da Califórnia e da França, devido ao suporte técnico e de material promovido pela UAC. S-2T_CAL FIRE

Para manter a presença da UAC, o Sr. Brad, e vários outros funcionários, viajam pelo mundo atendendo os seus inúmeros clientes e buscando sempre por novas oportunidades de negócios. Devido à importância que a empresa dá e estas relações especiais, também não é incomum ainda encontrar o Sr. Larry e o Sr. Ron visitando os clientes. Sr. Brad (Presidente) durante entrevista para o DAN A UAC, melhor que qualquer outra empresa, pode dar suporte tanto para a Marinha do Brasil (A-4, C-1 e S-2) quanto para a Força Aérea Brasileira (F-5, C-130 e P-3), em peças de reposição, equipamentos aeronáuticos, serviços especializados e de overhaul, se apresentando como a melhor opção de parceira para ambas as Forças, prestando serviços compatíveis com as necessidades de utilização das nossas aeronaves, atendendo a todos os requisitos técnicos e operacionais, o que resultaria em uma maior disponibilidade, ou seja, de mante-las em plenas condições de voo. Vale ressaltar ainda que, a UAC possui licença do Departamento de Estado dos EUA para realizar exportação de artigos de

defesa e realização de serviços, conforme os preceitos da AECA (Arms Export Control Act) e da ITAR (International Traffic in Arms Reguations), aprovado pela DDTC (Directorate of Defense Trade Controls). Larry, Brad e Ron em frente ao prédio principal da UAC em North Hollywood